Autor Tópico: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo  (Lida 5632 vezes)

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Offline 4 Ton Mantis

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Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Online: 30 de Novembro de 2010, 09:20:44 »
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2010/11/27/uma-em-cada-3-mulheres-sera-estuprada-violentada-ou-espancada-em-algum-momento-da-sua-vida/


Hoje, nossa convidada de Mulheres pelo Mundo é Renata Neder, 30 anos, que trabalha para a ONG internacional Action Aid – de suas viagens a trabalho para outros países, ela sempre nos traz observações e descobertas pessoais. “Com o meu pai nunca tive problemas. Ele morreu cedo, morto no conflito armado no país. Ficamos só minha mãe, eu e minhas oito irmãs. Mas com meu companheiro de vida, ah… com esse sim eu sofri. Ele sim me batia. E na época eu ainda não tinha me desenvolvido bem, não tinha aprendido nada, não sabia de muitas coisas… tive que aguentar. Ele me bateu várias vezes.” Marta Lidia Campos é de El Salvador, na América Central, é trabalhadora rural e tem dois filhos, um menino e uma menina. Conheci a Marta em 2007, quando ela me deu um longo depoimento sobre sua história de vida. De lá pra cá, conheci muitas mulheres de diferentes países que sofrem diversas formas de violência. Nesses anos, aprendi que a violência contra a mulher não é uma exceção, um caso isolado. É um problema global, que ultrapassa fronteiras.

O dia 25 de novembro foi o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Embora eu tivesse pensado em fazer o post deste sábado sobre outro tema, mais leve, diante da data achei que deveria falar disso mesmo. Ainda mais já tendo ouvido tantos relatos e histórias de mulheres vítimas de violência em países tão diferentes.

Uma em cada três mulheres será estuprada, violentada ou espancada em algum momento da sua vida. Uma em cada três. Algo em torno de 2 milhões de meninas entre 5 e 15 anos são “traficadas”, vendidas ou coagidas a se prostituir. Os dados chocam, não é? São da Unifem, Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher. [...]

El Salvador, África do Sul e Índia. Três países, três continentes, uma realidade: discriminação e violência contra a mulher. Uma realidade que ultrapassa fronteiras, classes sociais, identidades culturais. Uma realidade global. Que tal fazermos a nossa parte para mudar essa realidade pelo menos falando sobre o assunto, discutindo, debatendo e, acima de tudo dizendo NÃO para todas as formas de violência contra a mulher?
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Offline Donatello

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #1 Online: 30 de Novembro de 2010, 19:53:10 »
Hmmmmm, meu lado cético antifeminista sempre fica atiçado quando leio este tipo de texto:

1- "Violentada" em português brasileiro tem como sinônimo mais usual (e único na linguagem cotidiana) "vítima de violência sexual", mas no texto parece que o vocábulo teve seu significado espertamente usado como sinônimo para "vítima de qualquer tipo de violência". É só observar o título ou este trecho: "Uma em cada três mulheres será estuprada, violentada ou espancada em algum momento da sua vida." Se ela quisesse utilizar "violentadas" no seu significado mais comum também não teria usado o "estupradas" na mesma frase. Claro está que ela arrumou um jeito de dar "a outros tipos de violência" um valor mais indigno, e óbvio, fazer alarde, sensacionalismo, chamar leitor(a) com uma manchete espalhafatosa (mesmo que não tão verdadeira) esperando (e provavelmente obtendo sucesso) que ele nem perceba o laço semântico que o agarrou.

2- Eu gostaria de ter acesso ao estudo: saber quais tipos de violência foram considerados, quais os percentuais de cada um deles (a matéria fala em 33% de vítimas, mas não diz quantos destes 33% estão na categoria "violentadas", estupradas ou espancadas), se foram consideradas apenas violências originadas pelo marido ou também cometidas pela mãe, pai, filha, filho, desconhecido... Em uma matéria semelhante publicada em um portal destes recentemente estava alardeado na manchete "90 e tantos por cento das mulheres já sofreram violência doméstica". Até eu pensei: " :susto: What?! Fuck!! :o Mais de 90 por cento das mulheres apanham do marido??? :stunned:"  

Só ao me debruçar sobre o texto descobri que na verdade a manchete incluia violências cotidianas como chingar, dominar o controle remoto, acusar levianamente pela ocorrência de acidentes domésticos ou culpar o outro pela falta de dinheiro e que mesmo que sejam mesmo atos violentos estão presentes em qualquer relacionamento familiar e que não são de modo algum polarizados por gênero. A própria matéria explicava que estes tipos de violência eram os responsáveis pela maior parte das respostas positivas (à pergunta: você já sofreu algum tipo de violência doméstica?)...  :olheira: e não apresentava os dados masculinos para os mesmos tipo de "violência".

3- O que mais me faz falta nestas matérias ou estudos acadêmicos (ou matérias pautadas em estudos acadêmicos) sobre "violência contra a mulher" é a pergunta óbvia "e o homem?".

É sério, feministas, para que se aponte uma desigualdade entre gêneros é necessário que sejam apurados dados de uma mesma realidade em ambos os gêneros: isto é tão básico que chega a ser boçal ter que ficar explicando toda hora, mas é claro que os produtores e portadores do discurso feminista sabem que quando se faz um estudo para a avaliar qualquer aspecto da desigualdade entre os gêneros levando em consideração que existem DOIS gêneros em comparação há sempre a possibilidade de se chegar a dados assim: 10,7% das mulheres declaram já terem sido vítimas de violência por parte de seus parceiros e 14,6% dos homens declaram já terem sido vítimas de violência por parte de suas parceiras ou 1/3 dos homens americanos já foram "violentados".

Parece implicância, mas se eu não implicar eu sinto que eu vou estar concordando com a Lei Maria da Penha, que diz expressamente que violência contra mulheres é em qualquer caso mais violência que qualquer caso de violência contra homens, e que vou estar concordando com o raso imaginário popular que diz o mesmo... e com isso eu não concordo mesmo não. Pode também parecer idéia fixa: sim, eu padeço de algumas idéias fixas.
« Última modificação: 30 de Novembro de 2010, 20:10:53 por Donatello van Dijck »

Offline Barata Tenno

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #2 Online: 01 de Dezembro de 2010, 03:27:05 »
O que me incomoda é que quem cria e educa homens, são mulheres...... Elas não educam os filhos a não agredirem mulheres?
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Offline Mahul

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #3 Online: 02 de Dezembro de 2010, 14:02:52 »
Barata San, faz muito sentido a sua indagação. Mas parece que milênios de cultura machista ainda vão deixar "sequelas" por muito tempo.
Donatello, me desculpe, mas "só" aqui na minha cidade ao longo de uns trinta anos mais ou menos cerca de 7 ou 8 mulheres foram assassinadas por ex-maridos, ex-namorados etc. E os casos de homens violentos são incontáveis. E até onde eu sei nenhum homem foi assassinado por mulher, ex-mulher etc. Eu sei que tem mulheres por aí que são até capazes disso, mas a proporção é infinitamente menor.
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Offline Donatello

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #4 Online: 02 de Dezembro de 2010, 22:13:48 »
Donatello, me desculpe, mas "só" aqui na minha cidade ao longo de uns trinta anos mais ou menos cerca de 7 ou 8 mulheres foram assassinadas por ex-maridos, ex-namorados etc. E os casos de homens violentos são incontáveis. E até onde eu sei nenhum homem foi assassinado por mulher, ex-mulher etc. Eu sei que tem mulheres por aí que são até capazes disso, mas a proporção é infinitamente menor.
Mahul, como eu disse eu tenho uma certa fixação por estas queixas comuns de caráter feminista (violência doméstica, dupla jornada trabalho-casa, preconceito na política, preconceito no mercado de trabalho...) porque acho sobretudo que no Ocidente e na contemporaneidade elas se sustentam em muito espertamente elaboradas meias verdades, que se repetiram tantas vezes que viraram consenso.

