Autor Tópico: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio  (Lida 8251 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #50 Online: 30 de Junho de 2011, 20:00:40 »
b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.
É porque não distribuem seringas para o uso de drogas em paradas gay, daí eu abstrai...

De fato o que houve apenas foi a distribuição pelos dirigentes da parada gay de panfletos informativos sobre "como se drogar com segurança", e, paralelamente, há distribuição de seringas pelo estado.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #51 Online: 30 de Junho de 2011, 20:01:46 »
Não é uma falsa dicotomia. Há uma verba finita X do estado, que pode ser dividida entre os dois grupos, A e B:

a) pessoas que correm o risco de MORRER se não for providenciado algum abrigo para essas noites de frio e que sofreram muito mais em suas vidas do que todo o pessoal festejando na parada

b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.

O problema não está nos lubrificantes da Parada Gay em si. Se vc substituir o que colocou em b por qualquer outra coisa, b vai continuar sendo a prioridade.
Se voce trocar b por "Prevenir que uma doença infecto-contagiosa se espalhe, matando não apenas quem estava na festa, mas se espalhando endemicamente pelo país, gerando gastos bilionarios com tratamento e com a perda de material humano" , qual será a prioridade real?

A prioridade real continuaria sendo a mesma, apesar dessa deturpação.

Offline Barata Tenno

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #52 Online: 30 de Junho de 2011, 20:11:03 »
Não é uma falsa dicotomia. Há uma verba finita X do estado, que pode ser dividida entre os dois grupos, A e B:

a) pessoas que correm o risco de MORRER se não for providenciado algum abrigo para essas noites de frio e que sofreram muito mais em suas vidas do que todo o pessoal festejando na parada

b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.

O problema não está nos lubrificantes da Parada Gay em si. Se vc substituir o que colocou em b por qualquer outra coisa, b vai continuar sendo a prioridade.
Se voce trocar b por "Prevenir que uma doença infecto-contagiosa se espalhe, matando não apenas quem estava na festa, mas se espalhando endemicamente pelo país, gerando gastos bilionarios com tratamento e com a perda de material humano" , qual será a prioridade real?

A prioridade real continuaria sendo a mesma, apesar dessa deturpação.
Prevenção de uma doença infecto contagiosa é deturpação? Parem as campanhas de vacinação agora e vamos apenas recolher mendigos.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #53 Online: 30 de Junho de 2011, 20:37:26 »
Prevenção propriamente dita não é deturpação, nem a parte do custo com tratamento de quem contrai DSTs.

Deturpação é amedrontar as pessoas quanto ao que é realmente "prevenção", para que acreditem que TODOS estão sob ameaça se não se distribuir preservativos na parada gay; que se não for feito, de alguma forma, as DSTs que eles contraírem por se preocuparem mais em comprar fantasias do que com contrair ou infectar pessoas vão de repente começar a "pular" para o resto da população que pratica apenas sexo seguro e não usa drogas injetáveis.

Isso não é "prevenção", é amedrontação usada para convencer todos a subsidiar orgias.

Prevenção mesmo seriam mensagens reforçando essa responsabilidade, inclusive a de comprarem preservativos eles mesmos se tiverem condições (o que se dá na maior parte do tempo, especialmente se comparando gays (geralmente sem filhos ou parceiros que precisem sustentar) com heterossexuais), ou, se realmente não tiverem condições, então obter gratuitamente num posto de saúde.

Offline Barata Tenno

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #54 Online: 30 de Junho de 2011, 20:55:02 »
Prevenção propriamente dita não é deturpação, nem a parte do custo com tratamento de quem contrai DSTs.

Deturpação é amedrontar as pessoas quanto ao que é realmente "prevenção", para que acreditem que TODOS estão sob ameaça se não se distribuir preservativos na parada gay; que se não for feito, de alguma forma, as DSTs que eles contraírem por se preocuparem mais em comprar fantasias do que com contrair ou infectar pessoas vão de repente começar a "pular" para o resto da população que pratica apenas sexo seguro e não usa drogas injetáveis.

Isso não é "prevenção", é amedrontação usada para convencer todos a subsidiar orgias.

