Autor Tópico: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio  (Lida 8201 vezes)

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Offline DDV

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Re: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #75 Online: 06 de Junho de 2010, 18:36:41 »
Na verdade, dos 6 navios que compunham a frotilha, apenas 1 não quis passar pacificamente pelo porto de Ashdod para ser revistado. Foi nesse navio que o comando israelense de abordagem foi recebido com violência, levando a um confronto que matou 9 integrantes do navio e feriu 7 soldados israelenses.

O navio do incidente foi organizado por um grupo turco que tem ligações com Hamas, Hezbolah e Al Qaeda. Segundo consta nas notícias.



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Offline gilberto

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Re: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #76 Online: 06 de Junho de 2010, 19:09:39 »
Enquanto rola a discussão geopolítica, dêem uma olhadinha na carga especial da "Frotilha da Paz":  

É verdade, desvirtuamos o tópico. Agora sobre esse incidente com a frotilha, considero secundário e pontual. Temos que reconhecer que em conflitos isso ocorre de montão ... infelismente. Não é pq Israel é mauzinho não. Na verdade parece que os dois lados foram bem inocentes e se fú ... quer dizer só um lado se fú ...
« Última modificação: 06 de Junho de 2010, 19:28:11 por gilberto »

Offline Luiz Souto

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Re: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #77 Online: 06 de Junho de 2010, 22:47:35 »
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Israel, um país sozinho

Rogério Simões | 11:11, sexta-feira, 4 junho 2010

A situação em que vivem os palestinos é insustentável. O mundo todo, inclusive os Estados Unidos, sabe disso há muito tempo. Há pouco a acrescentar sobre sua penosa rotina, de falta de água, falta de comida, destruição de casas ou bombas sobre suas cabeças. Até mesmo Israel está ciente, melhor do que ninguém, das consequências danosas da sua ocupação das terras palestinas, que já dura 43 anos. Portanto não é o estado atual dos palestinos que pode definir o futuro do Oriente Médio. A chave de um futuro de paz para a região é o estado em que se encontra Israel. O que pode colocar um fim nesse conflito é Israel se convencer que sua situação atual é, assim como a dos palestinos, insustentável.

A desastrosa operação contra a frota de embarcações carregando ativistas em direção a Gaza, em que as forças de Israel mataram nove dos passageiros, isolou ainda mais o Estado judeu. Israel praticamente acabou com a amizade de décadas que desfrutava com a Turquia, uma democracia muçulmana integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Os efeitos do abalo dessa relação, que já vinha se deteriorando, ficaram claros um dia após o ataque à frota. Israel mantinha as centenas de ativistas detidos, ameaçando inclusive indiciar boa parte deles criminalmente, quando o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, exigiu a libertação de todos. Dentro da aliança militar ocidental, um ataque a um de seus membros é visto como um ataque a todo o bloco. A Turquia, de onde vieram todos os nove mortos, declarou a ação israelense como criminosa e pediu uma atitude da Otan. Israel não teve escolha: em poucas horas, acatou o pedido de Rasmussen e libertou os detidos.

Os danos à imagem de Israel não pararam por aí. A União Europeia condenou o ataque, e a Grã-Bretanha, que nos tempos de Tony Blair portava-se quase como um aliado incondicional de Israel, não mediu suas palavras. O ministro do Exterior, o conservador William Hague, exigiu uma investigação sobre o incidente e disse que o episódio mostrava que o bloqueio da Faixa de Gaza deveria acabar. Segundo Hague, a medida, imposta em 2007, depois que o grupo Hamas tomou o controle do território, tem efeito "sobre uma geração de jovens palestinos". Em outras palavras, Israel pode estar gerando novos militantes prontos para atacar o Estado judeu no futuro. Além de injusto com a população civil, o bloqueio estaria sendo, na visão britânica, prejudicial à própria segurança de Israel. O país parece também ter perdido parte de sua amizade com o Egito. O vizinho, primeiro país árabe com quem Israel assinou um acordo de paz, decidiu abrir indefinidamente o posto de Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza, como protesto contra o ataque em águas internacionais do Mediterrâneo. Com a medida, o bloqueio a Gaza passa a ser apenas israelense, e não uma ação conjunta com o governo egípcio. Para completar, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, também exigiu a suspensão do bloqueio a Gaza, alertando que o sofrimento dos seus 1,5 milhão de habitantes não pode continuar.

