Ao contrário. Estava falando que não é possível definir um esquema historicista ou baseado em relações macro-econômica, que era justamente seu ponto.
Bem, aqui assenta-se uma divergência intransponível.
Pois um “esquema” historicista baseado em relações macroeconômicas e políticas é o único conjunto de dados concretos que podemos coletar.
Já que não é possível definir uma Natureza Humana (ou “fatores humanos intrínsecos”) que favoreçam ou derrubem regimes.
Ve só, aqui temos uma coisa importante. Não se planeja uma sociedade baseada no exemplo de poucos heróis abnegados, se planeja de acordo com o homem médio. Voce mesmo refutou a própria alegação.
Outro ponto interessante. Não se planeja uma sociedade, ainda mais ignorando as tradições e os hábitos, sem falar nas condições de produção. Esse foi, mesmo, um grande erro da URSS bolchevista. Mas tradições, hábitos e condições de produção et caterva não são “fatores humanos intrínsecos”, já que historicamente dados.
E meu exemplo não se referia ao exemplo de heróis abnegados, mas à capacidade de contrariarmos “nossa natureza”.
Note-se que não nego a existência de elementos estruturantes da condição humana. Como disse, não podemos negar nossa biologia – singelamente considero que a análise de fracassos ou sucessos em sistemas políticos deve basear-se em dados mais concretos, afinal, ainda não possuímos uma definição clara de nossa natureza. Todas as tentativas de definí-la são moldadas por ideologias, que ora enfatizam a competitividade, ora o associativismo, ora elementos evolutivos, ora elementos culturais... ou ignoram a competitividade, ou ignoram o associativismo, ou ignoram a biologia, ou ignoram a cultura... enfim, até o momento, nada seguro ou consistente.
Exato, moldar, adapatar, não reescrever. [a natureza humana]
Sim. Exato. Mas não falei em reescrever. “moldar, adaptar” são suficientes para demonstrar que a NH ainda é uma variável vaga demais para entrar na equação.
como ficou claro acima, acho que é a natureza humana a variável de maior causa do fracasso comunista e isso o que voce disse de política, relações internacionais e economicas que são aquela tentativa de interpretar tudo através dos grandes esquemas. Bem aquilo que o economista consegue explicar bem o que aconteceu no dia anterior.. prever que é bom nada.
O fator humano é preponderante. Pergunta rápida: A Russia era um país autoritario, repressor e burocrático. No que se tornou quando virou URSS?
A cuba era um país de putas, população pobre e jogos. O que se tornou depois da revolução?
Olha.. o fator humano manteve as coisas essencialmente como eram.. ele predomina sobre o macro.
A “variável de maior causa do fracasso”? Só posso discordar
Uma variável que sequer foi definida a contento não pode entrar na equação.
O interessante é que, do meu ponto de vista, usar uma variável como a NH é que seria uma visão macro demais.
E os exemplo da Rússia e de Cuba (sem entrar no mérito de sua precisão), mostram que os regimes autoritários que ignoram os hábitos, as tradições e as condições de produção de um povo terão problemas em se manter.
Enfim, retomando meu último post, se seu ponto é:
'nenhum sistema implantado de cima para baixo abruptamente vai ter sucesso pois, necessariamente, desrespeitará as tradições e hábitos da população', então concordamos plenamente.
apenas com o cuidado de deixar claro que hábitos e tradições não são 'Natureza Humana'.
Ah... DDV, além de problemas econômicos, as opções políticas (e é importante lembrar que a opção por uma dada política econômica é, antes de tudo, política) e a inserção internacional buscada pelos dirigentes da URSS contribuíram muito para levar o país (ou o império) ao fracasso. No caso, creio que não se trata apenas de falhas da teoria econômica marxista, mas também das opções ... digamos... administrativas equivocadas (matar, literalmente, as vanguardas, por exemplo).
Se bem que a eleição de uma causa maior acaba sendo quase uma questão de gosto, né?
No fundo, o Muro caiu por um curto-circuito sistêmico.