Autor Tópico: ATEA  (Lida 21457 vezes)

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Offline Luis Dantas

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Re: ATEA
« Resposta #25 Online: 19 de Dezembro de 2008, 22:59:00 »
O que precisamos é de um mecenas competente.  Algum voluntário? :)
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The stanza uttered by a teacher is reborn in the scholar who repeats the word

Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Moro

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Re: ATEA
« Resposta #26 Online: 19 de Dezembro de 2008, 23:20:58 »
É, os problemas histróicos da STR vão acabar perseguindo qualquer organização que envolva esse pessoal, principalmente se eles continuarem cometendo os mesmos erros...

e qual foram esses problemas históricos?

não somos militantes, praticantes talvez
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline uiliníli

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Re: ATEA
« Resposta #27 Online: 19 de Dezembro de 2008, 23:28:40 »
A STR tinha uma hierarquia muito rígida e muito centralizada. Isso não seria um grande problema se seus dirigentes não fossem tão omissos.

Offline J Ricardo

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Re: ATEA
« Resposta #28 Online: 21 de Dezembro de 2008, 12:23:28 »
Não sei porquê, mas eles não aceitaram meu registro devido meu CPF ser 123.456.789-35.

Será que eles me consultam no Serasa, histórico policial e médico?

Offline Ricardo RCB.

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Re: ATEA
« Resposta #29 Online: 21 de Dezembro de 2008, 13:08:18 »
Não sei porquê, mas eles não aceitaram meu registro devido meu CPF ser 123.456.789-35.

Será que eles me consultam no Serasa, histórico policial e médico?

Precisa informar o CPF para fazer o registro?
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Offline J Ricardo

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Re: ATEA
« Resposta #30 Online: 21 de Dezembro de 2008, 13:17:41 »

Precisa informar o CPF para fazer o registro?
Sim, em qualquer ONG é necessário CPF para se associar.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: ATEA
« Resposta #31 Online: 21 de Dezembro de 2008, 13:34:19 »
Qual a vantagem de uma organização não governamental defendendo direitos de ateus e agnósticos (agnósticos fideístas não?) em vez de discriminação religiosa de modo geral?

O que isso tem a ver com divulgação científica?

Offline uiliníli

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Re: ATEA
« Resposta #32 Online: 21 de Dezembro de 2008, 15:33:28 »
Qual a vantagem de uma organização não governamental defendendo direitos de ateus e agnósticos (agnósticos fideístas não?) em vez de discriminação religiosa de modo geral?

O que isso tem a ver com divulgação científica?

A discriminação religiosa já sensibiliza a opinião pública, mas a discriminação especificamente contra ateus não. Além disso, uma organização ateísta e agnóstica seria útil para fazer lobby em nosso favor no governo ou pelo menos fazer um contrapeso ao lobby religioso. Num momento de retomada da propaganda criacionista e de importantes decisões legais sendo tomadas, como as referentes a pesquisas com células tronco e a legalização do aborto, é importante estarmos representados. E nisso aí a divulgação científica é importante, pois uma vez que os ateus e agnósticos geralmente tem uma visão de mundo naturalista (bright), o esclarecimento público da importância da ciência e de suas conquistas é favorável à defesa dos nossos interesses.

Offline J Ricardo

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Re: ATEA
« Resposta #33 Online: 21 de Dezembro de 2008, 15:47:07 »
Divulgar o método científico tem tudo a ver quando o objetivo é a laicidade. Defenderás de qual modo a abolição do ensino do criacionismo em conjunto à evolução das espécies?

Offline uiliníli

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Re: ATEA
« Resposta #34 Online: 21 de Dezembro de 2008, 15:50:39 »
Divulgar o método científico tem tudo a ver quando o objetivo é a laicidade. Defenderás de qual modo a abolição do ensino do criacionismo em conjunto à evolução das espécies?

Já que a religião vive se intrometendo em decisões governamentais na esfera da ciência, a divulgação da ciência de verdade tem tudo a ver com a defesa da laicidade. Além disso, a ATEA não pretende apenas defender a laicidade, ela também visa promover a aceitação das visões de mundo não-teístas na sociedade, e a ciência tem um papel importante na nossa visão de mundo.

Offline Dodo

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Re: ATEA
« Resposta #35 Online: 21 de Dezembro de 2008, 17:58:10 »
E quem disse que nós somos militantes? :lol:

Acho que os ateus militantes mesmo são tão poucos que o Sottomaior deve conhecer todos eles pessoalmente...

A questão não é ser meia dúzia ou uma centena de ateus militantes, mas se haverá espaço para que outros também possam contribuir. Isso não significa que deva-se criar um "rodízio" de quem irá no Superpop, mas sim evitar que surja uma guerra de egos.

Sejamos honesto: você se tornar referência positiva em alguma coisa é uma massagem e tanto no ego. Será que o Sottomaior estará preparado para, de repente, surgir outra liderança* cética no país?

Desejo que o projeto vá para frente, claro, mas não consigo evitar um certo ceticismo.

* não achei palavra mais apropriada.
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Buckaroo Banzai

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Re: ATEA
« Resposta #36 Online: 21 de Dezembro de 2008, 18:04:58 »
Qual a vantagem de uma organização não governamental defendendo direitos de ateus e agnósticos (agnósticos fideístas não?) em vez de discriminação religiosa de modo geral?

O que isso tem a ver com divulgação científica?

A discriminação religiosa já sensibiliza a opinião pública, mas a discriminação especificamente contra ateus não.

Ateus discriminados por religiosos recorrem a ONGs ou a órgãos governamentais que deveriam lidar com isso e são ignorados?



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Além disso, uma organização ateísta e agnóstica seria útil para fazer lobby em nosso favor no governo ou pelo menos fazer um contrapeso ao lobby religioso. Num momento de retomada da propaganda criacionista e de importantes decisões legais sendo tomadas, como as referentes a pesquisas com células tronco e a legalização do aborto, é importante estarmos representados.

Acho isso potencialmente um tiro pela culatra se é feito com a bandeira de ateus. Melhor seria se fosse um rótulo que não excluísse religiões, "racionalismo", "humanismo" ou algo assim; possivelmente aumentando o suporte para essas coisas por parte de crentes menos alinhados com políticas retrógradas ou anti-científicas de igrejas.

