Autor Tópico: Economia no governo FHC  (Lida 4106 vezes)

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Offline Renato T

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Economia no governo FHC
« Resposta #50 Online: 26 de Dezembro de 2008, 10:05:03 »
Desculpe minha ignorância, Agnóstico, mas porque a "inflação endêmica" é geradora de pobreza e desigualdade?

Offline DDV

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Economia no governo FHC
« Resposta #51 Online: 26 de Dezembro de 2008, 11:37:00 »
Desculpe minha ignorância, Agnóstico, mas porque a "inflação endêmica" é geradora de pobreza e desigualdade?


Geradora de pobreza porque distorce o sistema de preços da economia, tornando a alocação de recursos e investimentos mais ineficiente, complicando as previsões e expectativas futuras dos agentes econômicos, tornando o setor financeiro desproporcionalmete mais rentável e seguro do que o setor produtivo, etc

Geradora de desigualdades porque transfere renda dos que recebem rendimentos fixos para os que vivem de vendas.
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Offline Renato T

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Economia no governo FHC
« Resposta #52 Online: 26 de Dezembro de 2008, 11:38:16 »
Grato!

Offline DDV

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Economia no governo FHC
« Resposta #53 Online: 26 de Dezembro de 2008, 11:52:56 »
Não entendi, Helder citou agora as chamadas operações de open market, que são práticas cotidianas dos bancos centrais para regular a quantidade de moeda no país. Só que ele tá colocando como se o governo FHC tivesse tentado "deprimir" a economia reduzindo drasticamente a liquidez bem além do necessário para evitar inflação, praticando operações de open market de forma anormalmente alta nesse sentido, o que não é verdade. O governo FHC queria apenas manter o real valorizado frente ao dólar para permitir uma maior competitividade interna dos produtos importados, o que era outra arma contra a inflação. O governo FHC não "enxugava" os reais adicionados à economia decorrentes de entrada de dólares, pois esses dólares a mais implicavam automaticamente em desvalorização dos mesmos frente ao real.

O governo emitia títulos e utilizava as reservas para continuar oferecendo dólar barato. No caso, maior entrada de dólares no país é algo altamente favorável à manutenção dessa política, e não o contrário como você quis dizer. E de fato foi a entrada insuficiente ou fuga de de dólares, agravado pelas crises internacionais da época, que tornaram essa política insustentável.


Aparentemente parece uma coisa boa ...

Hélder, na verdade o real valorizado não é uma coisa boa por si mesmo. Era algo desejado na época como forma de ajudar a combater a inflação. Mas perceba que o real valorizado é ruim para as exportações (e consequentemente, para o emprego interno). Não existe essa de que a moeda de um paíse deva ser "forte" sempre. Muitos países no mundo se beneficiam bastante de uma moeda desvalorizada, como a China. Lá o governo intervém para desvalorizar a moeda, e não para valorizar, o que gera protestos de outros países na OMC.

Moeda valorizada torna os produtos importados mais baratos e acessíveis. Isso só é desejável caso se pretenda brecar a inflação endêmica (como pretendia o governo FHC), diminuir o peso da dívida externa ou evitar a inflação de custos decorrente de bens de capital ou insumos importados (como o petróleo). Porém, a moeda nacional valorizada torna os produtos nacionais menos competitivos no exterior, o que é muito ruim para a economia, principalmente se ela não tem um mercado interno satisfatório (como o Brasi).

Já o real desvalorizado é ótimo para as exportações, torna os produtos nacionais mais compettitivos no exterior, o que acaba gerando mais emprego e renda internamente. Porém, tem também alguns lados negativos: torna as dívidas em dólar mais difíceis de pagar, provoca inflação caso o país dependa muito de bens de capital e insumos importados, e também provoca inflação porque os consumidores de fora passam a concorrer com os de dentro, puxando para cima os preços praticados internamente pelos produtores que têm também a opção de exportar.

Achar o melhor equilíbrio é difícil. Eu particularmente penso que, no contexto atual, é preferível o real desvalorizado do que valorizado.




« Última modificação: 26 de Dezembro de 2008, 11:55:12 por DDV »
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Offline Moro

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Economia no governo FHC
« Resposta #54 Online: 26 de Dezembro de 2008, 15:49:59 »
Desculpe minha ignorância, Agnóstico, mas porque a "inflação endêmica" é geradora de pobreza e desigualdade?

