Autor Tópico: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo  (Lida 7735 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Online: 26 de Janeiro de 2009, 16:34:54 »

26/01/2009
Ateus, poetas & messias

João Pereira Coutinho
Folha de São Paulo - Pensata


A estupidez humana não cessa de me espantar. Leio na imprensa do dia que uma associação "humanista" da Grã-Bretanha lançou em Londres uma campanha pública para defender a provável inexistência de Deus. A ideia foi escrever nos ônibus da cidade duas frases de arrasadora profundidade filosófica: "Deus provavelmente não existe. Por isso, deixa de te preocupar e aproveita a vida".

A tese espanta, não apenas pela infantilidade que a define --mas pela natureza ilógica que a contamina. Se Deus não existe, haverá necessariamente motivos para celebrar?

Os mais radicais "philosophes" do século 18 concordariam que sim. O próprio projeto iluminista, na sua crítica à instituição religiosa como autoritária e obscurantista, defendia que a libertação dos Homens passava pela libertação do divino. Nem todos os "philosophes" eram ateus, é certo: Rousseau ou Diderot, impenitentes "deístas", não são comparáveis a La Mettrie ou Helvétius. Mas o iluminismo continental abriria a primeira brecha na cultura ocidental, ao retirar a Fé do seu trono e ao coroar a deusa Razão.

Foi esse gesto primordial que tornaria possível as devastadoras críticas posteriores do trio maravilha (Feuerbach, Marx e Freud). Deus criou os Homens? Pelo contrário: Deus é uma criação dos Homens por razões várias e todas elas racionalmente explicáveis.

Os Homens criaram Deus por temerem a sua própria mortalidade (Feuerbach). Os Homens criaram Deus por contraposição às condições materiais das suas existências precárias (Marx). Os Homens criaram Deus por puro sentimento de culpa: parricidas arrependidos, eles buscam ainda uma autoridade perdida; Deus é o "fétiche" infantil de quem se recusa a viver uma vida adulta (Freud).

Infelizmente, aparece sempre alguém para estragar a festa. Falo de Doistóievski, claro, disposto a contrariar o otimismo liberal da burguesia russa oitocentista, para quem Deus era um empecilho de modernidade. Pela boca de Karamazov, Dostoiévski formularia a pergunta que Feuerbach, Marx, Freud e também Nietzsche se recusaram a enfrentar: e se a ausência de Deus significa também a ausência de qualquer limite ético para a acção humana?

Essa possibilidade seria confirmada no século seguinte: um século devastado por grandes construções coletivistas, utópicas e rigorosamente ateias que libertaram um fanatismo e uma crueldade indistinguíveis do fanatismo e da crueldade das antigas religiões tradicionais.

Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada; eles acreditam, antes, em qualquer coisa, como dizia profeticamente Chesterton. Antes de festejarmos a provável inexistência do barbudo, convém saber o que essa coisa será.





Um texto no mínimo desinformado que só reforça os estereótipos acerca dos ateus de que, na falta de um Deus as pessoas perdem as referências morais e são capazes de tudo. O autor ainda cai na falácia da divisão (tomar a parte pelo todo) ao condenar o ateísmo pelas mazelas cometidas em nome do comunismo e como observou sagazmente o usuário rodrigo do fórum da ATEA, ele cai em contradição ao escrever no antepenúltimo parágrafo que a ausência de Deus implica na falta de limite ético para a ação humana e logo em seguida, no penúltimo parágrafo, acusar ideologias ateias de cometer crueldades indistinguíveis das de antigas religiões, ou seja, o autor não se dá conta de que com ou sem religião o problema da crueldade humana é o mesmo.

Enfim, o usuário tiagojmg, também da ATEA propôs que enviemos mensagens de protesto contra a Folha. Apesar de as opiniões do jornal não necessariamente refletirem as do colunista, esta não é a primeira vez que o ateísmo é tratado de forma parcial e equivocada na Folha e precisamos nos fazer ouvir para garantir que eles tomem mais cuidado no futuro.

Para contatar a Folha de São Paulo: leitor@uol.com.br.

Para falar diretamente com o autor: jpcoutinho@folha.com.br

Peço ainda para divulgarem isso no Realidade e no Religião é Veneno, vamos entupir a Folha de e-mails expressando a nossa insatisfação!
« Última modificação: 26 de Janeiro de 2009, 16:38:00 por uiliníli »

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #1 Online: 26 de Janeiro de 2009, 16:51:29 »
Quem é esse cidadão?

