Então... fui comprar o carro, acabei escolhendo o StepAway mesmo. Testei outros, mas com 3 anos de garantia, reboque gratuito infinito pelos próximos dois anos e serviços de emergência durante a garantia sem custos, ficou imbatível, já que vai ser a Lua quem vai acabar usando mais o carro.
Agora, ficou mais do que claro o racismo (ou classismo, como a Lua chamou) presente no Brasil. Minha conclusão é de que quem tem grana, sempre vai pagar menos, e quem é pobre, acaba pagando mais.
Fui na quinta de manhã em algumas concessionárias. Como tinha saído da instrução física no trabalho, estava meio maltrapilho, é verdade, e ainda por cima, fui de moto, mas quando cheguei em uma das concessionárias, a vendedora já veio com uma cara fechada do tipo "estou perdendo meu tempo". Disse que queria a StepAway e pagaria a vista, ela mais do que burocraticamente me deu o preço (R$49.000). Eu perguntei se não tinha um abatimento, uma promoção, um agrado, o que fosse, afinal, pagaria à vista. Ela, mais desanimadamente impossível: "Não, não tem como reduzir, dar emplacamento, cheirinho, NADA!!". Eu que já tinha desanimado no início do atendimento, agradeci e fui embora. Aproveitei e fui em outras concessionárias da VW e Ford e o tratamento foi o mesmo, com aquele arzinho de gás nobre típico de vendedores que querem passar pro próximo cliente.
Ontem eu e a Lua então fomos dar uma olhada em outra concessionária, em um bairro nobre. Dessa vez fui já mais ajeitado e de carro e parei a caminhonete de frente pra recepção e lá de fora eu já vi os vendedores com os rabinhos abanando. O gerente me designou um vendedor e minha namorada linda e elegante começou a negociar, perguntar e exigir e em cerca de 30min, eu tinha comprado o carro com tudo incluso, presentinhos e assemelhados por R$41.000. Velho... são R$8mil de economia de uma concessionária pra outra e um atendimento de outro nível com relação às outras. Qual a diferença? Eu? Minha namorada? Meu carro? Eu me senti como se fosse minha obrigação gastar os R$49mil na outra concessionária se eu quisesse ter o carro. Como se estivessem fazendo um favor em me vender o carro. Resumindo, fiquei puto.
E digo que isso é recorrente. Minha mãe vive passando por estas situações. Uma senhora que chegou no topo da carreira dela e que tem o mesmo salário que um juiz federal, mas se veste de maneira normal, sem aquelas peruagens de mulheres de meia idade. Ela sempre conta como quando entrou numa concessionária pra comprar um carro, os vendedores sequer se aproximaram pra ver o que ela queria. Quando o gerente deles chamou a atenção deles por isso, ele mesmo foi atendê-la e como ela já tinha escolhido o carro, saiu com a comissão da venda. Minha mãe ainda conta que ouviu o cara dando um puta sermão nos outros vendedores, que ouviram de cabeça baixa.
Enfim, carro comprado, mas ainda tô puto. E depois vou na outra concessionária falar com o gerente.