Mesmo com dinheiro limitado e gente sofrendo por situações que tiveram menos responsabilidade, se alguma, em causar a si próprios?
Exatamente pelo fato do dinheiro ser limitado. Percebe como a discussão acaba sempre no mesmo ponto? Se você ficar decidindo a prioridade das aplicações pela aparente responsabilidade pessoal ao invés das conseqüências futuras da não prevenção, em médio-longo prazo simplesmente vai estar gastando todo o dinheiro com essas mesmas conseqüências não controladas e aí sim, não vai ter dinheiro para nenhum morador de rua.
Pense dessa forma, se ainda há um pouco da verba indo para moradores de rua é porque o Estado consegue algum grau de sucesso na prevenção em vários campos da saúde, de forma que economizou dinheiro. Quanto mais essa economia aumentar, mais vai sobrar dinheiro para tratar de outros problemas, inclusive dos moradores de rua.
A questão moral, não prática, acaba sendo se, havendo essa escolha, realmente todas esses outros problemas "devem" ser tratados para "economizar" no futuro. Só "devemos" dar camisinhas para as festas porque enfiou-se na lei que "devemos" tratar quem não se cuidar e contrair AIDS. Quando bem poderia se considerar a alternativa de que não, se a pessoa foi simplesmente irresponsável, não receberá tratamento enquanto houver uma pessoa sofrendo por algo pelo qual teve menor responsabilidade na fila.
Bem como se proibir tais situações onde as pessoas tendam a precisar de maiores gastos para prevenir problemas decorrentes de sua própria responsabilidade.
Eu acho que era mais o caso de impedir logo das pessoas se juntarem nessas situações de imbecilidade coletiva do que ficar colocando almofadas nas quinas para protegê-los de sua própria estupidez e da obrigação de ter que tratar dos ferimentos depois.
Mas aí temos que ser realistas. Que tipo de solução estamos discutindo? Fazer isso que você sugeriu implica em violar direitos fundamentais de ir e vir e se reunir pacificamente em manifestações e certamente não é factível. Não há como contrapor soluções realistas com qualquer solução que pareça melhor, mas que seja apenas um exercício utópico.
Eu não tenho "uma solução", é tudo mais um "desabafo" do que qualquer outra coisa.
Não proibiram a marcha da maconha? E de lá provavelmente resultariam menores potenciais danos a saúde dos participantes e gastos públicos do que com a parada gay (ou carnaval, ou futebol, etc). Então que se cobre dos organizadores dos eventos a responsabilidade por esse tipo de coisa, em vez de financiamento público. Ou isso, ou não tem evento.
Isso provavelmente não acontecerá nunca no Brasil, acho pouco provável que aconteça mesmo em países de primeiro mundo, mas me parece mais na direção de como as coisas deveriam ser do que a situação que de fato é.