Mas Israel sempre pareceu ignorar a falta de aliados, desde que os Estados Unidos continuem do seu lado. Tal relação, entretanto, vem sendo abalada há meses, primeiro pela recusa israelense em atender o pedido do presidente Barack Obama para que interrompesse a construção de casas em territórios palestinos (Jerusalém Oriental inclusive). Washington estendeu a mão a Israel após o ataque no Mediterrâneo, garantindo que o pronunciamento do Conselho de Segurança da ONU fosse mais brando do que queriam outros membros. Mas a secretária de Estado Hillary Clinton foi clara ao falar da Faixa de Gaza: "A situação em Gaza é insustentável e inaceitável", disse Clinton, que nos últimos meses já vinha pressionando Israel a voltar à mesa de negociações com a Autoridade Palestina. Os Estados Unidos continarão sendo o melhor amigo de Israel no mundo, mas tal amizade não é mais incondicional, como nos tempos de George W. Bush. Além disso, o poder da maior potência do planeta é hoje relativamente menor, portanto Washington sabe que não pode manter o status quo no Oriente Médio por muito mais tempo.

Após transformar a aliada Turquia em um quase inimigo, perder a parceria do Egito no bloqueio a Gaza, provocar uma resposta indignada da Grã-Bretanha, testar a paciência dos Estados Unidos e causar um estado geral de ira no mundo, será que Israel ainda acredita ser possível viver sozinho, sem amigos? É verdade que, como bem lembrou a revista The Economist, o premiê conservador Stephen Harper fez do Canadá o mais novo e entusiasmado amigo de Israel. Mas o Canadá não tem influência nem relevância suficientes para melhorar a difícil situação do Estado judeu. Alguns países no mundo optaram pelo isolamento político e econômico, como Coréia do Norte e Eritreia. Israel sempre se orgulhou de ser uma democracia moderna, com fronteiras e economia abertas para o mundo, mas parece não ter percebido que sua situação atual é cada vez mais insustentável. Sem fronteiras oficialmente definidas, com um provável arsenal nuclear escondido da comunidade internacional, sem aliados entre seus vizinhos, cada vez mais distante de seus antigos amigos e com uma imagem negativa ao redor do mundo, Israel segue o caminho do isolamento. A paz, como todos sabem, fica na direção oposta.

Fonte: BBC Brasil

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Offline Barata Tenno

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Re: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #78 Online: 07 de Junho de 2010, 00:41:18 »
Concordo com o artigo acima.
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Re: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #79 Online: 10 de Junho de 2010, 12:25:29 »
Pobre tópico, foi bem mutilado...

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Israel alivia embargo a Gaza e permite entrada de alimentos

Israel aliviará seu embargo a Gaza para permitir a entrada de alguns alimentos e bebidas ao território, disseram autoridades palestinas nesta quarta-feira, após pressão internacional causada pelo ataque israelense a um comboio com ajuda humanitária.

O grupo militante islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, disse que há demanda por cimento, banido por Israel e essencial para a reconstrução do território após a guerra de janeiro de 2009, e não por refrigerantes.

Uma autoridade israelense disse que a nova lista de produtos não está relacionada à operação israelense de 31 de maio contra um comboio com ajuda que tentou furar o bloqueio de Israel a Gaza. O anúncio foi feito horas antes do encontro entre os presidentes norte-americano, Barack Obama, e palestino, Mahmoud Abbas, em Washington.

Havia expectativa de que as conversas entre Obama e Abbas focassem em maneiras de aliviar o embargo, alvo de condenação internacional desde o ataque por comandos israelenses a uma frota de navios, que matou nove ativistas pró-palestinos.

Obama disse que a situação em Gaza é insustentável e Abbas repetiu seu pedido pelo fim do bloqueio.

Obama afirmou que os Estados Unidos doarão 400 milhões de dólares em nova ajuda para os palestinos.

Autoridades palestinas na Cisjordânia disseram que, a partir da próxima semana, Israel irá permitir a entrada em Gaza de alguns alimentos, refrigerantes e sucos.

Israel diz que seu bloqueio a Gaza é necessário para impedir o fornecimento de armas ao Hamas.