Já debati sobre o assunto algumas vezes por aqui, um dos tópicos em que já se discutiu este tema no CC foi este e nele eu postei um artigo sobre homens vítimas de violência doméstica que ajudou a que o tópico tivesse um fim proveitoso: além do artigo ter exatamente o meu pensamento sobre a questão, pesa o fato de ter sido escrito por uma mulher, uma psicóloga portuguesa especializada em psicoterapia familiar (o que não é definitivo, até porque você é homem e acha que realmente as mulheres são mais vítimas ou vítimas mais relevantes deste tipo de violência, então o fato de que existam mulheres que pensem o contrário a princípio só empata o jogo) mas acho que este detalhe pode te ajudar a entender meu posicionamento.  


Citação de:  Blog A Psicóloga
HOMENS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Os números associados à violência doméstica não enganam: há milhares de mulheres vítimas deste tipo de crime e, para muitas, os abusos repetidos só terminam com a morte. Por mais escandaloso que seja, este é um problema real, vivido quase sempre em silêncio. O embaraço, a vergonha e o medo estão muitas vezes por trás destes números, já que só uma pequena parte destas mulheres é capaz de pedir ajuda. Felizmente, o tema é cada vez mais alvo da atenção dos meios de comunicação e as campanhas de sensibilização estão por toda a parte.
 
Mas este é um problema que também afecta muitos homens – em Portugal e no resto do mundo -, contudo, a abordagem, nestes casos, é claramente diferente. Resignámo-nos ao facto de o sexo masculino ser fisicamente mais forte e desvalorizámos durante muito tempo os homens vítimas de violência doméstica.
 
Os números associados a esta variante da violência doméstica são menos claros, já que a vergonha suplanta quase sempre a vontade de pedir ajuda e/ou de partilhar o problema com terceiros. Os diversos estudos sobre a matéria baseiam-se sobretudo em estimativas mas, ainda assim, sabe-se que, ao contrário do que se poderia pensar, não são poucos os homens que sofrem deste problema.
 
Importa frisar que a violência doméstica não inclui “apenas” a violência física, pelo que, não raras vezes, a forma de violência a que estas pessoas são sujeitas é, sobretudo, psicológica. Mas os estalos, murros e pontapés também podem fazer parte desta realidade.
 
Por que não se defendem, fazendo uso da sua dominância física? Em grande medida porque essa é uma das armas usadas por quem os agride: “Se me tocares, faço queixa de ti.”. O “jogo” psicológico inclui humilhações, ameaças e a “certeza” de que ninguém acreditará num homem que se diz agredido por uma mulher.
 
Por que não abandonam a relação / o casamento? Se é verdade que muitas mulheres vítimas de violência não são capazes de pôr termo à relação porque estão financeiramente dependentes dos maridos, também é verdade que muitos homens temem sofrer as consequências de uma possível ruptura. A perda da guarda dos filhos, associada a outras ameaças, está muitas vezes na origem do medo da separação.
 


Vivido no silêncio do lar, este é um problema cujas repercussões podem estender-se por muito tempo. O homem, neste caso, sente-se progressivamente desvalorizado, humilhado e vulnerável. A probabilidade de vir a sofrer de depressão é três vezes superior à média.
 
Este é um problema que está longe de afectar classes específicas da população. Pelo contrário, é transversal a todas as camadas sociais – tanto afecta homens pobres e pouco escolarizados, como atinge homens ricos e formados.

Quanto ao que você disse sobre a excepcionalidade de atos de violência letais cometidos por mulheres contra seus familiares homens, bom, eu compreendí que você estava falando de sua cidade, não a conheço, deve ser muitíssimo pequena pelos dados que você deu (apenas oito casos de homicídio entre conjuges ao longo de 30 anos) mas de qualquer forma coletei algumas notícias publicadas na internet nos útimos 12 meses:

No Rio de Janeiro, mulher mata marido e alega legítima defesa
Mulher mata marido com cinco tiros, e alega vingança pelo fato do marido ter batido no filho
Em Aracaju, mulher mata marido depois de os dois chegarem bêbados em casa e discutirem
Mulher mata marido e alega que ele queria fazer sexo, nas Alagoas
Mulher mata marido e alega vingança por constantes agressões, em São Luís
Mulher mata marido em frente à delegacia após um bate-boca, em Salvador
Mulher mata marido após bate-boca, em Sampa
Mulher mata marido e alega ciúme, em Campo Grande
Mulher mata marido durante ritual religioso
Mulher mata marido a tiros e alega ter sido agredida, em São Paulo

É claro que este apanhado não é estatísticamente importante, mas eu acho que é suficiente (ainda mais por ser uma pequena amostragem: a lista poderia ser muito maior se eu estivesse com tempo para ficar procurando e colando links a noite toda) para se enxergar que atos de violência letais contra cônjuges do sexo masculino não são tão incomuns. É verdade também que a maioria dos casos as mulheres alegaram à polícia e à imprensa legítima defesa ou vingança contra agressões anteriores. Acho que estamos condicionados a enxergar as coisas deste modo e o artigo acima fala bem sobre isso, mas isso é assunto a ser estendido, por enquanto vamos ficar com isso.

É verdade também que qualquer um poderia pegar uma cacetada de casos inversos: de homens matando mulheres e alegando os mais diversos "motivos" mas isso não é relevante: não interessa pra mim absolver os homens que agridem suas esposas, aliás, não me interessa absolver nenhum agressor. Me interessa apenas fazer entender que o ato de uma mulher que taca uma frigideira na cabeça do marido não é mais engraçado nem menos violento do que o de um marido que esbofeteia a mulher por qualquer motivo. E nem tampouco menos comum.

Muito pelo contrário: segundo uma das poucas pesquisas brasileiras (a única de que tenho notícia) que se lembrou de coletar também os índices de violência doméstica contra homens para que se pudesse comparar com os casos de mulheres agredidas pelos maridos se chegou a constatação de que os maridos apanham mais do que batem. Pode parecer engraçado, mas isto só mostra que estamos condicionados a enxergar cada lado com olhos diferentes. Pode parecer estranho, mas com certeza é mais fiável do que pesquisas que só apresentam um lado da estória (só os números das violências contra mulheres segundo dado critério sem apresentar os números de violência contra homens dado o mesmo critério) ou do que percepções individuais sobre o assunto (parece que no meu bairro tem mais mulheres aparecendo com olho roxo que maridos aparecendo com galo na cabeça depois de uma noite de barraco em família).