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #2 Online: 26 de Janeiro de 2009, 17:26:30 »
Meu e-mail mandado à Folha:



Gostaria de manifestar minha insatisfação com o artigo de João Pereira Coutinho da Folha pensata de 26 de janeiro de 2009. Sou ateu (e nunca fui comunista!) e embora não tenha ficado exatamente ofendido, fiquei preocupado com o que foi dito neste texto, no mínimo desinformado de Coutinho, pois ele só reforça os graves estereótipos e preconceitos que infelizmente existem sobre ateus de que por não crermos em Deus somos todos canalhas sem valores e sem moral.

Primeiro o autor recorre à falácia da divisão (tomar a parte pelo todo) ao acusar o ateísmo pelos absurdos cometidas em nome do comunismo. É preciso esclarecer que embora o marxismo e as correntes filosóficas que dele derivam sejam filosofias ateias, há inúmeras filosofias ateias (por exemplo, humanismo secular, existencialismo, objetivismo) que não têm nada a ver com o comunismo e não tenho notícias de pessoas terem sido mortas por proponentes delas.

Coutinho ainda cai em contradição ao escrever no antepenúltimo parágrafo que a ausência de Deus implica na falta de limite ético para a ação humana e logo em seguida, no penúltimo parágrafo, acusar ideologias ateias de cometer crueldades indistinguíveis das de antigas religiões. Ou seja, se o ateísmo supostamente cometeu crueldades indistinguíveis das cometidas pela religião, então a crença em Deus não fez nenhuma diferença, não é mesmo? O problema então não está em quê as pessoas acreditam ou não acreditam, mas na intolerância contra aqueles que pensam diferente.

Quanto à questão que Coutinho levanta sobre se sem Deus tudo é permitido, esta questão decorre de uma compreensão muito equivocada dos fundamentos da ética. O falecido escritor britânico Arthur C. Clarke escreveu que "talvez a maior tragédia da história humana tenha sido o sequestro da moralidade pela religião". Eu diria que o momento exato em que esse sequestro ocorreu foi quando, segundo a Bíblia, Abraão aceitou matar o seu próprio filho Isaac porque Deus o mandou fazê-lo (Gênesis, 22:1-12)

Coutinho e Abraão acreditam que as normas morais que devem orientar a conduta das pessoas são ditadas por Deus. Se Deus manda você degolar o seu próprio filho, então a coisa correta a fazer é degolar o seu filho. Não são só Coutinho e Abraão que pensam assim. Osama Bin Laden concorda com eles. E também todas as pessoas que já mataram ou torturaram ou estupraram em nome de Deus. Todos eles acreditaram que estava agindo certo porque obedeciam à vontade do senhor.

Bom, deixe eu me desculpar com o Sr. Coutinho agora. Eu estava sendo só sarcástico, na verdade eu sei que ele não pensa assim. Eu sei que ele não é Osama Bin Laden, eu sei que ele não mataria em nome da fé e eu sei que ele teria mais caráter, hombridade e firmeza moral do que o famigerado Abraão, o homem que vendeu sua alma a Deus (ou seria ao diaboo?). Se por acaso o suposto Criador aparecesse diante dele e o ordenasse que assassinasse o seu filho ele mandaria Deus ir catar coquinho. E sabe por que? Porque apesar de Coutinho não ter se dado conta enquanto escrevia o seu artigo, ele segue um sistema moral muito mais complexo do que simplesmente obedecer à vontade de Deus, o suposto parâmetro de referência moral de que os ateus não dispõem.

A moral de Coutinho, dos ateus e da maior parte do mundo Ocidental hoje se baseia nos princípios do humanismo, uma filosofia secular que enxerga o próprio ser humano como um ser sagrado, merecedor de dignidade e valor por si só. Por isso, se a manchete da capa da Folha de São Paulo de amanhã fosse "Cientistas provam que Deus não existe", nem por isso deveríamos esperar que pessoas que até ontem se consideravam boas e tementes a Deus começassem a sair pela rua matando e roubando e estuprando. Citando mais uma vez Arthur C. Clarke: "Com ou sem religião, você teria pessoas boas fazendo coisas boas e pessoas más fazendo coisas más. Mas para pessoas boas fazerem coisas más, bom, para isso você precisa de religião."

