Autor Tópico: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos  (Lida 13083 vezes)

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China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Online: 27 de Junho de 2011, 17:23:18 »
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China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos

iG percorreu 4.000 quilômetros do país para mostrar como os chineses lidam com o desafio de erguer a maior economia do mundo

Depois de ultrapassar o Japão e se tornar a segunda maior economia do mundo, a China agora se prepara para superar os Estados Unidos. Ao invés de pisar no acelerador, no entanto, o país tem procurado diminuir o ritmo da economia, entre outros motivos, para evitar pressões sociais, como disse ao iG o mais renomado economista da China, David Li.


Distrito de Wangjing, em Pequim: governo central chinês quer mudar motor da economia

Durante 15 dias, a reportagem do iG viajou quase 4.000 quilômetros, de norte a sul do país, para mostrar como a China tem lidado com o desafio de crescer, ao mesmo tempo em que desacelera. O resultado refletido nas reportagens é que há muita vontade de crescer e quase nenhuma de pisar no freio. Entre as dez cidades visitadas pelo iG, por exemplo, estão Yiwu e Guangzhou, onde funcionam o maior mercado de bugigangas e a maior feira de exportações do mundo. Nelas, há uma China que se move a pleno vapor, que continua dependendo fortemente das exportações, sem qualquer vontade de parar.

O iG também visitou oito grandes empresas chinesas e conversou com seus principais executivos, entre eles, Zong Qinghou, o homem mais rico da China, dono da fabricante de bebidas não alcoólicas Wahaha. O que ele quer? Crescer ainda mais e ficar mais rico. Nesse processo, o Brasil é um dos alvos de expansão.

No plano econômico para os próximos cinco anos, anunciado pelo governo chinês, o objetivo é reduzir o ritmo de crescimento do país para uma taxa de 7% a 8% ao ano. Nos últimos 30 anos, a alta média do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 11% ao ano. Li acredita num avanço de 9% ao ano. “Já são dois pontos percentuais a menos do que o ritmo atual. Menos do que isso, acho pouco provável”, afirma o professor, que recebeu o iG no departamento de finanças da Universidade de Tsinghua, em Pequim, apelidada de “Harvard da China”.

Boa parte dos economistas concorda com as perspectivas de Li. O Fundo Monetário Internacional, que tem a projeção mais ousada, prevê que em 2016 os chineses terão um PIB de US$ 19 trilhões, contra US$ 18,8 trilhões dos norte-americanos. Banco Mundial e Citibank projetam a ultrapassagem para 2020, enquanto o banco de investimentos Goldman Sachs acredita que a China será maior que os EUA em 2027.

Sinal de que a ultrapassagem está perto são as exportações. Em abril, mês mais recente cujos números estão disponíveis, o superávit comercial chinês foi de US$ 11,4 bilhões. A previsão inicial era quase quatro vezes menor: US$ 3 bilhões. Perto do porto de Xangai, na cidade de Yiwu, onde fica a mãe da 25 de março (a maior rua de comércio do Brasil), pelo menos 20 mil compradores estrangeiros chegam por dia atrás de bijuterias, brinquedos, ferramentas, roupas e utensílios domésticos, entre mais de 300 mil itens que levam para vender em seus países.

Prédios brotam da terra

Outro importante fator de impulsão do país, os investimentos, também não dá sinais de retração. Todos os dias brotam milhares de novos prédios – e novas cidades inteiras –, enquanto os aportes previstos para infraestrutura nos próximos cinco anos superam R$ 3 trilhões. Para melhorar estradas, ferrovias, aeroportos e ter mais casas e energia, os chineses vão investir, porporcionalmente ao PIB, mais de três vezes mais que o Brasil. Em valores absolutos, eles gastarão dez vezes mais, R$ 3,2 trilhões.

Hoje, há pelo menos duas mil cidades em estágio inicial de desenvolvimento no país, cujos administradores nem pensam em crescer menos que dois dígitos ao ano. Wendeng, no nordeste do país, é uma delas. Com 600 mil habitantes, o município está construindo um bairro inteiro para receber estrangeiros.

A cidade não tem grandes redes de supermercado ou hotéis, os moradores não estão acostumados a ver estrangeiros – não é raro pararem ocidentais para tirar fotos – e as placas dos estabelecimentos comerciais não têm versões em inglês. Mas nada disso impede a chegada de investimentos. “Crescemos 15% ao ano e pretendemos avançar ainda mais”, diz o prefeito Andy Cong.

As metas de empresas, tanto privadas como estatais, são igualmente ambiciosas. Enquanto algumas são favorecidas por incentivos do governo, como é o caso da empresa de baterias e automóveis BYD e da exportadora de painéis solares Suntech, outras se animam com o aumento da renda da população – que apesar de ainda não ser visível, vem sendo muito defendido na China – e a intenção do governo de estimular o consumo interno. É o caso da companhia de internet Alibaba e a gigante de bebidas Wahaha.

Dentro das empresas, os funcionários mostram ainda mais a gana de uma China que não quer parar. “Somos 6 milhões de jovens no mercado de trabalho por ano,” diz Cui Yinjing, de 25 anos, analista em uma empresa de consultoria econômica. “Se eu não for melhor que os outros, não terei um bom emprego.”

Yinjing trabalha na Nanjing Road, que concentra os shoppings de luxo e grandes empresas em Xangai. Apesar de não ser de família rica, ela paga 1400 yuan (cerca de R$ 350), cerca de 30% de seu salário, por um cômodo em um apartamento na região para poder trabalhar mais. “Muitas vezes, fico no escritório das 9 da manhã às 2 da manhã”, diz. “Não posso perder mais duas horas de deslocamento até a casa dos meus pais.”

Numa viagem pela China, ao mesmo tempo em que se vê os maiores consumidores do mundo em produtos de luxo, famílias de áreas rurais vivem com US$ 30 no ano. “O que realmente importa não é quando teremos o maior PIB total, mas sim quando teremos o maior PIB per capita e também a maior produtividade do mundo,” diz Wang Qingyuan, ministro conselheiro da Embaixada chinesa no Brasil.

A missão é difícil. A economia chinesa avança movida a exportações e a investimentos estrangeiros, o que torna o país vulnerável ao cenário externo e aumenta seu endividamento. Além disso, a China depende de recursos naturais importados, o que também faz dela, mais uma vez, refém de condições externas. A mudança, no entanto, não acontece de uma hora para outra. Para Craig Bond, presidente do banco Standard Bank na China, é muito difícil mudar o motor de crescimento do país depois de ter se tornado “a fábrica do mundo”.

Além dos altos seus volumes de exportações, os salários crescem num ritmo lento, graças à abundância de mão-de-obra. Sem dinheiro extra para gastar, o consumo não decola a ponto de aquecer substancialmente o mercado doméstico.

Nova matriz energética

Outra meta do governo é a redução da participação de combustíveis fósseis em sua matriz energética. Depois de ter crescido por mais de 30 anos utilizando o carvão como 70% de sua fonte de energia, agora a China quer se livrar do rótulo de maior poluidor do mundo.

Apesar de o governo já ter anunciado pesados investimentos em tecnologias limpas – e desbancando os Estados Unidos como maior investidor do mundo em energias renováveis no ano passado – a missão poderá esbarrar em resistências, principalmente de companhias que relutam em diminuir o uso de combustíveis fósseis, em geral, mais baratos.

Por enquanto, as transformações pretendidas pelo país não são visíveis. Mas economistas afirmam que as intenções indicam que a China está atenta e sabe priorizar suas metas. Cabe ao novo governo, que assumirá o país em 2012, controlar as rédeas desse gigante para chegar ao topo do mundo e se sustentar por lá.