Me lembro de ter lido sobre pesquisas internacionais com resultados semelhantes (que demonstravam que rolos de macarrão nos cornos de maridos atrasados do trabalho eram mais comuns do que tapas na cara de mulheres vestidas sensualmente também em outros países) mas não tenho os links. Vou ver se acho e depois posto aqui.
« Última modificação: 02 de Dezembro de 2010, 22:16:38 por Donatello van Dijck »

Offline Diegojaf

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #5 Online: 03 de Dezembro de 2010, 17:08:43 »
Nunca atendi uma ocorrência onde um marido apanhou da esposa.

Já ouvi de uns 3 casos, mas só. Mas até aí, concordo com a hipótese de que o cara tem vergonha de admitir. Mas essa hipótese também demonstra que vivemos em uma sociedade machista (no sentido pejorativo).

Agora aqui em MG existe um batalhão contra violência doméstica e (para o desespero do Donatello) é comandada por uma mulher... :lol:
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Donatello

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #6 Online: 03 de Dezembro de 2010, 18:19:18 »
Nunca atendi uma ocorrência onde um marido apanhou da esposa.

Já ouvi de uns 3 casos, mas só. Mas até aí, concordo com a hipótese de que o cara tem vergonha de admitir. Mas essa hipótese também demonstra que vivemos em uma sociedade machista (no sentido pejorativo).

Agora aqui em MG existe um batalhão contra violência doméstica e (para o desespero do Donatello) é comandada por uma mulher... :lol:
Eu me lembro que quando as DP de mulheres foram criadas a justificativa era que as mulheres não tinham suas queixas atendidas nas "delegacias de homens" como se isso fosse uma prova de que as mulheres são discriminadas. Mas imagine que você é um cara barbudo que chega numa delegacia policial com uma mancha roxa na altura das costelas dizendo que sua mulher pegou o rolo de massa e te deu um porretada. A delegacia vai virar um circo, com você no papel de palhaço.

E eu também acredito, quanto aos indicadores muito mais baixos de violência doméstica contra os homens, que muitos dos casos são difíceis de ser captados mesmo em uma pesquisa acadêmica, tipo: aquela panela que voa despretensiosamente na cabeça de um pobre marido que chegou mais tarde do futebol dificilmente provocará um sim à pergunta "o senhor já foi vítima de violência doméstica?" a menos que tenha provocado uma lesão grave. Inversamente, nosso condicionamento intelectual de que "em mulher não se bate nem com..." nos fez acreditar que um tapa na cara de uma menina em uma discussão mais acalorada que vai terminar num motel já pode ser considerada violência de gênero. E eu disconfio que isso influencie decisivamente na idéia de que mulheres apanham do marido muito mais do que maridos apanham das mulheres. De qualquer modo...

Na época em que eu escrevi isto eu não tinha tido acesso ainda à pesquisa da Unifesp sobre o assunto, que meio que me desmentiu quanto ao segundo parágrafo.

Quanto à baixa ocorrência policial, Diego, será que não pode ser explicada por (além da vergonha) pela percepção de que não se foi agredido mesmo? Digo, é frequente e comum homens falando em tom de brincadeira "porra, tenho que chegar logo em casa senão minha mulher vai me receber com um rolo de macarrão na mão" (mesmo que de fato isto aconteça e ao que parece não seja tão raro quanto eu mesmo já cheguei a pensar). Acho que para grande parte das pessoas um aparelho de celular voando em direção à cabeça de um namorado soa mais como um evento engraçado a ser contado em uma roda de cerveja algum tempo depois do que como uma agração que de fato, tipo: "caralho velho, porra, não falei que a rádiopatroa ia ficar uma arara. Cheguei em casa e ela jogou um prato em mim. Sério mesmo: se não desvio eu me fodo... :lol:" enquanto outro evento meio que semelhante (um empurrão, por exemplo) vá possivelmente ser entendido como motivo para queixa policial em um ou outro caso.

Também, por outro lado, não duvido de que os casos de espancamento sejam mais comuns de homens contra mulheres: a própria pesquisa que eu citei indica isso. Os casos de agressão (inclusive físicas) de mulheres contra homens são mais constantes mas os casos de maior gravidade (clínica) são de homem contra mulheres e isto é facilmente explicado pela diferença física comum entre os dois gêneros: mas eu não vejo isto de modo algum para que se justifique diferenças de postura como por exemplo a Lei Maria da Penha.

Em primeiro porque homens serem mais fortes que mulheres não é uma regra absoluta: se algum dia eu beber o suficiente para arrumar briga com a Daniela Falavinho em um bar é bem provável que eu saia com uma cinco costelas fraturadas e com um afundamento no crânio, a covardia seria a mesma mas a posição da lei e da sociedade com certeza seria bem diferente; em segundo porque os fortes baterem nos fracos, isto sim, é uma regra absoluta então a idéia "homens que batem em mulheres são covardes e merecem uma punição maior porque são mais fortes" é nonsense porque em todo caso em que tenha ocorrido uma briga (homem X mulher; mulher x mulher; homem x homem) e que um tenha batido e outro apanhado é suposto que o que apanhou era mais fraco, senão teria batido.

E acho que todas as delegacias de mulher que já ouvi falar são chefiadas por mulheres  :D.
« Última modificação: 03 de Dezembro de 2010, 18:58:21 por Donatello van Dijck »

Offline Titoff

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #7 Online: 03 de Dezembro de 2010, 18:33:03 »
Quando vi o título fiquei desconfiado também, pois achei uma proporção absurda.

Depois, ao ver o que significa "violentada" para a pesquisa e quais os critérios, achei até que a proporção tá baixa.

2 em 3 mulhers nunca levaram nem um grito ou falar mais grosso? Acho que mentiram, hein... :hihi:

Offline Donatello

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #8 Online: 03 de Dezembro de 2010, 18:53:14 »
Mas essa hipótese também demonstra que vivemos em uma sociedade machista (no sentido pejorativo).

Machismo é o único sistema de opressão em que ambos os lados são oprimidos. Idéias como a de que homens sejam os últimos a serem resgatados ou que sejam os responsáveis naturais pelo sustento econômico da família ou que não possam apanhar de mulher são idéias estranhamente nomeadas como machistas. O problema do feminismo como autopropagado movimento igualitário reside exatamente em só ser radicalmente contra metade das idéias opressivas do machismo.

Quando vi o título fiquei desconfiado também, pois achei uma proporção absurda.

Depois, ao ver o que significa "violentada" para a pesquisa e quais os critérios, achei até que a proporção tá baixa.

2 em 3 mulhers nunca levaram nem um grito ou falar mais grosso? Acho que mentiram, hein... :hihi:
Opa, Titoff, os critérios que eu postei são de uma pesquisa publicada em outra matéria, acho que li no Portal UOL mas ainda não tive tempo de procurar. Nesta se dizia que mais de 90% das mulheres já tinha sofrido violência doméstica mas só depois se explicava que os critérios envolviam chingamentos e pequenos atos cotidianos que pudessem ser de qualquer modo entendidos como violência psicológica ou tals.

