Autor Tópico: Ateus? Céticos? Brights?  (Lida 6833 vezes)

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Offline uiliníli

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Ateus? Céticos? Brights?
« Online: 21 de Dezembro de 2008, 19:00:49 »
Após enviar esta respostano tópico sobre a ATEA eu pensei uma coisa:

Qual a vantagem de uma organização não governamental defendendo direitos de ateus e agnósticos (agnósticos fideístas não?) em vez de discriminação religiosa de modo geral?

O que isso tem a ver com divulgação científica?

A discriminação religiosa já sensibiliza a opinião pública, mas a discriminação especificamente contra ateus não. Além disso, uma organização ateísta e agnóstica seria útil para fazer lobby em nosso favor no governo ou pelo menos fazer um contrapeso ao lobby religioso. Num momento de retomada da propaganda criacionista e de importantes decisões legais sendo tomadas, como as referentes a pesquisas com células tronco e a legalização do aborto, é importante estarmos representados. E nisso aí a divulgação científica é importante, pois uma vez que os ateus e agnósticos geralmente tem uma visão de mundo naturalista (bright), o esclarecimento público da importância da ciência e de suas conquistas é favorável à defesa dos nossos interesses.

Reparem a parte negritada. Tive que tomar o cuidado de esclarecer que os aas (ateus e agnósticos) geralmente têm uma visão de mundo naturalista, na qual a ciência tem um papel importante. Por que geralmente? Bem, porque como vocês já estão cansados de saber, um ateu é simplesmente uma pessoa que não crê em Deus, nada mais e nada menos. Um agnóstico é alguém que julga não ter conhecimento do valor verdade de proposições de cunho metafísico. As definições de ambos os termos podem variar, mas o que interessa na discussão que proponho não é o significado exato desses termos, mas a limitação, para não falar pobreza, de ambos.

O ateísmo e o agnosticismo não são doutrinas, não são ideologias, não são visões de mundo. Muito pelo contrário, são anti-visões de mundo. Um ateu não é obrigado a ser cético - ele pode acreditar na coleção mais absurda de criaturas exóticas, exceto uma - Deus - e se cumprir esse simples pré-requisito, terá tanto direito de ser chamado de ateu quanto céticos de carteirinha como Dawkins e Sagan. Por isso mesmo, é possível um ateu ter mais em comum com muitos deístas ou mesmo teístas do que com outro ateu. O mesmo vale para o agnosticismo, que pode muito bem ser agnóstico com relação a Deus, mas não quanto ao bule de chá em órbita e nem por isso deixar de ser chamado de agnóstico.

E agora chegamos ao caso aqui do nosso Clube Cético. Não é Clube Ateu, nem Clube Agnóstico, nem Clube Ateu/Agnóstico. É Clube Cético. O fato de ele ser freqüentado majoritariamente (para não dizer quase totalmente) por aas não é mera coincidência. E o termo ceticismo já é um pouco melhor do que ateísmo e agnosticismo, visto que apesar de ele também se escorar na rejeição, ele já dá uma informação mais precisa: Ceticismo, e em particular o ceticismo científico à la Carl Sagan, o mentor intelectual do ceticismo ativista que vemos hoje na Internet, é o exercício da dúvida ou da suspensão do julgamento em geral ou em relação a alegações não comprovadas.

Mas o ceticismo também não é uma doutrina e nem uma visão de mundo, é antes um processo, um meio de se alcançar verdade. É meio estranho, portanto, eu dizer que sou um cético. O que eu quero dizer quando falo que sou um cético afinal? Que eu uso o ceticismo sistematicamente, ou seja, que sujeito tudo à dúvida até ser apresentado a evidências? Certamente que não, se eu fizesse isso acabaria louco, duvidando de meus próprios sentidos e chegando à conclusão de que a única certeza que tenho é a de que penso, logo existo, como Descartes.

Não, nós não somos céticos a esse ponto. Nosso ceticismo é seletivo, pois existem coisas em que sem dúvida nós acreditamos. Acreditamos que existe uma realidade objetiva, que ela é lógica e estruturada e que seus fenômenos são potencialmente explicáveis pela razão humana através de um sistema de aquisição de conhecimento organizado rigoroso conhecido como ciência. Queriamos ou não, isto é uma visão de mundo, e uma visão de mundo muito além do ateísmo e do ceticismo. Na verdade essa é a descrição de toda uma filosofia metafísica conhecida como naturalismo. Não estamos livres da metafísica...

Voltemos à mensagem que eu citei no começo do tópico: combater o criacionismo não é o objetivo dos ateus e agnósticos. É o objetivo de um grupo de pessoas que inclui muitos aas, sem dúvida, mas não necessariamente todos os aas, aliás, um grupo que inclui até mesmo a maioria dos deístas, panteístas e até uma pequena fração dos teístas também, e o que esse grupo tem de particular é possuir uma visão de mundo naturalista. Há um nome meio polêmico para essas pessoas, vocês provavelmente já conhecem: os brights. Acredito que não há dúvidas de que os brights são a fração mais numerosa entre os aas no CC e na Internet em geral. Provavelmente no mundo (aliás, é possível até que hajam mais brights do que aas). E é uma palavra com uma definição muito mais ampla e esclarecedora que as concorrentes.