Elevados em Xangai; China se prepara para ser maior potência do mundo

http://economia.ig.com.br/expedicoes/china/china+se+prepara+para+ser+maior+potencia+do+mundo+em+dez+anos/n1597018810542.html
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China investirá dez vezes mais que Brasil em infraestrutura

Nos próximos 5 anos, chineses planejam gastar pelo menos R$ 3,2 trilhões em transporte e sistemas de energia e telecomunicações

A China tem 174 aeroportos comerciais em ótimas condições, limpos, organizados e modernos. Mesmo nos horários de maior fluxo, é difícil se deparar com longas filas. Trens e esteiras rolantes ajudam no deslocamento de um terminal a outro e não há tumulto para pegar as bagagens. “Na China, qualquer aeroporto pequeno tem oito pistas de bagagem,” comenta Tang Wei, diretor da Câmara Brasil China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE). Apenas como comparação, Congonhas, o segundo mais movimentado do Brasil, tem apenas cinco esteiras para a retirada das malas.

Nos próximos cinco anos, a China planeja investir R$ 360 bilhões para construir outros 56 novos aeroportos, disse Li Jiaxiang, diretor da Administração Geral da Aviação Civil (CAAC) da China, em uma conferência, em março deste ano. Os aportes levarão o número atual a 230. Enquanto isso, os investimento do Brasil na área devem ser 40 vezes menores, somando cerca de R$ 9 bilhões, até 2014, segundo informações da Infraero.

Este é apenas um exemplo da voracidade chinesa para melhorar sua infraestrutura. De 2011 a 2015, a China deverá investir pelo menos R$ 3,2 trilhões em aeroportos, ferrovias, rodovias, portos, energia elétrica e telecomunicações, segundo levantamento do iG com base em números divulgados por autoridades e pela imprensa oficial do país. E o país não tem nenhuma previsão de sediar uma Copa do Mundo tão cedo.

O valor é nove vezes maior do que o estimado para os mesmos setores no Brasil também em cinco anos, no período de 2010 a 2014. Veja a comparação no infográfico abaixo.

Os aportes em infraestrutura são de altíssima prioridade em um momento em que a China pretende incentivar o consumo interno – e ficar menos dependente das exportações -, levando parte da população que vive no campo para as cidades.

“O governo vem colocando bilhões de dólares em estradas, aeroportos, sistemas de transmissão de energia e escolas. É uma forma de preparar cidades para receberem mais moradores”, afirma Daniel Lau, chefe do escritório para a China na auditoria KPMG.

Ao mesmo tempo, uma boa infraestrutura para viajar aquece o setor de turismo dentro do país.Hoje, os chineses podem percorrer 8 mil quilômetros em limpos e modernos trens de alta velocidade. O iG passou por seis trechos e, mesmo em cidades menores, não houve atraso e os vagões eram novos e confortáveis. Ao todo, são mais de 26 rotas, ligando 43 cidades, além do MagLev, trem de levitação magnética que atinge 431 Km/hora no trajeto do aeroporto de Pudong ao centro de Xangai.

Até 2013, o plano do governo é atingir 13 mil quilômetros de ferrovias para trens velozes para passageiros – o que daria para ir três vezes de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, até Macapá, no Amapá.

No total, as estradas de ferro chinesas devem receber investimentos de aproximadamente R$ 680 bilhões até 2015, segundo declaração de Sheng Guangzu, ministro das Ferrovias. No Brasil, os planos são de um investimento dez vezes inferior, de aproximadamente R$ 60,4 bilhões, incluindo o projeto do trem bala que ligará o Rio de Janeiro a Campinas, com 510 quilômetros de extensão, de acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os investimentos chineses em infraestrutura superam os brasileiros não apenas em valor total, mas também em porcentagem do PIB. Se os aportes se concretizarem e forem distribuídos de forma equilibrada nos próximos cinco anos, nos dois países, a China investirá em torno de 11% do PIB do país em infraestrutura anualmente, contra 3,4% do Brasil.

Mas os números podem ser maiores. Na China, foram considerados apenas os aportes cujos valores foram anunciados. No caso dos portos, por exemplo, o governo chinês afirma que pretende construir seis novas unidades para materiais pesados, além de expandir e modernizar os já existentes. No entanto, a quantia que será usada para todos os projetos não foi revelada. No levantamento, o iG considerou apenas os investimentos que serão feitos na província de Shandong e no porto de Ningbo, na província de Zhejiang. Nas contas do Brasil, entraram os dados coletados pela Infraero e do BNDES.

Veja fotos e infográfico: http://economia.ig.com.br/expedicoes/china/china+investira+dez+vezes+mais+que+brasil+em+infraestrutura/n1597043992742.html
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China vai crescer 9% ao ano, diz o economista David Li

Mais renomado economista da Universidade de Tsinghua, a “Harvard da China”, fala sobre os desafios do criticado modelo econômico

A economia chinesa não deve crescer menos que 9% ao ano, nos próximos anos. Apesar da intenção do governo de desacelerar o ritmo de avanço, a China deverá ultrapassar os Estados Unidos como a maior potência do mundo em até dez anos. Esta é a projeção de David Li, o mais renomado economista do gigante asiático, chefe do departamento de finanças da Universidade de Tsinghua, “a Harvard da China”, e diretor do Centro para a China na Economia Global (CCWE).

Li recebeu o iG no moderno prédio de professores do departamento de Economia, no centro do campus da universidade de Tsinghua, no distrito de Haidan, na região central de Pequim. Ali, estudaram alguns dos nomes mais ilustres da China, como o Hu Jintao, atual presidente, e Xi Jinping, vice-presidente. O campus, cuja área é metade da ocupada pela cidade universitária da USP, em São Paulo, tem suas ruas arborizadas e limpas. Prédios novos e antigos são separados por jardins impecáveis. Quando as aulas terminam, sãs todas as vias são tomadas por milhares de bicicletas dos estudantes que moram na universidade ou nas redondezas. Na China, é comum mudar-se para o campus, mesmo aqueles que são da própria cidade.

De dentro de uma das salas de reunião dos professores, Li afirma que a China está evoluindo para uma economia de mercado complexa e sofisticada e não há sinais de desaceleração. Com modelo político e econômico que mistura as forças do mercado e do governo central, o que ele considera o “único possível para a China”, o país deverá acelerar o consumo doméstico, manter a inflação em torno de 4% ao ano e deixar sua moeda valorizar cerca de 4% ao ano. “Assim, em menos de uma década, devemos deixar os Estados Unidos para trás.”

Mas, enquanto cresce, a China tem grandes desafios, reconhece o economista. O maior, na opinião dele, é a crescente tensão social. Da janela de sua sala, ele aponta os jovens estudantes que passam pelas ruas do campus e manifesta preocupação com os seis milhões de jovens que se formam todos os anos na China. “É uma legião de jovens que estão insatisfeitos com a falta de emprego, com a inflação, com as políticas do governo e com a corrupção. Tudo isso reflete descontentamento com suas carreiras e suas vidas.”

Para os brasileiros, Li sugere mais atenção aos investimentos estrangeiros e menos críticas à moeda chinesa. “Ao invés de reclamar tanto sobre o câmbio, o Brasil deveria focar em medidas para atrair investimentos produtivos e aumentar suas exportações de valor agregado.”