Logo quando a inflação terminou Renato, a classe mais baixa começou a comprar eletrodomésticos e outros bens inacessíveis em prestações, o que era impossível antes, o que incluiu milhões de pessoas no mercado consumidor, gerando uma nova demanda para indústria.

Isso foi um dos geradores do ciclo de crescimento que vemos hoje.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Dodo

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Economia no governo FHC
« Resposta #55 Online: 26 de Dezembro de 2008, 16:07:52 »
Logo quando a inflação terminou Renato, a classe mais baixa começou a comprar eletrodomésticos e outros bens inacessíveis em prestações, o que era impossível antes, o que incluiu milhões de pessoas no mercado consumidor, gerando uma nova demanda para indústria.

Isso foi um dos geradores do ciclo de crescimento que vemos hoje.

Não foi nessa época que o governo aumentou os juros, justamente para frear o consumo e impedir que o consumo excedesse a produção?

Isso pra mim é economia quântica, eu não consigo entender a lógica.

Consumo > produção= inflação

Alguém explica?
Você é único, assim como todos os outros.
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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #56 Online: 26 de Dezembro de 2008, 16:27:46 »
Se o consumo exceder a produção temos inflação, simples assim.

Isso se faz hoje e se fez antes. O Meireles, a qualquer sinal de que a inflação pode superar a meta, aumenta o juros.

Se você tem mais demando do que oferta o que você faz? Aumenta o preço, claro. É a oportunidade que  você tem para obter mais lucros. O governo age neste ponto para tentar frear a demanda aumentando o juro, deixando mais caros os financiamentos e para que as pessoas deixem seu dinheiro no banco ao invés de consumir.
« Última modificação: 26 de Dezembro de 2008, 16:29:54 por Agnóstico »
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Offline Dodo

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #57 Online: 26 de Dezembro de 2008, 16:48:28 »
Se o consumo exceder a produção temos inflação, simples assim.

Isso se faz hoje e se fez antes. O Meireles, a qualquer sinal de que a inflação pode superar a meta, aumenta o juros.


Que é uma política ainda muito usada hoje eu sei, mas agora você me deixou com outra dúvida:
a alta taxa de juros serve apenas para isso ou existe outro motivo para elas ainda estarem altas? Pergunto isso porque a gritaria por menores taxas de juros já partiu até do próprio vice-presidente.
« Última modificação: 26 de Dezembro de 2008, 16:52:02 por Dodo »
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Alfred E. Newman

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #58 Online: 27 de Dezembro de 2008, 18:51:37 »
A taxa de juro também serve para atrair capital, interno e externo, para que o governo possa fechar suas contas deficitárias.
E as contas deficitárias é o nosso maior problema, pois isso faz com que tenhamos um imenso tomador de empréstimo , o governo brasileiro.

Em princípio, não poderíamos culpar a selic, que em 2008 variou entre 0.8 e 1.18 a.m, por um juro bancário de mais de 100%a.a para empréstimos pessoais por exemplo.

Mas como o governo é um tomador de empréstimo compulsivo, os bancos preferem emprestar para ele do que para o mercado. Para o mercado, só com juros absurdos.

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Offline Dodo

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #59 Online: 27 de Dezembro de 2008, 18:57:09 »
E as contas deficitárias é o nosso maior problema, pois isso faz com que tenhamos um imenso tomador de empréstimo , o governo brasileiro.

Considerando que os empréstimos também fazem parte dessas contas, isso não é uma bola de neve?
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #60 Online: 27 de Dezembro de 2008, 21:30:40 »
Me parece que sim.


A premissa do governo é que esses empréstimos seriam pagos com o aumento da arrecadação, o que ocorre com aumento de tributos, aumento de contribuintes ou crescimento da economia. Qualquer combinação dos três.

Se essa premissa continuar verdadeira, o governo continua na toada que está.

O problema é que o governo é a única entidade que pode fazer merda e mandar que as pessoas paguem a conta.
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Offline JJ

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #61 Online: 29 de Dezembro de 2008, 21:40:27 »
A taxa de juro também serve para atrair capital, interno e externo, para que o governo possa fechar suas contas deficitárias.
E as contas deficitárias é o nosso maior problema, pois isso faz com que tenhamos um imenso tomador de empréstimo , o governo brasileiro.