Se aborto, pesquisa com embriões, ou qualquer coisa é defendida sob a bandeira do ateísmo, acho que se tornam alvo ainda mais fácil para a crítica religiosa e reprovação pela sociedade; se temos aliados nos religiosos moderados, pode se oferecer uma perspectiva com a qual a maior parte da sociedade provavelmente terá maior afinidade.


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E nisso aí a divulgação científica é importante, pois uma vez que os ateus e agnósticos geralmente tem uma visão de mundo naturalista (bright), o esclarecimento público da importância da ciência e de suas conquistas é favorável à defesa dos nossos interesses.

Realmente é possível ter uma perspectiva mais harmônica da "defesa dos direitos dos ateus" com divulgação científica. Mas ainda acho desnecessário e contraprodutivo o enfoque no ateísmo.

Offline J Ricardo

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Re: ATEA
« Resposta #37 Online: 21 de Dezembro de 2008, 18:47:00 »
Eu acho boa a bandeira dos brights, mas ao mesmo tempo me vêm a cabeça que há uma certa dose de covardia em não agir de forma escrachada, não acho que seja um tiro pela culatra como o Daniel falou, acho que decidir não se expor significa que não nos sentimos mal ou consentimos com o que está acontecendo.

Offline uiliníli

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Re: ATEA
« Resposta #38 Online: 21 de Dezembro de 2008, 19:49:37 »
A questão não é ser meia dúzia ou uma centena de ateus militantes, mas se haverá espaço para que outros também possam contribuir. Isso não significa que deva-se criar um "rodízio" de quem irá no Superpop, mas sim evitar que surja uma guerra de egos.

Sejamos honesto: você se tornar referência positiva em alguma coisa é uma massagem e tanto no ego. Será que o Sottomaior estará preparado para, de repente, surgir outra liderança* cética no país?

Desejo que o projeto vá para frente, claro, mas não consigo evitar um certo ceticismo.

* não achei palavra mais apropriada.


Acho que só conhecendo pessoalmente o Sottomaior para saber, mas acho que ele sabe que não está sozinho entre as lideranças céticas brasieliras, temos o Kentaro Mori, o Widson Porto Reis, o mágico Kronos e várias outras pessoas de destaque, apesar de aparecerem menos na televisão...

Ateus discriminados por religiosos recorrem a ONGs ou a órgãos governamentais que deveriam lidar com isso e são ignorados?

Não tenho informações sobre isso. Mas digamos que um de nós recorresse a um deles e fosse de fato ignorado, para onde a gente iria correr? Não seria bom ter uma organização especificamente para fiscalizar e zelar para que essa discriminação não acontecesse sem ser punida? Os gays e os negros poderiam muito bem se contentar com instituições que cuidassem dos direitos humanos em geral, mas em vez disso criaram organizações especializadas que lhes permitiram lutar de forma mais efetiva e organizadas pelos seus interesses.

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Acho isso potencialmente um tiro pela culatra se é feito com a bandeira de ateus. Melhor seria se fosse um rótulo que não excluísse religiões, "racionalismo", "humanismo" ou algo assim; possivelmente aumentando o suporte para essas coisas por parte de crentes menos alinhados com políticas retrógradas ou anti-científicas de igrejas.

Se aborto, pesquisa com embriões, ou qualquer coisa é defendida sob a bandeira do ateísmo, acho que se tornam alvo ainda mais fácil para a crítica religiosa e reprovação pela sociedade; se temos aliados nos religiosos moderados, pode se oferecer uma perspectiva com a qual a maior parte da sociedade provavelmente terá maior afinidade.

Antes mesmo de ler a sua resposta eu estava pensando sobre isso que criei este tópico defendendo o uso do termo bright, mas não por essa razão. Na verdade o seu argumento de que a defesa de certos pontos de vista sob a bandeira do ateísmo os tornam alvo da reprovação da sociedade só me deixa mais convencido de que precisamos de fato de uma organização que tente virar o jogo em nosso favor. Somos vítima de prejulgamentos, taxados de imorais, corruptos e cínicos. Você não acha que deveríamos fazer alguma coisa para mudar isso?


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Realmente é possível ter uma perspectiva mais harmônica da "defesa dos direitos dos ateus" com divulgação científica. Mas ainda acho desnecessário e contraprodutivo o enfoque no ateísmo.

Que tal brights?

Eu acho boa a bandeira dos brights, mas ao mesmo tempo me vêm a cabeça que há uma certa dose de covardia em não agir de forma escrachada, não acho que seja um tiro pela culatra como o Daniel falou, acho que decidir não se expor significa que não nos sentimos mal ou consentimos com o que está acontecendo.

Acho que o grau de envolvimento nisso é uma decisão pessoal de cada um, mas quanto mais pessoas manifestarem publicamente sua insatisfação, mais pessoas seguirão o exemplo. Já ouviu falar da Campanha OUT?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: ATEA
« Resposta #39 Online: 21 de Dezembro de 2008, 20:09:53 »

Ateus discriminados por religiosos recorrem a ONGs ou a órgãos governamentais que deveriam lidar com isso e são ignorados?

Não tenho informações sobre isso. Mas digamos que um de nós recorresse a um deles e fosse de fato ignorado, para onde a gente iria correr? Não seria bom ter uma organização especificamente para fiscalizar e zelar para que essa discriminação não acontecesse sem ser punida? Os gays e os negros poderiam muito bem se contentar com instituições que cuidassem dos direitos humanos em geral, mas em vez disso criaram organizações especializadas que lhes permitiram lutar de forma mais efetiva e organizadas pelos seus interesses.

Não sei. Se acontecesse comigo, sobre algo que considerasse importante, acho que iria "colocar a boca no trombone". Comentaria em fóruns e etc, além de procurar ações legais. Não sei bem como uma ONG me ajudaria, e, como imagino que esse tipo de coisa seria o mesmo que qualquer um faria, e não temos muitos tópicos sobre ateus sendo vítimas de discriminação (acho que na maior parte do tempo é em âmbito familiar/social, onde é mais complicado, menos passível de qualquer tipo de "ação" contra isso, não se pode obrigar legalmente um sogro a gostar de ter um genro ateu ou algo assim)

Não sei se as ONGs para proteção aos direitos dos negros tem feito algo lá muito eficiente também.