Abraços,

Gabriel de Castro Fonseca

Offline Lua

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.287
  • Sexo: Feminino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #3 Online: 26 de Janeiro de 2009, 18:28:46 »
Citar
Infelizmente, aparece sempre alguém para estragar a festa. Falo de Doistóievski, claro, disposto a contrariar o otimismo liberal da burguesia russa oitocentista, para quem Deus era um empecilho de modernidade. Pela boca de Karamazov, Dostoiévski formularia a pergunta que Feuerbach, Marx, Freud e também Nietzsche se recusaram a enfrentar: e se a ausência de Deus significa também a ausência de qualquer limite ético para a acção humana?

Estou lendo "Irmãos Karamazov" e me deparei com o seguinte trecho:
Citar
Há cinco dias, numa reunião em que se achavam sobretudo senhoras, declarou ele solenemente, no curso duma discussão, que nada no mundo obrigava as pessoas a amar seus semelhantes, que não existia nenhuma lei natural ordenando ao homem que amasse a humanidade; que se o amor havia reinado até o presente sobre a terra, era isto devido não à lei natural, mas unicamente à crença das pessoas em sua imortalidade. Ivã Fiódorovitch acrescentou entre parênteses que nisso está toda a lei natural, de sorte que se destruís no homem a fé em sua imortalidade, não somente o amor secará nele, mas também a força de continuar a vida no mundo. Mais ainda, não haverá então nada de imoral, tudo será autorizado, até mesmo a antropofagia. Não é tudo: terminou afirmando que para cada indivíduo — nós agora, por exemplo — que não acredita nem em Deus, nem em sua imortalidade, a lei moral da natureza devia imediatamente tornar-se o inverso abso¬luto da precedente lei religiosa; que o egoísmo, mesmo levado até a perversidade, devia não somente ser autorizado, mas reconhecido como a saída necessária, a mais razoável e quase a mais nobre. De acordo com tal paradoxo, julguem o resto, senhores, julguem o que o nosso querido e excêntrico Ivã Fiódorovitch acha bom proclamar e suas intenções eventuais...

Depois dessa colocação, um outro personagem diz o seguinte:
Citar
"(...)a perversidade deve não somente ser autorizada, mas reconhecida como a saída mais necessária e a mais razoável de cada ateu"!

Em resposta ao que foi dito por Ivã (primeiro trecho), um religioso diz o seguinte:
Citar
O senhor não brincou absolutamente, é verdade. Essa idéia não está ainda resolvida no seu coração e tortura-o. Mas o mártir também gosta por vezes de divertir-se com seu desespero, igualmente como para esquecê-lo. No momento, é por desespero que o senhor se diverte com artigos de revistas e com discussões mundanas, sem acreditar na sua dialética e zombando dela dolorosamente a sós consigo. Esta questão não está ainda resolvida no senhor, e é isso que causa seu tormento, porque reclama ela imperiosamente uma solução

Acho interessante o autor citar Dostoievski para explicitar que o homem precisa de deus para adotar uma postura ética ("Não há virtude sem imortalidade"). Até onde sei, Dostoievski era profundamente atormentado pela necessidade de acreditar em deus e achar nele a explicação para tudo que acontece no mundo. Alguém que precisa crer em algo, não coloca nesse algo a razão de toda a sua existência; uma fé fictícia em um ser que ele desconhecia a existência, embora reconhecesse nisso o parâmetro para a valoração moral e ética de tudo. Como disse o próprio Dostoievski,

"Sou filho da descrença e da dúvida, até ao presente e mesmo até à sepultura. Que terrível sofrimento me causou, e me causa ainda, a sede de crer, tanto mais forte na minha alma quanto maior é o número de argumentos contrários que em mim existe! Nada há de mais belo, de mais profundo, de mais perfeito do que Cristo. Não só não há nada, mas nem sequer pode haver."
"Ajusto-me a mim, não ao mundo" Anais Nin

"A estupidez insiste sempre." Albert Camus

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #4 Online: 26 de Janeiro de 2009, 19:10:38 »
E aí, quem já fez o dever de casa?

Offline Eleitor de Mário Oliveira

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.502
  • Sexo: Masculino
    • Lattes
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #5 Online: 26 de Janeiro de 2009, 20:06:28 »
O Coutinho não é o mesmo mariquinha que criticou o Sarkozy por este praticar cooper nas ruas de Paris?