E algo que contribui e muito para que o orçamento do governo seja deficitário é justamente o juro alto que o próprio governo determina na rolagem da sua própria dívida.  :|


Algo totalmente insensato ,  e até mesmo estúpido .

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Offline JJ

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #62 Online: 29 de Dezembro de 2008, 21:42:57 »
Me parece que sim.


A premissa do governo é que esses empréstimos seriam pagos com o aumento da arrecadação, o que ocorre com aumento de tributos, aumento de contribuintes ou crescimento da economia. Qualquer combinação dos três.

Se essa premissa continuar verdadeira, o governo continua na toada que está.

O problema é que o governo é a única entidade que pode fazer merda e mandar que as pessoas paguem a conta.


Muita gente lucra com a rolagem da dívida pública, o setor financeiro não está reclamando .  Há quem pague e há quem lucre !


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Offline JJ

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #63 Online: 29 de Dezembro de 2008, 21:52:31 »
Se o consumo exceder a produção temos inflação, simples assim.

Isso se faz hoje e se fez antes. O Meireles, a qualquer sinal de que a inflação pode superar a meta, aumenta o juros.

Se você tem mais demando do que oferta o que você faz? Aumenta o preço, claro. É a oportunidade que  você tem para obter mais lucros. O governo age neste ponto para tentar frear a demanda aumentando o juro, deixando mais caros os financiamentos e para que as pessoas deixem seu dinheiro no banco ao invés de consumir.

Algo extremamente estúpido !

Uma política sensata  seria a de fazer tudo para aumentar a oferta de produtos produzidos dentro do país, e não reprimir a demanda.


Quando a capacidade instalada das fábricas começa a chegar próximo de 100% ,  o governo aumenta a taxa de juros, ao invés de facilitar a expansão das fábricas !  Com isso ele diminui o consumo e inviabiliza a expansão das fábricas.  Um absurdo total !


Mas é a alegria dos detentores de TTN.



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Offline DDV

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #64 Online: 30 de Dezembro de 2008, 15:21:51 »
Helder, concordo em parte com você.

Na verdade, me parece que o governo utiliza muito a política monetária praticamente como única arma contra a inflação porque é o mais fácil. Existem muitas outras causas para a inflação, algumas até estruturais, mas falta meios políticos de tentar combatê-las.

O interesante é que os produtos que mais sobem e contribuem para a alta dos índices de inflação usados como parâmetro pelo governos são os produtos de preço regulado, monopólios em sua maioria.

Enfim... não sei. A "estupidez" que você citou é considerada genialidade também pelo governo Lula.



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Offline JJ

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #65 Online: 31 de Dezembro de 2008, 17:50:38 »
Helder, concordo em parte com você.

Na verdade, me parece que o governo utiliza muito a política monetária praticamente como única arma contra a inflação porque é o mais fácil. Existem muitas outras causas para a inflação, algumas até estruturais, mas falta meios políticos de tentar combatê-las.

O interesante é que os produtos que mais sobem e contribuem para a alta dos índices de inflação usados como parâmetro pelo governos são os produtos de preço regulado, monopólios em sua maioria.

Enfim... não sei. A "estupidez" que você citou é considerada genialidade também pelo governo Lula.

Genialidade seria conseguir  aumentar de modo considerável  a  produção  interna de bens materiais  em quantidade e qualidade.  E também obter baixas taxas de desemprego e expandir  de modo considerável a infra-estrutura de transportes , comunicação , energia, a logística em geral. Aumentar em quantidade e qualidade a pesquisa científica e tecnológica.  Incentivar a produção de bens materiais de alta tecnologia. 


« Última modificação: 31 de Dezembro de 2008, 18:33:24 por Helder »

Offline Barata Tenno

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #66 Online: 01 de Janeiro de 2009, 10:27:58 »
Helder, concordo em parte com você.

Na verdade, me parece que o governo utiliza muito a política monetária praticamente como única arma contra a inflação porque é o mais fácil. Existem muitas outras causas para a inflação, algumas até estruturais, mas falta meios políticos de tentar combatê-las.