Por analogia, um ateu é uma pessoa cuja cor preferida definitivamente não é o azul. O agnóstico não sabe qual é a sua cor preferida, mas provavelmente ela não é o azul. Um cético não gosta de azul até que alguém lhe mostre uma tom de azul que o faça mudar de idéia. O bright é o cara que gosta de cores quentes. Ou seja, o ateu e o agnóstico se definem por aquilo que eles não são, o cético por aquilo que ele costuma fazer e somente o bright por aquilo que ele é.

Mas acho que a resistência em se adotar definitivamente a palavra bright não está em reconhecer que ela é um termo melhor, está na origem da palavra, que vem do inglês "brilhante". Como se aqueles que não são brights (os "supers", ou seja, aqueles que têm elementos de crenças no "supernatural") fossem menos brilhantes. Bom, a palavra bright foi escolhida para designar as pessoas com visão naturalista em referência ao Iluminismo. Os brights, portanto, são brilhantes porque foram iluminados pela filosofia das Luzes, que removeu o sobrenatural da esfera da ciência. Conhecida a verdadeira origem da palavra, não temos mais desculpa para dizermos a nós mesmos que bright é um termo pedante e arrogante. A preocupação agora é com se os supers vão se convencer disso.

A resposta clássica dos brights é fazer uma analogia com os gays. O termo gay, igualmente, vem do inglês, significando 'alegre'. Não é por causa disso que os heterossexuais passaram a ser chamados sads (tristes). Em vez disso criaram seu próprio neologismo, straights (reto). Os brights já deram de bandeja a palavra supers para quem acredita no sobrenatural, mas se eles não gostarem dessa, encontrar outra é problema deles. O que não nos impede de nos chamarmos a nós mesmos de brights, ainda mais no Brasil, onde esse termo não é mais do que um estrangeirismo. Não vamos passar por pedantes se da próxima vez que nos perguntarem a nossa religião dissermos que somos brights em vez de ateus. Muito pelo contrário, como provavelmente será a primeira vez que a pessoa escuta isso na vida, ou ela vai dar de ombros ou vai perguntar o que é isso, o que é um bom momento para explicarmos a nossa visão de mundo sem nem ao menos precisar mencionar que não acreditamos em Deus, a não ser que seja da nossa vontade ou que a pessoa pergunte diretamente.

Eu não gostava de bright da primeira vez que ouvi, mas agora estou cada vez mais inclinado a pensar que esta é uma palavra boa demais para ser perdida, por isso convido os foristas que simpatizarem com ela também a efetivamente usarem. E é isso que vou fazer agora. Só vou falar ateus, agnósticos e céticos agora quando o contexto me obrigar a usar essas palavras. No mais, me identificarei (e a vocês também, gostem ou não :P ) como bright.

Offline Dodo

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #1 Online: 21 de Dezembro de 2008, 19:11:09 »
Ateu já define tudo, não importa que a pessoa tenha uma imagem distorcida do ateísmo, a palavra já responde de antemão o que ela porventura poderia perguntar.

Agora, quando penso em bright, uma cena me vem a cabeça.

- Bright?? Me explique o que é isso!

- blá blá blá bla

- Ah, entendi, você é ateu!

« Última modificação: 21 de Dezembro de 2008, 19:13:50 por Dodo »
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Alfred E. Newman

Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #2 Online: 21 de Dezembro de 2008, 19:29:42 »
Aí é que está o ponto do texto: ateu não explica tudo, para falar a verdade ateu não explica quase nada. A única coisa que diz é que a pessoa não acredita em Deus. Deixa eu te contar uma cena que já aconteceu comigo várias vezes:

- Ateu?? Quer dizer que você é comunista/satanista/etc?
- blá blá blá blá...
 
Dizendo que sou bright provavelmente vou ter que dar maiores explicações, mas ao menos darei uma definição precisa de em que acredito.

Offline Dodo

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #3 Online: 21 de Dezembro de 2008, 19:44:20 »
Dizendo que sou bright provavelmente vou ter que dar maiores explicações, mas ao menos darei uma definição precisa de em que acredito.

Ou seja, vão continuar achando que você é satanista, comunista, etc...

Se declarar ateu, pula estas etapas.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #4 Online: 21 de Dezembro de 2008, 19:49:13 »
"Ateu" abarca desde o Sagan até pessoas com crenças dänikenianas/raelianas cosmoconscienciológicas holovibracionais genético-quânticas.

Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #5 Online: 21 de Dezembro de 2008, 19:56:59 »
Faço minhas as palavras do Buckaroo. Ateu é uma palavra muito pobre. Definir a si mesmo simplesmente como ateu é dar importância demais à existência de Deus, pois é só isso que ela informa. Mas eu sou muito mais do que um ateu, eu sou um racionalista, eu acredito que existe uma realidade objetiva compreensível ao ser humano e eu busco as respostas para interpretar o mundo natural nas ciências, sem recorrer a explicações sobrenaturais. Isso tudo cabe na palavrinha bright. Se ao me apresentar como bright para alguém eu tiver que explicar tudo isso, beleza, estarei instruindo alguém sobre uma coisa e ela vai estar me conhecendo bem melhor.

