2010, a bombaSex, 02/01/09Há exatos dez anos, tomava posse uma safra de governadores movidos por uma mesma, e nova na época, palavra de ordem: ajuste fiscal. Ali terminava a adolescência da administração pública brasileira.
Fora as pantomimas de Itamar Franco – que queria voltar a ser presidente e decretou a moratória mineira, desastrosa para o Brasil – governadores de todos os partidos assumiam decretando o fim da festa das máquinas estatais. Era o fim do almoço grátis consagrado por Brizola, Quércia, Maluf e companhia.
Até então, ajuste fiscal era palavrão de PFL. Dali em diante, virou princípio sagrado – subscrito, entre outros, por Lula em 2002, para sair da fila.
Mas Lula nunca se conformou muito com essa história de responsabilidade fiscal. Tapou o nariz e foi em frente, porque não iria mexer em time vencedor. Mas governar sem espalhar dinheiro por aí não tinha nada a ver com seus sonhos de poder.
Papai do céu é amigo de Lula e lhe deu seis anos de crédito farto e dinheiro barato no mundo. Daí nasceram 37 ministérios, emprego para a companheirada toda, dinheiro de graça para os pobres e os nem tão pobres, entre outras farras e bolsas – o paradoxo do populismo neoliberal.
Agora os deuses estão finalmente avisando que o bicho vai pegar. Mas quem são os deuses diante de Luiz Inácio da Silva?
Na posse dos novos prefeitos, dez anos depois do nascimento da responsabilidade fiscal, Lula deu um pito nos que prometeram austeridade. O presidente está mandando gastar. E está distribuindo dinheiro federal para a legião de prefeituras aliadas.
Ou seja: no alvorecer da crise, mantém seu credo de explodir os gastos públicos – agora com truques como o Fundo Soberano e seu cheque voador de 14 bilhões de reais.
A conta amarga dessa falsa prosperidade, evidentemente, só será conhecida por quem assumir o Brasil em 2011. E que ninguém duvide: a culpa será do novo mandatário.
Lula será bonzinho para sempre.
Guilherme Fiuza
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