O interesante é que os produtos que mais sobem e contribuem para a alta dos índices de inflação usados como parâmetro pelo governos são os produtos de preço regulado, monopólios em sua maioria.

Enfim... não sei. A "estupidez" que você citou é considerada genialidade também pelo governo Lula.

Genialidade seria conseguir  aumentar de modo considerável  a  produção  interna de bens materiais  em quantidade e qualidade.  E também obter baixas taxas de desemprego e expandir  de modo considerável a infra-estrutura de transportes , comunicação , energia, a logística em geral. Aumentar em quantidade e qualidade a pesquisa científica e tecnológica.  Incentivar a produção de bens materiais de alta tecnologia. 




Fácil falar, difícil fazer..........
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline DDV

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #67 Online: 01 de Janeiro de 2009, 20:42:29 »
Helder, concordo em parte com você.

Na verdade, me parece que o governo utiliza muito a política monetária praticamente como única arma contra a inflação porque é o mais fácil. Existem muitas outras causas para a inflação, algumas até estruturais, mas falta meios políticos de tentar combatê-las.

O interesante é que os produtos que mais sobem e contribuem para a alta dos índices de inflação usados como parâmetro pelo governos são os produtos de preço regulado, monopólios em sua maioria.

Enfim... não sei. A "estupidez" que você citou é considerada genialidade também pelo governo Lula.

Genialidade seria conseguir  aumentar de modo considerável  a  produção  interna de bens materiais  em quantidade e qualidade.  E também obter baixas taxas de desemprego e expandir  de modo considerável a infra-estrutura de transportes , comunicação , energia, a logística em geral. Aumentar em quantidade e qualidade a pesquisa científica e tecnológica.  Incentivar a produção de bens materiais de alta tecnologia. 




Fácil falar, difícil fazer..........

Era exatamente o que eu ia falar  :)
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Offline JJ

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #68 Online: 02 de Janeiro de 2009, 15:15:50 »
Não é fácil como tomar um doce de uma criança. Mas também não é impossível !   |(


Outros fizeram e fazem, então  pode ser feito !   :|



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Offline Zeichner

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #69 Online: 17 de Março de 2009, 21:35:49 »
Logo quando a inflação terminou Renato, a classe mais baixa começou a comprar eletrodomésticos e outros bens inacessíveis em prestações, o que era impossível antes, o que incluiu milhões de pessoas no mercado consumidor, gerando uma nova demanda para indústria.

Isso foi um dos geradores do ciclo de crescimento que vemos hoje.

Não foi nessa época que o governo aumentou os juros, justamente para frear o consumo e impedir que o consumo excedesse a produção?

Isso pra mim é economia quântica, eu não consigo entender a lógica.

Consumo > produção= inflação

Alguém explica?


Não se pode esquecer que a lógica capitalista é a deflação, não a inflação.

Com o aumento da procura, primeiramente aumentam-se os preços. Porém, preços maiores acabam por estimular a concorrência, que entra no mercado com preços menores, o que força a uma competição que leva a preços menores que o inicial, ou seja, deflação. O próprio avanço tecnológico permite que se tenham produtos melhores a preços menores para uma fatia maior da população ( alguém se lembra quanto custava um PC 486?).

Só que, pelo o que  economistas tentam explicar, é tendência dos governos é gerar uma pequena inflação anual ( por isso o centro da meta ser 4,5%, e não zero ou menos 3%) para se ter uma sensação de geração de riquezas na indexação de valores, etc., além de ser útil, por ser mais um imposto ao permitir que o governo emita esta quantidade de dinheiro.

Os economistas foristas podem explicar melhor.

Offline Moro

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #70 Online: 17 de Março de 2009, 23:42:13 »
pelo que me consta a deflação é terrível para o capitalismo, tanto ou mais que a inflação.

Uma demanda alta acaba por propiciar margens maiores para uma empresa e eliminar barreiras de entradas para outros competidores. A empresa entrante pode tentar se diferenciar por preço, por qualidade,conveniência ou criar assimetrias que não permitam a comparação entre dois produtos. Normalmente, não se quer jogar o jogo do preço. Um mercado que é voltado a preço apenas normalmente não é alvo de novos entrantes.