Na entrevista abaixo, o economista também fala da fragilidade chinesa diante dos preços crescentes das commodities no mercado internacional e da relutância das companhias chinesas para aumentar os salários dos trabalhadores.

iG: O governo chinês quer desacelerar o crescimento. Isso vai mesmo acontecer?
David Li:
Na realidade, nos últimos cinco anos, a China cresceu 11,2% ao ano. Agora, o governo central que desacelerar para um crescimento anual de cerca de 7%. Eu vejo os 7% de um jeito diferente: essa meta é uma indicação da preocupação do governo com a qualidade do crescimento. Mas minha perspectiva é de um crescimento de 9% ao ano na próxima década, o que já são dois pontos percentuais abaixo da média dos últimos cinco anos. Então os 7% são apenas uma indicação da preferência do governo central.

Por que desacelerar a economia?
Li:
O governo está preocupado com três coisas. A primeira é o alto desequilíbrio da economia: quando crescemos muito depressa, dependemos mais de demanda estrangeira. Em segundo lugar, está a preocupação com a demanda crescente por commodities no mercado global. O terceiro ponto é que o crescimento muito rápido poderia piorar nossa tensão social, criando desigualdade na distribuição de renda. Então, eles esperam que com uma pequena desaceleração possamos mitigar estes problemas.

Qual deve ser o melhor motor do crescimento chinês para o país lidar com essas questões?
Li:
O governo quer depender mais de consumo doméstico. Ficar menos dependente das exportações.

Como?
Li:
Cortando taxas, fornecendo subsídios e melhorando o sistema de seguridade social, de forma a dar mais confiança aos cidadãos para consumir mais.

O governo pretende incentivar o crédito para pessoas com menor renda?
Li:
Esse é um tema em discussão na China, mas não acho que será um componente significativo na política para o crescimento doméstico. Hoje, as famílias não consomem porque acham que sua renda não crescerá na mesma velocidade do país, não é por falta de crédito. Eles não querem comprar muito.

Na sua projeção, quando a China vai superar os EUA como a maior economia do mundo?
Li:
É provável, não é certo, que em até dez anos a China se tornará a maior economia do mundo. Considerei minha projeção para o crescimento chinês, para o crescimento dos Estados Unidos e para as taxas de inflação e câmbio. Esses quatro pontos, juntos, indicam que é provável que a China se torne a maior economia do mundo em dez anos.

Quais os níveis de crescimento, inflação e taxa de câmbio que você considerou?
Li:
Assumi de 4% a 5% de valorização do yuan em relação ao dólar, 9% de crescimento do PIB da economia da China e 2,5% da economia dos Estados Unidos. E também de 4% a 5% de inflação na China e 1% nos EUA. Tudo isso, cominado, gera essa projeção.

Por que esta projeção de até 5% para a inflação?
Li:
Porque a inflação está sendo guiada por dois aspectos. O primeiro é o preço internacional de commodities, incluindo cobre e minério de ferro. Isso é internacional, é algo que a China não pode controlar. O segundo é a alta dos salários.

Em seu plano quinquenal, a China afirma que quer estabelecer um conceito “científico” de desenvolvimento. O que isso significa?
Li:
Científico, na China, não é sinônimo de ciência, mas quer dizer comprometimento real. Isso significa duas coisas. Em primeiro lugar, diminuir a tensão social para ter uma base melhor para o desenvolvimento econômico, com, por exemplo, melhor distribuição de renda e de seguridade social. O segundo aspecto é ser mais preocupado com o meio ambiente, menos dependente das commodities e mais dependente do desenvolvimento do setor de serviços. Isso também significa estar mais dependente das pesquisas científicas e do desenvolvimento tecnológico, com maior base de pesquisa.

Quão preocupado, de fato, está o governo chinês com o crescimento sustentável e “verde”?
Li:
A China é um país gigante, com uma população de 1,3 bilhão de pessoas. Seis vezes a população do Brasil. É impossível, para nós, perpetuar o modelo atual com a atual taxa de crescimento dependendo tanto das fontes de matérias-primas internacionais. Se continuarmos nesse ritmo, da maneira atual, o mundo todo será impactado. Não temos alternativa senão diminuir nosso consumo de matérias-primas e investir em energia renovável. Podemos fazer isso com o desenvolvimento científico, por exemplo.

As universidades e empresas chinesas estão prontas para esse desenvolvimento?
Li:
Sem dúvidas, aqui na universidade de Tsinghua, por exemplo, temos um centro de pesquisa em energia limpa, grandes departamentos de pesquisa, um instituto de estudos para o meio ambiente em parceria com o governo italiano e diversos outros projetos.

O que o governo quer dizer quando afirma que quer uma sociedade mais harmônica?
Li:
Isso quer dizer mitigar a tensão social para deixar um número maior de pessoas aproveitarem os benefícios do crescimento econômico.

Muitos economistas e analistas internacionais afirmam que o modelo político-econômico chinês, que mistura governo ditatorial, capitalismo e socialismo, não vai durar. O que o sr. acha disso?
Li:
A China está mudando, se tornando uma sofisticada economia de mercado. A economia chinesa está se tornando mais complexa e sofisticada. Tem de ser uma mistura apropriada de propriedade do governo e propriedade privada. Tem de ser um balanço das duas forças, ou seja, um modelo de intervenção do governo com forças do mercado. Isso é o que estamos evoluindo para nos tornar. Como por exemplo, nosso mercado imobiliário. Costumávamos depender apenas das forças do mercado e os preços foram ficando inatingíveis para as pessoas. Agora, o governo quer fazer uma mistura e controlar um pouco os preços. Então a China está mudando. Ainda não há ainda um modelo chinês pronto, mas estamos melhorando e evoluindo.

Mas o sr. acredita que este manter essas duas forças – do governo e do mercado – é o melhor modelo para a China?
Li:
Este é o único jeito de andarmos para frente. Se é o melhor, se a China vai ter sucesso ou não, não está muito claro. Temos esperanças, estou confiante e otimista, mas ainda não há resposta porque ninguém tentou antes dessa forma.

O governo chinês afirma que vai elevar os salários nos próximos anos. Em sua opinião, a que ritmo isso deve acontecer?
Li:
O governo quer elevar salários, mas o salário dos trabalhadores braçais, dos operários, não está crescendo na mesma velocidade do Produto Interno Bruto (PIB) nominal por causa das forças do mercado.

As empresas não querem elevar os salários para não perder competitividade, é isso?
Li:
Não é o desejo das empresas verem os salários crescerem, de fato. Mas a força do mercado está puxando os salários para cima. Então, as empresas terão de pagar salários mais altos. Hoje, muitas estão tendo margens de lucro muito grandes, o que pode ser usado para promover o aumento dos salários. Além disso, a produtividade tem crescido na China nos últimos anos. É outra fonte para absorver os aumentos dos salários.

O governo está dando subsídios para as empresas estatais e privadas elevarem os salários?
Li:
O governo com certeza tem seus objetivos, mas não acho que há uma pressão tangível sobre as empresas.

Qual sua maior preocupação com a China, hoje?
Li:
A tensão social. A economia vem crescendo rápido demais e, consequentemente, a má distribuição de renda, somada ao alto número de recém-formados que procuram emprego qualificado. Isso provoca tensão social.

Você pode dar exemplos dessa tensão social?
Li:
Na internet, por exemplo, jovens reclamam da inflação, de políticas do governo, da corrupção. Tudo isso reflete certo descontentamento com suas carreiras e suas vidas. Estão preocupados com suas rendas, com a alta dos preços. Em muitos sites chineses, vemos muitas reclamações. Isso é sinal de tensão social.

