Uilinili, nosso cérebro só sente algo se existir a reminiscência da sensação. Não há como sentir algo que não existe. Se vc sente que não há formigas lhe picando, é pq seu cérebro ja conhece a sensação das formigas picando. Neste caso o sentimento da ausência é inválido.
Não existe ausência de sentimento inexistente.
É comum a ideia de que, quando a mente humana entra em ação, em primeiro lugar se formou o pensamento ( Vcs, céticos, conseguem chegar somente até aqui, pq acreditam que os pensamentos e sentimentos são químicos). Mas, numa camada mais profunda do que aquela em que se forma o pensamento, surge o sentimento, que gera o pensamento.
As pessoas pensam porque sentem. Pensam em Deus, pq sente Deus.
Foi como eu falei, eu posso sentir a ausência de formigas me picando porque eu conheço a sensação de uma picada de formiga. Eu já passei por ambas as experiências, a de ser picado e de não ser picado. Mais do que isso, quando eu senti a experiência da picada eu devo ter visto uma formiga próxima ao local do comichão e possivelmente uma mancha vermelha por ali, o que me levaria a desenvolver a intuição de que aquela formiga é a causa da sensação desagradável que acabei de descobrir, caso contrário eu não saberia como chamá-la.
Com relação a Deus, eu tenho certeza de que você e muitas outras pessoas sentem de fato
alguma coisa, mas ao contrário do caso da formiga, que se encontrava numa situação bem incriminadora no momento em que você sentiu sua picada, imagino que você não veio de um estado de ausência de sensação da existência de Deus, de súbito desenvolveu essa sensação e viu um deus rondando por perto para explicar essa sensação. Não, esse é um sentimento pessoal e você tem a íntima sensação de se tratar de Deus, mas não há um meio de verificar isso de forma objetiva e independente desses mesmos sentimentos.
Não havendo um meio de verificar independentemente a origem desse sentimento, há de se convir que a causa que você atribui a ele pode ser enganosa. Por exemplo, eu posso sentir uma picada e não ver bichinho nenhum por perto, por mais que eu pensasse ser de formiga, na verdade ela poderia ser de aranha. Ou poderia não ser nada também, eu não sei quanto a você, mas às vezes eu sinto uns comichões pelo corpo sem uma causa aparente. Esse próprio estudo que é mencionado neste tópico fala que a fé em Deus é inerente ao ser humano, eu não duvido disso, o que eu e você discordamos é quanto às implicações disso. Para mim isso implica é que a fé é um subproduto de outras funções cerebrais, como a nossa tendência a atribuir intencionalidade a fenômenos naturais.
portanto, esta proposição é verdadeira para todo ser humano, mesmo aqueles que ainda não sentem, porque "O ser humano é o medida de todas as coisas" :
Eu sinto que Deus existe;
Eu sou humano;
Logo, todo ser humano sente que Deus existe.
Micrômegas, eu não estou dizendo que esse silogismo está errado porque eu não concordo com ele. Eu estou dizendo que ele está errado porque ele está errado mesmo. Tanto quanto 2+2=5. É uma generalização indevida, equivale a dizer "Xuxa é loira, Xuxa é humana, logo todo humano é louro." Isso está completamente errado. Xuxa faz parte do subconjunto dos loiros e faz parte do subconjunto dos humanos, mas você não pode inferir daí que o subconjunto dos humanos está contido no subconjunto dos loiros, na verdade a recíproca é que é verdadeia. Estaria correto fazer o caminho inverso, por exemplo, não há nada de errado com o seguinte silogismo: "Todo ser humano sente que Deus existe, eu sou humano, logo eu sinto que Deus existe," nesse caso a primeira premissa já diz que o subconjunto dos humanos está contido no conjunto dos seres que sentem que Deus existe, como você está contido no subconjunto dos humanos, você necessariamente está contido no subconjunto dos seres uqe sentem a existência de Deus. Sua lição de casa é desenhar diagramas de Venn até você verificar que esse silogismo que você está repetindo é inválido.