Além disso, a palavra bright não traz a conotação negativa associada à palavra ateu. Tudo bem que após alguns minutos de conversa, a pessoa vai acabar sacando que não acredito em Deus, mas antes disso ela já saberá por que eu não acredito em Deus e que isos não tem nada a ver com ser comunista ou "à tôa", imoral ou "materialista" (no sentido vulgar da palavra).

Offline Dodo

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #6 Online: 21 de Dezembro de 2008, 20:08:23 »
Meu mundo não é tão compreensivo assim quanto o de vocês, e nem tão esclarecido a respeito de crenças exotéricas. Para maioria das pessoas, gente com crenças malucas, mas que declarem ter um "lado espiritual" ou acreditarem numa "força maior" são pessoas que creêm em Deus, sim; diferente dos ateus, sejam eles quais forem.
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Alfred E. Newman

Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #7 Online: 21 de Dezembro de 2008, 20:11:09 »
E quem falou em "lado espiritual" ou acreditar em "força maior"? Muitissíssimo pelo contrário, bright é justamente quem tem uma visão de mundo livre de explicações sobrenaturais. Nada mais longe de uma crença exotérica.

Offline Dodo

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #8 Online: 21 de Dezembro de 2008, 20:32:05 »
E quem falou em "lado espiritual" ou acreditar em "força maior"? Muitissíssimo pelo contrário, bright é justamente quem tem uma visão de mundo livre de explicações sobrenaturais. Nada mais longe de uma crença exotérica.

Eu não me referi aos ateus, e sim aqueles que tem crenças malucas.

Nunca ouviu as frases:

O importante é crer em Deus.

Todo mundo precisa de uma religião.

O importante é acreditar em algo superior.

A "religião" praticada por tribos isoladas é muito diferente da que estamos acostumados a ver, mas nem por isso podemos considerá-los ateus, concorda?

Assim é com um sujeito que crê em algo sobrenatural, as pessoas tem a plena convicção de que ele crê em algo.

E não podemos deixar de lado a "espiritualidade" do terceiro milênio, ela pode abrir mão de uma divindade, mas para o cidadão comum, isso não significa que seja uma declaração de ateísmo.
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Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #9 Online: 21 de Dezembro de 2008, 20:46:52 »
Então para você é igualmente perigoso se declarar para um teísta como ateu ou como bright. Mas calma, Dodo, eu não estou pedindo para você arriscar o seu pescoço. Na verdade, neste tópico, eu estou convidando em primeiro lugar a nós mesmos nos tratarmos como brights, incorporarmos essa palavra em nosso vocabulário - aqueles que concordarem, claro. Pelo bem da precisão e para assumirmos nossa identidade.

Offline Dodo

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #10 Online: 21 de Dezembro de 2008, 20:50:52 »
Então para você é igualmente perigoso se declarar para um teísta como ateu ou como bright. Mas calma, Dodo, eu não estou pedindo para você arriscar o seu pescoço. Na verdade, neste tópico, eu estou convidando em primeiro lugar a nós mesmos nos tratarmos como brights, incorporarmos essa palavra em nosso vocabulário - aqueles que concordarem, claro. Pelo bem da precisão e para assumirmos nossa identidade.

Perigoso eu não diria, mas dependendo do seu interlocutor o efeito seria o mesmo caso você dissesse que era ateu ou explicasse porque é bright.
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Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #11 Online: 21 de Dezembro de 2008, 21:11:47 »
Dependendo do interlocutor. Mas de qualquer modo, bright é um termo muito mais completo e relevante do que ateu. Por isso estou convidando vocês a usá-lo pelo menos no dia-a-dia do fórum. Se a expressão vai pegar lá fora é outra história, mas aqueles que já simpatizam como o movimento bright devem ter em mente que se não usarmos a palavra ela nunca vai pegar.

Offline Moro

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #12 Online: 22 de Dezembro de 2008, 01:03:23 »
Citação de: Uili
Mas o ceticismo também não é uma doutrina e nem uma visão de mundo, é antes um processo, um meio de se alcançar verdade. É meio estranho, portanto, eu dizer que sou um cético. O que eu quero dizer quando falo que sou um cético afinal? Que eu uso o ceticismo sistematicamente, ou seja, que sujeito tudo à dúvida até ser apresentado a evidências? Certamente que não, se eu fizesse isso acabaria louco, duvidando de meus próprios sentidos e chegando à conclusão de que a única certeza que tenho é a de que penso, logo existo, como Descartes.

Não, nós não somos céticos a esse ponto. Nosso ceticismo é seletivo, pois existem coisas em que sem dúvida nós acreditamos. Acreditamos que existe uma realidade objetiva, que ela é lógica e estruturada e que seus fenômenos são potencialmente explicáveis pela razão humana através de um sistema de aquisição de conhecimento organizado rigoroso conhecido como ciência. Queriamos ou não, isto é uma visão de mundo, e uma visão de mundo muito além do ateísmo e do ceticismo. Na verdade essa é a descrição de toda uma filosofia metafísica conhecida como naturalismo. Não estamos livres da metafísica...