Os critérios para a pesquisa que deu origem a esta matéria postada pelo 4 Ton Mantis eu não sei qual foram. Claro está que "violentada" aí não tem o mesmo sentido que eu e você conhecemos, mas não sei se pequenos chingamentos já foram considerados ou qual foram os limites. De qualquer forma, pouco importa se os critérios só incluiam espancamentos com fratura e hemorragia interna ou se consideravam também pequenos chingamentos. E também pouco importa se são 1/3 ou 9/10.

A pesquisa e os seus números são totalmente inúteis enquanto não se apresentam números que tenham sido obtidos sob os mesmos critérios em relação aos homens, como muito corretamente tiveram o cuidado de fazer os pesquisadores da Unifesp.
« Última modificação: 03 de Dezembro de 2010, 19:04:07 por Donatello van Dijck »

Offline Diegojaf

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #9 Online: 03 de Dezembro de 2010, 19:03:36 »
E acho que todas as delegacias de mulher que já ouvi falar são chefiadas por mulheres  :D.

Nesse caso é um Batalhão de policiamento ostensivo que só atende ocorrências de violência doméstica.

Nós homens, como regra geral, somos mais fortes. Acho que mulheres mais fortes são a exceção do gênero, nem de perto a regra ou algo perto de 50%/50%. Não vejo mal em admitir isso. Óbvio que nem de longe é dizer que somos mais violentos só por conta disso.

Faz uns 5 anos, li numa Época/Veja/IstoÉ sobre violência entre namorados onde estavam aumentando os casos de casais que rolavam na porrada. Algo como "Amor violento". Acho interessante se você ler sobre.

Sei que nessa revista tinha uma pesquisa que apontava entre os jovens, algo como 50%/50% os casos de agressão, entendendo por agressão: unhadas, beliscões, tapas, xingamentos e afins, que não são exclusividade de homens.
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Offline Diegojaf

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #10 Online: 03 de Dezembro de 2010, 19:21:28 »
Mas essa hipótese também demonstra que vivemos em uma sociedade machista (no sentido pejorativo).

Machismo é o único sistema de opressão em que ambos os lados são oprimidos. Idéias como a de que homens sejam os últimos a serem resgatados ou que sejam os responsáveis naturais pelo sustento econômico da família ou que não possam apanhar de mulher são idéias estranhamente nomeadas como machistas. O problema do feminismo como autopropagado movimento igualitário reside exatamente em só ser radicalmente contra metade das idéias opressivas do machismo.
Tenho certeza que deva existir algum outro sistema terminado em ismo que oprima os dois lados, mas sem entrar no mérito disso.

Se não fosse o "machismo" (ainda como pejorativo), homens não teriam medo de denunciar agressões sofridas pela esposa/mãe/irmã/etc, não se sentiriam menos homens por ficar em casa cuidando dos filhos enquanto a esposa trabalha, não se sentiriam revoltados com a esposa saindo com roupas que ele "não aprova" (que isso, velho. Vai deixar sua mulher sair ASSIM???) e coisas semelhantes. Da mesma forma, no que eu vejo no dia a dia, quando o cara surra a mulher (seja habitualmente ou em um caso isolado), ele não raro está de cara cheia porque não sabia o que fazer quando se sentiu diminuído/humilhado/escarnecido quando ocorreu uma essas situações e foi encher a cara de cachaça. Cara desempregado, cara que não controla a esposa, cara que apanha da mulher. Todas situações que o sujeito tem na cabeça que a sociedade exige dele uma atitude diferente. Se é da cabeça dele ou se é real, eu não sei.

Nesse aspecto, o feminismo (achei que fosse aqui que estivessem usando os termos femismo e feminismo) tem seu aspecto positivo. Eu não vejo nada de errado em ocorrer uma geração de "Girl Power" para que elas invertam a situação e, estando como novo gênero forte, fique claro que essa de fragilidade é balela a cabeça da sociedade como um todo possa ver elas também como agressoras. É fato que elas foram oprimidas por um bocado de tempo, até mudar a cabeça do povo com essa mudança de situação leva tempo.

E em geral sou considerado grosso porque quando dizem que não sou cavalheiro (não pagando almoço ou deixando elas carregarem peso) solto logo um: "E queimaram sutiã pra que??" :lol:
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Offline Diegojaf

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #11 Online: 03 de Dezembro de 2010, 19:28:26 »
O que me incomoda é que quem cria e educa homens, são mulheres...... Elas não educam os filhos a não agredirem mulheres?
Realmente. Eu fui criado por mulheres (Mãe, avó, tias e primas) e nunca me passou pela cabeça dar um tapa (não solicitado) em uma mulher.

Quer dizer, se eu aguentei tudo isso minha vida inteira, a mulher tem que ser ninja pra me tirar do sério. :hihi:
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Offline Donatello

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #12 Online: 03 de Dezembro de 2010, 19:30:18 »
Rã, rã... eu não neguei que os homens em geral sejam mais fortes que as mulheres, claro que somos. O meu problema é quanto a esta diferença ser crucial para que se defina posturas cotidianas ou mais grave ainda, leis, que definam que a agressão de um homem contra uma mulher é mais grave do que qualquer outro tipo de agressão. O argumento de que mulheres são mais fracas e que bater em mais fracos é ato de covardia, o que justifica penas maiores para homens que agridam mulheres, é duplamente frágil: 1° porque não é regra absoluta que homens sejam mais fortes, 2° porque é regra absoluta que os mais fortes batam e os mais fracos apanhem.

Idéia comum é de que um homem que arrebenta com a cara de uma mulher é um criminoso mais grave do que o cara que arrebentou a cara de outro homem ou mais ainda do que a mulher que arrenbentou a cara de um sujeito porque no primeiro existe o diferencial agravante de o agressor ser mais forte. É exatamente esta a falha de raciocínio que a mim é óbvia: este não é um diferencial: todos os agresores em casos de espancamento eram obviamente mais fortes ou teriam eles e não a vítima saido arrebentados (ou pelo menos as potenciais vítimas teriam conseguido se desvencilhar).

Quanto à matéria que você recomendou, vou procurar, mas até pouco tempo eu usava uma frase do Warren Farrell (um notável feminista do passado que virou um notável antifeminista do presente) que era mais ou menos assim "A força dos homens é sua fraqueza e a fraqueza das mulheres é sua força" e que também se aplica aquí. Acho que todo mundo já presenciou cenas em que uma mulher parte violentamente contra um homem em uma discussão familiar ou do trabalho confiando exatamente no fato de que ele provavelmente não vai reagir...

Acho OK tudo que você disse no post quotado. Ah... sobre femismo X feminismo:
A questão é que na prática o discurso feminista hoje e no Ocidente está muito menos para igualdade do que para inversão de privilégios. Eu já conhecia a distinção semântica entre feminismo e femismo, mas hoje, no Ocidente, a maioria dos grupos que se apresentam como feministas são absurdamente femistas.
Aliás, é esta percepção que tem feito feministas antigos como Farrel e Doris Lessing virarem casaca: então pra mim tanto faz :)
« Última modificação: 03 de Dezembro de 2010, 19:46:21 por Donatello van Dijck »

Offline uiliníli

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #13 Online: 03 de Dezembro de 2010, 19:43:17 »
Eu concordo integralmente com o Donatello. Claro que a desproporção entre a força do agressor e a da vítima é um agravante, mas é mais justo analisar se existe esse agravante caso a caso do que simplesmente assumir que toda vez que houver agressão do homem contra a mulher isso se aplica e toda vez que a agressão for no sentido oposto não. Dessa maneira a mesma lei protegeria igualmente mulheres, homens, crianças, idosos, deficientes...