Citando mais uma vez Arthur C. Clarke: "Com ou sem religião, você teria pessoas boas fazendo coisas boas e pessoas más fazendo coisas más. Mas para pessoas boas fazerem coisas más, bom, para isso você precisa de religião."

Esta citação é do Steven Weinberg

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #6 Online: 26 de Janeiro de 2009, 20:08:20 »
Agora já foi :P

Não foi a primeira nem vai ser a última citação atribuída errado :P

Offline Fabrício Fleck

  • Nível 07
  • *
  • Mensagens: 77
  • Sexo: Masculino
    • Bruxo de Santos
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #7 Online: 26 de Janeiro de 2009, 21:45:38 »
Como a vida é engraçada, né?

Os crentes carregam pra cima e pra baixo um livro que prega que TODOS aqueles que não acreditam em sua fé são maus e devem (E VÃO) morrer, e as pessoas, jornalistas, políticos  e intelectuais em geral acham isso normal. Mas quando um ateu abre a boca para expor sua opinião é uma "estupidez"
"Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor seria se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra, e se submergisse na profundeza do mar." Mateus 18:6

http://obruxodesantos.haaan.com

Offline Südenbauer

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.297
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #8 Online: 27 de Janeiro de 2009, 01:56:55 »
Ahm... esse cara realmente escreveu merda. Mas é justificável porque eu realmente acho que a frase poderia ser bem melhor elaborada. Eu tive a mesma interpretação que ele ao lê-la e as pessoas que não possuem muita informação acharão o mesmo. Há tantas sacadas melhores, eu não entendi ainda por que colocaram essa frase?

A Veja pisou na bola uma vez também:
../forum/topic=621.50.html
« Última modificação: 27 de Janeiro de 2009, 02:04:58 por Dr. Merkwürdigliebe »

Offline O Grande Capanga

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.872
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #9 Online: 27 de Janeiro de 2009, 03:33:39 »
Citando mais uma vez Arthur C. Clarke: "Com ou sem religião, você teria pessoas boas fazendo coisas boas e pessoas más fazendo coisas más. Mas para pessoas boas fazerem coisas más, bom, para isso você precisa de religião."

Não consegui entender essa citação.

Isso sim é descer o cacete na religião, dizendo que ela transforma pessoas boas em más.

Offline Südenbauer

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.297
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #10 Online: 27 de Janeiro de 2009, 03:35:39 »
Não é bem "transformar", mas sim dar um motivo para pessoas boas fazerem coisas ruins. Mas concordo que a frase tem um tom ofensivo.



EDIT: Estava procastinando, então decidi escrever uma mensagem também:

Olá, Coutinho. Geralmente gosto do que escreves, mas tive de discordar fortemente do que escrevestes em "Ateus, poetas & Messias".

Primeiramente, a campanha em Londres não foi criada para afrontar o teísmo. Surgiu da jornalista e comediante Ariane Sheride como resposta a uma campanha publicitária  anterior semelhante de um site evangélico que anunciava "all eternity in torment in hell" aos não-cristãos. Mas para constar eu também achei a frase ofensiva e inapropriada.

Agora, eu não entendo porquê a ética só pode existir com a existência de algum deus. Tu achas que se a mãe não estiver por perto, não existem motivos para o irmão roubar o doce da irmazinha mais nova? Se o irmão só for bom na presença da juíza vigilante mãe, ele só será um hipócrita! Fui criado em um lar não-religioso pelo preceito de não fazer aos outros o que não quisesse que fizessem comigo. E isso basta. As pessoas não roubam ou matam entre si porque simplesmente consideram isso errado. E é graças às ideias de pensadores iluministas que no Ocidente podemos respeitar-nos sem necessitar do martelo divino a nos julgar. Essa é a base de humanismo que deve ser motivo de orgulho para nós ocidentais.

Não preciso de uma série de dogmas para me orientar. Se os religiosos orientam-se por doutrinas, eu me oriento pelos meus princípios, pelo o que penso.

Afirmar que a descrença em Deus causou o horror comunista é deveras incoerente. Dessa maneira até parece que as barbaridades da espécie humana nunca existiram. Bem pelo contrário. O comunismo matou. Muito. Mas foi, acima de tudo, em nome de sua política econômica e social. As gulags não existiam para os descrentes. Já não podemos dizer o mesmo da Inquisição, das Cruzadas, dos conflitos na Irlanda e do atual terrorismo oriental, que possuíram/possuem um forte apelo religioso.

"Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada". Coutinho! Pelo amor de Zarquon! Ateus acreditam no amor, no riso, no casamento, no esporte, na família, na felicidade, no emprego, na arte, no lar. A esperança brilha para todos! A única coisa em que compartilham a descrença é em deus!

Abraços,

Franz Liebkind.
« Última modificação: 27 de Janeiro de 2009, 06:49:29 por Dr. Merkwürdigliebe »

Offline Tupac

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.905
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #11 Online: 27 de Janeiro de 2009, 09:36:17 »
Citar
"Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada". Coutinho! Pelo amor de Zarquon! Ateus acreditam no amor, no riso, no casamento, no esporte, na família, na felicidade, no emprego, na arte, no lar. A esperança brilha para todos! A única coisa em que compartilham a descrença é em deus!

Abraços,

Franz Liebkind.
1° Tem ateu que não crê nisso aí que você disse não... Acho que cometeu uma generalização grosseira.

2° Seu nome verdadeiro consegue ser pior que seu nick do CC... hauhauahuahuah
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
 - Carl Sagan

"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline Südenbauer

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 10.297
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #12 Online: 27 de Janeiro de 2009, 09:53:29 »
1) A intenção não era afirmar, e sim exemplificar que ateus podem acreditar na mesma coisa que qualquer um. Acho que ele captará a ideia.

2) Não é meu nome verdadeiro. É um personagem semelhantemente engraçada como o Dr. Merkwürdigliebe.

3) Não é um nome feio.

Offline Lordakner

  • Nível 33
  • *
  • Mensagens: 2.581
  • Sexo: Masculino
  • Disculpen las molestias, esto es una revolución.
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #13 Online: 27 de Janeiro de 2009, 10:58:31 »
1) A intenção não era afirmar, e sim exemplificar que ateus podem acreditar na mesma coisa que qualquer um. Acho que ele captará a ideia.

Acho que quem escreve uma bobagem desta:

"Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada; eles acreditam, antes, em qualquer coisa, como dizia profeticamente Chesterton. Antes de festejarmos a provável inexistência do barbudo, convém saber o que essa coisa será."


Não está intelectualmente apto a captar nada! :?
“Ante a imagem de Augusto César Sandino e Ernesto Che Guevara, ante a recordação dos heróis e mártires da Nicarágua, da América Latina e de toda a humanidade, ante a história, coloco minha mão sobre a bandeira vermelha e negra, o que significa Pátria Livre ou Morrer."

Offline Renato T

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.486
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #14 Online: 27 de Janeiro de 2009, 11:12:02 »
De fato, falar que alguém que não acredita em Deus acredita em qualquer coisa é, no mínimo, uma asneira imensurável.

Offline Lordakner

  • Nível 33
  • *
  • Mensagens: 2.581
  • Sexo: Masculino
  • Disculpen las molestias, esto es una revolución.
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #15 Online: 27 de Janeiro de 2009, 11:49:24 »
A Folha de São Paulo devia tomar mais cuidado com o que resolve publicar. Lamento as árvores que tiveram de perecer para que ISSO fosse publicado!
“Ante a imagem de Augusto César Sandino e Ernesto Che Guevara, ante a recordação dos heróis e mártires da Nicarágua, da América Latina e de toda a humanidade, ante a história, coloco minha mão sobre a bandeira vermelha e negra, o que significa Pátria Livre ou Morrer."

Offline Gaúcho

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.288
  • Sexo: Masculino
  • República Rio-Grandense
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #16 Online: 27 de Janeiro de 2009, 12:20:24 »
Citar
Pela boca de Karamazov, Dostoiévski formularia a pergunta que Feuerbach, Marx, Freud e também Nietzsche se recusaram a enfrentar: e se a ausência de Deus significa também a ausência de qualquer limite ético para a acção humana?

Isso é tão...tão....tão....Erivelton...
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #17 Online: 27 de Janeiro de 2009, 12:44:26 »
Isso tudo me lembra o texto brilhante do tópico "Os negros não são confiáveis..." Se Coutinho tivesse insinuado, mesmo que sutilmente, que os negros têm uma tendência maior à imoralidade, a Folha nunca aceitaria publicar essa opinião - e provavelmente o jornalista perderia seu emprego. Porém, se você trocar "negro" por "ateu", ninguém vê nada de errado. Essa é uma mentira que já foi repetida tantas vezes que já virou uma verdade. O lamentável é que um jornal que deveria cumprir a missão de informar a população só contribui para fortalecer ainda mais o preconceito.