A política de um só filho não é tão restrita como antes. Isso tem uma relação com o objetivo de incentivar o consumo doméstico?
Li:
A princípio, a política duraria 30 anos, a partir de 1978, e dizia que se um casal é formado por duas pessoas que são filhos únicos, eles podem ter dois filhos. Mas quem tem irmãos não pode. Mas essa política está evoluindo. Ajuda a controlar o crescimento populacional, mas, independente disso, as pessoas já estão começando a consumir mais.

Qual lição o Brasil deveria aprender com a China?
Li:
Em primeiro lugar, a educação. Com uma boa educação básica, você consegue desenvolver o setor industrial e também o de serviços. Em segundo lugar, colocaria grande ênfase em políticas macroprudenciais, corte de déficits comerciais e fiscais e controle de inflação.

E o que a China tem a aprender com o Brasil?
Li:
As políticas sociais. O ex-presidente Lula fez muitas políticas e vocês têm programas mais bem sucedidos do que outros países.

O que o sr. acha das críticas brasileiras à taxa de câmbio chinesa?
Li:
Investimentos estrangeiros, em geral, podem trazer força para a economia, podem trazer novos modelos de negócios e práticas. Então, o Brasil não deve só focar em taxas de câmbio. Ao invés disso, deveria focar em medidas para atrair investimentos produtivos e aumentar suas exportações de valor agregado. As exportações da China ao Brasil estão crescendo e o setor industrial brasileiro parece estar sofrendo com a moeda da China, mas só parece. A moeda chinesa não estava depreciada até 1994, mas mesmo antes disso já éramos muito competitivos no setor industrial. Eu sinceramente tenho esperança de que os governantes brasileiros foquem mais em investimentos produtivos e educação.

Veja vídeo: http://economia.ig.com.br/expedicoes/china/china+vai+crescer+9+ao+ano+diz+o+economista+david+li/n1597042992749.html

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #1 Online: 04 de Julho de 2011, 16:59:31 »
Desconhecida, Wendeng se prepara para ser “novo centro” da China

Cidade constrói bairro chique para atrair estrangeiros e é uma das duas mil que vão puxar um novo ciclo de crescimento no país

Wendeng, na província de Shangdong, tem apenas 600 mil habitantes, o que a classifica entre as pequenas na China. Não tem arranha-céus, metrôs ou shopping centers. Os supermercados são pequenos e quase não se vê produtos estrangeiros nas prateleiras. É claramente uma cidade subdesenvolvida. Mas, com apoio dos governos central e local, vem crescendo mais rápido do que a média do país. Com o objetivo de transformar a região em um “novo centro” da China, a Prefeitura vem fazendo investimentos em infraestrutura e está construindo um bairro no estilo europeu para atrair estrangeiros com dinheiro no bolso.

“Estamos crescendo 15% ao ano e pretendemos crescer ainda mais,” afirma ao iG o prefeito Andy Cong. O objetivo do governo local é de transformar a cidade em um centro industrial e de turismo, uma nova opção para a China depender menos das já saturadas Xangai e Pequim. A localização ajuda muito. Situada exatamente entre as duas grandes cidades – a uma hora de voo de ambas - no nordeste da China, Wendeng está bem próxima de Seul, capital da Coréia do Sul, e do Japão.

Os moradores da cidade ainda não estão acostumados com os estrangeiros. Diferente do que acontece em cidades grandes ou turísticas, o melhor hotel de Wendeng não tem quartos para não fumantes nem restaurante internacional, as placas dos estabelecimentos comerciais não têm versões em inglês e, principalmente, os vendedores não dão preços mais altos para lucrar mais em cima dos clientes de outros países, prática bastante comum no país. Tanto um estrangeiro como um local compram um suéter de lã feminino por 7,50 yuan (R$ 1,80), por exemplo.

Para se tornar um novo centro do país, a Prefeitura de Wendeng está se preparando para comportar mais pessoas e atrair investimentos estrangeiros. Com a ajuda do governo central chinês, Wendeng agora está construindo um bairro inteiro para receber empresários de outros países. Há cinco anos, a cidade ganhou do governo central chinês uma área de 160 quilômetros quadrados para usar em seu novo projeto.

Na China, todos os terrenos são estatais. Quando uma família, um comerciante ou uma indústria compram uma terra, não se tornam donos eternamente, como no Brasil, apenas têm direito de usá-la por um período. Para uso residencial, são 70 anos, para fins comerciais, 40 anos, e para uma fábrica, 50 anos. Quando os prazos expiram, é preciso pagar novamente. Mas, em Wendeng, quem se instalar no novo bairro não precisará pagar a primeira compra.

As primeiras casas já estão prontas para receber os estrangeiros. Com dois andares e arquitetura europeia, ficam de frente para a Praia do Ouro, nome inspirado na areia quase dourada. “Teremos também hotéis, hospitais, teatros e escolas. Todas as condições de vida necessárias e estrutura para viver serão muito boas,” diz Robert Zhao, assessor de Cong.

Em infraestrutura o investimento inicial foi de 3,5 bilhões de yuan (cerca de R$ 873 milhões), o que inclui saneamento, água, eletricidade, aquecimento, gás e telecomunicação. “Colocamos 1 bilhão de yuan (R$ 250 milhões), por ano desde 2007. Assim, quando os empresários vierem para cá, não precisarão se preocupar com isso,” afirma o prefeito. Para facilitar o acesso à região, as estradas estão prontas. Todas com quatro ou cinco pistas largas e bem sinalizadas, que vão às grandes cidades da região nordeste do país. Como resultado dos esforços na preparação para o crescimento, o avanço já começou a acontecer. Em 2009, Wendeng ficou entre as 15 cidades com a maior expansão econômica no país.

A cereja do bolo de South Sea (Mar do Sul), nome dado ao novo bairro, será uma ilha artificial de dois quilômetros quadrados, a um quilômetro da orla. Por enquanto, só é possível ver um pontinho, uma ilhota de menos de um quilômetro quadrado. Mas o governo irá aterrar em volta e criar um centro para resorts de turismo e negócios. “Será como uma mini Dubai, com complexos de lazer e empresariais”, diz Robert, em referência às belas ilhas artificiais The Palms, nos Emirados Árabes. Segundo ele, o investimento inicial já foi aprovado e é de US$ 700 milhões (R$ 1,2 bilhão), vindos de investidores de Hong Kong.


Bairro para investidores já tem apartamentos prontos de frente para a praia

Novo ciclo de crescimento

Wendeng nunca esteve nos planos de estímulos de crescimento do governo central. Agora, afirma o prefeito, “estamos entre as principais prioridades.” Assim como Wendeng, outras duas mil cidades estão sendo ajudadas pelo governo chinês para se desenvolverem.

Apenas o movimento dessas economias será suficiente para impulsionar a China e garantir um forte avanço ao país nos próximos anos. Nem todas oferecem incentivos para a ida de estrangeiros, como é o caso de Wendeng. A principal estratégia do governo central, em todas elas, tem sido o estímulo à urbanização por meio dos investimentos em infraestrutura. “Em milhares de locais, alguns governantes já estão facilitando a acomodação de pessoas vindas da zona rural,” diz David Li, diretor do departamento de Economia da Universidade de Tsinghua.

Economistas calculam que o cidadão que vive nos centros urbanos consome 1,6 vezes mais do que o morador do campo. Como pouco mais de metade dos 1,3 bilhão de chineses ainda vive em áreas rurais, a ida de uma parcela para as cidades já será suficiente para acelerar o consumo e manter forte o ritmo de crescimento do país, segundo Li.

Outro exemplo da atuação do governo para preparar áreas para receber a população é Ordos, no norte do país. Depois de vultuosos investimentos, a cidade ficou pronta para acomodar um milhão de chineses que trabalham em empresas de carvão e gás natural, abundantes na região. Mas a cidade está vazia.