Só como exemplo, eu tenho duas amigas que treinam Muay Thai, uma que treina Kung Fu e outra que treina Karatê. A Lei Maria da Penha se aplica a elas também?

Parece que a lei considera todos iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros.

Offline Donatello

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Re: Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #14 Online: 04 de Dezembro de 2010, 14:09:34 »
Talvez seja esta a matéria de que o Jaf falou, não?

Citar
Na verdade, em alguns casos elas aparecem como as maiores agressoras. Quando os pesquisadores perguntam sobre violência física, 24,9% dos meninos disseram já terem levado tapas, puxões de cabelo, chutes ou socos, contra 16,5% das meninas. A parcela feminina que admitiu já ter agredido seus parceiros também é maior que a deles: 28,5% das meninas contra 16,8% dos meninos. A explicação, de acordo com os autores do estudo, passa pela reprodução por parte das meninas do modelo de dominação masculina.

http://delas.ig.com.br/comportamento/homens+tambem+sao+vitimas+de+violencia+domestica/n1237758497897.html
:histeria:

Quer dizer... não, não é nem um pouco engraçado  :parede:

Offline Donatello

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #15 Online: 22 de Outubro de 2013, 12:05:30 »

Descobri meio forçado um blog feminista ancorado no site da Carta Capital, o blog é o típico merdelê feminista de sempre e não vou postar o link mas quem tiver interessado que googleie e vá lá.

O fato é que um colega me passou o link, fui lá e perdi algum tempo comentando ou tentando comentar (as postagens que continham referências para dados estatísticos ou estudos que desmontassem as alegações da blogueira foram sistematicamente bloqueadas, a autora só deixava passar as postagens meramente opinativas mas que não fizessem menção a fontes acadẽmicas, vai ver que ela considera estudos acadêmicos e apanhados estatísticos oficiais ofensivos... e tem mesmo toda a razão para isso).

O fato é que googleando para fundamentar minhas respostas lá acabei por conhecer uma nova musa desta minha pobre e miserável existência antifeminista.

Doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madrid (sua tese versou sobre como atos de violência intergêneros são valorados de modo diferente em função do gênero da vítima, do agressor e do observador e sobre como tais aspectos per si influenciam na modelagem de personalidades violentas) ela dedica parcela significativa de sua carreira acadêmica a investigar a questão da violência doméstica/afetiva.

Escreveu um livro que pretendo comprar (só em espanhol, pelo que pesquisei) cuja capa está lá em cima. Reproduzo aqui uma entrevista dela:

Citar
"Las mujeres pueden ser aún más violentas que los varones"
Entrevista a la Psicóloga María de la Paz Toldos Romero

Por Nerea Esteche y Melina Fungueiriño

En su último libro todavía inédito "Violencia íntima: la cara oculta",  habla del maltrato hacia los hombres.


Según la Oficina de Violencia Doméstica de la Ciudad de Buenos Aires, el  99 por ciento de las denuncias constatadas son de mujeres, mientras que la cifra restante es de hombres que, generalmente, suelen tergiversar los hechos con la intención de obtener beneficios tales como la tenencia de sus hijos. A su vez, la Asociación Argentina de Prevención de la Violencia Familiar presenta, en su página web, una opción de ayuda al sexo femenino, y una para hombres que deseen cambiar las actitudes violentas en sus modos de relacionarse y comunicarse. A partir de estos informes, la sensación de que no existen mujeres que agreden a sus maridos se hace cada vez más fuerte. Sin embargo, para la doctora y licenciada en Psicología de la Universidad Complutense de Madrid, María de la Paz Toldos Romero, ésta situación es totalmente diferente en España, su país natal.


María de la Paz Toldos Romero, especialista en el tema

- ¿Por qué se interesó tanto en la violencia ejercida sobre los hombres?

- Mi interés en el tema viene desde que comencé a dedicarme a la investigación. Cuando finalicé mi tesis doctoral tuve una propuesta de una editorial en España para publicar un libro sobre el tema pero, cuando empecé a leer más, me di cuenta de que no servía de mucho ya que era un tema muy hablado. Así que comencé a indagar más sobre la agresión que sufren los hombres ya que casi no se ha estudiado pero existe. De esta manera, contacté con algunas asociaciones y comencé a buscar estadísticas y datos de hombres que son maltratados por sus parejas o ex parejas del mismo o de diferente sexo.

- ¿De qué manera tratan en España el tema de la agresión doméstica hacía el sexo masculino?
- Desde todas las áreas científicas existe una información pobre y poco clara sobre los hombres maltratados, prácticamente no existe un estudio sistemático de las mujeres y el rol que juega la violencia en sus vidas, y mucho menos en el caso de países como España. Una de las razones por las que no se ha estudiado se debe a que la agresión doméstica se entiende, únicamente, como física puesto que este tipo de violencia es más fácil de observar y evaluar, mientras que la psicológica o indirecta no puede ser observada en los estudios de laboratorio.

- Las estadísticas españolas informan que, durante este año, más de diez mil mujeres fueron condenadas.
- Normalmente, los datos que arrojan algunas instituciones públicas o centros de investigación no especifican el sexo del agresor ni de la víctima, ni se recogen otros tipos de violencia más que la física o sexual, sin embargo, el problema es tan preocupante para hombres como para mujeres. El Consejo General del Poder Judicial (Servicio de Inspección) informa que el porcentaje de varones muertos violentamente en manos de sus mujeres aumentó un 30 por ciento.

- ¿Qué lleva a una mujer a maltratar a su marido?

- Las investigaciones sobre la violencia en la pareja reflejan que la violencia está relacionada con una gran variedad de factores biológicos, sociales, económicos, culturales, familiares, educativos y psicológicos. Y cada uno de éstos son los mismos tanto para hombres como para mujeres: usar la violencia como un medio de coerción, para obtener más poder y dominio, por control, sexismo, etcétera.

- ¿Por qué cree que siempre se habla de la violencia de género hacia la mujer, o del femicidio y no de ésta situación que es al revés?
- Es un mito que se asienta en la mayor cantidad de denuncias presentadas por mujeres (ellos no suelen denunciar) en los centros de mujeres, de acogida o servicios sociales, y en los estudios y estadísticas que se realizan con el enfoque de género donde sólo se encuesta a mujeres y se pregunta sobre la violencia contra ésta. Muchos estudios de muestran que las mujeres pueden ser tanto o más violentas que los varones dependiendo de las circunstancias y el tipo de agresión.



