Sei muito bem como é isso. É exatamente o motivo pelo qual não fiz o teste que o Fabulous passou, se eu fizer agora, provavelmente vai dar um valor relativamente alto.
Some a isso histórico familiar e eu ser extremamente teimoso. Eu não tomaria antidepressivo em hipótese alguma, primeiro porque sei que isso não muda minha vida. Se eu entrei em depressão é porque estou insatisfeito com alguma coisa. Depois, porque eu sou capaz de justificar meu estado de espírito com argumentos.
Eu não precisaria de um psicólogo, mas sim de um grande orador que me provasse que meu raciocínio está incorreto.
Filosofia ajuda a manter a cabeça no lugar. Estou querendo comprar "Aprender a Viver", de Luc Ferry. Achei interessante por ser um autor humanista secular que defende que a filosofia é a alternativa racional à religião para buscar uma vida equilibrada e feliz. É um livro de auto-ajuda para ateus
, quero ver como é, apesar de no momento não estar precisando de auto-ajuda nenhuma - eu tenho um monte de motivos para estar triste, mas mesmo assim eu faço questão de ser feliz.
E eu sinto que eu escolhi isso, que tenho controle sobre minha felicidade porque ela não depende mais de outras pessoas ou de sonhos de consumo ou de realizar minhas ambições, que esperar que coisas fora do meu controle definam como eu me sinto é irracional e prejudicial. Em vez disso a felicidade deve ser procurada dentro de mim mesmo, a felicidade deve ser procurada onde eu sei que eu vou encontrar: nos pequenos prazeres da vida, por mais curtos e esporádicos que sejam; em encarar minhas obrigações como desafios (e o que traz mais satisfação pessoal do que superar desafios?) e em aceitar meus fracassos com espírito esportivo e otimismo. E isso é uma coisa óbvia, Epicuro, Sêneca e Buda já disseram coisas parecidas milênios atrás! Procurar a felicidade fora de si mesmo não é uma necessidade, é um vício que podemos e devemos combater.
Acho que aprendi que a coisa mais importante na vida é amar a si mesmo incondicionalmente. Em nossa sociedade não é bem aceito uma pessoa dizer "eu sou a pessoa que eu mais amo no mundo", isso é visto como egoísmo, individualismo exacerbado, uma pessoa que se declara apaixonada por si mesma é vista como um criminoso em potencial, alguém que é capaz de passar por cima das outras para satisfazer suas próprias ambições, mas eu concluí que na verdade é o contrário!
Para ilustrar isso peguemos a famosa máxima de Jesus Cristo "Ame ao próximo como a si mesmo". Há muita sabedoria nessas palavras, mas a maioria absoluta dos cristãos não entende o sentido completo: passa batido por quase todo mundo que o pré-requisito para se amar ao próximo é amar a si mesmo primeiro. Uma pessoa que está satisfeita consigo mesma não sente inveja e nem ciúme, é incapaz de fazer mal a uma mosca, portanto. Cada criminoso, cada pessoa corrupta e desonesta no mundo age como age porque deseja preencher uma lacuna dentro de si mesma e erra achando que elementos externos vão preenchê-las: dinheiro, poder, o amor de outra pessoa...
Sobre o amor especificamente, eu concluí que nunca uma pessoa vai me amar tanto quanto eu mesmo me amo (ou deveria me amar) - e nem seria desejável que pudesse, pois o tipo de amor que uma pessoa sente por outra, esse sim é possessivo, egoísta, visa subjugar a liberdade a do outro. Até certo ponto estamos dispostos a aceitar isso em troca da parte boa de um relacionamento, que é a amizade, o companheirismo... Mas quanto menos amor próprio tiver sua companheira, mais dependente ele se torna de você, e mais ela vai tentar escravizá-lo. E a partir do momento em que descobrimos que o amor mais importante, o amor que liberta, é o amor que temos por nós mesmos, então ser amado por outra pessoa não faz mais falta. Eu posso muito bem ser feliz sozinho
Bom, desculpem o momento auto-ajuda, mas isso são coisas que eu vinha pensando já há algumas semanas. Até criei um aforismo bem legal (quer dizer, "criei", pois é uma frase que me parece tão óbvia que duvido que outra pessoa tão cínica quanto eu já não tenha escrito antes), vou colocar em minha assinatura
"Mas é claro que o amor existe! Se não, então o que é isso que eu sinto por mim mesmo?"