A preocupação dos governantes era com a previsão de falta de água na cidade onde essas famílias vivem atualmente, a 25 quilômetros dali, então a nova cidade foi construída com um maior acesso ao recurso. “A China costuma mesmo se antecipar,” comenta Li. No entanto, enquanto ainda não precisam, os moradores não se mudam. Com prédios lindos e modernos, por enquanto Ordos parece feita para fantasmas.

Veja também no iG:

- Gigante da internet na China quer ensinar Brasil a vender na rede
- A feira que junta todos os produtos do mundo
- Na China, “Mãe da 25 de Março” recebe 20 mil compradores estrangeiros por dia
- Veja o infográfico do iG sobre preços em Yiwu e na 25 de março
- Metro quadrado mais caro da China equivale ao de Leblon e Ipanema

http://economia.ig.com.br/expedicoes/china/desconhecida+wendeng+se+prepara+para+ser+novo+centro+da+china/n1597045689606.html

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #2 Online: 04 de Julho de 2011, 17:32:13 »
Maior potência do mundo em 10 anos?

Vai dominar o espaço e os mares mais do que os EUA?
Conseguirá projetar força mais longe e intervir em qualquer ponto do planeta sem oposição?
Logrará, ao menos, sobrepor a sua influência à da Rússia na Ásia Central?
Hum...  :umm:...não me parece. :no:
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #3 Online: 04 de Julho de 2011, 17:47:18 »
Maior potência do mundo em 10 anos?

Vai dominar o espaço e os mares mais do que os EUA?

A questão é saber se o EUA conseguirão continuar dominando os mares daqui a 10 anos (minha opinião: provavelmente, mas
vão ter que cortar gastos).

Conseguirá projetar força mais longe e intervir em qualquer ponto do planeta sem oposição?

Os EUA só passaram a ter a capacidade de intervir sem oposição depois do fim da URSS. E ver acima.
(minha opinião: não, mas, digamos, daqui a 20 anos, poderão projetar força no Pacífico e no Índico.)

Logrará, ao menos, sobrepor a sua influência à da Rússia na Ásia Central?

Nesse ponto, eu acho que indiscutivelmente Sim. Mas vai sofrer competição da Índia.

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #4 Online: 04 de Julho de 2011, 18:47:30 »
Segura a China!

Offline Alessandro

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #5 Online: 04 de Julho de 2011, 21:50:56 »
 :nojo: A palavra POTÊNCIA abrange uma série de itens os quais a China não conseguirá atingir em dez anos.
Educação e saúde para toda a população, redução das desigualdades sociais (pobreza).
Não adianta ter ogivas nucleares, com um povo ganhando salários miseráveis.
Não adianta botar um chinês na Lua, e bloquear o acesso a informação.
Acredito que mesmo os EUA estão deixando de ser potência, por uma série de problemas enfrentados atualmente.
Um País classificado como potência, a meu ver tem de ser ótimo em tudo.
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #6 Online: 04 de Julho de 2011, 22:07:33 »
:nojo: A palavra POTÊNCIA abrange uma série de itens os quais a China não conseguirá atingir em dez anos.
Educação e saúde para toda a população, redução das desigualdades sociais (pobreza).
Não adianta ter ogivas nucleares, com um povo ganhando salários miseráveis.
Não adianta botar um chinês na Lua, e bloquear o acesso a informação.
Acredito que mesmo os EUA estão deixando de ser potência, por uma série de problemas enfrentados atualmente.
Um País classificado como potência, a meu ver tem de ser ótimo em tudo.

Estar confundindo poder com desenvolvimento.

A Suiça é um paraíso de desenvolvimento, mas está longe de ser uma potência. A Rússia e a China são os opostos.



Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #7 Online: 04 de Julho de 2011, 22:15:28 »
Maior potência do mundo em 10 anos?

Não. Não será.


Vai dominar o espaço e os mares mais do que os EUA?

Não em 10 anos. E nem em 20 anos. Talvez daqui a 30 anos.


Conseguirá projetar força mais longe e intervir em qualquer ponto do planeta sem oposição?

Certamente que não em 10 anos.


Logrará, ao menos, sobrepor a sua influência à da Rússia na Ásia Central?

Em termos econômicos, sim.

Em termos militares, não.
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #8 Online: 06 de Julho de 2011, 10:26:43 »
China constrói cidade ecológica para 350 mil pessoas

Ecocity, com prédios "inteligentes", veículos elétricos e energias renováveis, ficará pronta em 2025


Entrada da Ecocity: cidade ecológica procura empresas de tecnologias limpas

Uma cidade com 350 mil pessoas movida à energia renovável. Escolas, hospitais, fábricas, shoppings, clubes e casas, tudo desenvolvido por projetistas especializados em meio ambiente. As ruas são arborizadas, o transito é tranquilo.

A luz natural é totalmente aproveitada nas construções de forma a evitar o uso da energia elétrica. A água é reutilizada, os carros públicos são elétricos. Esta é a Ecocity, primeira cidade ecológica da China. Por enquanto, o projeto só está pronto nas maquetes, mas a construção avança a ritmo chinês e tudo deverá estar concluído em até 15 anos.

“A Ecocity, que será do tamanho da paranaense Maringá e da paulista Bauru, fica a 20 quilômetros de Tianjin, uma das quatro unidades administrativas autônomas da China.

O acesso é feito por carros, mas haverá um metrô ligando as duas cidades. As construções da cidade ecológica começaram em 2009, um ano depois de os governantes locais terem fechado uma parceria com o governo de Cingapura para desenvolver o projeto.

Em Tianjin, a Ecocity é motivo de orgulho. Quando conversam com estrangeiros, os chineses arrumam um jeito de colocar a cidade ecológica no assunto.

Já há moradores comprando suas casas para morar ainda este ano ou como investimento para revender depois.

“Qualquer pessoa pode morar lá. Minha tia já comprou uma casa, de pouco mais de 150 metros quadrados e está se preparando para mudar para lá ainda este ano”, diz o jovem Wang Yidong, que mora em Tianjin.

O preço médio do metro quadrado para as residências é 15 mil yuan (cerca de R$ 4 mil), segundo Wang Jianzhu, assessora do departamento de comércio do comitê da Ecocity.

Ela afirma que vale a pena pagar mais caro do que em outros locais porque a economia de energia graças à inteligência dos prédios vai compensar o investimento no médio prazo. No centro de Tianjin, por exemplo, o preço médio é 10 mil yuan (R$ 2,5 mil).


Primeiras casas da Ecocity estão prontas

Mas também estão sendo projetados prédios e casas para a população de renda mais baixa, de acordo com ela. Apesar de estar perto de Tianjin, o governo pretende que todos trabalhadores da Ecocity morem dentro da cidade ecológica.

O investimento inicial na Ecocity foi de 4 bilhões de yuan (cerca de R$ 998 milhões), desembolsados por uma joint venture entre um consórcio chinês, liderado pela Tianjin Eco-City Investment and Development, e um de Cingapura, encabeçado pela Singapore Tianjin Eco-City Investment Holdings, com o apoio do governo de Tianjin.

Com a largada, os sócios levantaram seu prédio administrativo, totalmente abastecido por energia do sol, e construíram as primeiras casas, todas com painéis solares no topo. Nas ruas, a iluminação é feita por postes com hélices que capturam a energia do vento.