Uili, eu acho que usamos sistematicamente o ceticismo, e por isso duvido dos meus sentidos na medida que é razoável fazê-lo. Por exemplo, não vejo sentido em questionar a realidade pois NÃO dou valor a metafísica, então submeto tudo que existe ao crivo do ceticismo, incluindo códigos morais.

Gosto da palavra cético. Você fez afirmações sobre a falta de acuidade das palavras ateu, agnóstico, e cético. Mas o que exatamente a mais o termo bright nos dá? Qual a exata definição?

editado: o NÃO
« Última modificação: 22 de Dezembro de 2008, 01:32:43 por Agnóstico »
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline Gaúcho

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #13 Online: 22 de Dezembro de 2008, 01:19:25 »
Se defina como humanista secular e seja feliz :D
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Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #14 Online: 22 de Dezembro de 2008, 01:36:19 »
A definição exata de bright é "uma pessoa com uma visão de mundo naturalista" ou seja, sem elementos místicos ou sobrenaturais. Clique no meu banner para ler direto da fonte.

Como eu expliquei ao Dodo, o que você ganha em usar bright em vez de ateu e agnóstico é que este termo contém uma visão de mundo mais ampla, enquanto que ateu ou agnóstico só dão uma resposta quanto a uma questão muito específica, que é a existência de Deus. Ao dizer que você é bright você diz que é um entusiasta da ciência e que não crê no paranormal.

Quanto ao ceticismo, como eu expliquei, acredito que o ceticismo é um processo, é um meio para se alcançar a verdade. Você disse que duvida dos seus sentidos na medida que é razoável fazê-lo, mas como você define até que ponto sua dúvida é razoável? Onde está o seu ceticismo quanto à sua própria capacidade de julgar o que é razoável? Na filosofia há correntes do ceticismo que questionam até nossa própria capacidade de obter algum conhecimento, o ceticismo levado ao extremo inevitavelmente leva ao solipsismo.

Claro que não é esse o ceticismo a que nós nos referimos, mas ao ceticismo científico, empírico, é a dúvida aplicada a alegações extraordinárias até que elas sejam sujeitas a investigação científica. Assim mesmo, eu vejo esse ceticismo como um processo, um meio para se obter a verdade, por isso acho estranho usar ceticismo para definir uma visão de mundo, uma filosofia. Mas nem é esse o principal motivo para usarmos a palavra brights em vez de céticos, a melhor razão é a seguinte: nossa visão de mundo na verdade, vai além do ceticismo científico na medida em que antes de acreditarmos no ceticismo científico, nós precisamos acreditar primeiro na própria ciência. E antes de acreditar na ciência, precisamos acreditar em uma verdade objetiva, em um universo ordenado, com fenômenos explicáveis segundo leis naturais que possam, pelo menos em potencial, ser compreendidas por nós. Há toda uma metafísica, portanto, por trás dessa qualidade de ceticismo, e é uma metafísica naturalista.

Veja bem, ao dizer que você é cético você não deixa claro que é bright, afinal você poderia ser um cético solipsista. Mas ao dizer que você é bright, você por definição tem uma visão de mundo naturalista - que você é entusiasta da ciência e pratica o ceticismo científico vem como corolário.

Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #15 Online: 22 de Dezembro de 2008, 01:38:17 »
Se defina como humanista secular e seja feliz :D

Nada impede de ser as duas coisas ou usar os dois termos. Aliás, todo humanista secular é bright, embora nem todo bright seja necessariamente HS. Mas bright é menor, mais positivo, mais elegante :)

Offline Moro

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #16 Online: 22 de Dezembro de 2008, 02:04:58 »
Citação de: Uili
Quanto ao ceticismo, como eu expliquei, acredito que o ceticismo é um processo, é um meio para se alcançar a verdade. Você disse que duvida dos seus sentidos na medida que é razoável fazê-lo, mas como você define até que ponto sua dúvida é razoável?

sabia que ia perguntar. Por isso que citei a metafísica. É ótimo questionar algo desde que a resposta não te coloque em uma área destinada a metafísica e outras asneiras.

Mas entendi seu ponto. Gosto de palavras que tenham um sentido claro, se ateu realmente não é um termo que te defina como uma pessoa que não acredita em cristais, por exemplo, que seja.

Mas poderiam ter arrumado um nome mais modesto
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Offline Ricardo RCB.

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #17 Online: 22 de Dezembro de 2008, 02:14:03 »
Além disso, a palavra bright não traz a conotação negativa associada à palavra ateu. Tudo bem que após alguns minutos de conversa, a pessoa vai acabar sacando que não acredito em Deus, mas antes disso ela já saberá por que eu não acredito em Deus e que isos não tem nada a ver com ser comunista ou "à tôa", imoral ou "materialista" (no sentido vulgar da palavra).

Isso soa politicamente correto demais para mim, nos moldes de  :

Citar
A palavra afrodescendente não traz a conotação negativa associada às palavras crioulo, negro.


E eu odeio o politicamente correto.

No mais, apesar de toda a argumentação a favor do uso da palavra bright no lugar de ateu ou cético ou agnóstico, ainda prefiro me identificar como ateu.

