Olha, por muitas vezes procuro discernir os legítimos interesses de religiosos que clamam por respeito, de atitudes obscurantistas que não merecem respeito algum. É assim que não posso deixar de comentar brevemente a propaganda "anti-neo-ateísmo":
"Contribuições que religiosos deram para a ciência"? Isso é uma grande besteira que assola mentes conciliadoras, para não falar das subjugadas. Querer inputar à religião (como não se afirma na propaganda, mas se deseja explicitamente) uma láurea de contribuição à ciência é ridículo. Copérnico e Galileu eram religosos... e foram duramente recriminados pela religião. O que isso mostra? A ciência se desenvolveu não por causa da religião, mas APESAR dela. Newton falava em deus... mas sua agenda era executada com ciência e matemática: não foi sua religião que lhe deu a taxa de variação temporal do momentum... não foi sua religião que lhe deu a força proporcional às massas e inversamente ao quadrado da distância entre elas... não foi sua religião que lhe deu o "método das fluxões" - FOI SUA CIÊNCIA, FOI SUA PERSCRUTAÇÃO! O que mostra que, É CLARO, o religioso pode fazer ciência, e pode, É CLARO, contribuir com a ciência. TODOS que a estudam podem fazer isso, não importa suas crenças. Mas suas contribuições serão em função do conhecimento obtido em sua formação, em sua posição de perscrutador. Suas crenças religiosas não irão determinar a idealização de uma única função matemática, uma única teoria de alta correlação empírica e grande força heurística: SEUS CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DE CIÊNCIA E MATEMÁTICA O FARÃO!
O caro Francis Collins não deu sua contribuição por ser religioso, e sim por ser um profissional desta área. Não existe uma única frase da bíblia, uma única palavra de seus ensinamentos que auxiliem a determinação da estrutura em dupa hélice do ácido desoxirribonucleico e suas relações com o fenótipo. Isto é fruto direto da perscrutação científica, seja ela vinda de um religioso ou não.
Assim, embora EVIDENTEMENTE religiosos possam dar importantes contribuições à ciência, não o fazem porque são auxiliados por isso. E sim pois mantêm ambas idiossincrasias em suas vicissitudes. Sua religião os ajudam tanto em seu trabalho como cientistas quanto seu conhecimento sobre os pormenores do mundo futebolístico, e tanto quanto a música auxilia no trabalho de um cientista que seja, também, músico. Podem até adventar a inspiração que isto proporciona (como fazia Einstein, com a música) , mas daí a afirmar que isto determina diretamente se os métodos de sequenciamento genético, por exemplo, são feitos de forma mais ou menos otimizada, por ser ou não crente, descamba nos atoleitos filosóficos pueris onipresentes da crença passiva, da fé encabrestada.
A religião ajuda a ciência na medida em que se recolhe à sua insignificância perante o conhecimento da natureza, e deixa aquela trabalhar. Pessoas crentes podem contribuir com a ciência... mas por serem pessoas... e não por serem religiosas.
Existem, sim, muitas e importantes incompatibilidades entre ciência e religião. Estas propagandas são aleijadas epistemologicamente. Tentam clarificar um ponto com a perpetuação de um mito de conciliação. Mas mitos são sua especialidade, não é mesmo?