A construção da cidade, que no total terá 30 quilômetros quadrados, foi dividida em fases. A primeira dela está prevista para terminar ainda em dois anos e terá quatro bairros, um parque de negócios, um pequeno centro comercial, um hospital, cinco escolas primárias, duas secundárias e seis creches, além das casas e empresas.

Até 2013, serão instalados todos os serviços de infraestrutura, como saneamento, água reciclada, gás, internet, eletricidade e aquecimento. No inverno, em janeiro, a temperatura na região chega a cair a -4ºC. Até 2025, a, a cidade estará totalmente pronta.

Em 2020, 90% dos meios de transporte serão pró-meio ambiente, feitos por veículos elétricos ou bicicletas.


Energia solar abastece postes do primeiro bairro residencial da Ecocity

“Não há como obrigar todos os moradores a andarem em carros não poluentes, mas vamos incentivar a população”, diz Wang Jianzhu. Segundo ela, o projeto foi desenhado para permitir que os moradores possam ir de suas casas aos supermercados, shoppings, hospitais e escolas a pé.

Neste momento, os criadores da Ecocity estão atrás de mais empresas para instalar suas fabricas e gerar emprego para os futuros moradores. A meta da Ecocity é de ter pelo menos 50 cientistas e engenheiros para cada dez mil trabalhadores até 2020.

Jianzhu, que é encarregada de apresentar o projeto aos potencias interessados, sejam famílias ou empresas, afirma que companhias de energia renovável, de desenvolvimento de tecnologia verde, têm a preferência do governo.

“Algumas companhias que desenvolveram as primeiras placas solares já estão construindo filiais na Ecocity,” afirma. Entre elas está a Yingli Solar, que ficou conhecida mundialmente depois de patrocinar a Copa da África do Sul. No final de abril, seis acordos de novos investimentos foram assinado com empresas, totalizando cerca de 500 milhões de yuan (R$ 124 milhões). Parte deste montante sairá da Keppel, companhia cingapuriana de infraestrutura urbana que possui uma participação de 25% do projeto da Ecocity e vai construir, administrar e operar um centro de tratamento de água.


Primeiras casas da Ecocity estão prontas

Propaganda

Para Paul Liu, diretor da Fortune Consulting e conselheiro da Câmara Brasil China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), a Ecocity é um exemplo a ser seguido e uma ótima propaganda para o governo chinês, que vem anunciando esforços para transformar o país em um amigo do meio ambiente. Com 70% de sua energia vinda do carvão, uma das fontes mais poluentes, a China conquistou o título de maior emissor de poluentes do mundo e é a casa de duas das dez cidades mais poluídas do planeta.

Depois de argumentar que tem o direito de se desenvolver, afirmando que os países desenvolvidos poluíram o mundo durante anos para crescer, o governo chinês agora está obstinado em se livrar da fama de poluidor. Para David Li, economista da Universidade de Tsinghua, de Pequim, as autoridades estão cientes de que não há alternativas para a China senão diminuir o consumo de matérias primas e investir em fontes renováveis de energia. “Se continuarmos no ritmo atual, o mundo inteiro será impactado”, afirma.

http://economia.ig.com.br/expedicoes/china/china+constroi+cidade+ecologica+para+350+mil+pessoas/n1597045604718.html

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #9 Online: 11 de Julho de 2011, 09:58:43 »
Potência econômica é diferente de tão somente potência. Em 10 anos ela poderá ser a maior potência econômica.

O mundo está mudando mesmo, a maior potência econômica do planeta terá milhões de pessoas vivendo como se vivia na idade média e será uma ditadura de um partido...
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #10 Online: 12 de Julho de 2011, 17:52:42 »
Citar
China começa projeto para explorar Lua, Vênus e Marte

Por Guilherme Abati | Geek


Como os EUA diminuem suas iniciativas espaciais, muitos começam a crer que os chineses, devido ao seu assombroso crescimento econômico e tecnológico, podem alcançar a posição de líderes da exploração espacial, batendo os norte-americanos, que desde o fim da corrida armamentista é o país dominante do espaço sideral.

Nesta terça-feira, o site TG Daily divulgou a notícia que a China estaria intensificando suas aspirações de explorar a Lua e os planetas Vênus e Marte. O país, de acordo com a Associeted Press, pretende enviar um veículo rover à Lua até 2013 e um astronauta até 2020.

“A liderança que uma nação mantém no espaço é altamente simbólica, pois demonstra ao planeta o poderio tecnológico, militar e a influência internacional exercidas por um país sobre restante do globo. Um declínio na liderança espacial será visto como símbolo de um declínio do poder e da influência dos EUA", disse Scott Pace, um administrador da Nasa (agência espacial dos EUA) durante administração Bush e defensor do envio de astronautas americanos de volta à Lua.

Alguns funcionários norte-americanos estão preocupados com a possibilidade de a China militarizar o espaço, já que as iniciativas são executadas pelo exército nacional. Refutando a ideia de militarização por parte da China, Li Longchen, ex-editor da Space Probe Magazine disse: "A tecnologia espacial pode ser aplicada tanto para uso civil como para uso militar, a China não tem por objetivo enfatizar os fins militares."

Os chineses esperam lançar uma estação espacial em 2020, ano em que a Estação Espacial Internacional está marcada para fechar. Caso o plano chinês realmente ocorra, a China será, em 2020, a única nação com seres humanos no espaço.

A China enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003, 40 anos depois dos Estados Unidos e Rússia. O plano chinês é começar com a Lua para depois explorar Marte e Vênus.

http://br.noticias.yahoo.com/china-come%C3%A7a-projeto-explorar-lua-v%C3%AAnus-marte-153015602.html
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #11 Online: 12 de Julho de 2011, 21:07:54 »
A China vai ter que "comer muito feijão" para se aproximar dos feitos obtidos pelo EUA e pela Rússia no campo espacial.
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #12 Online: 13 de Julho de 2011, 00:08:12 »
Chineses moram dentro das empresas

Companhias fazem prédios com academia, internet e restaurantes para manter os funcionários com conforto e por perto


Dormitórios da BYD, em Shenzhen: casas para os trabalhadores

Imagine morar perto do trabalho e não ter que gastar com transporte ou perder tempo no trânsito. Agora imagine morar em um apartamento pago pela companhia, a poucos minutos do local de trabalho, e não ter nem mesmo a despesa com moradia. Sem dúvidas, parece muito conveniente viver assim, e esta mania vem crescendo na China. Diversas grandes companhias estão oferecendo quartos para seus funcionários em prédios residenciais dentro de seus parques industriais.

Depois de a China ser alvo de críticas pelas péssimas condições de trabalho, grandes companhias tentam caprichar no cuidado com os trabalhadores. Entre elas, estão a Huawei, de telecomunicações, a BYD, de baterias, e empresas menores como a East Star, de importação e exportação.

Na sede da Huawei, em Shenzhen, onde trabalham 30 mil funcionários, há um hotel para visitantes de outras localidades e apartamentos residenciais que acomodam 350 trabalhadores. Há também um clube com piscina, quadras e mesas de ping-pong, biblioteca, academia, hospital e caixas de bancos. Quando o apartamento é muito distante do prédio de trabalho, há vans e ônibus disponíveis durante o dia inteiro.

“As moradias são apenas para os solteiros e mais novos,” diz Cassie Chen, relações públicas da companhia. Segundo ela, não é raro ver funcionários começando a namorar dentro das áreas comuns da empresa. “Eles acabam ficando muito juntos. Mas quando se casam, precisam mudar,” acrescenta.

Segundo as empresas, os funcionários não precisam dividir quartos e, em alguns prédios, têm também serviço de lavanderia e internet sem fio. Na BYD, os dormitórios ficam a cerca de 200 metros dos edifícios administrativos e unidades fabris, o que elimina a necessidade de meios de transporte para ir de um prédio a outro.