Pobre como a palavra possa ser, prefiro a simplicidade do "eu sou ateu" ao monte de explicações necessárias que devem ser dadas a um interlocutor do que é ser um bright, ter que ficar me explicando para gente preconceituosa não é o meu passatempo preferido, o que admito não acontece sempre. Como disse o Dodo e eu concordo com ele aqui:

Ateu já define tudo, não importa que a pessoa tenha uma imagem distorcida do ateísmo, a palavra já responde de antemão o que ela porventura poderia perguntar.

Agora, quando penso em bright, uma cena me vem a cabeça.

- Bright?? Me explique o que é isso!

- blá blá blá bla

- Ah, entendi, você é ateu!


Acho que a maioria dos casos vai cair em :

A) Se o interlocutor é uma pessoa preconceituosa, incapaz de mudar de posição, satanista, ateu, comunista, bright, agnóstico ou outra coisa irá dar na mesma.

ou

B) Se o interlocutor tiver a "mente mais aberta", irá respeitar e/ou perguntar a respeito independente da palavra usada.

Sempre haverá excessões, casos fora dessa "regra" mas a maioria cairá ai (em A, especificamente) na minha opinião.

Outra coisa, exatamente por ser um estrangeirismo é complicado convencer algumas pessoas de que isso não é arrogância.

Uma tradução de bright é brilhante. Será que os não brilhantes vão querer usar a palavra supers ou vão achar que os ateus estão definindo os outros como não brilhantes?

Apesar de tudo o que foi escrito a respeito da palavra supers, de como a palavra gay foi usada pelos homossexuais e veio o uso do straight, os brights combinaram com o outro time? O outro time aceitou usar supers? Se não aceitaram, vão usar o bright como sinônimo de arrogância dos ateus.

E mais preconceito do que eu já enfreitei? Eu dispenso.


« Última modificação: 22 de Dezembro de 2008, 02:18:59 por Ricardo RCB. »
“The only place where success comes before work is in the dictionary.”

Donald Kendall

Offline Moro

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #18 Online: 22 de Dezembro de 2008, 02:15:45 »
bom ponto ricardo
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #19 Online: 22 de Dezembro de 2008, 02:53:55 »
sabia que ia perguntar. Por isso que citei a metafísica. É ótimo questionar algo desde que a resposta não te coloque em uma área destinada a metafísica e outras asneiras.

Mas entendi seu ponto. Gosto de palavras que tenham um sentido claro, se ateu realmente não é um termo que te defina como uma pessoa que não acredita em cristais, por exemplo, que seja.

Mas poderiam ter arrumado um nome mais modesto

Inevitavelmente alguma escolha metafísica nós temos que fazer - a não ser que você seja realmente um cético cartesiano radical - A própria crença em uma realidade exterior a nossa mente é uma metafísica.

Quanto ao nome, acho que essa é a maior crítica que os brights recebem, talvez se tivessem escolhido outro, o movimento seria mais popular. Mas conforme explicado, bright faz referência ao Iluminismo, não a um auto-elogio das próprias faculdades mentais. Os próprios defensores do termo fazem questão de recomendar o cuidado de usar a palavra como substantivo, em vez de como adjetivo para evitar soar pedante. Se bem que essa preocupação é maior para os anglófonos, nós no Brasil podemos usar a palavra sem muitas preocupações, é só um estrangeirismo que a média das pessoas nunca ouviu na vida e mesmo uma pessoa que fale inglês não vai associar imediatamente "eu sou um bright" com "eu sou um brilhante".

Isso soa politicamente correto demais para mim, nos moldes de  :

Citar
A palavra afrodescendente não traz a conotação negativa associada às palavras crioulo, negro.


E eu odeio o politicamente correto.

Bom, para mim nunca soou politicamente correto. A palavra bright nem de longe lembra termos desajeitados como "afrodescendente", "portador de necessidades especiais", "prejudicado verticalmente"... Os termos PC costumam ser longos, auto-explicativos, compostos por várias palavras e geralmente são feitos para serem usados num contexto formal. Bright é uma palavra simples, curta, elegante. É como gay, gay não é politicamente correto, é uma gíria que acabou entrando na língua inglesa e daí para o mundo. É um meme. Essa é idéia da comunidade bright.

Citar
No mais, apesar de toda a argumentação a favor do uso da palavra bright no lugar de ateu ou cético ou agnóstico, ainda prefiro me identificar como ateu.

Gosto não se discute, pode continuar se declarando ateu. Meu convite se dirige a quem gosta do termo bright.

Citar
Pobre como a palavra possa ser, prefiro a simplicidade do "eu sou ateu" ao monte de explicações necessárias que devem ser dadas a um interlocutor do que é ser um bright, ter que ficar me explicando para gente preconceituosa não é o meu passatempo preferido, o que admito não acontece sempre. Como disse o Dodo e eu concordo com ele aqui:

[Citação do Dodo]

Nesse ponto, não ser cobrado de gente preconceituosa não depende de você, depende dela. Se ela quiser encher seu saco, ela vai te importunar diga você que é ateu ou que é bright. Ou vai me dizer que quando você diz que é ateu para gente preconceituosa eles te deixam em paz?