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Na verdade o seu argumento de que a defesa de certos pontos de vista sob a bandeira do ateísmo os tornam alvo da reprovação da sociedade só me deixa mais convencido de que precisamos de fato de uma organização que tente virar o jogo em nosso favor. Somos vítima de prejulgamentos, taxados de imorais, corruptos e cínicos. Você não acha que deveríamos fazer alguma coisa para mudar isso?

Não tenho nada contra, mas acho que são coisas distintas. Para avançar causas que enfrentam oposição religiosa, é melhor a colaboração com religiosos moderados do que sob a bandeira do ateísmo-racional-cético-bright.

De forma totalmente paralela e de importância muito menor, talvez fosse interessante haver gente fazendo algo para "melhorar a imagem" dos ateus. Mas talvez fosse mais viável e melhor dar um jeito de enfiar isso no contexto de ações contra preconceitos em geral. Mas é algo difícil de se esperar de alguém que compara ir a um casamento católico com ir a uma festa de nazistas. Seria até meio hipócrita se propor a combater o preconceito com um discurso desses.



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Realmente é possível ter uma perspectiva mais harmônica da "defesa dos direitos dos ateus" com divulgação científica. Mas ainda acho desnecessário e contraprodutivo o enfoque no ateísmo.

Que tal brights?

Acharia mais interessante se os enfoques fossem em ciência, laicismo e não-preconceito. Talvez até havendo alguma intersecção entre todos, mas sem a necessidade de colocar o grupo ateu, cético ou simpatizante sob os holofotes.


Offline uiliníli

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Re: ATEA
« Resposta #40 Online: 21 de Dezembro de 2008, 20:43:44 »
Não sei. Se acontecesse comigo, sobre algo que considerasse importante, acho que iria "colocar a boca no trombone". Comentaria em fóruns e etc, além de procurar ações legais. Não sei bem como uma ONG me ajudaria, e, como imagino que esse tipo de coisa seria o mesmo que qualquer um faria, e não temos muitos tópicos sobre ateus sendo vítimas de discriminação (acho que na maior parte do tempo é em âmbito familiar/social, onde é mais complicado, menos passível de qualquer tipo de "ação" contra isso, não se pode obrigar legalmente um sogro a gostar de ter um genro ateu ou algo assim)

Uma ONG ajudaria dando uma assessoria jurídica especializada, indicando advogados com experiência em lidar com esse assunto, divulgando seu caso na imprensa para chamar a atenção da opinião pública, enfim muitas coisas que seria bem mais difícil se você tentar agir sozinho.

Aliás, acho que essa questão da comunicação social é o mais importante, é assim que mostramos para as pessoas que o preconceito contra os brights é um preconceito como qualquer outro. Toda vez que há uma notícia relevante envolvendo gays ou negros a TV vai entrevistar os líderes de alguma ONG - quem é que nunca ouviu falar no Grupo Gay da Bahia?

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Não sei se as ONGs para proteção aos direitos dos negros tem feito algo lá muito eficiente também.

Como não? E as cotas raciais nas universidades, de onde você acha que vieram? O Movimento Negro esteve o tempo inteiro fazendo lobby a favor das cotas, é claro! Para você ver o que um grupo bem organizado consegue fazer...

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Não tenho nada contra, mas acho que são coisas distintas. Para avançar causas que enfrentam oposição religiosa, é melhor a colaboração com religiosos moderados do que sob a bandeira do ateísmo-racional-cético-bright.

De forma totalmente paralela e de importância muito menor, talvez fosse interessante haver gente fazendo algo para "melhorar a imagem" dos ateus. Mas talvez fosse mais viável e melhor dar um jeito de enfiar isso no contexto de ações contra preconceitos em geral. Mas é algo difícil de se esperar de alguém que compara ir a um casamento católico com ir a uma festa de nazistas. Seria até meio hipócrita se propor a combater o preconceito com um discurso desses.

Eu não acho que combater o preconceito tenha importância menor, isso é questão de direitos humanos até. Uma pessoa que admite ser atéia em uma entrevista de emprego corre o risco de se dar muito mal...

Realmente esses comentários do Sottomaior foram muito infelizes, é o tipo de ativismo que atrapalha mais que ajuda :? Mas infelizmente todo movimento sempre tem os mais radicais, existem negros racistas no movimento negro e "heterófobos" no movimento gay... É preciso tomar cuidado para mantê-los afastados dos microfones.

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Acharia mais interessante se os enfoques fossem em ciência, laicismo e não-preconceito. Havendo alguma intersecção entre todos, mas sem a necessidade de colocar o grupo ateu, cético ou simpatizante sob os holofotes.

De qualquer forma eu ainda acho importante que algum grupo de responsabilize por tratar especificamente o não-preconceito contra os brights, que haja segundo os nossos interesses, isso porque sem dúvida nós somos a minoria religiosa mais discriminada do país. O preconceito contra os brights é tão generalizado que as pessoas não tem nem vergonha disso, acham normal, está dentro do imaginário coletivo que não acreditar em Deus implica em não ter valores morais e mudar essa imagem não vai ser conseguido sob a bandeira de uma organização ecumênica que seja contra o preconceito religioso, pois o que as pessoas vão entender dessa mensagem é que é feio discriminar as pessoas por religião desde que a pessoa tenha alguma religião.

Deixa eu contar uma anedota que aconteceu comigo: eu estava cortando o cabelo num salão unissex, quando uma moça que trabalhava lá de manicure, evangélica, começou a pregar para a cliente. Uma hora ela começou a falar mal dos espíritas, dizendo que eram "endemoniados", e etc. O meu barbeiro não se conteve e deu a maior bronca nela, ele falou que isso era preconceito e que era errado falar mal das crenças dos outros, e ainda por cima era extremamente desagradável ficar pregando para os clientes porque as pessoas tem o direito de pensar por si mesmas e escolher a religião que lhe trouxer mais conforto. Eu já estava todo admirado com ele, escutando essa lição de tolerância e de civismo... até ele concluir seu raciocínio dizendo "desde que a pessoa acredite em Deus, não é mesmo?"  :o Esse "não é mesmo?" foi dirigido para mim. Como eu não acho muito inteligente questionar quem está segurando uma tesoura afiada a poucos centímetros da minha cabeça, achei melhor não discordar...