Huawei, em Shenzhen, tem apartamentos para 350 funcionários

Apesar de parecer ideal, a facilidade oferecida pelas companhias tem seus pontos desfavoráveis. Se, por um lado, fica fácil encontrar os colegas para reuniões, por outro fica difícil fugir do ambiente de trabalho para relaxar. Os universos particular e corporativo acabam se tornando um só e os funcionários não convivem muito com outras pessoas.

Muitas vezes, os parques industriais ficam distantes dos centros das cidades. “Eu até vou para restaurantes ou para encontros com amigos de fora da empresa, mas não dá para ir muitas vezes no mês, pois posso criar uma imagem ruim entre os colegas de trabalho e meus chefes,” diz um funcionário que não quis ter seu nome revelado. Ele trabalha numa companhia que também oferece apartamentos para os empregados.

Além disso, as horas extras acabam se tornando bastante frequentes. “Alguns dias da semana, acabo trabalhando muito além da carga horária, mas não tem problema, pois estou apenas a cinco minutos de casa,” diz outra trabalhadora, que também pediu para não ser identificada. [...]

http://economia.ig.com.br/expedicoes/china/chineses+moram+dentro+das+empresas/n1597045218856.html

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #13 Online: 13 de Julho de 2011, 00:47:56 »
A China vai ter que "comer muito feijão" para se aproximar dos feitos obtidos pelo EUA e pela Rússia no campo espacial.

A China já fez planos para enviar taikonautas para Marte, enquanto o programa espacial americano entra em decadência. Tenho quase certeza que os chineses dominarão o cenário espacial nos próximos anos (junto com os exploradores privados?).
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #14 Online: 13 de Julho de 2011, 08:23:26 »
A China vai ter que "comer muito feijão" para se aproximar dos feitos obtidos pelo EUA e pela Rússia no campo espacial.
A China já fez planos para enviar taikonautas para Marte, enquanto o programa espacial americano entra em decadência. Tenho quase certeza que os chineses dominarão o cenário espacial nos próximos anos (junto com os exploradores privados?).

Fazer planos é bem diferente de realizá-los.

Eles não tem tecnologia para isto hoje, ao passo que os estadunidenses tem. Além disto, a cápsula chinesa enviada ao espaço há poucos anos é totalmente derivada da tecnologia soviética, não tendo nada de inovador, a não ser pelo fato de que os consoles apresentavam grafismo em mandarim.


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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #15 Online: 13 de Julho de 2011, 08:35:21 »
A China vai ter que "comer muito feijão" para se aproximar dos feitos obtidos pelo EUA e pela Rússia no campo espacial.
A China já fez planos para enviar taikonautas para Marte, enquanto o programa espacial americano entra em decadência. Tenho quase certeza que os chineses dominarão o cenário espacial nos próximos anos (junto com os exploradores privados?).

Fazer planos é bem diferente de realizá-los.

Eles não tem tecnologia para isto hoje, ao passo que os estadunidenses tem. Além disto, a cápsula chinesa enviada ao espaço há poucos anos é totalmente derivada da tecnologia soviética, não tendo nada de inovador, a não ser pelo fato de que os consoles apresentavam grafismo em mandarim.



A Rússia sempre precisa de grana e a China sempre tem. Se a China quiser, a Rússia entrega tudo em matéria de tecnologia espacial. Sem contar a grana que eles podem investir contratando pessoal russo e até mesmo americano, que está especialmente abandonado pelo governo, para desenvolver essas tecnologias.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #16 Online: 13 de Julho de 2011, 10:00:26 »
A China vai ter que "comer muito feijão" para se aproximar dos feitos obtidos pelo EUA e pela Rússia no campo espacial.

A China já fez planos para enviar taikonautas para Marte, enquanto o programa espacial americano entra em decadência. Tenho quase certeza que os chineses dominarão o cenário espacial nos próximos anos (junto com os exploradores privados?).

A onda nos EUA agora é a privatização do setor espacial. Está em decadência o programa do governo americano, mas a exploração espacial de verdade acho que vai começar é agora:

Citar
No início do mês, a cantora americana Katy Perry comprou de presente de aniversário para seu noivo, o comediante inglês Russell Brand, uma viagem para o espaço. Perry pagou US$ 200 mil por uma passagem para um dos primeiros voos suborbitais turísticos da Virgin Galactic, no qual Brand não vai entrar em órbita, mas vai poder ver a curvatura da Terra e experimentar cinco minutos de ausência de gravidade. Ainda não há uma data para a realização do voo - as últimas especulações falam em segundo semestre de 2011 ou só em 2012 - e a empresa continua aceitando reservas.

A Virgin não é a única companhia privada que quer entrar na corrida espacial do século 21. Durante a década de 2000, vários empreendedores fundaram companhias com esse objetivo. Todos fizeram fortunas em outras indústrias, quase sempre com sites ou jogos de computador. Ricos e jovens - alguns ainda têm menos de 40 anos - decidiram gastar o dinheiro que ganharam com tecnologia para conquistar o espaço, ou pelo menos facilitar a ida para fora da nossa atmosfera - e é cada vez mais possível que eles consigam. Será a privatização o futuro da exploração espacial?

A ideia de turismo da Virgin Galactic - vendendo passagens para celebridades - é apenas a mais convencional das visões de futuro privado das viagens espaciais. Ela também tem o fundador mais tradicional: foi fundada em 2004 pelo magnata inglês Richard Branson, dono de um conglomerado - o Virgin Group - que se estende por dezenas de áreas diferentes, de lojas de departamento a operadoras de celular.

Viagens turísticas parecem de qualquer forma um jeito de lucrar com o espaço. A agência de viagens Space Adventures, que em parceria com o governo da Rússia colocou sete turistas em órbita entre 2001 e 2009 (por passagens entre US$ 20 milhões e US$ 35 milhões), pretende concorrer com a Virgin Galactic na área dos voos suborbitais, lançando um pacote semelhante por metade do valor da Virgin, US$ 100 mil. Para isso, a agência fez uma parceria com a Armadillo Aerospace, fundada em 2000 por John Carmack, criador dos jogos Doom e Quake, quando ele tinha apenas 30 anos.

Jeff Bezos, dono da Amazon, é outro empreendedor que investe a fortuna para desenvolver formas de chegar ao espaço: em 2000 ele fundou a Blue Origin, mas a existência da empresa só foi revelada em 2003, quando Bezos começou a comprar terrenos no Texas para construir um campo de testes. O principal veículo em desenvolvimento pela empresa, o New Shepard, também servirá para fazer voos comerciais suborbitais. Além disso, a Blue Origin recebeu US$ 3,7 milhões da Nasa, a agência espacial americana, para desenvolver tecnologias que possam ser usadas em futuros voos de humanos para o espaço.
 
Mais grandiosas são as ideias do americano Elon Musk, cofundador do site de pagamentos online PayPal, vendido para o eBay em 2002 por US$ 1,5 bilhão. No mesmo ano, Musk criou sua própria empresa espacial, a SpaceX. Em menos de uma década de existência, a SpaceX já chegou mais longe do que muitos países que possuem programas espaciais: colocou um satélite em órbita com seu primeiro foguete, o Falcon 1, em 2008, e, no começo de 2010, levou até o espaço o novo Falcon 9, muito maior que seu antecessor. “Quando entramos em órbita foi quando muitas pessoas pensaram: OK, isso é de verdade. Isso é algo que a Coreia do Sul tentou algumas vezes e falhou. O Brasil tentou três vezes e eles falharam”, afirmou Musk ao Observer no começo do mês.

