O fato é que a virgindade teve uma função real em determinado período, e digo isto no sentido puramente evolutivo da coisa: garantir que o homem não criaria o filho de outro. Este fator garantiu a procura da virgindade pelo homem, e sua posterior moralização.
O problema dessas especulações de psicologia evolutiva é que tal como se pode simplesmente inventar uma, pode-se simplesmente inventar outra conflitante.
Ainda supondo que de fato existe ou existiu a procura da virgindade feminina como comportamento de espécie (o que eu não suponho para começar), acho mais provável que isso tivesse a ver com evitar doenças sexualmente transmissíveis do que isso de "evitar criar o filho de outro", que não faz tanto sentido, muito menos em longo prazo.
Simplesmente
nada garante para um cara que é o primeiro de uma virgem, que depois não seria corneado e não criaria o filho de outro. E há muito mais chances disso no resto do tempo, do que da primeira vez, de forma que uma preocupação muito mais funcional nesse sentido seria a fidelidade ou não-promiscuidade, e não a virgindade. Ao mesmo tempo, homens que simplesmente não se importassem se as mulheres são virgens ou não, acabariam tendo mais filhos, fossem "garanhões", monogâmicos pela vida inteira, ou monógamos seriais, do que aqueles que recusassem mulheres em idade fértil por não serem mais virgens. Não só isso, mas mulheres com experiência anterior de maternidade poderiam ser reprodutivamente vantajosas para os homens em comparação com ninfetinhas ou meininas pré-pubescentes virgens, garantindo uma maior experiência em cuidados maternos e até mesmo preparação física - algo sugerido por um "psicólogo evolutivo" inclusive, o Geoffrey Miller.
Além de tudo isso, creio que a valorização da virgindade simplesmente não é universal, se não me engano há diversas tribos meio hippies por aí, onde os filhos são "de todo mundo", que contrariam não só a hipótese de preocupação inata com virgindade, mas com a de paternidade biológica.
Já ma determinação mais ou exclusivamente cultural não enfrenta esses problemas, poderia ser até meio arbitrária no sentido funcional, baseado numa crença religiosa ou superstição, poderia também ser puro fetiche, ou ainda, proveniente de intenção consciente e culturalmente adquirida de não criar filhos dos outros (ou pegar doenças venéreas).
Fora isso, o hímen não é feito de couro e pode se romper sem ser por sexo, andando a cavalo, ou fazendo ginástica, etc; não é garantia de virgindade que um homem pode sentir ao transar com 100% de certeza. Na direção oposta do que eu disse antes, de qualquer forma, há também ao menos uma tribo onde de fato examinam a vulva da mulher para ver se o hímen é preservado. Há, de qualquer forma, os casos de hímen complacente, que não se rompe (ou se regenera, não me lembro), mas não sei o quão freqüente seria para atrapalhar uma função "evolutiva".