Por outro lado, a explicação do que é bright é tão simples, você pode simplesmente dizer que bright é quem acredita que tudo tem uma explicação racional, ou que não acredita em fenômenos sobrenaturais. Se a pessoa se interessar mais e querer saber especificamente se você acredita em Deus, você pode muito bem dizer finalmente que é ateu, mas você chegou no mesmo lugar por um caminho diferente já tendo explicado de antemão por que você é ateu (essa é a pergunta que costuma vir logo depois, né?)

Ou podemos fazer o contrário, da próxima vez que te perguntarem você diz "Eu sou ateu" e quando te perguntarem por que você é ateu, você dá uma resposta bright "porque eu acredito que todos os fenômenos têm origem na natureza" ou algo do tipo.

Citar
Acho que a maioria dos casos vai cair em :

A) Se o interlocutor é uma pessoa preconceituosa, incapaz de mudar de posição, satanista, ateu, comunista, bright, agnóstico ou outra coisa irá dar na mesma.

ou

B) Se o interlocutor tiver a "mente mais aberta", irá respeitar e/ou perguntar a respeito independente da palavra usada.

Sempre haverá excessões, casos fora dessa "regra" mas a maioria cairá ai (em A, especificamente) na minha opinião.

Acho que A não dá na mesma porque já foi explicada a razão de você não crer em Deus antes de vocês chegarem a esse ponto. A pessoa já vai saber que você não é satanista nem comunista.

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Outra coisa, exatamente por ser um estrangeirismo é complicado convencer algumas pessoas de que isso não é arrogância.

Não acredito, estrangeirismos são tão comuns hoje. Na pior das hipóteses vão pensar que é uma modinha, tipo Emo ou os tais dos FromUK agora :lol:

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Uma tradução de bright é brilhante. Será que os não brilhantes vão querer usar a palavra supers ou vão achar que os ateus estão definindo os outros como não brilhantes?

Apesar de tudo o que foi escrito a respeito da palavra supers, de como a palavra gay foi usada pelos homossexuais e veio o uso do straight, os brights combinaram com o outro time? O outro time aceitou usar supers? Se não aceitaram, vão usar o bright como sinônimo de arrogância dos ateus.

E mais preconceito do que eu já enfreitei? Eu dispenso.

Se eles não gostarem de supers, é problema deles encontrar outra palavra, se é que eles vão procurar alguma. Provavelmente eles vão se chamar de "normais" mesmo :lol:

Além disso, me desculpe por essa notícia bombástica, mas os teístas já consideram os ateus arrogantes, usem ou não o apodo de brights. Somos a minoria menos bem aceita no Brasil e nos EUA e não acho que vá mudar nada se tivermos um acesso de humildade e passarmos a nos chamar de "the dumbs" (os burros). Não é o nome que usarmos que vai reverter essa situação, mas nossas atitudes diante da opinião pública. O termo bright é mais para criar um termo com conotação positiva (nos dois sentidos da palavra: "para cima" e afirmativa, em vez de por negação) para nós nos chamarmos.

Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #20 Online: 22 de Dezembro de 2008, 02:54:51 »
O papo está bom, mas lamento dizer que só vou poder responder a novas contestações a partir de Terça-feira à noite ou Quarta. :(

Offline Ricardo RCB.

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #21 Online: 22 de Dezembro de 2008, 08:25:36 »
Inevitavelmente alguma escolha metafísica nós temos que fazer - a não ser que você seja realmente um cético cartesiano radical - A própria crença em uma realidade exterior a nossa mente é uma metafísica.

Quanto ao nome, acho que essa é a maior crítica que os brights recebem, talvez se tivessem escolhido outro, o movimento seria mais popular. Mas conforme explicado, bright faz referência ao Iluminismo, não a um auto-elogio das próprias faculdades mentais. Os próprios defensores do termo fazem questão de recomendar o cuidado de usar a palavra como substantivo, em vez de como adjetivo para evitar soar pedante. Se bem que essa preocupação é maior para os anglófonos, nós no Brasil podemos usar a palavra sem muitas preocupações, é só um estrangeirismo que a média das pessoas nunca ouviu na vida e mesmo uma pessoa que fale inglês não vai associar imediatamente "eu sou um bright" com "eu sou um brilhante".

Talvez não, no instante que ver um banner como o da sua atual assinatura vai ficar difícil não associar bright ao "brilhante".

Bom, para mim nunca soou politicamente correto. A palavra bright nem de longe lembra termos desajeitados como "afrodescendente", "portador de necessidades especiais", "prejudicado verticalmente"... Os termos PC costumam ser longos, auto-explicativos, compostos por várias palavras e geralmente são feitos para serem usados num contexto formal. Bright é uma palavra simples, curta, elegante. É como gay, gay não é politicamente correto, é uma gíria que acabou entrando na língua inglesa e daí para o mundo. É um meme. Essa é idéia da comunidade bright.

A palavra bright pode não ser longa nem auto-explicativa, mas requer uma longa explicação, cheia de várias palavras. :)

E óbvio que bright é um meme, algo com a mão de Richard Dawkins teria que ser um meme, se será um meme bem sucedido ou não é outra conversa.

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No mais, apesar de toda a argumentação a favor do uso da palavra bright no lugar de ateu ou cético ou agnóstico, ainda prefiro me identificar como ateu.