Sim, essa é uma evidência anedótica, mas acho que ilustra bem o que passa na cabeça das pessoas: a moral da história da história é que as pessoas sabem que o ateísmo não é uma religião, portanto se você diz que preconceito por opção religiosa é errado, elas não vão se ligar que o preconceito contra quem não tem religião também entra na conta. Por isso eu acho que precisamos trabalhar especificamente no ateísmo, esclarecendo que os não-teístas não são necessariamente pessoas ruins e que é errado discriminá-las.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: ATEA
« Resposta #41 Online: 21 de Dezembro de 2008, 23:13:13 »
Não sei. Se acontecesse comigo, sobre algo que considerasse importante, acho que iria "colocar a boca no trombone". Comentaria em fóruns e etc, além de procurar ações legais. Não sei bem como uma ONG me ajudaria, e, como imagino que esse tipo de coisa seria o mesmo que qualquer um faria, e não temos muitos tópicos sobre ateus sendo vítimas de discriminação (acho que na maior parte do tempo é em âmbito familiar/social, onde é mais complicado, menos passível de qualquer tipo de "ação" contra isso, não se pode obrigar legalmente um sogro a gostar de ter um genro ateu ou algo assim)

Uma ONG ajudaria dando uma assessoria jurídica especializada, indicando advogados com experiência em lidar com esse assunto, divulgando seu caso na imprensa para chamar a atenção da opinião pública, enfim muitas coisas que seria bem mais difícil se você tentar agir sozinho.

Mas será que precisa ser ONG "de verdade"? Será que, por exemplo, se existisse muito disso, não circulariam dessas dicas nos fóruns de ateus pela net?


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Aliás, acho que essa questão da comunicação social é o mais importante, é assim que mostramos para as pessoas que o preconceito contra os brights é um preconceito como qualquer outro. Toda vez que há uma notícia relevante envolvendo gays ou negros a TV vai entrevistar os líderes de alguma ONG - quem é que nunca ouviu falar no Grupo Gay da Bahia?

Segundo pesquisas, é o pior preconceito de todos no Brasil (e nos EUA), mas ao mesmo tempo, parece comparavelmente inócuo. A maior parte dos problemas parece ser de ordem pessoal, e nesses casos não sei se tem ONG que ajude. Vão fazer o quê? Indicar terapias em grupo para as famílias? Não é sarcasmo, até acho uma possibilidade, mas sei lá.



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Não sei se as ONGs para proteção aos direitos dos negros tem feito algo lá muito eficiente também.

Como não? E as cotas raciais nas universidades, de onde você acha que vieram? O Movimento Negro esteve o tempo inteiro fazendo lobby a favor das cotas, é claro! Para você ver o que um grupo bem organizado consegue fazer...

Um outro aspecto importante disso é que os "negros" (incluindo aí mulatos em várias tonalidades, desde que aparentemente adotamos a "regra de uma gota de sangue") no Brasil são quase 50% da população, ou mais, uma imensa parte deles, eleitores. Não me surpreenderia se algo assim viesse a ocorrer mesmo sem qualquer ONG, levando isso em conta, só pelo populismo mesmo. Ateus são uma parcela muito menor do eleitorado, e não acho que é o fator ONG que realmente conta aqui.

 
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Não tenho nada contra, mas acho que são coisas distintas. Para avançar causas que enfrentam oposição religiosa, é melhor a colaboração com religiosos moderados do que sob a bandeira do ateísmo-racional-cético-bright.

De forma totalmente paralela e de importância muito menor, talvez fosse interessante haver gente fazendo algo para "melhorar a imagem" dos ateus. Mas talvez fosse mais viável e melhor dar um jeito de enfiar isso no contexto de ações contra preconceitos em geral. Mas é algo difícil de se esperar de alguém que compara ir a um casamento católico com ir a uma festa de nazistas. Seria até meio hipócrita se propor a combater o preconceito com um discurso desses.

Eu não acho que combater o preconceito tenha importância menor, isso é questão de direitos humanos até. Uma pessoa que admite ser atéia em uma entrevista de emprego corre o risco de se dar muito mal...

Sim, não estou questionando isso. Mas discriminação desse tipo pode ocorrer com qualquer religião ou até por raça e sexo. É um problema que acho que deveria ser combatido, mas não vejo os ateus como grandes vítimas do problema, não vejo razão no enfoque especial, de forma que seria mais interessante se pensar em ações que visassem resolver esse problema de modo geral, seja lá como for possível, se é que é.

Ateus provavelmente são até o grupo menos afetado tanto em números absolutos (por serem uma meia dúzia de gatos pingados) quanto proporcionalmente, já que não só não são muitas as situações onde a religião é posta em questão, mas você pode mentir, colocar "católico" ou alguma outra coisa, enquanto não dá para fingir não ser negro, e fingir ser homem pode ser consideravelmente complicado e ter mais problemas legais do que se mentir sobre a religião.


(seria interessante um estudo sobre isso, nos moldes de uns feitos nos EUA sobre preconceito racial... currículos falsos que mencionassem opções religiosas, e ver se estatisticamente o ateísmo expresso tem peso)

 

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Realmente esses comentários do Sottomaior foram muito infelizes, é o tipo de ativismo que atrapalha mais que ajuda :? Mas infelizmente todo movimento sempre tem os mais radicais, existem negros racistas no movimento negro e "heterófobos" no movimento gay... É preciso tomar cuidado para mantê-los afastados dos microfones.

Tenho a impressão que infelizmente esses são quase sempre os que tem mais ímpeto ativista.



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Acharia mais interessante se os enfoques fossem em ciência, laicismo e não-preconceito. Havendo alguma intersecção entre todos, mas sem a necessidade de colocar o grupo ateu, cético ou simpatizante sob os holofotes.

De qualquer forma eu ainda acho importante que algum grupo de responsabilize por tratar especificamente o não-preconceito contra os brights, que haja segundo os nossos interesses, isso porque sem dúvida nós somos a minoria religiosa mais discriminada do país. O preconceito contra os brights é tão generalizado que as pessoas não tem nem vergonha disso, acham normal, está dentro do imaginário coletivo que não acreditar em Deus implica em não ter valores morais e mudar essa imagem não vai ser conseguido sob a bandeira de uma organização ecumênica que seja contra o preconceito religioso, pois o que as pessoas vão entender dessa mensagem é que é feio discriminar as pessoas por religião desde que a pessoa tenha alguma religião.

