Como você bem disse, a obrigação é moral: o homem faz se quiser e julgar conveniente. Como a legislação entende que o dever do pai é também o de contribuir para a criação da criança - e não apenas sustento financeiro -, ele deve sim, ser responsabilizado.
Óbvio, ninguém está dizendo que se deve ir contra a lei, o que se está fazendo é questionar a lei! Da mesam forma que está se questionando a lei que proíbe e criminaliza o aborto, e não dizendo que as mulheres e médicos
devem realizar abortos clandestinos.
Quando me refiro à gestação, penso que o homem tem sim o direito de opinar. Mas me responda com sinceridade: a opinião de um homem responsável e que pretende levar a gravidez adiante é capaz de demover uma mulher que ainda não se sente preparada? Podemos passar horas discutindo sobre o direito do pai - e penso que o homem pode e deve opinar sim -, mas é na mulher que as maiores transformações ocorrem e é ela que tem o poder maior de decisão.
Eu não estou dizendo que o homem devesse ter o direito de obrigar a mulher a ter um filho contra a vontade. Acredito que essa é uma decisão que compete completamente a ela. Ela que vai julgar o quanto vai considerar a opinião do homem, se vai considerar ou não, obviamente que a lei não deve proibir ela de consultar a opinião de quem quer que ela queira consultar para se decidir.
Mas essas pessoas não devem ter qualquer poder legal no caso, independentemente de genes, coito, ou o que quer que haja os ligando, com exceção de algum contrato legal que tenham feito.
Todo restante dessa mensagem era quanto ao homem não ter o direito de obrigar uma mulher a seguir uma gestação que não queira ter, com o que concordo, então vou pular para a próxima.
Por que isso é "justo"?
Ela não quer ter o filho, ele quer, então não importa que "forneceu os queridos amigos", ela é que decide e ponto final; ela não tem que "assumir a responsabilidade".
Agora, se ela quer, mas ele não, então de repente faz toda a diferença o fato de que ele "forneceu os queridos amigos", e ele tem que assumir a responsabilidade?
Eu acho que ISSO é machista. Parece que as mulheres são umas sonsas incapazes que não sabem o que fazem, meio como se fossem menores de idade ou algo assim, e só o homem é que pode ser responsável.
Por que uma gravidez não-planejada, e desejada apenas pela mulher não deveria ser equivalente a uma adoção unilateral ou a ela ter feito inseminação artificial a partir de um banco de esperma? Apenas porque houve sexo entre os dois?
Nem um pouco machista, Buckaroo. Em momento algum disse que a mulher que pretende abortar é incapaz, pelo contrário: estou me referindo às mulheres que não se sentem preparadas para ter um filho e não àquelas desvairadas que colocam crianças no mundo como coelhas sem se preocuparem com a qualidade de vida e o destino das crianças.
Eu não quis sugerir que você sugerisse que a mulher que pretende abortar é uma incapaz.
Ela parece ser colocada como "incapaz", como quase uma "menor de idade", quando ela é desproporcionalmente menos responsabilizada legalmente que o homem; quando ela, apesar de decidir, unilateralmente, seguir uma gravidez, não é a única pessoa sobre a qual caem responsabilidades por essa decisão. Mas é meio que considerada uma "vítima inocente" do homem, que é responsabilizado.
É como se não tivesse sido uma decisão dela (e só dela) continuar com a gravidez, quando foi. Quando, diante da perspectiva de ter um filho, mesmo que "sem um pai", ela optou por fazê-lo mesmo assim.
É como se a lei assumisse que as mulheres são ingênuas, de uma tolice inerente, que, só fazem sexo com um cara porque foram levadas a acreditar que ele estava disposto a se responsabilizar pela gravidez, se ocorresse.
Como se, assim como há o sexo considerado estupro estatutário quando com menores de 16 anos, toda gravidez fosse similar quanto ao homem ser o verdadeiro responsável, e a mulher ser uma vítima inocente, que não sabe o que faz, que é inerentemente tapeada pelo homem.
Acho admirável que o homem assuma o filho e ofereça suporte: se ele quer o filho, faça o possível para tentar convencer a mulher e depois assuma a criança que ele desejou. Nada deve ser mais doloroso para uma criança do que ser criada por uma mãe que lamenta o tempo inteiro que ele tenha nascido. Ou você vai me dizer que isso é normal e benéfico para a saúde mental dela?
