A própria existência de Wellington testemunha contra a existência de Deus.
Sinceramente gostaria que não tivéssemos que fazer deste episódio uma desculpa para se criticar a crença alheia e vilipendiada. Mas diante do que a mídia propala, com tantas alusões e ênfase ao "graçasadeus" dos envolvidos, é difícil não se incomodar. O ocorrido já é trágico o suficiente para termos que aguentar outra tragédia, a de louvar constantemente um ser mitológico que, se existisse, seria o sádico dos sádicos. Mas ainda assim temos que aguentar.
NADA é tão precioso, para um pai, para uma mãe, do que seus filhos. Até mesmo nossa própria vida vem em segundo lugar, quando se trata de nossos filhos. Por mais que saibamos que existem motivos pscicológicos para se apegar deste jeito à mitologia cristã familiar em um momento terrível como este, o abuso deste viés pela imprensa (que se alimenta disto, é natural) não deve acontecer sem nossas vozes discordantes. Não para amenizarmos qualquer sofrimento que seja, posto que o apego à mitologia em questão provavelmente cumpre este papel, de muleta filosófica e conforto para o inconfortável, mas porque a razão é outra grande preciosidade humana, e calar-se diante dos horrores que, de um modo ou de outro, acontecem em um contexto religioso ou, no mínimo, são pseudo-racionalizados com auxílio à religião, é contribuir com permanência da loucura, da insanidade dos homens.
Em um jornal agora do meio dia, um indivíduo com alguma hierarquia religiosa falou: "aquele deus, na carta, é um falso deus". Ao que eu rebato: mas é claro que é um falso deus. Tão falso quanto absolutamente qualquer deus.