A Organização das Nações Unidas diz que o embargo israelense criou uma crise humanitária em Gaza, uma alegação negada por Israel.

http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=24521135

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Offline DDV

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Re: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #80 Online: 10 de Junho de 2010, 13:21:51 »
As últimas postagens foram apagadas. É bom então lembrar que esse vídeo abaixo é um hoax divulgado intensamente na internet, e na verdade se refere a uma apreensão ocorrida no ano passado, e não na frotilha atual que se dirigia à Faixa de Gaza.


http://www.flix.co.il/tapuz/showVideo.asp?m=3423928
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Re: Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #81 Online: 09 de Agosto de 2010, 10:22:55 »
Netanyahu diz que ação contra frota ocorreu 'dentro da lei'

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou nesta segunda-feira que Israel agiu "de acordo com as leis internacionais" no ataque à frota de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

A declaração foi feita durante inquérito que investiga o ataque, em que nove ativistas turcos foram mortos.

Israel afirma que o inquérito será uma "investigação cuidadosa" dos eventos ocorridos em maio passado, quando a frota tentava furar o bloqueio israelense ao território.

O ataque gerou uma crise diplomática entre Israel e Turquia, além de protestos em vários países.

"Estou convencido de que no fim da investigação, ficará claro que o Estado de Israel e as IDF (sigla em inglês para as Forças de Defesa Israelenses) agiram de acordo com as leis internacionais", disse o premiê.

Na ocasião, autoridades israelenses alegaram que os ativistas estavam determinados a atacar os solcados que participavam da ação militar. Autoridades turcas descreveram a ação como "terrorismo de Estado".

A comissão de inquérito foi criada em meio a intensa pressão internacional para que fosse investigado o caso. Alguns observadores, entretanto, afirmam que a comissão dificilmente conseguirá responder por que a operação terminou desta forma.

O governo de Israel aliviou o bloqueio à Faixa de Gaza em meio a fortes críticas de países aliados, permitindo a entrada de mais alimentos e outros produtos.

Netanyahu não terá que defender a política israelense em relação a Gaza diante da comissão, e parte de seu depoimento poderá ser feita de forma privada.

O ministro da Defesa israelense e o chefe do Exército também deverão prestar depoimento nesta semana.

Observadores afirmam que os próximos inquéritos internacionais sobre o tema poderão ser mais analíticos e críticos sobre a política do governo israelense no território.

http://noticias.br.msn.com/mundo/artigo-bbc.aspx?cp-documentid=25131386

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Offline Luiz Souto

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Re:Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #82 Online: 29 de Outubro de 2011, 19:50:07 »
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O Estado da Palestina é para amanhã, sempre amanhã

Em 1948, os EUA hesitaram em reconhecer Israel. Em 2011, eles não têm dúvidas quanto a bloquear a entrada da Palestina na ONU. O veto, encorajado pela União Europeia, visa, mais uma vez, adiar a decisão e apostar em negociações bilaterais, fadadas ao fracasso dado o desprezo de Israel pelo direito internacional
por Alain Gresh



Desde a Antiguidade, o paradoxo formulado pelo filósofo grego Zenão de Eleia ocupou os pensadores por muito tempo: poderia Aquiles “dos pés ligeiros” vencer uma corrida dando 100 metros de vantagem ao adversário? Não, responde Zenão, pois o herói da Ilíada jamais conseguiria alcançá-lo. De fato, ele reduziria a distância primeiro pela metade, em seguida pela metade da metade, e assim por diante infinitamente, sem que a distância entre os dois jamais se anulasse.1

É essa mesma maratona sem fim que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) está correndo em sua busca por um Estado. Cada etapa alcançada parece aproximá-la de seu objetivo, mas sempre há uma metade da distância a ser percorrida, uma última condição a ser preenchida, uma última concessão a ser feita. Em 1999, a OLP anunciou que proclamaria o nascimento do Estado palestino, ao final do período provisório de “autonomia” da Cisjordânia e de Gaza, celebrada pelos acordos de Oslo de 1993. Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) pressionaram, e, em troca de um adiamento da proclamação, a UE afirmou durante uma cúpula em Berlim, em março de 1999, “sua disposição em considerar o reconhecimento de um Estado palestino”.