Gosto não se discute, pode continuar se declarando ateu. Meu convite se dirige a quem gosta do termo bright.

Eu não tinha prestado atenção no emoticon em :

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E é isso que vou fazer agora. Só vou falar ateus, agnósticos e céticos agora quando o contexto me obrigar a usar essas palavras. No mais, me identificarei (e a vocês também, gostem ou não Razz ) como bright.

Considerando que o trecho em negrito foi mais um tom "jocoso", concordo, cada um se identifica como quiser, respeitando os outros que preferem não serem chamados de bright.

Nesse ponto, não ser cobrado de gente preconceituosa não depende de você, depende dela. Se ela quiser encher seu saco, ela vai te importunar diga você que é ateu ou que é bright. Ou vai me dizer que quando você diz que é ateu para gente preconceituosa eles te deixam em paz?

Depende das pessoas, em geral eu encerro a conversa com um simples : "Eu não te devo satisfação da minha vida". E novamente o termo bright pode levantar questões do tipo : "você tem medo de dizer que é ateu?".

Por outro lado, a explicação do que é bright é tão simples, você pode simplesmente dizer que bright é quem acredita que tudo tem uma explicação racional, ou que não acredita em fenômenos sobrenaturais. Se a pessoa se interessar mais e querer saber especificamente se você acredita em Deus, você pode muito bem dizer finalmente que é ateu, mas você chegou no mesmo lugar por um caminho diferente já tendo explicado de antemão por que você é ateu (essa é a pergunta que costuma vir logo depois, né?)

Prefiro logo dizer que sou ateu e poupar conversa.

Ou podemos fazer o contrário, da próxima vez que te perguntarem você diz "Eu sou ateu" e quando te perguntarem por que você é ateu, você dá uma resposta bright "porque eu acredito que todos os fenômenos têm origem na natureza" ou algo do tipo.

Depende do interlocutor, se vou explicar, prefiro explicar claramente porque sou ateu, o que me levou a isso (dependendo do interesse do outro lado). Mas é questão de gosto.

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Acho que a maioria dos casos vai cair em :

A) Se o interlocutor é uma pessoa preconceituosa, incapaz de mudar de posição, satanista, ateu, comunista, bright, agnóstico ou outra coisa irá dar na mesma.

ou

B) Se o interlocutor tiver a "mente mais aberta", irá respeitar e/ou perguntar a respeito independente da palavra usada.

Sempre haverá excessões, casos fora dessa "regra" mas a maioria cairá ai (em A, especificamente) na minha opinião.

Acho que A não dá na mesma porque já foi explicada a razão de você não crer em Deus antes de vocês chegarem a esse ponto. A pessoa já vai saber que você não é satanista nem comunista.

Se A for incapaz de mudar de posição qualquer coisa que eu disser será irrelevante para A, logo dá na mesma.

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Outra coisa, exatamente por ser um estrangeirismo é complicado convencer algumas pessoas de que isso não é arrogância.

Não acredito, estrangeirismos são tão comuns hoje. Na pior das hipóteses vão pensar que é uma modinha, tipo Emo ou os tais dos FromUK agora :lol:

Mais um motivo, para mim, contra o uso do termo bright não gosto de seguir modinhas.

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Uma tradução de bright é brilhante. Será que os não brilhantes vão querer usar a palavra supers ou vão achar que os ateus estão definindo os outros como não brilhantes?

Apesar de tudo o que foi escrito a respeito da palavra supers, de como a palavra gay foi usada pelos homossexuais e veio o uso do straight, os brights combinaram com o outro time? O outro time aceitou usar supers? Se não aceitaram, vão usar o bright como sinônimo de arrogância dos ateus.

E mais preconceito do que eu já enfreitei? Eu dispenso.

Se eles não gostarem de supers, é problema deles encontrar outra palavra, se é que eles vão procurar alguma. Provavelmente eles vão se chamar de "normais" mesmo :lol:

Não, não é problema apenas deles. É problema também de quem criou o termo e não previu ou minimizou essa  possível reação contrária.

Além disso, me desculpe por essa notícia bombástica, mas os teístas já consideram os ateus arrogantes, usem ou não o apodo de brights. Somos a minoria menos bem aceita no Brasil e nos EUA e não acho que vá mudar nada se tivermos um acesso de humildade e passarmos a nos chamar de "the dumbs" (os burros). Não é o nome que usarmos que vai reverter essa situação, mas nossas atitudes diante da opinião pública. O termo bright é mais para criar um termo com conotação positiva (nos dois sentidos da palavra: "para cima" e afirmativa, em vez de por negação) para nós nos chamarmos.

Desculpe a notícia bombástica, mas usar um termo que pode reforçar um preconceito não é exatamente a melhor maneira de diminuir esse preconceito.

Jamais sugeri algo como dumb, prefiro antes o termo ateu mesmo, com o "& cético" junto.

Noto o uso da palavra "afirmativa" associada ao termo bright. É curioso pois ações afirmativas, palavras afirmativas são termos comuns na justificação de termos "politicamente corretos". É apenas uma observação.