Esse equilibrio entre oferta e demanda, e seu impacto na inflação é bem complexo e funciona diferentemente para tipos distintos de produtos.
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Offline Zeichner

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #71 Online: 18 de Março de 2009, 09:30:22 »
pelo que me consta a deflação é terrível para o capitalismo, tanto ou mais que a inflação.

Uma demanda alta acaba por propiciar margens maiores para uma empresa e eliminar barreiras de entradas para outros competidores. A empresa entrante pode tentar se diferenciar por preço, por qualidade,conveniência ou criar assimetrias que não permitam a comparação entre dois produtos. Normalmente, não se quer jogar o jogo do preço. Um mercado que é voltado a preço apenas normalmente não é alvo de novos entrantes.

Esse equilibrio entre oferta e demanda, e seu impacto na inflação é bem complexo e funciona diferentemente para tipos distintos de produtos.

Mas esta é a lei do mais adaptável. Baixo preço, pouca concorrência, o que leva a uma estabilização dos valores, que aos poucos vai se aumentando, at´o ponto que permite uma nova player entre no mercado e faça nova concorrência.

As situações se auto-regulam tendo livre mercado e concorrência. Toda vez que o governo defende interesses, quebra isto e acaba por prejudicar o consumidor.

Offline DDV

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #72 Online: 18 de Março de 2009, 10:33:37 »
Citação de: Zeichner
Só que, pelo o que  economistas tentam explicar, é tendência dos governos é gerar uma pequena inflação anual ( por isso o centro da meta ser 4,5%, e não zero ou menos 3%) para se ter uma sensação de geração de riquezas na indexação de valores, etc., além de ser útil, por ser mais um imposto ao permitir que o governo emita esta quantidade de dinheiro.

Os economistas foristas podem explicar melhor.


Zeichner, isso que você acabou de dizer não faz sentido nenhum. O governo se esforça para conseguir uma inflação de 4,5% e dificilmente consegue, você inverteu completamente a situação real: a tendência "natural" da inflação no Brasil hoje é ser sempre maior do que a meta fixada pelo governo, e o governo se esforça para diminuí-la. Você dá a entender nessa postagem o inverso: que a tendência da inflação brasileira é ser baixa e o governo se esforça para aumentá-la!!!!  :o    :histeria: 

Se realmente fosse isso, o governo colocaria a taxa básica de juros em zero ou negativa...  :histeria:

Zeichner, deixe esse sentimento anti-estado um pouco de lado na hora de pensar nessas questões, para não produzir pérolas como essa.

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Offline DDV

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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #73 Online: 18 de Março de 2009, 10:46:22 »
Citação de: Zeichner
As situações se auto-regulam tendo livre mercado e concorrência.

Conforme Agnóstico já disse, uma deflação generalizada é sinal de prognóstico muito pior para a economia do que uma inflação, pois costuma refletir uma queda acentuada na demanda efetiva, o que gera desempregos e uma bola de neve daí resultante que leva à recessão. Deflações isoladas e pontuais costumam decorrer de redução de custos e/ou aumento da concorrência, e são benéficas, mas deflação generaralizada em um curto espaço de tempo quase sempre é mau sinal.

Discordo dessa frase "as situações se auto-regulam tendo livre mercado e concorrência", pois a racionalidade individual das empresas e indivíduos pode levá-las a tomar decisões que são péssimas para a economia como um todo, como deixar de consumir e/ou investir, sendo necessário um "empurrãozinho" ou estímulo por parte do governo. A Grande Depressão iniciada em 1929 não se auto-regulou apesar da longa espera, e só foi finalmente debelada com iniciativas estatais (New Deal e a Segunda Guerra).

Além disso, nem sempre há concorrência satisfatória, necessitando intervenções governamentais no sentido de melhorá-la.


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Re: Economia no governo FHC
« Resposta #74 Online: 18 de Março de 2009, 12:53:44 »
Citação de: Zeichner
As situações se auto-regulam tendo livre mercado e concorrência.

Conforme Agnóstico já disse, uma deflação generalizada é sinal de prognóstico muito pior para a economia do que uma inflação, pois costuma refletir uma queda acentuada na demanda efetiva, o que gera desempregos e uma bola de neve daí resultante que leva à recessão. Deflações isoladas e pontuais costumam decorrer de redução de custos e/ou aumento da concorrência, e são benéficas, mas deflação generaralizada em um curto espaço de tempo quase sempre é mau sinal.