Em março de 2002, o Conselho de Segurança da ONU proclamava seu apego à visão de uma região na qual coexistiriam dois Estados, Israel e a Palestina. No ano seguinte, o Quarteto (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU) publicava “um roteiro” que previa a criação de um Estado palestino antes do final de 2005. Após uma paralisação das negociações, o presidente George W. Bush convocava em Annapolis, em novembro de 2007, uma dessas reuniões tão midiáticas como a “comunidade internacional” preza, na qual se confrontavam a Europa e a Rússia, a Síria e o Egito, os palestinos e os israelenses: um comunicado previa que o horizonte seria enfim alcançado no final de 2008. No dia 23 de setembro de 2010, em seu discurso diante da Assembleia Geral da ONU, o presidente Barack Obama expressava sua esperança de ver a Palestina integrar a organização em setembro de 2011. Um ano depois, ele oporia seu voto a tal admissão.

É essa longa história de promessas descumpridas que obrigou a liderança palestina a se dirigir diretamente às Nações Unidas e se desvencilhar das negociações bilaterais “sem condições prévias”, isto é, em um contexto no qual a raposa “livre” se encontra também “livre” no galinheiro. Agindo assim, ela reconhecia o fracasso de sua estratégia passada.

Em 1969, após a derrota árabe de junho de 1967,2 os movimentos armados de fedayins tomaram o controle da OLP, livrando-se da antiga liderança que tinha falhado ao alinhar-se com os regimes árabes. A nova orientação da OLP baseava-se em três pilares: a luta armada, método privilegiado no então denominado Terceiro Mundo, no qual era necessário, como dizia Che Guevara, “criar um, dois, três, múltiplos Vietnãs”; a libertação de toda a Palestina (implicando a destruição das estruturas sionistas de Israel) e a edificação de um Estado democrático no qual coexistiriam muçulmanos, judeus e cristãos; e a independência da decisão palestina (sobretudo em relação aos regimes árabes).

Os principais sucessos da OLP foram conseguir a união de todos os palestinos sob sua bandeira – do engenheiro que trabalha no Kuwait ao agricultor de Hebron, passando pelo refugiado do campo libanês de Bourj al-Barajneh –, reforçar sua coesão nacional e expressar sua vontade de independência. No entanto, o fracasso da luta armada, a negação da grande massa de israelenses em aderir à utopia de um Estado democrático e a recusa dos aliados da OLP, sobretudo aqueles pertencentes ao “campo socialista”, em aprovar a destruição de Israel levaram a organização a entrar no jogo diplomático.

A liderança palestina já tinha obtido múltiplos sucessos nessa área: não somente ela reposicionou a Palestina no mapa político – o futuro dos palestinos não estava mais reduzido a um simples problema de “refugiados”, e sim ao direito de autodeterminação de um povo −, mas também foi reconhecida pelos países árabes como o “único representante do povo palestino”. Em 1974, Yasser Arafat era acolhido triunfalmente, em Nova York, na Assembleia Geral da ONU, da qual a OLP participou como membro observador.

Mas seus avanços se chocavam com os dois obstáculos de sempre: Israel e os Estados Unidos, que se recusavam a dialogar com uma “organização terrorista”. Foram necessários muitos anos, intermináveis negociações e, sobretudo, o início da Intifada das pedras em dezembro de 1987 para que o statu quo se tornasse perigoso para todos. Mesmo em Israel, muitas vozes se manifestaram então a favor de um acordo. Em novembro de 1988, o Conselho Nacional Palestino proclamava o nascimento de um Estado próprio, aceitando o plano de partilha da Palestina votado em uma Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 29 de novembro de 1947.

Yasser Arafat confirmava essa direção diante da Assembleia Geral das Nações Unidas em Genebra, reunida no dia 13 de dezembro de 1988. Mas Washington permanecia insatisfeito. Uma semana depois, o líder palestino lia uma declaração – redigida pelo governo norte-americano!3 – confirmando sua renúncia ao terrorismo, a aceitação da resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU4 e o reconhecimento de Israel. Uma página parecia virada e outra era aberta com os acordos de Oslo e um aperto de mão entre Arafat e Itzhak Rabin, em 13 de setembro de 1993, no jardim da Casa Branca, sob o olhar atento do presidente Bill Clinton.

