Tá aqui o PDF do estudo para o qual eu só havia citado uma notícia na imprensa feito pela UNIFESP:
http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/pdf/Intimate_partner_violence_and_alcohol_consumption.pdfPara não ter desculpa de que deu preguiça ou de que o
paper está em Inglês eu vou postar também um resuminho.
Estudo feito com 1445 homens e mulheres que viviam maritalmente (não um com os outro, mas todos eram casados ou moravam juntos com alguém) com vistas a investigar a possível relação entre o consumo de álcool e violência íntima. A metodologia consistiu de entrevistas com profissionais e a resposta a um questionário padronizado, foi realizada pela UNIAD - Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Federal de São Paulo e foi comandada por uma equipe de cinco psiquiatras das Federais de São Paulo, de Santa Catarina e pela Universidade do Texas.
Resultados: homens e mulheres foram questionados sobre se haviam cometido as seguintes agressões contra seus parceiros íntimos no decorrer de 1 ano antes da pesquisa e também se foram vítimas da mesma agressão (os valores são percentuais e antes da barra é a resposta de perpetração e depois a de vitimização):
AGRESSÕES LEVES Homens Mulheres
Atirar objetos 2,2/3,4 6,0/2,7
Empurrar, chacoalhar ou segurar 7,4/4,1 9,3/6,3
Estapear 3,2/4,2 6,0/3,9
AGRESSÕES PESADAS
Chutar 0,9/1,4 2,2/1,2
Agredir com um objeto 1,6/2,9 5,5/2,2
Queimar 0/0,1 0/0,1
Forçar relações sexuais 0,8/0,3 0,6/1,2
Ameaçar com arma branca 0,4/1,5 1,2/0,9
Agredir com arma branca ou de fogo 0,2/0,9 0,2/0,3
Foi também investigado quantos dos entrevistados declararam ter sido ao mesmo tempo vítimas e agentes de qualquer dos tipos de violência supramencionados contra os seus parceiros, apenas vítimas ou apenas agentes. As respostas dos homens a estes questionamentos foram respectivamente 5,3/3,9/1,5 e das mulheres 6,3/5,7/2,3.
Ouuuuuuu seeeeeja: com uma metodologia cientificamente ortodoxa (número amostral significativo, entrevistas individuais e com questionário padronizado efetuadas por profissionais especializados em questões da mente evitando assim influência de variáveis como vergonha, medo, valores culturais distintos sobre o mesmo tipo de violência em função do gênero autor/vítima... sobreposição dos controles, isto é: ao mesmo tempo em que se questiona homens e mulheres sobre se já foram vítimas se questiona se já foram agressores evitando que a variável "dar menos valor à agressão que cometeu que a agressão de que foi vítima" interfira no resultado) os dados são bem diferentes do seu senso-comum arraigado de todo dia, né Juca?
Para se o Juca ou mais alguém ainda estiver com preguiça de ler também a tabela, os homens apareceram como maiores agressores no quesito forçar relações sexuais e menores agressores nos quesitos tapa, empurrão, chacoalhada, agarrada, segurada, chute, agressão com objeto e ameaça com arma branca dando empate nos demais. Quando a pergunta se inverteu homens continuaram sendo maiores agressores no quesito sexo forçado e no quesito empurrar, chacoalhar ou segurar empatando no quesito queimar e aparecendo como menores agressores em todos os demais.