Discordo dessa frase "as situações se auto-regulam tendo livre mercado e concorrência", pois a racionalidade individual das empresas e indivíduos pode levá-las a tomar decisões que são péssimas para a economia como um todo, como deixar de consumir e/ou investir, sendo necessário um "empurrãozinho" ou estímulo por parte do governo. A Grande Depressão iniciada em 1929 não se auto-regulou apesar da longa espera, e só foi finalmente debelada com iniciativas estatais (New Deal e a Segunda Guerra).

Além disso, nem sempre há concorrência satisfatória, necessitando intervenções governamentais no sentido de melhorá-la.


Os economistas dizem que o New Deal foi a principal causa da continuidade da Grande Depressão, que só terminou com a Segunda Guerra Mundial.

" A retórica de Roosevelt era bastante populista, e seus constantes ataques aos negócios privados geraram um clima de insegurança generalizada. As medidas do New Deal dificultaram a vida das empresas ainda mais do que a crise já fazia. Os impostos aumentaram, o império da lei foi trocado pela arbitrariedade do governo, e as greves e salários maiores, resultados do Wagner Act, aumentaram os custos numa época em que era fundamental reduzi-los para a sobrevivência. O governo de Roosevelt sistematizou as políticas de grupos de interesse, e a menor minoria de todas – o indivíduo – era o “homem esquecido” que pagaria a conta. Roosevelt focava apenas naquilo que se vê, ignorando tudo aquilo que não se vê, para usar os termos de Bastiat. Os defensores do New Deal, muitos deles simpatizantes do modelo soviético, criaram um clima de hostilidade aos empresários, assim como um ambiente de polarização no país. Os duros ataques aos “ricos” – lembrando que FDR era um homem rico – serviam para alimentar a revolta dos pobres, mas não para reduzir a pobreza.

O protecionismo comercial, sempre tentador para políticos em épocas de crise, jogou a economia americana numa depressão ainda maior. Hoover assinou o Smoot-Hawley Tariff Act, mesmo com mais de mil economistas escrevendo uma carta aberta onde tal medida era duramente condenada. A medida se mostrou catastrófica, e retaliações ocorreram no mundo todo. As importações americanas caíram mais de 40%. Atualmente, o presidente Obama parece condenar verbalmente a cláusula protecionista do seu pacote multibilionário, mas se não vetar de fato esta medida, poderá estar dando o mesmo tiro no pé que Hoover deu no passado. Se fechar num momento de crise apenas agrava a crise."

"A máquina de gastos públicos estava ligada a todo vapor, mas a economia se negava a melhorar. Os gastos federais em 1935 eram o dobro do patamar de 1930, mas quase 12 milhões de americanos estavam sem emprego ainda. A centralização era outro ponto grave: pela primeira vez nos Estados Unidos em tempo de paz, o gasto federal ultrapassava o de todos os estados e localidades. A República americana, que preservara até então as liberdades individuais, dava lugar à Democracia de massas, uma espécie de “ditadura da maioria” com o poder concentrado no Executivo. Roosevelt iria ignorar os alertas dos “pais fundadores” e concorrer a um terceiro mandato. O estrago de Roosevelt às liberdades iria alcançar até mesmo o seu próprio conceito: “liberal” passava a significar, para os americanos, o defensor de mais governo, e não de um governo bastante limitado, como o liberalismo sempre pregou.

No entanto, nada disso parecia melhorar a vida dos americanos, especialmente os mais pobres, os tais “homens esquecidos”. A renda per capita americana, segundo a The Economist, estava no mesmo nível da inglesa no final dos anos 1930, sendo que havia sido um terço superior no começo da década. O índice de ações Dow Jones só iria retornar ao patamar de 1929 no final de 1954, quase uma década após a morte de Roosevelt. Em 1937, ocorreu outra depressão dentro da Grande Depressão, e o índice chegou a cair mais de 40%. O desemprego em 1938 ainda estava acima de 17%. De qualquer ângulo observado, o New Deal fracassou. Em vez de recuperar a economia, ele criou mais barreiras aos negócios, gerou mais incertezas e afastou investimentos produtivos, postergando a recuperação. "

Rodrigo Constantino

http://rodrigoconstantino.blogspot.com/

 

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