Mudança de estratégia

Dezoito anos depois, o caminho tomado por Arafat e seus pares se revelou um beco sem saída. Nenhuma soberania palestina foi estabelecida na Cisjordânia e em Jerusalém, e mesmo na zona A5 as intervenções israelenses se multiplicaram: qualquer cidadão palestino pode ser detido. O número de colonos na Cisjordânia aumentou de 100 mil em 1993 para quase 300 mil nos dias de hoje, e os de Jerusalém passaram de 150 mil para 200 mil. A economia continuaria sufocada, e os relatórios sobre o boom que estaria ocorrendo nesses territórios evitam relembrar que o PIB per capita está mais baixo que no ano 2000 e que somente uma reduzida camada social se beneficia dessa situação.6 Ao mesmo tempo que a Autoridade Palestina colabora de modo eficaz com os ocupantes israelenses para combater o “terrorismo”, ela também impõe um poder autoritário que lembra o de seus vizinhos árabes.

Esse fracasso foi condenado pelos eleitores palestinos que votaram no Hamas em janeiro de 2006, antes que a vitória lhes fosse confiscada pela “comunidade internacional” aliada de Mahmoud Abbas, que pôde continuar sem problemas as negociações. Mas, assim como a OLP, o Hamas não oferece uma estratégia plausível aos palestinos. O partido se identifica com a luta armada, mas seus resultados nessa área, como os das organizações de fedayinsapós 1967, são fracos. O Hamas impôs, há pelo menos dois anos, um cessar-fogo com Israel a todas as organizações palestinas de Gaza. Quanto ao autoritarismo, a facção concorre de igual para igual com o partido de Abbas.

Essa crise poderia ter perdurado se o Fatah e o Hamas continuassem pendurados nos ramos do poder. Mas o despertar árabe mudou o contexto. A queda dos regimes da Tunísia e do Egito, em primeiro lugar, e a firmeza da Turquia em relação a Israel em seguida enfraqueceram Washington e Tel-Aviv, privando Abbas de um aliado de peso, o presidente Hosni Mubarak, enquanto o Hamas se enfraqueceu com a revolta na Síria. A decepção em relação ao presidente Barack Obama, incapaz de pressionar seu aliado Benjamin Netanyahu (o primeiro-ministro israelense), acentuou-se. Teria ele essa coragem política a um ano da eleição presidencial que está se revelando mais incerta do que se previa?

 No cenário israelense, apesar das manifestações de oposição à ordem neoliberal, a grande maioria da população, traumatizada pela Segunda Intifada e condicionada pela propaganda de seus dirigentes, apoia a intransigência do governo, e Netanyahu fica parecendo quase um moderado se comparado ao seu ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman. Shelly Yachimovich, deputada e candidata de peso à direção do partido trabalhista, declarou recentemente que o projeto de colonização não era“nem um pecado nem um crime”, uma vez que ele tinha sido lançado pelos próprios trabalhistas (o que é verdadeiro) e que era desse modo “totalmente consensual”.Comentando essas afirmações, Henry Siegman, ex-diretor do Congresso Judaico-Americano, afirmou: “Deixemos de lado o argumento estranho que defende que o consenso entre os ladrões torna legítimo o roubo. Enquanto posições como essa forem defendidas pelos trabalhistas em Israel, como acreditar na mínima possibilidade de emergência de uma perspectiva de paz?”.7

E por que os israelenses renunciariam ao statu quo? A ordem reina na Cisjordânia graças sobretudo à colaboração palestina. O isolamento internacional de Israel terá poucas consequências enquanto persistir o apoio dos Estados Unidos e a União Europeia mantiver e estender os privilégios comerciais, econômicos e políticos reservados a esse Estado – Israel acaba de ser admitido como membro observador da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (Cern), sem dúvida como recompensa por seu programa nuclear militar. Sem sanções internacionais e um isolamento reforçado, sem uma forte mobilização da população local e se tivesse contado apenas com a boa vontade da comunidade branca, a África do Sul nunca teria se libertado do apartheid.

A incapacidade da OLP em obter qualquer coisa por meio unicamente de negociações e a desordem no cenário árabe levaram Abbas a se apresentar diante das Nações Unidas. Mas o significado de tal internacionalização ainda é difícil de ser medido. Tratar-se-ia de uma mudança estratégica? Ou somente de uma retomada do diálogo em condições ligeiramente melhores?