Prevenção mesmo seriam mensagens reforçando essa responsabilidade, inclusive a de comprarem preservativos eles mesmos se tiverem condições (o que se dá na maior parte do tempo, especialmente se comparando gays (geralmente sem filhos ou parceiros que precisem sustentar) com heterossexuais), ou, se realmente não tiverem condições, então obter gratuitamente num posto de saúde.
É prevenção, o simples fato de se dar uma camisinha passa uma mensagem, muito melhor que dar um planfeto ou até uma mensagem no radio, do mesmo modo que politicos dão canetas, réguas e calendarios.É algo útil que passa uma mensagem.
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Offline Mr."A"

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #55 Online: 30 de Junho de 2011, 21:01:55 »
Prevenção ou ludicidade, o problema continua não sendo a Parada Gay. Mesmo se ela não acontecesse, mesmo assim não haveria mobilização de verbas para assistir moradores de rua, porque não há vontade política para que isso ocorra. E nesse sentido, Parada Gay ainda é o que menos me perturba. Não falo de São Paulo porque não conheço a realidade, mas olha só com o que estão sendo gastas verbas públicas na Bahia:

<a href="http://www.youtube-nocookie.com/v/QOr_rIegZ70?version=3&amp;amp;hl=pt_BR" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube-nocookie.com/v/QOr_rIegZ70?version=3&amp;amp;hl=pt_BR</a>

E para variar, colocaram um letreiro eletrônico em frente às obras, bem grande, para contar quantos dias faltam para começarem os eventos da copa em 2014. É inevitável olhar isso e pensar: "tantos moradores de rua - que, em Salvador, são muitos - precisando de assistência e é nisso que investem".  Não há vontade política para assistir moradores de rua, é aí que mora o problema.
« Última modificação: 30 de Junho de 2011, 21:08:33 por Mr."A" »
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Offline _Juca_

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #56 Online: 30 de Junho de 2011, 22:59:29 »
Tá certo que distribuir KY não é legal, mas esse argumento de que os recursos poderiam ir para os sem teto é ingênuo. Acho que o buraco é mais embaixo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #57 Online: 01 de Julho de 2011, 19:16:25 »
É ingênuo, porque esses privilégios de um grupo em relação ao outro já estão profundamente arraigados, de forma que nada vai mudar isso tão cedo, mas nem por isso deixa de ser verdade.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #58 Online: 01 de Julho de 2011, 19:17:54 »
Prevenção ou ludicidade, o problema continua não sendo a Parada Gay. Mesmo se ela não acontecesse, mesmo assim não haveria mobilização de verbas para assistir moradores de rua, porque não há vontade política para que isso ocorra. E nesse sentido, Parada Gay ainda é o que menos me perturba. Não falo de São Paulo porque não conheço a realidade, mas olha só com o que estão sendo gastas verbas públicas na Bahia:

<a href="http://www.youtube-nocookie.com/v/QOr_rIegZ70?version=3&amp;amp;hl=pt_BR" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube-nocookie.com/v/QOr_rIegZ70?version=3&amp;amp;hl=pt_BR</a>

E para variar, colocaram um letreiro eletrônico em frente às obras, bem grande, para contar quantos dias faltam para começarem os eventos da copa em 2014. É inevitável olhar isso e pensar: "tantos moradores de rua - que, em Salvador, são muitos - precisando de assistência e é nisso que investem".  Não há vontade política para assistir moradores de rua, é aí que mora o problema.

Quando tiver a copa, eles deverão ser todos temporariamente transferidos para uns albergues mais distantes dos pontos turísticos, e devem também dar umas tintas coloridas para pintar as favelas.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #59 Online: 01 de Julho de 2011, 19:21:42 »
Prevenção propriamente dita não é deturpação, nem a parte do custo com tratamento de quem contrai DSTs.

Deturpação é amedrontar as pessoas quanto ao que é realmente "prevenção", para que acreditem que TODOS estão sob ameaça se não se distribuir preservativos na parada gay; que se não for feito, de alguma forma, as DSTs que eles contraírem por se preocuparem mais em comprar fantasias do que com contrair ou infectar pessoas vão de repente começar a "pular" para o resto da população que pratica apenas sexo seguro e não usa drogas injetáveis.

Isso não é "prevenção", é amedrontação usada para convencer todos a subsidiar orgias.

Prevenção mesmo seriam mensagens reforçando essa responsabilidade, inclusive a de comprarem preservativos eles mesmos se tiverem condições (o que se dá na maior parte do tempo, especialmente se comparando gays (geralmente sem filhos ou parceiros que precisem sustentar) com heterossexuais), ou, se realmente não tiverem condições, então obter gratuitamente num posto de saúde.
É prevenção, o simples fato de se dar uma camisinha passa uma mensagem, muito melhor que dar um planfeto ou até uma mensagem no radio, do mesmo modo que politicos dão canetas, réguas e calendarios.É algo útil que passa uma mensagem.