« Última modificação: 22 de Outubro de 2013, 12:20:02 por Donatello van Dijck »

Offline _Juca_

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #16 Online: 22 de Outubro de 2013, 12:24:05 »
N
Eu concordo integralmente com o Donatello. Claro que a desproporção entre a força do agressor e a da vítima é um agravante, mas é mais justo analisar se existe esse agravante caso a caso do que simplesmente assumir que toda vez que houver agressão do homem contra a mulher isso se aplica e toda vez que a agressão for no sentido oposto não. Dessa maneira a mesma lei protegeria igualmente mulheres, homens, crianças, idosos, deficientes...

Só como exemplo, eu tenho duas amigas que treinam Muay Thai, uma que treina Kung Fu e outra que treina Karatê. A Lei Maria da Penha se aplica a elas também?

Parece que a lei considera todos iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros.

Acho que a Lei MP não se aplica a elas, se aplica a lei contra agressões mesmo, como um homem contra homem.

Seguinte, por mais violenta que a mulher seja, e em 99% não é, não existe de modo geral e quase unanime, homens espancados até a morte por mulheres, homens violentados por mulheres, humilhação por anos e décadas a fio, homens ganhando menos que mulheres nas mesmas funções, homens abandonados com filhos recém nascidos, etc e tal. Então faz tanto sentido uma lei especial para defender um gênero que não é oprimido de maneira sistemática. É tão sem sentido quanto aplicar essa lei para a violência de homem contra homem.

Pode haver violência de mulher contra o homem, mas além de ser muito menos perigoso para o homem do que o inverso, a violência é num grau bem menor.
« Última modificação: 22 de Outubro de 2013, 12:29:23 por _Juca_ »

Offline Donatello

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #17 Online: 22 de Outubro de 2013, 13:00:17 »
Seguinte, por mais violenta que a mulher seja, e em 99% não é, não existe de modo geral e quase unanime, homens espancados até a morte por mulheres, homens violentados por mulheres, humilhação por anos e décadas a fio, homens ganhando menos que mulheres nas mesmas funções, homens abandonados com filhos recém nascidos, etc e tal. Então faz tanto sentido uma lei especial para defender um gênero que não é oprimido de maneira sistemática. É tão sem sentido quanto aplicar essa lei para a violência de homem contra homem.

Pode haver violência de mulher contra o homem, mas além de ser muito menos perigoso para o homem do que o inverso, a violência é num grau bem menor.

Os trechos negritados só vão continuar sendo repetidos em todos os seus posts sobre o tema porque você não leu nem vai ler os artigos que eu postei aqui mesmo neste tópico nem leu nem vai ler a síntese dos indicadores da PNAD que eu já postei em outros tópicos com você mesmo e que pode ser acessada no site do IBGE nem leu nem vai ler a entrevista da psicóloga com que reabri o tópico (ou se leu ou vai ler vai ser numa postura tipo fechando os olhos com as mãos e gritando "lálálálálálá não estou lendo nada lálálálálá estes resultados são bobos e feios e desmontam minha doutrinação ideológica lálálálálá").

Se você algum dia decidir realmente ler com atenção os artigos e apanhados estatísticos deixando a doutrinação ideológica guardada na gaveta um pouquinho vai ver que:

1- Como a psicóloga referenciada falou e eu destaquei em vermelho, pra ficar mais fácil de enxergar, artigos acadêmicos em que o rigor científico seja aplicado (controle de variáveis, testagem das hipóteses) invariavelmente apontam para resultados muito semelhantes de prevalência de violência afetiva/doméstica. Este da UNIFESP investiga 9 tipos de violência (separados por nível de gravidade, desde tapa até agressão efetiva com arma de fogo passando por sexo forçado, morder, empurrar, tacar objetos, ameaçar com arma...) e as mulheres aparecem como maiores agressoras em 6 (tanto autodeclaração de perpetração quanto de vitimização) e maiores vítimas em apenas 1 (perpetração) ou 2 (vitimização)... depois eu posto o paper para você não ler este também.

Os apanhados/artigos que apontam mulheres como principais vítimas invariavelmente incorrem em um ou dois dos seguintes erros epistemológicos: 1- já partem da premissa que só mulheres podem ser vítimas ou que estas são as grandes vítimas e não testam a hipótese, não averiguam como se compartariam os resultados se a mesma metodologia fosse aplicada com os gêneros invertidos (erro do qual falo no primeiro post); 2- usam apanhados de denúncias em delegacia/condenações/atendimentos em setores públicos especializados que não consideram a variável "nem fodendo que um cara vai aparecer na delegacia dizendo que levou um tapa da mulher e quer abrir BO, talvez, muito talvez, se tiver levado uma facada".

Estudos feitos com controle destes dois aspectos SEMPRE apresentam resultados semelhantes para homens e mulheres.

2- Mulheres não ganham menos que homens PARA FAZER A MESMA COISA, ganham menos que homem para trabalhar menos horas (carga horária cerca de 8 horas a menos segundo a PNAD) por semana em atividades menos laboriosas (75% das mulheres empregadas em serviços/comércio segundo PNAD contra 48% dos homens empregados em indústria/extração/construção civil segundo PNAD) entre outros fatores menores como prevalência do trabalho noturno.

As variáveis que explicam o fato de homens ganharem mais são (além da óbvia diferença de carga horária) fatores como maior percepção de adicionais de insalubridade/periculosidade (tipicamente relacionados aos trabalhos tipicamente masculinos), maior percepção de adicional noturno e poder de pressão sobre o empresariado (as balconistas do Mc Donalds têm menor poder de pressão do que os metalúrgicos do ABC não porque exista um preconceito do mercado contra as mulheres mas porque é mais difícil encontrar um substituto apto/interessado em exercer a atividade de Soldador de Solda Elétrica e Oxiacetileno do que de Preenchedor de Copinho de Sorvete de Morango com Calda de Chocolate).

Citar
Acho que a Lei MP não se aplica a elas, se aplica a lei contra agressões mesmo, como um homem contra homem.
Verdade, não se aplica; pela legislação atual uma mulher que dê uma facada no seu marido enquanto ele estiver dormindo sem entretanto matá-lo pega uma pena mais branda (além do processo pré-julgamnto também se mais molezinha) do que um homem que pegue uma faca e enfie no peito da mulher do exatoi mesmo modo e com as mesmas consequências.

A jurisprudẽncia já aceita aplicar LMP para casos em que tanto o agressor quanto a vítima sejam do mesmo gênero mas não quando a vítima for homem e o agressor for mulher.

Se houver morte a legislação ainda é igualitária mas parece que vai durar pouco, parece que vem aí a lei do Feminicídio.
« Última modificação: 22 de Outubro de 2013, 13:44:08 por Donatello van Dijck »

Offline Diegojaf

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #18 Online: 22 de Outubro de 2013, 13:07:30 »
Nunca atendi uma ocorrência onde um marido apanhou da esposa.

Já ouvi de uns 3 casos, mas só. Mas até aí, concordo com a hipótese de que o cara tem vergonha de admitir. Mas essa hipótese também demonstra que vivemos em uma sociedade machista (no sentido pejorativo).