Não estou negando isso, que seja algo ruim e tal... sei lá... só não vejo muita utilidade para uma ONG em vez de algo mais informal, individual. Gente mais "normal" "saindo do armário", escrevendo blogs, mandando cartas para revistas e jornais, etc. Sem tanto dessa coisa de choro de vítima e etc.


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Deixa eu contar uma anedota que aconteceu comigo: eu estava cortando o cabelo num salão unissex, quando uma moça que trabalhava lá de manicure, evangélica, começou a pregar para a cliente. Uma hora ela começou a falar mal dos espíritas, dizendo que eram "endemoniados", e etc. O meu barbeiro não se conteve e deu a maior bronca nela, ele falou que isso era preconceito e que era errado falar mal das crenças dos outros, e ainda por cima era extremamente desagradável ficar pregando para os clientes porque as pessoas tem o direito de pensar por si mesmas e escolher a religião que lhe trouxer mais conforto. Eu já estava todo admirado com ele, escutando essa lição de tolerância e de civismo... até ele concluir seu raciocínio dizendo "desde que a pessoa acredite em Deus, não é mesmo?"  :o Esse "não é mesmo?" foi dirigido para mim. Como eu não acho muito inteligente questionar quem está segurando uma tesoura afiada a poucos centímetros da minha cabeça, achei melhor não discordar...

:D

Bem, poderia dizer que conhece muita gente que não acredita "muito" em deus mas ainda assim é gente boa e etc... dar exemplo de um ou outro famoso, já que estava no salão de beleza e etc.



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Sim, essa é uma evidência anedótica, mas acho que ilustra bem o que passa na cabeça das pessoas: a moral da história da história é que as pessoas sabem que o ateísmo não é uma religião, portanto se você diz que preconceito por opção religiosa é errado, elas não vão se ligar que o preconceito contra quem não tem religião também entra na conta. Por isso eu acho que precisamos trabalhar especificamente no ateísmo, esclarecendo que os não-teístas não são necessariamente pessoas ruins e que é errado discriminá-las.

Não discordo totalmente. Só não consigo vislumbrar um projeto duma ONG que sanasse isso consideravelmente. Algo a se pensar, como é que se dão essas mudanças culturais e como seria possível acelerá-las.

Offline uiliníli

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Re: ATEA
« Resposta #42 Online: 22 de Dezembro de 2008, 00:04:57 »
Mas será que precisa ser ONG "de verdade"? Será que, por exemplo, se existisse muito disso, não circulariam dessas dicas nos fóruns de ateus pela net?

Acho que na verdade não é que não exista muito de preconceito contra ateus. Nós é que não costumamos levar esses casos às últimas conseqüências. Não estou dizendo que devêssemos processar o primeiro idiota que falar uma bobagem perto da gente, mas havendo uma ONG especializada, se um dia acontecer algo de realmente muito grave, como alguém perder o emprego ou ser agredido, ela pode ser útil.

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Segundo pesquisas, é o pior preconceito de todos no Brasil (e nos EUA), mas ao mesmo tempo, parece comparavelmente inócuo. A maior parte dos problemas parece ser de ordem pessoal, e nesses casos não sei se tem ONG que ajude. Vão fazer o quê? Indicar terapias em grupo para as famílias? Não é sarcasmo, até acho uma possibilidade, mas sei lá.

Acho que o simples trabalho de informar as pessoas já é uma grande coisa. Tem gente que realmente acredita que ateus são maus. Veja este tópico, por exemplo: Intolerância contra os ateus

Só uma pequena amostra do que eu li naquela comunidade do Orkut:
Eduardo: "não tenho preconceito com nenhuma RELIGIÃO, mas dizer "ATEU" me desculpem, é coisa de pessoa NEFASTA... que só pensa em fazer o "MAU" que não tem nada dentro do coração........................"

Uma pessoa que diz isso ou nunca conheceu um ateu na vida ou deu o azar de conheceu um exemplar dos piores possíveis. Será que com uma campanha de esclarecimento, de mostrar quem são os ateus e de onde eles tiram seus fundamentos morais não poderia ajudar? Será que praticar ações filantrópicas não melhoraria um pouco nossa imagem?

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Um outro aspecto importante disso é que os "negros" (incluindo aí mulatos em várias tonalidades, desde que aparentemente adotamos a "regra de uma gota de sangue") no Brasil são quase 50% da população, ou mais, uma imensa parte deles, eleitores. Não me surpreenderia se algo assim viesse a ocorrer mesmo sem qualquer ONG, levando isso em conta, só pelo populismo mesmo. Ateus são uma parcela muito menor do eleitorado, e não acho que é o fator ONG que realmente conta aqui.

Somos poucos, mas será que somos tão poucos assim? Se ficarmos calados é que vamos parecer ainda menores, por isso é que precisamos falar alto. Como os gays. Eles ainda não conseguiram aprovar o casamento gay e nem adotar crianças, mas já percorreram um grande caminho, já conquistaram simpatia de grandes setores da sociedade e a tolerância hoje é muito maior. E se você parar para pensar, nossas ambições são muito menores que a dos gays, porque o reconhecimento que queremos eles já conquistaram faz tempo.

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Sim, não estou questionando isso. Mas discriminação desse tipo pode ocorrer com qualquer religião ou até por raça e sexo. É um problema que acho que deveria ser combatido, mas não vejo os ateus como grandes vítimas do problema, não vejo razão no enfoque especial, de forma que seria mais interessante se pensar em ações que visassem resolver esse problema de modo geral, seja lá como for possível, se é que é.

E já não existem organizações que combatem o preconceito de forma geral? A ATEA poderia muito bem cooperar com elas, e mesmo assim continuar defendendo uma minoria em particular.

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Ateus provavelmente são até o grupo menos afetado tanto em números absolutos (por serem uma meia dúzia de gatos pingados) quanto proporcionalmente, já que não só não são muitas as situações onde a religião é posta em questão, mas você pode mentir, colocar "católico" ou alguma outra coisa, enquanto não dá para fingir não ser negro, e fingir ser homem pode ser consideravelmente complicado e ter mais problemas legais do que se mentir sobre a religião.