Não, não estou dizendo isso, em momento algum defendi que o homem devesse obrigar a mãe a seguir uma gravidez contra a vontade. Foi o que eu disse desde a minha primeira mensagem desde que o assunto verteu para esse lado.
O meu questionamento é sobre não haver o análogo do outro lado. O homem, ter obrigações, comprometimentos, por uma decisão que foi apenas da mulher, como se esta tivesse sido uma vítima dele.
Em tempo, acho uma tremenda filha-da-putice também um cara engravidar e não assumir (a não ser em casos como o da mulher que guardou o esperma do sexo oral e se inseminou sem que ele soubesse, ou ter sido levado a acreditar que ela usava anti-concepcionais), mas não acho que a obrigação legal disso seja solução. Acho que talvez tenda a amolecer o senso de responsabilidade feminina, uma vez que, se ela engravidar, "tudo bem", além de haver a pressão social para assumir, mesmo que mal se conheçam, ainda é legalmente obrigado a pagar pensão.
Eu me pergunto se não seria melhor não houvesse essa "garantia", com as mulheres tendo que ser mais responsáveis quanto a de quem engravidam. Tendo a acreditar que haveriam menos crianças sendo geradas nessas situações longe do ideal, se restringindo mais àquelas sendo concebidas dentro de uma relação estável, com confiança e responsabilidade divididas voluntariamente entre os parceiros, um ambiente muito melhor para uma criança vir ao mundo e ser criada.
Sinceramente, se a mulher engravida e decide ter o filho a contragosto do parceiro, sou a favor de que ela assuma e responda pela criança. Se ocorresse comigo, eu cuidaria do meu filho sem recorrer ao pai que o rejeitou, mas muitas mulheres recorrer ao reconhecimento por razões financeiras e por questões emocionais - acham absurdo e doloroso que o filho não tenha uma figura masculina. Só para exemplificar, conheço uma mulher que engravidou de um cara mais velho, casado. Ela pediu a ele que assumisse a criança e ele simplesmente marcou um aborto para ela. Ela não foi, teve a criança e nunca pediu nada ao pai. Aliás, na cabeça dela, ele nasceu do amor dela e da vontade dela em ser mãe - para isso, não era necessário ter um homem só para constar.
Vou resumir minha posição aqui:
- Sou a favor do direito da mulher em abortar caso não se sinta preparada para ter a criança;
- Sou a favor do pai ter direito em opinar e até mesmo sugerir que ela tenha o filho e entregue a ele - situação meio estranha, mas tudo bem;
- Sou a favor da responsabilização de ambos caso ocorra uma gravidez e caso resolvam levá-la adiante.
- Sou a favor de que, a mulher que engravida e o pai não quer assumir, assuma por ela mesma e dê um chute no cidadão. Se ela não faz isso, problema dela.
As duas últimas são contraditórias. Quero dizer, a penúltima, é meio que auto-evidente. Se ambos querem a gravidez, o natural é que ambos se responsabilizem. Ninguém precisa ser obrigado. A última se aproxima mais do que o que eu estava tentando dizer.
A minha opinião resumida é de direitos exclusivos da mulher (que pode de qualquer forma ouvir pitacos de todo mundo, desde do pai, até de primos, vizinhas, mães, tias, astrólogos, quem quer que queira consultar). A responsabilidade, da mesma forma, seria, legalmente, "por default", toda dela, mas obviamente sendo naturalmente dividida com o pai num relaiconamento saudável, na medida que esse também queira ter o filho, não sendo necessário o estado determinar nada. A não ser quanto ao cumprimento de contratos acertados entre os dois, caso tenham feito algum. Sem um "contrato default" de pensão ou uma legislação que assume que a mulher é inerentemente uma vítima, tapeada só para fazer sexo sem camisinha. Mesmo que isso seja muito comum, cabe às mulheres a "esperteza" de não caírem na conversa de malandros, de só se "arriscarem" ter filhos quando há a segurança de uma situação ideal, um relacionamento com alguém em que possam confiar e que esteja disposto (ou, idealmente, queira) ter filhos, e não meramente o pai biológico sendo obrigado a pagar pensão.