A população palestina permanece extremamente cética em relação às iniciativas de uma liderança muito contestada, ainda mais sabendo que, qualquer que seja o resultado da votação, no dia seguinte, ela continuará sofrendo com a ocupação, mesmo que as ameaças de represálias israelenses ou norte-americanas sejam pouco prováveis: elas enfraqueceriam seu único interlocutor palestino e colocariam em perigo a cooperação de segurança que é muito vantajosa para Tel-Aviv.

Alain Gresh é jornalista, do coletivo de redação de Le Monde Diplomatique (edição francesa).

1 “Os paradoxos de Zenão”. Disponível em http://cer1se.free.fr/principia//les-paradoxes-de-zenon/.

2 O ataque de Israel contra o Egito, a Síria e a Jordânia acabou com a ocupação do Sinai, da Cisjordânia,de Gaza, de Jerusalém Oriental e de Golã.

3 Insatisfeitos com sua declaração em Genebra, os Estados Unidos exigiram a leitura de um texto de sua própria elaboração. Em troca, eles aceitariam o início de um diálogo com a OLP.

4 Votada em novembro de 1967, após a guerra, ela denuncia a aquisição de territórios pela força e faz alusão aos palestinos por meio do termo “refugiados”.

5 Os acordos de Oslo resultaram na partilha da Cisjordânia em três zonas: a zona A, que na teoria está sob a soberania total da Autoridade Palestina; a zona B, sob soberania da Autoridade Palestina (AP), mas
onde Israel é responsável pela segurança; e a zona C, que está sob controle total israelense.

6 Ler Sandy Tolan, “Ramallah, tão longe da Palestina”, Le Monde diplomatique, abr. 2010.

7 “September Madness”, Foreign Policy, 15 set. 2011.

8 “Veto a State, lose an ally”, The New York Times, 11 set. 2011.

9 A questão da adesão da Palestina provocou um debate acirrado entre os juristas que não será retomado aqui. Mas, para ter uma ideia, pode-se consultar o debate organizado pelo Doha Institute,
“Palestinian membership at the United Nations: all outcomes are possible”, 11 set 2011. Disponível em http://english.dohainstitute.org/Home

10 Para uma análise das posições dos diferentes atores e das possibilidades abertas pelo recurso à ONU, ver International Crisis Group, “Curb your enthusiasm: Israel and Palestine after the UN”, Bruxelas,

11 Esta deveria ser pacífica segundo muitos dirigentes palestinos, mas a realidade mostra que o Exército israelense intervém com a mesma força nas manifestações pacíficas. Ler o relatório de B’tselem, Show of force: Israeli military conduct in weekly demonstrations in a-Nabi Saleh, 12 set.2011. Disponível em www.btselem.org.

12 set. 2011, cujo principal defeito é tratar todos os atores da mesma maneira, ocultando que o problema envolve antes de tudo uma ocupação ilegal.

Fonte:http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=1030
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Offline Pasteur

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Re:Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #84 Online: 20 de Julho de 2018, 11:23:30 »
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Entenda o que muda e o que ainda é dúvida sobre lei que define Israel como 'pátria do povo judeu'
Legislação define pontos chave do Estado de Israel e, por isso, o texto gerou protestos por parte da minoria árabe no país.

A aprovação de uma nova Lei Básica pelo Parlamento israelense nesta quinta-feira (19) gerou dúvidas, questionamentos e protestos pelo mundo. O texto, denominado "Israel como Estado Nação do Povo Judeu", recebeu críticas por supostamente discriminar a minoria árabe e muçulmana no país. Os autores, em contrapartida, negam discriminação e afirmam que a legislação apenas deu segurança jurídica ao que já existia.

Entenda os principais pontos da nova lei:

...
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/07/20/entenda-o-que-muda-e-o-que-ainda-e-duvida-sobre-lei-que-define-israel-como-patria-do-povo-judeu.ghtml
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline André Luiz

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Re:Israel, Faixa de Gaza e Conflito no Oriente Médio
« Resposta #85 Online: 20 de Julho de 2018, 11:27:29 »
Sempre ouço os caras dizerem que " o povo palestino não existe, ele é um artificio criado ".

Mas os palestinos não são os cananeus/fenícios que estão naquela droga de região a uma caralhada de tempo igual aos judeus?

 

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