Repetindo: defendo o direito de se fazer o que se quer, mas não excluo as consequências sociais de nossos atos.
Sim, era apenas das "conseqüências sociais" que eu falava, não de "direitos". Aqueles de nós que não somos juízes, quando falamos em "julgar" ou não as pessoas, geralmente é subentendido que se trata desse julgamento social, não de direitos.

Eu não sei se é exatamente machista isso, e nem acho que é tão diferente com mulheres, até onde percebi. Não é como se achassem que os "galinhas" são "material para casamento", tanto quanto qualquer outro. Quando há interesse para algo sério por algum que tenha fama de "galinha", me parece mais comumente ser ou falta de opção, ou apaixonite, não que não façam esse julgamento. Que nem é algo sem cabimento, a menos que as pessoas estejam pensando em "relacionamentos sérios abertos/pós-modernos/comunistas".
Não sou feminazi, estou longe disso, mas a "galinhagem" tem efeitos distintos entre os gêneros sim. Um homem que sai com dez ao mesmo tempo e que resolve se encantar por uma delas e começar a namorar é visto como um "regenerado que se apaixonou por uma sortuda". O sujeito veste o manto da santidade, ele escolheu ser monogâmico e respeitar alguém.
Você acha mesmo que a situação inversa se dá nos mesmos termos? Mulher "galinha" é vista com maus olhos e quando resolve ingressar em um relacionamento sério, o passado a espreita o tempo inteiro. Me desculpe você, mas a sociedade atribui valores distintos às posturas de homens e mulheres e negar isso é querer "tampar o sol com uma peneira".
Eu disse que "não é muito diferente," não "nos mesmos termos". Ninguém quer ser corno(a). E as mulheres geralmente não são 100% crédulas na reformação de ex-galinhas.
Parece ser mais o caso de diferenças históricas da situação de homens e mulheres que acabam fazendo com que as mulheres "tolerem" mais isso, especificamente falta de opção. Historicamente as mulheres foram sustentadas por maridos, e as chances de um segundo casamento sempre forem (e ainda são) menores, de forma que acabam se vendo obrigadas a ser mais "tolerantes" com chifres, no julgamento dos homens. Enquanto que o julgamento de outras mulheres, potenciais rivais/destruidoras de casamento, é essencialmente o mesmo dos homens (exceto em potencial para diversão sem compromisso, geralmente), já que dar um desconto para esse lado não tem qualquer compensação, pois não são as amantes/substitutas que vão sustentá-las e a seus filhos.
Já com homens a coisa tem pelo menos dois agravantes históricos: são mais homens do que mulheres que nunca se casam (é mais difícil, pela cobrança como provedor, enquanto que para mulheres, ser fértil já está próximo de bastar para ter suas chances), e mulheres infiéis representam um risco do homem ter que sustentar não só a mulher que o trai/traiu, mas filhos que não são seus.
Daí é apenas a reação natural da sociedade que os homens levem o problema mais a sério, enquanto as mulheres o racionalizem, do lado masculino. Mas condenem tanto ou mais em outras mulheres quando estas são potenciais rivais/ameaças ao seu relacionamento.
Com o avanço das mulheres no mercado de trabalho, isso parece estar gradualmente se aproximando, tanto mulheres (que se sustentam) sendo mais seletivas/menos tolerantes/racionalizadoras. Não sei se o lado dos homens muda tanto. Em outros aspectos pelo menos, de seleção de parceiros por aparência e riqueza, parece que foi verificado que em países onde a situação econômica de mulheres e homens é mais aproximada, os critérios também se aproximaram (ou se distanciaram mais do "padrão" de homem provedor/mulher jovem/atraente).
Por fim, eu poderia citar inúmeros exemplos de homens e mulheres imprestáveis para uma relação séria e que hoje são excelentes maridos/esposas. Gente que curtiu a vida, que saiu e fez o que quis e que hoje são tranquilos. Só para exemplificar: uma amiga da época da faculdade era conhecida por ser "pegadora", não deixar passar nada. Passou quatro anos e meio assim até conhecer o irmão de um colega nosso e começarem a namorar. Hoje ela é casada, tem um filho, é uma excelente advogada e uma jurista brilhante. Se eu fosse partir da sua premissa, ela não serviria para um amigo meu, não é?
Não defendi que devesse haver um julgamento imediato e irrevogável, mas apenas disse ser fato que esse comportamento* naturalmente desperta uma desconfiança -- em homens e mulheres. E não sem embasamento, não é algo simplesmente inventado. E as pessoas geralmente não querem ser cornas, e ainda que as mulheres possam tenham maior tolerância/racionalização (pelo menos para com homens, nem tanto para mulheres que se coloquem como rivais/potenciais amantes do namorado ou marido).
Essa é a explicação, tanto de diferenças quanto similaridades, muito mais do que uma ideologia machista "decretada", que pode de qualquer forma se "agregar" ou "brotar" daí adicionalmente.
Meio ironicamente, no tópico "pegadores e vagabundas" (ou algo assim, talvez "você se casaria com uma mulher rodada"), eu estava defendendo algo próximo do "contrário", ou justamente a exceção. Não exatamente, mas apenas que há exceções e que acho que se as pessoas consideram/considerariam se casar com alguém esse histórico não seria fator crucial, ainda que não fosse ser algo totalmente desconsiderado no "julgamento" emocional ou racional que se fizesse. Isso é, se já houver grande interesse por uma mulher, então é natural que o cara já se veja "fisgado" e isso tenda a ser descontado. Mas se é uma avaliação de potencial antes de ser despertado esse grande interesse, as chances são bem maiores desse aspecto influenciar muito mais.
* outras variáveis também influenciam, como a pessoa que ter maiores rendimentos ter maiores chances de trair do que o parceiro(a), ainda que novamente não seja proporcional em homens e mulheres por todos aqueles aspectos anteriores e tal.