A SpaceX agora está desenvolvendo uma cápsula espacial, a Dragon, que será colocado no Falcon 9 para levar carga até Estação Espacial Internacional (ISS) - e talvez, um dia, astronautas. A ideia não é abstrata: Musk já tem um acordo com a Nasa e vai receber US$ 1,6 bilhão para levar equipamentos até a ISS assim que a Dragon estiver pronta. E as cápsulas estão sendo construídas com janelas, o que é uma dica óbvia de que Musk pretende colocar pessoas dentro delas um dia. "Nosso sucesso é vital para o sucesso do programa espacial americano", afirmou Musk em março, antes de lançar com sucesso o Falcon 9. Musk acredita que a indústria espacial é dominada por órgãos governamentais ineficientes e que ir para o espaço pode ser feito de uma forma muita mais rápida e barata do que é feito hoje.

Se depender do presidente dos Estados Unidos, essa privatização da corrida espacial deve continuar. No começo de 2011, o governo americano vai aposentar seu último ônibus espacial, o Endeavour, e encerrar um programa que durou quase 30 anos. Barack Obama já afirmou que pretende transferir a responsabilidade de transportar equipamentos até a ISS para empresas privadas, como a SpaceX, que serão encorajadas a desenvolver novas formas de enviar pessoas para fora da nossa atmosfera. Segundo os planos do governo americano, a Nasa deve investir US$ 6 bilhões em companhias privadas nos próximos cinco anos.

As decisões de Obama foram muito criticadas por defensores do programa espacial do governo dos EUA, principalmente depois que o presidente cancelou o Constellation, que pretendia levar astronautas de volta para a Lua. O senador republicano Richard Shelby, por exemplo, acredita que as companhias privadas de viagens espaciais não têm a experiência necessária para levar carga até a ISS e que apostando nisso os EUA vão ficar sem nenhum meio de ir para o espaço.

Claro que os empreendedores que investem na área pensam o contrário. Eles querem diminuir os custos e tornar viagens espaciais populares. A obsessão de jovens ricos pelo espaço é uma boa notícia pelo menos para Stephen Hawking. O astrofísico disse nesta semana que a única hipótese para sobrevivência humana é a colonização do espaço nos próximos 100 anos. Se depender de Musk, que serviu de modelo para o Tony Stark de Robert Downey Jr. no filme Iron Man, isso pode acontecer bem antes: Musk já afirmou que quer ajudar a humanidade a se espalhar pelo universo e que ele, agora com 39 anos, pretende se aposentar em Marte

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI163059-15224,00.html

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« Resposta #17 Online: 13 de Julho de 2011, 10:04:37 »
A China vai ter que "comer muito feijão" para se aproximar dos feitos obtidos pelo EUA e pela Rússia no campo espacial.
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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #18 Online: 13 de Julho de 2011, 10:51:29 »
Capsula espacial da Boeing prevista para entrar em operação em 2015

http://www.tecmundo.com.br/5441-boeing-entra-para-o-turismo-espacial.htm

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« Resposta #19 Online: 13 de Julho de 2011, 14:24:27 »
ByteCode, já existe um tópico sobre o turismo espacial: ../forum/topic=5574.0.html

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« Resposta #20 Online: 14 de Julho de 2011, 17:18:04 »
É só contratar os engenheiros americanos e russos com um gordísimo pagamento. Pronto. Está transferida a tecnologia...

Talvez não venha a ser tão fácil assim.
Em cada 3 a 4 académicos chineses que saem da China para estudarem e trabalharem no estrangeiro apenas 1 regressa ao seu país. A China está a fazer um grande esforço para  que mais regressem e para que os que não regressam estejam dispostos a colaborar com a China, mas a verdade é que parece que Pequim pode estar perder mais com a fuga de cérebros do que a ganhar com este negócio (pelo menos é uma grande preocupação do PCC). Não regressam porque recebem melhores salários e podem utilizar melhores equipamentos e tecnologia fora da China... Eu gostaria de pensar que muitos também preferem viver em liberdade fora da China. Ou seja, se o regime não se abrir politicamente, a China poderá mesmo não aceder à liderança mundial e perder cérebros em vez de os ganhar...   
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Offline Liddell Heart

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #21 Online: 14 de Julho de 2011, 18:00:27 »
Ou seja, se o regime não se abrir politicamente, a China poderá mesmo não aceder à liderança mundial e perder cérebros em vez de os ganhar...

As Zonas Econômicas Especiais ou as Zonas de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico servem para frear essa evasão intelectual.
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Offline Aronax

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China lider mundial!
« Resposta #22 Online: 15 de Julho de 2011, 09:12:36 »
A China está num crescimento economico espantoso, atingindo os primeiros lugares.....se encaminha para a ser a numero um e lá ficar por muito tempo.
Paralelamente lança-se na corrida espacial,e em muitos outros terrenos está chegando na ponta, inclusive na área militar.....
Como seria uma liderança mundial da China?...que influencias, e consequencias isto teria?
Uma verdade ou um ser podem ser vistos de vários pontos, porém a verdade e o ser estão acima de pontos de vista.

Offline Pregador

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #23 Online: 15 de Julho de 2011, 09:20:59 »
Tópicos unidos.
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Offline Dr. Manhattan

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Re: China se prepara para ser maior potência do mundo em dez anos
« Resposta #24 Online: 15 de Julho de 2011, 13:55:51 »
Artigo interessante sobre o poder naval da China:

Citar
SEA POWER AND THE CHINESE STATE: CHINA'S MARITIME AMBITIONS

States News Service
States News Service
July 11, 2011

The following information was released by the Heritage Foundation:

Abstract: The expansion of the People's Liberation Army Navy (PLAN) is in many ways a logical and even forgone conclusion. China is the world's second-largest economy; its heavy dependence on trade inevitably makes the seas of growing importance to national well-being. Yet as China's maritime ambitions continue to expand, the U.S. is faced with a challenging task: recognizing Chinese interests without acceding to Chinese demands. How America meets this challenge will determine the future of the Asia-Pacific region and whether America's maritime dominance will continue through the next century.

For the past several decades, the Chinese military has been steadily improving its operational capabilities. Based in part on lessons learned from observing foreign militaries and foreign wars, the People's Liberation Army (PLA) has expanded some of its forces (e.g., the number of ballistic missiles), improved its command and control, and begun implementing joint operations. It has also moved from being centered primarily on ground operations to improving its air and, increasingly, its naval forces.

The expansion of the People's Liberation Army Navy (PLAN) is in many ways a logical and even forgone conclusion. China is the world's second-largest economy; its heavy dependence on trade, both for raw materials to fuel that economy and to ship its exports abroad, inevitably makes the seas of growing importance to national well-being. Moreover, throughout the period of "Reform and Opening," begun under Deng Xiaoping, growing emphasis on international trade has shifted China's economic center of gravity to the coast.[1] Maritime defenses are also of increasing importance to the Chinese leadership in a manner that was not true during much of the Cold War.

Not all navies are created equal. Intentions matter as much as-if not more than-capabilities. China's maritime development may simply be aimed at safeguarding its economic lifelines, or it may be intended also to coerce and compel China's neighbors, many of which are also dependent on the seas. China's naval expansion must therefore be carefully and soberly appraised.

mais em: http://www.militaryaerospace.com/index/display/avi-wire-news-display/1454399439.html

Um link com várias fotos do novo porta-aviões chinês:

http://jeffhead.com/redseadragon/varyagtransform.htm

You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

 

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