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #18 Online: 27 de Janeiro de 2009, 13:11:37 »
Aliás, essa é um bom argumento para utilizar...

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #19 Online: 27 de Janeiro de 2009, 13:13:58 »
Aliás, essa é um bom argumento para utilizar...

Eu já mandei um e-mail no meu nome, se você não tiver mandado ainda pode enviar :ok:






A propósito, será que os e-mails mandados ontem saem na seção de cartas de hoje ou só de amanhã? Gostaria de saber se eles publicam alguma carta, ou mesmo uma retratação (o que é muito difícil...)

Offline Copelli

  • Nível 21
  • *
  • Mensagens: 763
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #20 Online: 27 de Janeiro de 2009, 13:24:13 »
Afffe... :hmph:

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #21 Online: 27 de Janeiro de 2009, 13:28:04 »
Eis o meu, de agora a pouco:

Citar
Lamentável o teor do artigo do Sr. João Pereira Coutinho na "Pensata" de 26/01/2009. Repete os clichês de sempre sobre ateus, não produz nenhuma reflexão útil sobre o tema.

"Ateus" é um rótulo amplo demais, denotando apenas aqueles que não acreditam na existência de Deus ou deuses. Ateus são pessoas, tão diversas e complexas em suas filosofias pessoais como qualquer outro grupo. Sou ateu, mas amo, sinto, me indigno com as mazelas do mundo, respeito as leis e a ética. Apenas não acredito na existência de Deus. Sou mau por causa disso?

Eu me pergunto se o articulista tivesse escrito um ensaio no mesmo tom condescendente, mas falasse de negros, mulheres, judeus, homossexuais... será que a Folha publicaria?

-Daniel da Costa Bezerra
Rio de Janeiro

--
"Se você acha que educação custa caro, experimente a ignorância"

- Anônimo

Offline Dbohr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.179
  • Sexo: Masculino
  • 無門關 - Mumonkan
    • Meu blog: O Telhado de Vidro - Opinião não-solicitada distribuída livremente!
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #22 Online: 27 de Janeiro de 2009, 13:33:29 »
Em tempo, acabou de cair um e-mail automático da Folha acusando o recebimento, agradecendo, etc. Mas também menciona que é preciso colocar o endereço completo. Será que só o "Rio de Janeiro" ali em cima não basta? Tenho que mandar de novo?

Offline Tupac

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.905
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #23 Online: 27 de Janeiro de 2009, 13:44:44 »
hihi
Dbohr meu xará hehe... (ou eu sou dele, whatever hehe)
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
 - Carl Sagan

"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline uiliníli

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 18.107
  • Sexo: Masculino
Re: Ateus, poetas & messias - Folha de São Paulo
« Resposta #24 Online: 27 de Janeiro de 2009, 14:02:25 »
Como eu não tinha mandado esses dados ontem eu reenviei o e-mail com outro texto. Este eu creio que ficou melhor do que o primeiro,, e dessa vez eu mandei para o ombudsman também:


Em seu artigo na coluna Pensata de ontem, o jornalista João Pereira Coutinho escreveu um artigo que entendi como preconceituoso contra os ateus. ( http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/joaopereiracoutinho/ult2707u494323.shtml )

Neste trecho ele insinua que as pessoas que não creem em Deus não têm limites éticos:

"e se a ausência de Deus significa também a ausência de qualquer limite ético para a acção humana?

Essa possibilidade seria confirmada no século seguinte: um século devastado por grandes construções coletivistas, utópicas e rigorosamente ateias que libertaram um fanatismo e uma crueldade indistinguíveis do fanatismo e da crueldade das antigas religiões tradicionais. "

Em primeiro lugar Coutinho comete a falácia de tomar a parte pelo todo: nem todo ateu é comunista. Eu sou ateu e nunca fui comunista. Há diversas filosofias ateias que nada tê à ver com o maarxismo, posso citar o humanismo secular, o existencialismo e o objetivismo só como alguns dos exemplos. Sugerir que os ateus não têm valores éticos porque comunistas cometeram atrocidades é tão ridículo quanto afirmar que os cristãos são igualmente maus porque a Igreja Católica cometeu atrocidades na Idade Média.