Não acho que adotar um termo que pode ser facilmente confundido com arrogância, induzir ou fortificar ainda mais o preconceito contra ateus seja uma atitude adequada para modificar a maneira como a maioria da opinião pública percebe os ateus.
« Última modificação: 22 de Dezembro de 2008, 08:44:02 por Ricardo RCB. »
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Donald Kendall

Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #22 Online: 22 de Dezembro de 2008, 11:35:33 »
EDstou falando de uma Lan house, dá para responder essa mensagem, mas uma eventual tréplica agora, só amanhã.

Talvez não, no instante que ver um banner como o da sua atual assinatura vai ficar difícil não associar bright ao "brilhante".

Isso é subjetivo, questão de costume talvez. Hoje eu não associo mais bright com brilhante, assim como não associo gay com alegre. Conforme uma palavra é associada mais e mais com uma idéia isso fica mais fácil - acho que hoje, por exemplo, é difícil algém usar a palavra gay nos EUA num contexto que não o de referência a um homossexual. Se o meme bright pegar provavelmente acontecerá o mesmo.

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A palavra bright pode não ser longa nem auto-explicativa, mas requer uma longa explicação, cheia de várias palavras. :)

Assim como qualquer palavra que o interlocutor desconheça. Ou uma palavra da qual ele tenha uma idéia errada, como ateu. De qualquer forma, eu não associo bright com correção política... Aliás, ontem, após desligar o computador eu pensei em algo que me passou batido: primeiro você acusou bright de ser um termo PC, e você odeia PC. Depois você disse que bright era arrogante e podia ofender os teístas - afinal de contas, quem está sendo politicamente correto aqui? :P

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E óbvio que bright é um meme, algo com a mão de Richard Dawkins teria que ser um meme, se será um meme bem sucedido ou não é outra conversa.

Na verdade não foi ele que cunhou o termo, mas Paul Geisert e Mynga Futrell. Dawkins é apenas um dos grades nomes que adotou o termo. Outros exemplos são Daniel Dennet, Steven Pinker, James Randi, Michael Shermer...

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Depende das pessoas, em geral eu encerro a conversa com um simples : "Eu não te devo satisfação da minha vida". E novamente o termo bright pode levantar questões do tipo : "você tem medo de dizer que é ateu?".

E dando respostas como  "Eu não te devo satisfação da minha vida", você vai parecer menos arrogante do que se dizendo bright? Isso só comprova minha opinião de que o que vai passar uma imagem de arrogante é sua atitude, não como você se declara. É um direito seu ser arrogante, claro. Mas agindo assim eu até prefiro que você não se apresente como bright. Quando eu me disser bright para um teísta e ele perguntar o que é isso, pretendo explicar com toda a paciência e boa vontade. Quanto a questão de se isso não seria medo de se dizer ateu, minha resposta é a que já dei aqui: "Me declarar como ateu é me definir com referência a algo que eu não acredito que existe. Acho que se dizer ateu é dar importância demais para Deus"

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Prefiro logo dizer que sou ateu e poupar conversa.

Você não gosta muito de conversar, não é mesmo?


Offline uiliníli

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #23 Online: 22 de Dezembro de 2008, 11:43:01 »
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Mais um motivo, para mim, contra o uso do termo bright não gosto de seguir modinhas.

Eu não vejo problemas em explicar para a pessoa o que é um bright, mas é que acho que estou mais aberto para discutir esse assunto. Isso depende de a pessoa ter a cabeça aberta e não ser fanática, claro, mas se eu perceber que é uma pessoa desse tipo eu dou um jeito de escapar do assunto.

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Não, não é problema apenas deles. É problema também de quem criou o termo e não previu ou minimizou essa  possível reação contrária.

(...)

Desculpe a notícia bombástica, mas usar um termo que pode reforçar um preconceito não é exatamente a melhor maneira de diminuir esse preconceito.

Como eu disse, se essa palavra for assimilada na língua, ela vai perder essa conotação, da mesma forma que gay perdeu a conotação de alegre.

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Noto o uso da palavra "afirmativa" associada ao termo bright. É curioso pois ações afirmativas, palavras afirmativas são termos comuns na justificação de termos "politicamente corretos". É apenas uma observação.

Você não entendeu. Eu usei afirmativa no sentido de que o termo não é definido em referência a uma negação, como a palavra ateu, que é quem não acredita em Deus.

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Não acho que adotar um termo que pode ser facilmente confundido com arrogância, induzir ou fortificar ainda mais o preconceito contra ateus seja uma atitude adequada para modificar a maneira como a maioria da opinião pública percebe os ateus.

Não acredito que no Brasil isso seja um problema pela questão da língua. Quanto aos países anglófonos, mais uma vez, o que faz a diferença é a atitude. Acho que a sua própria atitude pode ser interpretada como arrogante pelos teístas.

Offline Moro

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Re: Ateus? Céticos? Brights?
« Resposta #24 Online: 22 de Dezembro de 2008, 11:59:31 »
Citação de: Uili
Inevitavelmente alguma escolha metafísica nós temos que fazer - a não ser que você seja realmente um cético cartesiano radical - A própria crença em uma realidade exterior a nossa mente é uma metafísica.

Acho que não Uili. Não é uma crença, existe uma realidade exterior e não há nada de metafísica aqui. Não me confundo com esse tipo de coisa.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

 

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