Sem dúvida, é mais fácil ser ateu do que ser negro ou gay. Mas só por causa disso deveríamos nos conformar e baixar a cabeça, como se merecêssemos sofrer preconceito? Claro, sempre existe a opção mais fácil de mentir, fingir que você não é aquilo que você é, apesar de vivermos em um país democrático onde a Constituição nos garante direito à liberdade de pensamento e de expressão. Na verdade, Buck, nós não estamos fazendo nada além de reclamar o que é nosso de direito. Mas se nós voluntariamente abrimos mão de nossos direitos, o que vamos fazer no dia em que alguém resolver tomá-los de nós? Vamos dizer, "Ah, pode levar, eu não estava usando mesmo..."

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(seria interessante um estudo sobre isso, nos moldes de uns feitos nos EUA sobre preconceito racial... currículos falsos que mencionassem opções religiosas, e ver se estatisticamente o ateísmo expresso tem peso)

Acho que dependendo da região do país poderiam haver resultados variados. Suspeito que seja mais fácil ser ateu em uma grande cidade, cosmopolita, do que no interiorzão do país.

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Tenho a impressão que infelizmente esses são quase sempre os que tem mais ímpeto ativista.

O que é perigoso... Mas o Sottomaior é inteligente. Provavelmente ele não falaria em um programa de televisão para o Brasil todo ver o mesmo que ele fala em um blog ou um fórum para ateus. Assim como qualquer político, o Lula fala uma coisa perto do povão e outra perto dos empresários.

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Não estou negando isso, que seja algo ruim e tal... sei lá... só não vejo muita utilidade para uma ONG em vez de algo mais informal, individual. Gente mais "normal" "saindo do armário", escrevendo blogs, mandando cartas para revistas e jornais, etc. Sem tanto dessa coisa de choro de vítima e etc.

Entendo. Essas ONG's também nunca são unanimidade, se você rondar os sites brights americanos você vai ver muita gente descendo o pau nos American Atheists - apesar de todos reconhecerem que eles já fizeram coisas importantes no passado. Quanto a esse ativismo mais informal, acho que ele já está engatinhando por aqui, há vários fóruns, blogs, sites céticos, comunidades no Orkut...


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:D

Bem, poderia dizer que conhece muita gente que não acredita "muito" em deus mas ainda assim é gente boa e etc... dar exemplo de um ou outro famoso, já que estava no salão de beleza e etc.

É fácil falar, não era o seu pescoço que estava a prêmio :P

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Não discordo totalmente. Só não consigo vislumbrar um projeto duma ONG que sanasse isso consideravelmente. Algo a se pensar, como é que se dão essas mudanças culturais e como seria possível acelerá-las.

Acho que informação ajuda. A primeira coisa a fazer é chamar a atenção da imprensa, ganhar sua simpatia... Aí qualquer dia um noveleiro faz um personagem ateu bonzinho na novela das oito, gera polêmica, o Fantástico faz uma reportagem, o público faz cara feia, o personagem ateu vira crente. Aí duas novelas depois outro autor retoma o assunto, o público já está mais acostumado com a idéia e de repente dessa vez ele nem se converte no final. :)

Offline FZapp

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Re: ATEA
« Resposta #43 Online: 22 de Dezembro de 2008, 12:49:28 »
A STR tinha uma hierarquia muito rígida e muito centralizada. Isso não seria um grande problema se seus dirigentes não fossem tão omissos.

Era centralizada na pessoa do Leo Vines.

Legal essa parte de omissos ,... em qual das reuniões virtuais aos sábados você participou ? Quantas traduções você fez ? Ah, tá...

Agora, se você dizer que não deu em nada, e o estatuto que tanto nos custou escrever, consultar, revisar, não deu em nada, voltamos ao ponto da centralização. Ou ao fato de alguns terem se cansado do Vines e tentado fazer outra associação que não sei se deu certo (me refiro ao Claudio Loredo).

Vines dava idéias, sumia e quando faziamos as coisas de um jeito que ele não gostava (ou seja, de qualquer forma que não tivesse ele à cabeça) ele não autorizava e não queria o nome da STR nisso... essa atitude me custou o fato de ter implodido a STR quando fui obrigado a desmanchar o site que seria a nova STR, que se quiser pode consultar por aqui pois postei a estória toda aqui mesmo. Assim como outras várias decisões que tinham que passar por ele, que não decidia, e a coisa ia ficando...

Então, omissos eu não aceito.
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Offline FZapp

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Re: ATEA
« Resposta #44 Online: 22 de Dezembro de 2008, 12:52:03 »
O Daniel me contatou quando organizava esta entidade e , ao perguntar o que faria para 'defender os direitos de ateus' e tal, me disse que se eu não enxergava o que precisava ser feito, não adiantava continuar falando...

Enfim, eu sempre estive mais interessando em fazer alguma organização para detonar pilantras mais do que discutir religião. E concordo com o Luis de que precisariamos um patrocinador bonzinho e ricaço :)
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: ATEA
« Resposta #45 Online: 22 de Dezembro de 2008, 14:29:21 »
Mas será que precisa ser ONG "de verdade"? Será que, por exemplo, se existisse muito disso, não circulariam dessas dicas nos fóruns de ateus pela net?

Acho que na verdade não é que não exista muito de preconceito contra ateus. Nós é que não costumamos levar esses casos às últimas conseqüências. Não estou dizendo que devêssemos processar o primeiro idiota que falar uma bobagem perto da gente, mas havendo uma ONG especializada, se um dia acontecer algo de realmente muito grave, como alguém perder o emprego ou ser agredido, ela pode ser útil.

Sei lá, me parece algo "preventivo" demais. Se esse tipo de coisa mal se vê pelos fóruns, e não se sabe se realmente acontece, então como saberemos se não dá para dar conta por meios já existentes, que não tem nada a ver com ONG?


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Segundo pesquisas, é o pior preconceito de todos no Brasil (e nos EUA), mas ao mesmo tempo, parece comparavelmente inócuo. A maior parte dos problemas parece ser de ordem pessoal, e nesses casos não sei se tem ONG que ajude. Vão fazer o quê? Indicar terapias em grupo para as famílias? Não é sarcasmo, até acho uma possibilidade, mas sei lá.

Acho que o simples trabalho de informar as pessoas já é uma grande coisa. Tem gente que realmente acredita que ateus são maus. Veja este tópico, por exemplo: Intolerância contra os ateus

Só uma pequena amostra do que eu li naquela comunidade do Orkut:
Eduardo: "não tenho preconceito com nenhuma RELIGIÃO, mas dizer "ATEU" me desculpem, é coisa de pessoa NEFASTA... que só pensa em fazer o "MAU" que não tem nada dentro do coração........................"

