Podemos concordar ou não com o new deal, inclusive há outras explicações para o contexto da época. Mas o que importa é que o new deal não é sinônimo de intervenção bem realizada.. e imagino que como eu, o grau de intervenção na economia que o DDV sugere é bem menor que isso.
Já disse que não analiso uma frase "regular é bom" ou "desregulação é bom" fora de um contexto/região específica. Já disse que para um mesmo país, podemos tomar dois rumos distintos para situações distintas em lugares distintos. É bom que o mercado esteja maduro o suficiente para em alguns casos/produtos específicos demandar pouca regulamentação.
Mas não é o que ocorre no Brasil. Mercado auto-regulado como solução para problemas como o nosso é completo non sense.
Sem regulamentação, o passo óbvio para o brasil é a geração de monopólios ou acordo de cavalheiros onde as empresas ganham e todo o restante perde.
Como disse em uma discussão com o capitalista
Capitalista
Se entendi bem em sua visão o estado deve:
1- Coibir abusos contra a integridade moral ou física de alguém
2- Garantir a iniciativa e a propriedade privada
3- Garantir a livre e justa competitividade entre as empresas
Tendo isso como base, o mercado se auto-regulará e gerará um ambiente propício a meritocracia.
Eu realmente acho que isso é otimismo demasiado para o Brasil, tão otimismo quanto o anarquismo crer que é o estado que deturpa o comportamento humano, como explicado pelo Luis.
Mas não quero discutir sobre a viabilidade da proposta ultra-liberal, se é utópica ou não, assim como não gosto de discutir sobre o socialismo utópico.
Vejamos alguns fatores práticos
No Brasil, uma loja concorre com os camelôs a sua frente, vendendo produtos similares sem pagar impostos. O mercado é imensamente informal. A maior parte das empresas burlam o sistema fiscal, as empresas perdem milhões com pirataria, o governo consome nossa capacidade de investimento, o juro é altíssimo.
Tem ainda questões como a demora em julgar processos trabalhistas, tributrários, corrupção endêmica, estabilidade do jogo tributário e fiscal, etc..
E ainda um legado nefasto de analfabetismo ou sub educação.
Isso quebra as condições necessárias para a meritocracia e portanto a justiça do sistema.
Alguém pode dizer que estou argumentando contra o ultra-liberalismo exatamente em questões que o ultra-liberalismo poderia solucionar. Não é bem assim. Minha questão é: Resolvam-se os problemas que mencionei, o problema da justiça, um sistema fiscal mais justo, juros menores, investimentos em educação, e se torna irrelevante o modelo econômico adotado (capitalista, mais ou menos liberal).
A suécia não é propriamente um modelo de ultra-liberalismo e vai muito bem, obrigado. E iria bem também se fossem mais liberais, claro. Entre todos os fundamentos de sucesso para um país, o grau de intervenção na economia não está nem de perto entre os mais importantes, o que nos deixa a maior parte do tempo discutindo coisas secundárias.
Então, enquanto nossos problemas não são resolvidos, temos que garantir no mínimo o básico às pessoas. Temos que regular o mercado de telecomunicações, colocar leis para que não esperemos duas horas em um serviço de call center mesmo, pois todos os concorrentes nos fazem esperar essas duas horas.
Seria mais injusto do que a nossa injustiça atual se não fizéssemos essa intervenção.