Agora aqui em MG existe um batalhão contra violência doméstica e (para o desespero do Donatello) é comandada por uma mulher... :lol:

Dwahahaha... Como as coisas mudam... :lol:

Atendi uns casos nesse período que os caras pareciam ter apanhado de um gato de tão arranhados.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Donatello

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #19 Online: 22 de Outubro de 2013, 14:24:25 »
Tá aqui o PDF do estudo para o qual eu só havia citado uma notícia na imprensa feito pela UNIFESP:
http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/pdf/Intimate_partner_violence_and_alcohol_consumption.pdf

Para não ter desculpa de que deu preguiça ou de que o paper está em Inglês eu vou postar também um resuminho.

Estudo feito com 1445 homens e mulheres que viviam maritalmente (não um com os outro, mas todos eram casados ou moravam juntos com alguém) com vistas a investigar a possível relação entre o consumo de álcool e violência íntima. A metodologia consistiu de entrevistas com profissionais e a resposta a um questionário padronizado, foi realizada pela UNIAD - Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Federal de São Paulo e foi comandada por uma equipe de cinco psiquiatras das Federais de São Paulo, de Santa Catarina e pela Universidade do Texas.

Resultados: homens e mulheres foram questionados sobre se haviam cometido as seguintes agressões contra seus parceiros íntimos no decorrer de 1 ano antes da pesquisa e também se foram vítimas da mesma agressão (os valores são percentuais e antes da barra é a resposta de perpetração e depois a de vitimização):

AGRESSÕES LEVES                                             Homens                               Mulheres
Atirar objetos                                                               2,2/3,4                                      6,0/2,7
Empurrar, chacoalhar ou segurar                           7,4/4,1                                      9,3/6,3
Estapear                                                                       3,2/4,2                                      6,0/3,9

AGRESSÕES PESADAS
Chutar                                                                             0,9/1,4                                     2,2/1,2
Agredir com um objeto                                                1,6/2,9                                     5,5/2,2
Queimar                                                                            0/0,1                                         0/0,1
Forçar relações sexuais                                             0,8/0,3                                      0,6/1,2
Ameaçar com arma branca                                        0,4/1,5                                      1,2/0,9
Agredir com arma branca ou de fogo                       0,2/0,9                                      0,2/0,3

Foi também investigado quantos dos entrevistados declararam ter sido ao mesmo tempo vítimas e agentes de qualquer dos tipos de violência supramencionados contra os seus parceiros, apenas vítimas ou apenas agentes. As respostas dos homens a estes questionamentos foram respectivamente 5,3/3,9/1,5 e das mulheres 6,3/5,7/2,3.

Ouuuuuuu seeeeeja: com uma metodologia cientificamente ortodoxa (número amostral significativo, entrevistas individuais e com questionário padronizado efetuadas por profissionais especializados em questões da mente evitando assim influência de variáveis como vergonha, medo, valores culturais distintos sobre o mesmo tipo de violência em função do gênero autor/vítima... sobreposição dos controles, isto é: ao mesmo tempo em que se questiona homens e mulheres sobre se já foram vítimas se questiona se já foram agressores evitando que a variável "dar menos valor à agressão que cometeu que a agressão de que foi vítima" interfira no resultado) os dados são bem diferentes do seu senso-comum arraigado de todo dia, né Juca?



Para se o Juca ou mais alguém ainda estiver com preguiça de ler também a tabela, os homens apareceram como maiores agressores no quesito forçar relações sexuais e menores agressores nos quesitos tapa, empurrão, chacoalhada, agarrada, segurada, chute, agressão com objeto e ameaça com arma branca dando empate nos demais. Quando a pergunta se inverteu homens continuaram sendo maiores agressores no quesito sexo forçado e no quesito empurrar, chacoalhar ou segurar empatando no quesito queimar e aparecendo como menores agressores em todos os demais.


« Última modificação: 22 de Outubro de 2013, 14:38:32 por Donatello van Dijck »

Offline Donatello

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #20 Online: 22 de Outubro de 2013, 15:30:47 »
Um detalhe interessante ainda sobre estes dados da UNIFESP, a matéria que fala sobre a pesquisa e que eu linkei lá em cima o jornalista afirma que a pesquisa indica que há um padrão de que as mulheres cometam mais as violências no geral mas que estas sejam mais leves e os homens as pratiquem as mais pesadas e eu mesmo embarquei nesta leitura (até porque ainda não tinha achado o PDF na época) mas essa foi mais uma eufemização dos resultados.

Os resultados na verdade apresentaram as mulheres como maiores agressores em praticamente todos os tipos de agressão, inclusive as mais pesadas, apenas ocorre uma leve tendência de redução da diferenças percentuais.

Offline _Juca_

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #21 Online: 22 de Outubro de 2013, 16:21:44 »

Os trechos negritados só vão continuar sendo repetidos em todos os seus posts sobre o tema porque você não leu nem vai ler os artigos que eu postei aqui mesmo neste tópico nem leu nem vai ler a síntese dos indicadores da PNAD que eu já postei em outros tópicos com você mesmo e que pode ser acessada no site do IBGE nem leu nem vai ler a entrevista da psicóloga com que reabri o tópico (ou se leu ou vai ler vai ser numa postura tipo fechando os olhos com as mãos e gritando "lálálálálálá não estou lendo nada lálálálálá estes resultados são bobos e feios e desmontam minha doutrinação ideológica lálálálálá").

Primeira coisa estou de denunciando comportamento ofensivo e não condizente ao fórum. Não precisa disso não.

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Se você algum dia decidir realmente ler com atenção os artigos e apanhados estatísticos deixando a doutrinação ideológica guardada na gaveta um pouquinho vai ver que:

1- Como a psicóloga referenciada falou e eu destaquei em vermelho, pra ficar mais fácil de enxergar, artigos acadêmicos em que o rigor científico seja aplicado (controle de variáveis, testagem das hipóteses) invariavelmente apontam para resultados muito semelhantes de prevalência de violência afetiva/doméstica. Este da UNIFESP investiga 9 tipos de violência (separados por nível de gravidade, desde tapa até agressão efetiva com arma de fogo passando por sexo forçado, morder, empurrar, tacar objetos, ameaçar com arma...) e as mulheres aparecem como maiores agressoras em 6 (tanto autodeclaração de perpetração quanto de vitimização) e maiores vítimas em apenas 1 (perpetração) ou 2 (vitimização)... depois eu posto o paper para você não ler este também.

Os apanhados/artigos que apontam mulheres como principais vítimas invariavelmente incorrem em um ou dois dos seguintes erros epistemológicos: 1- já partem da premissa que só mulheres podem ser vítimas ou que estas são as grandes vítimas e não testam a hipótese, não averiguam como se compartariam os resultados se a mesma metodologia fosse aplicada com os gêneros invertidos (erro do qual falo no primeiro post); 2- usam apanhados de denúncias em delegacia/condenações/atendimentos em setores públicos especializados que não consideram a variável "nem fodendo que um cara vai aparecer na delegacia dizendo que levou um tapa da mulher e quer abrir BO, talvez, muito talvez, se tiver levado uma facada".

Estudos feitos com controle destes dois aspectos SEMPRE apresentam resultados semelhantes para homens e mulheres.