Uma pessoa que diz isso ou nunca conheceu um ateu na vida ou deu o azar de conheceu um exemplar dos piores possíveis. Será que com uma campanha de esclarecimento, de mostrar quem são os ateus e de onde eles tiram seus fundamentos morais não poderia ajudar? Será que praticar ações filantrópicas não melhoraria um pouco nossa imagem?

Praticar ações filantrópicas, possivelmente. Agora ficar fazendo campanhas para tirar o deus seja louvado das cédulas, agitando para que todos rabisquem e coloquem palavrões, menções ao diabo ou questinar "qual deus" nas notas; lutar para tirar imagens religiosas de lugares públicos, a menção a Deus na constituição, etc, acho que não. O espírito da STR e da sua nova reencarnação me parece ser mais o último.

Fora isso, precisa de uma ONG para fazer algo assim? Há algum tempo postei (talvez não nesse fórum) perguntando sobre entidades beneficentes não-vinculadas a religiões, e não despertou lá muito interesse. Por que não colocar uns tópicos relacionados a filantropia como fixos no seu subfórum, por exemplo? Por um lado, não entendo muito bem que "poder" dá o papel dizendo que oficialmente há uma ONG para um grupo como esse; talvez realmente seja algo que realmente aumentasse bastante o que podemos fazer em todos os sentidos, não sei. Mas me parece que não estamos fazendo tudo que já poderia se fazer sem ser ONG.



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Um outro aspecto importante disso é que os "negros" (incluindo aí mulatos em várias tonalidades, desde que aparentemente adotamos a "regra de uma gota de sangue") no Brasil são quase 50% da população, ou mais, uma imensa parte deles, eleitores. Não me surpreenderia se algo assim viesse a ocorrer mesmo sem qualquer ONG, levando isso em conta, só pelo populismo mesmo. Ateus são uma parcela muito menor do eleitorado, e não acho que é o fator ONG que realmente conta aqui.

Somos poucos, mas será que somos tão poucos assim? Se ficarmos calados é que vamos parecer ainda menores, por isso é que precisamos falar alto. Como os gays. Eles ainda não conseguiram aprovar o casamento gay e nem adotar crianças, mas já percorreram um grande caminho, já conquistaram simpatia de grandes setores da sociedade e a tolerância hoje é muito maior. E se você parar para pensar, nossas ambições são muito menores que a dos gays, porque o reconhecimento que queremos eles já conquistaram faz tempo.

Novamente, não sei se o ativismo gay tal como foi feito ajudou significativamente ou não. Em boa parte, acho que talvez tenha até atrapalhado, ajudado na estereotipificação de gay como tarado que anda pelado na parada do orgulho gay em vez só de gente "normal" que faz sexo com outras pessoas normais quando ninguém está vendo, como todo mundo faz com pessoas do outro sexo.

Se ateus começarem a fazer paradas do orgulho ateu, aí sim acho que vou ter que pensar em algum outro termo para "me definir", só para não me associar a esse tipo de coisa. Já tem gente que prefere se dizer "não teísta", por causa dessa imagem do ateu militante.

Sobre os gays, ainda há pouco, falava-se de uma lei contra a "homofobia", onde ninguém poderia questionar/criticar o homossexualismo. Será que devemos seguir o mesmo caminho, lutar por uma lei contra a ateofobia?




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Sim, não estou questionando isso. Mas discriminação desse tipo pode ocorrer com qualquer religião ou até por raça e sexo. É um problema que acho que deveria ser combatido, mas não vejo os ateus como grandes vítimas do problema, não vejo razão no enfoque especial, de forma que seria mais interessante se pensar em ações que visassem resolver esse problema de modo geral, seja lá como for possível, se é que é.

E já não existem organizações que combatem o preconceito de forma geral?

Possivelmente sim. Então, quando um ateu se sentir vítima de preconceito, poderia recorrer a uma dessas em vez de já assumir que será vítima de preconceito pela ONG anti-preconceito.



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A ATEA poderia muito bem cooperar com elas, e mesmo assim continuar defendendo uma minoria em particular.

Nada contra o princípio em si, como sempre. Só não vejo quem é que está nos "atacando" e como uma ONG nos "defenderia". O que eu pensaria em fazer seria algo como um vídeo "institucional", como um que fizeram e colocaram no youtube, por exemplo, colocando fotos de ateus e postando dados positivos e etc. Tudo numa tonalidade "contra o preconceito" nas mensagens, em vez de simplesmente ficarmos nos gabando.


Pergunta: o que tem feito as ONGs de outros países, mais já consolidadas e ativas? Como elas tem combatido o preconceito contra ateus, e quais foram seus sucessos? Se tem algo de efetivo e positivo que uma ONG pró-ateus pode fazer, provavelmente essas mais veteranas já o fizeram em seus países, não? Infelizmente, tudo que me lembro eram só essas birras contra o Deus nas cédulas e no juramento de lealdade à bandeira... mais do mesmo...



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Ateus provavelmente são até o grupo menos afetado tanto em números absolutos (por serem uma meia dúzia de gatos pingados) quanto proporcionalmente, já que não só não são muitas as situações onde a religião é posta em questão, mas você pode mentir, colocar "católico" ou alguma outra coisa, enquanto não dá para fingir não ser negro, e fingir ser homem pode ser consideravelmente complicado e ter mais problemas legais do que se mentir sobre a religião.

Sem dúvida, é mais fácil ser ateu do que ser negro ou gay. Mas só por causa disso deveríamos nos conformar e baixar a cabeça, como se merecêssemos sofrer preconceito? Claro, sempre existe a opção mais fácil de mentir, fingir que você não é aquilo que você é, apesar de vivermos em um país democrático onde a Constituição nos garante direito à liberdade de pensamento e de expressão. Na verdade, Buck, nós não estamos fazendo nada além de reclamar o que é nosso de direito. Mas se nós voluntariamente abrimos mão de nossos direitos, o que vamos fazer no dia em que alguém resolver tomá-los de nós? Vamos dizer, "Ah, pode levar, eu não estava usando mesmo..."