Aliás, o próprio Coutinho ao citar as "crueldades das antigas religiões tradicionais" entra em contradição, pois se as supostas crueldades dos ateus são indistinguíveis das dos religiosos, então o problema não está em crer ou não em Deus, está na triste capacidade do ser humano de fazer mal ao próximo. O próprio Coutinho já se refuta.

Eu compreendo que as opiniões dos colunistas não refletem necessariamente as opiniões do jornal, entretanto gostaria de fazer a observação que, caso Coutinho tivesse insinuado mesmo que sutilmente que os negros têm uma tendência maior à imoralidade, tenho certeza de que a Folha se recusaria a publicar essa opinião - e provavelmente Coutinho perderia o seu emprego. Entretanto, se você trocar a palavra 'negros' por 'ateus' ninguém vê nada de errado. Essa é uma mentira que já foi repetida tantas vezes que já virou uma verdade. O lamentável é que um jornal que deveria cumprir a missão de informar a população só contribui para fortalecer ainda mais o preconceito.

Só para refutar de vez esse mito de que, por não crerem em Deus os ateus não têm referências morais, gostaria de citar a própria Bíblia para testemunhar em meu favor: Em Gênses, capítulo 22, versículos 1 a 12 é contada a história de quando Abraão aceitou assassinar o seu próprio filho, Isaac, porque Deus lhe ordenou que fizesse assim. Na última hora, quando Abraão já está com a faca no pescoço do filho, um anjo aparece para dizer que era uma "pegadinha", Deus só queria ter certeza de que ele era obediente e Abraão é elogiado por sua fidelidade a Deus.

Pois bem, a razão de mencionar essa historinha é que se Deus é a referência para todas as decisões morais, então o comportamento de Abraão de aceitar assassinar seu próprio filho por ordem divina deveria ser considerada ética e moral. Até mesmo o terrorismo islâmico da Al Qaeda se torna compreensível, os terroristas que lançaram aviões contra as torres gêmeas do World Trade Center acreditavam que estavam agindo conforme a vontade de Deus.

Entretanto não conheço um único cidadão Ocidental, mesmo entre os cristãos mais convictos, que acharia o comportamento de Abraão moralmente aceitável. Isso porque, mesmo que as pessoas pensem que sua moral provém de sua submissão Deus, isso não é verdade. A moral que triunfou no Ocidente não foi a moral cristã, ou pelo menos não a que está na Bíblia ou que emana das igrejas. Se fosse, como justificar que tantos católicos, por exemplo, apoiam direitos e liberdades civis condenados pela Igreja, como o divórcio, o sexo fora do casamento e o homossexualismo?

A moral que triunfou no Ocidente, graças a _______ (seu deus preferido aqui), foi o humanismo laico. O humanismo têm muito a agradecer ao Cristianismo, claro, não se pode negar que a moral cristã o influenciou positivamente, mas o humanismo é emancipado da religião e a supera. O humanismo não baseia sua moral nas supostas vontades e caprichos de um suposto criador, mas na premissa de que todo ser-humano têm valor e  dignidade por si só. Se a crença em Deus separa os ateístas dos teístas, ao menos o humanismo, essa grande conquista de nossa Civilização, nos aproxima.

Temos os mesmos valores, portanto e não queremos mais do que ser aceitos na sociedade, coisa que hoje não somos. Os cristãos têm todo o direito de exibir publicidade proselitista nas ruas, mas se os ateus fazem uma propaganda o que lemos é um colunista dizer no maior jornal do país que "a estupidez humana não cessa de me espantar". Ora, pois eu corrigiria as palavras de Coutinho para "a falta de informação dos jornalistas não cessa de me espantar": parece que Coutinho não sabe, mas a razão de essa campanha ter sido criada em primeiro lugar foi a jornalista e comediante britânica Ariane Sharine ter visto em um site evangélico que todos os descrentes em Deus serão condenados a tormentos eternos no inferno. Eu só me pergunto por que razão defender o ateísmo é estupidez, mas ansiar por que todas as pessoas que pensam diferente de você sejam torturadas em um lugar horrível por toda a eternidade é uma coisa linda e maravilhosa, merecedora de todo o respeito e admiração.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!