2- Mulheres não ganham menos que homens PARA FAZER A MESMA COISA, ganham menos que homem para trabalhar menos horas (carga horária cerca de 8 horas a menos segundo a PNAD) por semana em atividades menos laboriosas (75% das mulheres empregadas em serviços/comércio segundo PNAD contra 48% dos homens empregados em indústria/extração/construção civil segundo PNAD) entre outros fatores menores como prevalência do trabalho noturno.

As variáveis que explicam o fato de homens ganharem mais são (além da óbvia diferença de carga horária) fatores como maior percepção de adicionais de insalubridade/periculosidade (tipicamente relacionados aos trabalhos tipicamente masculinos), maior percepção de adicional noturno e poder de pressão sobre o empresariado (as balconistas do Mc Donalds têm menor poder de pressão do que os metalúrgicos do ABC não porque exista um preconceito do mercado contra as mulheres mas porque é mais difícil encontrar um substituto apto/interessado em exercer a atividade de Soldador de Solda Elétrica e Oxiacetileno do que de Preenchedor de Copinho de Sorvete de Morango com Calda de Chocolate).

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Acho que a Lei MP não se aplica a elas, se aplica a lei contra agressões mesmo, como um homem contra homem.
Verdade, não se aplica; pela legislação atual uma mulher que dê uma facada no seu marido enquanto ele estiver dormindo sem entretanto matá-lo pega uma pena mais branda (além do processo pré-julgamnto também se mais molezinha) do que um homem que pegue uma faca e enfie no peito da mulher do exatoi mesmo modo e com as mesmas consequências.

A jurisprudẽncia já aceita aplicar LMP para casos em que tanto o agressor quanto a vítima sejam do mesmo gênero mas não quando a vítima for homem e o agressor for mulher.

Se houver morte a legislação ainda é igualitária mas parece que vai durar pouco, parece que vem aí a lei do Feminicídio.

Segundo, sabendo que você gosta bastante de estudos, vai alguns aqui que desmontam sua argumentação, por exemplo, de como as mulheres morrem muito mais nas mãos dos homens do que o inverso e de como elas ganham menos exercendo a mesma função. É tão fácil demonstrar isso que fica até ridículo.


http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/130925_sum_estudo_feminicidio_leilagarcia.pdf
Citar
Os parceiros íntimos são os principais assassinos de mulheres. Aproximadamente 40% de
todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em contraste,
essa proporção é próxima a 6% entre os homens assassinados. Ou seja, a proporção de mulheres
assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a proporção de homens assassinados por
parceira.3

Mulheres estão em desvantagem Donatello, mesmo que delas partam algum tipo de violência, são elas quem se dão mal na esmagadora maioria das vezes, por um motivo tão simples que também é o cúmulo do ridículo, elas são bem mais fracas fisicamente. Um homem vai sair com no máximo um hematoma, e somente se a mulher tiver alguma arma vai sair mais ferido, sendo que um homem pode deixar facilmente uma mulher numa cadeira de rodas para toda a vida ( se não matá-la) apenas com a força do punho. Você não enxerga a desvantagem? Acha que a violência doméstica está em igualdade para homens e mulheres? Acha que as mulheres são mais violentas? O que você faz numa situação de conflito onde a pessoa que te tortura, coage, humilha e ameaça constantemente é 2 vezes mais forte que você, da qual você depende financeiramente e ainda tem relação familiar com filhos que precisa criar? Fica quieto apanhando até morrer, aguenta a humilhação por toda a vida? Que saída você deslumbra, voltar pra casa dos país idosos e se separar e seus filhos passarem fome, necessidade materiais, traumas, por que ela tem pouca ou nenhuma experiência profissional (uma das explicações para ganharem menos) ? Nenhuma opção é muito viável para um mulher nessa situação de vulnerabilidade.

 Um homem tem muito mais chances de se defender de uma agressão feminina, porque ele precisa da mesma proteção que a mulher tem contra ele?


-----------------------------


Quanto aos salários, está aí, as mulheres ganham menos exercendo os mesmo cargos.

http://blog.estadaodados.com/brasil-nao-diminui-desigualdade-salarial-entre-os-sexos/

O que explica em parte e não conclusivamente? Segundo o estudo do PNAD que você postou, e esse LINK elas preferem empregos conde estejam mais confortáveis porque entre outras coisas elas tem que cuidar dos filhos e da casa, coisa que apenas uma pequena parte dos homens o fazem. Não omite o fato que mulheres ganham menos e por isso estão mais vulneráveis também economicamente. Além do que o gráfico aí em cima mostra que mesmo entre altos cargos ondem estão mais preparadas e teoricamente o lar e maternidade não são tão impeditivos, ganham menos que os homens no mesmo patamar.

Offline _Juca_

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #22 Online: 22 de Outubro de 2013, 16:31:34 »
Uma das coisas que eu tenho em mente é de um familiar que chegava sempre cachaçado em casa, ameaçando a mulher e os filhos, e essa mulher defendia os filhos e ela mesma dando cintadas no lombo do "cavalheiro", na maioria das vezes resolvia, em algumas não e eles apanhavam feio. Não sei, é tão difícil assim conhecer esse universo tão comum, para quem acha que os homens tem que ser defendidos justamente pela lei que protege as mulheres dos crimes de gêneros?

Offline Fabrício

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #23 Online: 22 de Outubro de 2013, 16:45:35 »
Citação de: Juca
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/130925_sum_estudo_feminicidio_leilagarcia.pdf

E o Espírito Santo é o primeirão na ranking da violência contra as mulheres. Ô orgulho do meu Estado  :(...
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma em cada três mulheres é violentada no mundo
« Resposta #24 Online: 22 de Outubro de 2013, 17:24:53 »
Relacionado:

<a href="http://www.youtube.com/v/Hog9Nlf-dRs" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/Hog9Nlf-dRs</a>


Esse número, "1 em 4 mulheres é estuprada", foi bastante questionado por "defensores dos direitos dos homens", que acusavam os feministas de estarem exagerando. O autor dos vídeos analisa os estudos e diz que não é tão exagerado, apesar de ser a estimativa mais abrangente/"extrema", isso é considerando coisas que não seriam sempre consideradas estupro, como apenas tentativas e talvez outras agressões (não lembro bem). Mas se adotando a estimativa mais estrita (algo como estupro sendo apenas inserção do pênis contra a vontade da mulher), as coisas não são muito melhores, mas algo como 1 em 9 ou 1 em 11 (não me recordo, vi o vídeo há alguns dias). Ao mesmo tempo, não é como se as outras coisas englobadas no "1 em 4", fossem desprezíveis.



O que eu mais acho estranho nesses questionamentos dos "defensores dos direitos dos homens", é que algumas vezes aparecem questionando o colocado com coisas que não exatamente alteram ou têm relevância para o que estão "contestando". Parece que o ponto deles é mais, "quem é pior, homem ou mulher," ou "quem sofre mais, homem ou mulher," como se esse "rankeamento" fosse ser lá muito significativo, se em termos de políticas, fossem sempre ser necessárias medidas mutuamente excludentes. Mas a impressão que passa é mesmo que nem passa nada na cabeça sobre "políticas", que é meramente uma questão de "quem é pior".

 

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