Pois é, essa coisa de "corrupção" é só uma grande bobagem, não é mesmo? Deveríamos simplesmente nos distrair e não pensar mais nisso, não pensar em votar em políticos mais decentes.
Não é bobagem. Eu só acho que, como pessoas, os políticos sempre serão corruptos ou sujeitos a corrupção, a menos que haja mecanismos que os impeçam. Esses mecanismos são as instituições encarregadas de fiscalizar e punir, como a PF, o Judiciário. As instituições é que devem ser fortalecidas e não devem estar corrompidas, além de uma transparência do processo de gestão e governança para permitir um maior controle social, com a participação de uma imprensa livre e atuante. Feito isso, a corrupção será inibida, mas não deixará de existir, como o próprio exemplo do Barata com os políticos japoneses mostram. Acho que no Brasil estamos indo por esse caminho, ainda que não tenhamos muitos políticos tenham sido realmente punidos, existem cada vez mais processos e a PF tem se mostrado atuante, o que acaba levando a uma falsa impressão de que a corrupção no Brasil tenha aumentado.
Brilhante Derfel, mas o discurso mais simples é o que personifica o estado na figura do dirigente político. Por isso as posturas um tanto mais profundas de análise são consideradas mimimi (choro de "perdedor"). É um pensamento mágico de que um besta de um candidato ou partido novo vão solucionar a política do país. E quando falamos de melhorar as instituições é uma forma mais genérica de que é preciso mudar o país todo, dada a complexidade política e social da democracia não só brasileira como a mundial.
A participação da comunidade, via eleição, escolhendo melhores candidatos e a existência de dispositivos constitucionais que permitam detectar e punir os desvios de conduta são fundamentais na edificação de uma sociedade moderna na qual se queira eliminar ou pelo menos reduzir a rapinagem no Estado, em qualquer esfera.
Mas o ponto central deste tópico claramente não é este, e é fácil de entender. Desde que o PT surgiu em 1.980 e ao longo de toda a sua existência, enquanto oposição, seus políticos, afiliados e simpatizantes alardearam que eles eram a "única fortaleza política moral" neste país e que nunca se deixariam levar pela corrupção, filha bastarda da "democracia burguesa" e típica da "direita subvencionada pelo imperialismo".
Em 1.989, no início de meu mestrado em Rio Claro, me deparei com todo o espectro da esquerda, desde os "escoceses" até os de ultra-esquerda e entre eles, é claro, os petistas. Eu afirmava que assim que o PT saísse da condição de partido nanico e estivesse no mesmo grau de poder que os outros, os problemas começariam a ocorrer. Fui prontamente repelido, afinal eu era o representante da "direita" sulista.
Neste mesmo ano teve a primeira eleição para presidente de modo direto após 25 anos de ditadura e o então candidato do PT, o personagem central deste tópico, manteve o mesmo discurso, inclusive esnobando o apoio de Leonel Brizola e de Mário Covas, porque estes não eram "esquerdistas puros".
Aquilo me intrigava. Seria apenas uma demonstração infantil de maniqueísmo político ou era uma manobra diversionista para, quando chegasse a ocasião, ocultar a corrupção e justificar o aparelhamento da máquina. Mais tarde, quando eles chegaram ao poder executivo em cidades, eu confirmei que eram os dois. E que foi reforçado depois com a chegada ao poder nos estados e finalmente na União.
Assim, o que este tópico pretendeu mostrar é a desfaçatez e a falsa moral de quem alardeava superioridade ética, mas que no fundo sempre foi igual ao resto dos demais políticos, no que tange ao uso da mentira para acobertar (participar de?) atos de corrupção.