Não, não tem nada disso. Se realmente há muitos ateus perdendo empregos ou oportunidades de emprego por serem ateus, é interessante que se faça algo para tentar combater isso. Mas onde estão eles? Nos fóruns não é um tema recorrente... será que há um número esmagador de ateus nunca empregados fora da internet porque não tem dinheiro para acessar, não conhecem os fóruns ateus para desabafar, nem conhecem ninguém desses fóruns? Ao mesmo tempo, procuram advogados e outros recursos, mas são ignorados? Ou será que falamos de um problema virtualmente inexistente, que outras ONGs (ou não-ONGs) poderiam lidar nas proporções atuais?


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(seria interessante um estudo sobre isso, nos moldes de uns feitos nos EUA sobre preconceito racial... currículos falsos que mencionassem opções religiosas, e ver se estatisticamente o ateísmo expresso tem peso)

Acho que dependendo da região do país poderiam haver resultados variados. Suspeito que seja mais fácil ser ateu em uma grande cidade, cosmopolita, do que no interiorzão do país.

A ATEA tem então que ter sedes e atuação forte no interior...



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Tenho a impressão que infelizmente esses são quase sempre os que tem mais ímpeto ativista.

O que é perigoso... Mas o Sottomaior é inteligente. Provavelmente ele não falaria em um programa de televisão para o Brasil todo ver o mesmo que ele fala em um blog ou um fórum para ateus. Assim como qualquer político, o Lula fala uma coisa perto do povão e outra perto dos empresários.

O que não é lá muita vantagem. Logo que começasse a incomodar mais, algum opositor caçaria essas merdas e aí estaríamos todos danados, já que colocariam como "opinião dos ateus". Numa das últimas aparições que vi dele na TV, não foi lá muito melhor no quesito tolerância religosa, de não pensar o pior das pessoas; era aquele caso da "casa que sangrava", onde ele insistia que era alguma pilantragem dos velhos para chamar atenção, quando a senhora sofria de diabetes e tinha sangramentos pela perna sem perceber.



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Não estou negando isso, que seja algo ruim e tal... sei lá... só não vejo muita utilidade para uma ONG em vez de algo mais informal, individual. Gente mais "normal" "saindo do armário", escrevendo blogs, mandando cartas para revistas e jornais, etc. Sem tanto dessa coisa de choro de vítima e etc.

Entendo. Essas ONG's também nunca são unanimidade, se você rondar os sites brights americanos você vai ver muita gente descendo o pau nos American Atheists - apesar de todos reconhecerem que eles já fizeram coisas importantes no passado. Quanto a esse ativismo mais informal, acho que ele já está engatinhando por aqui, há vários fóruns, blogs, sites céticos, comunidades no Orkut...

E provavelmente já dão conta, e serão potencialmente menos nocivos do que uma ATEA da vida, por não terem um auto-conclamado "porta voz" dos ateus que pode manchar toda a nossa reputação, ficando pior do que já é sem a tentativa de tentar "nos defender" da ameaça invisível.




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:D

Bem, poderia dizer que conhece muita gente que não acredita "muito" em deus mas ainda assim é gente boa e etc... dar exemplo de um ou outro famoso, já que estava no salão de beleza e etc.

É fácil falar, não era o seu pescoço que estava a prêmio :P

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Não discordo totalmente. Só não consigo vislumbrar um projeto duma ONG que sanasse isso consideravelmente. Algo a se pensar, como é que se dão essas mudanças culturais e como seria possível acelerá-las.

Acho que informação ajuda. A primeira coisa a fazer é chamar a atenção da imprensa, ganhar sua simpatia... Aí qualquer dia um noveleiro faz um personagem ateu bonzinho na novela das oito, gera polêmica, o Fantástico faz uma reportagem, o público faz cara feia, o personagem ateu vira crente. Aí duas novelas depois outro autor retoma o assunto, o público já está mais acostumado com a idéia e de repente dessa vez ele nem se converte no final. :)

Coisas que, novamente, não vejo porque só seriam possíveis de se obter através de ONG. Os emos já devem ter tido reportagens no fantástico, será que tem uma ONG EMOA, para conseguir isso?

Offline Vito

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Re: ATEA
« Resposta #46 Online: 22 de Dezembro de 2008, 15:19:56 »
E concordo com o Luis de que precisariamos um patrocinador bonzinho e ricaço :)
Já sei! O Fabulous é bonzinho e ricaço! :hihi:

Offline Fabulous

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Offline Fernando Silva

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Re: ATEA
« Resposta #48 Online: 22 de Dezembro de 2008, 16:07:41 »
Agora, se você dizer que não deu em nada, e o estatuto que tanto nos custou escrever, consultar, revisar, não deu em nada, voltamos ao ponto da centralização. Ou ao fato de alguns terem se cansado do Vines e tentado fazer outra associação que não sei se deu certo (me refiro ao Claudio Loredo).
A Ateus do Brasil ainda existe como blog e fórum:
http://ateusdobrasil.com.br/
A ONG chegou a ser oficialmente fundada, com assinaturas de todos num encontro em S.Paulo, mas não foi para a frente devido à falta de tempo dos participantes, divergências internas e falta de dinheiro.
E também porque faltou um objeto claro e imediato:
"E agora, o que fazemos? Por onde começamos?"
Vines dava idéias, sumia e quando faziamos as coisas de um jeito que ele não gostava (ou seja, de qualquer forma que não tivesse ele à cabeça) ele não autorizava e não queria o nome da STR nisso... essa atitude me custou o fato de ter implodido a STR quando fui obrigado a desmanchar o site que seria a nova STR, que se quiser pode consultar por aqui pois postei a estória toda aqui mesmo. Assim como outras várias decisões que tinham que passar por ele, que não decidia, e a coisa ia ficando...
Conversei com o Vines algumas vezes e tive a impressão de que ele estava cansado.
Ele sentia que tinha dedicado muitos anos à STR e deixado de viver nesse intervalo.
Não conseguia se formar, não tinha um emprego fixo etc.

Offline Dodo

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Re: ATEA
« Resposta #49 Online: 22 de Dezembro de 2008, 16:10:51 »
Uma pergunta meio idiota*:

os membros serão meros financiadores ou também poderão participar das decisões?

* é apenas curiosidade, se eu estiver sendo inconveniente, ignorem meus questionamentos.





Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

 

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