Não acho. Acho que a melhor mensagem que poderia ser dada seria o pessoal do movimento gay falando esse tipo de coisa que eu estou falando, "se tem dinheiro para comprar camisinha, compra; se não tem, pede no posto, se não fez nem uma coisa ou outra por qualquer motivo, não transa -- você não é um animal que não consegue se controlar". Muito melhor que toda a coisa com a reclamação contra a igreja ser contra os contraceptivos e todas aquelas imagens de santo e etc, que parecem mais para polemizar/provocar do que um verdadeiro interesse em promover o sexo com responsabilidade.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #60 Online: 01 de Julho de 2011, 19:23:37 »
Se for pensar, a situação é meio como se ter a parada do dia do boxe, onde muitos dos fãs de boxe vão eventualmente encher a cara e dar umas porradas uns nos outros, e então o estado tem que se mobilizar para colocar "tatames" na rua da parada e dar protetores de dente, aqueles "capacetes", e luvas de boxe infláveis de brinquedo para que não se machuquem.

Offline uiliníli

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #61 Online: 01 de Julho de 2011, 19:28:46 »
Se as pessoas sempre se controlassem e tivessem bom senso de passar na farmácia antes de transar, não teríamos tanto problema com DST e gravidez indesejada. Como o mundo não é perfeito, distribuir camisinha é uma solução pragmática para evitar os altos custos de tratar esses problemas depois.

Da mesma forma, se dar luvas de boxe de plástico fosse mais barato do que tratar os ferimentos que inevitavelmente acabariam aparecendo, então essa medida seria racional e de bom senso.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #62 Online: 01 de Julho de 2011, 19:45:35 »
Mesmo com dinheiro limitado e gente sofrendo por situações que tiveram menos responsabilidade, se alguma, em causar a si próprios?

Eu acho que era mais o caso de impedir logo das pessoas se juntarem nessas situações de imbecilidade coletiva do que ficar colocando almofadas nas quinas para protegê-los de sua própria estupidez e da obrigação de ter que tratar dos ferimentos depois.

Offline uiliníli

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #63 Online: 01 de Julho de 2011, 19:57:30 »
Bom, os sem-teto também não são completamente sem responsabilidade por suas situações. Se tivessem estudado mais, se tivessem trabalhado mais ou melhor, se não se entregassem a vícios, muitos deles provavelmente não estariam nas ruas. Claro que muitas dessas pessoas simplesmente tiveram pouquíssima sorte nas suas vidas, mas também não vamos ignorar que pelo menos outra boa parte delas também têm grande responsabilidade pelo que passam. Se não formos compassivos com pessoas que foram imprevidentes em algum momento, não vamos ajudar ninguém.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #64 Online: 01 de Julho de 2011, 20:05:43 »
Mesmo dando maior crédito a essa crença tea partier do que eu acho realmente merecido, de modo geral, a situação de quem é miserável teve causas muito mais complexas e fora do controle do que simplesmente usar um preservativo, e o abrigo para os sem-teto nas noites de frio é muito mais emergencial do que camisinhas e lubrificantes para festas.

Offline uiliníli

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #65 Online: 01 de Julho de 2011, 20:08:24 »
E o remédio para aidéticos, onde ele fica na lista de prioridades?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #66 Online: 01 de Julho de 2011, 20:10:45 »
Parada do orgulho automobilístico, onde, sabe-se lá por que, ocorre um número excepcional de acidentes que seriam facilmente preveníveis com um pouco de cuidado (como não beber antes de dirigir) e mínimo investimento. Então o estado provê uma série de ítens e revisões nos carros que vão participar, tudo de graça. Que beleza seria hein.

Offline uiliníli

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #67 Online: 01 de Julho de 2011, 20:15:55 »
Esse é o seu argumento? Não é o mesmo da parada do dia do boxe? Já não foi respondido?

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #68 Online: 01 de Julho de 2011, 20:17:46 »
E o remédio para aidéticos, onde ele fica na lista de prioridades?

Não sei, é bem complicado. Há as pessoas que contraíram o vírus por pura irresponsabilidade e há aquelas que apenas confiaram em seus parceiros que contraíram o vírus fora da relação e então transmitiram. Acho que idealmente os remédios iriam gratuitamente apenas a essas últimas pessoas, mas é complicado averiguar.

Acredito que se historicamente as pessoas não tivessem sido tão isentas da responsabilidade por seus atos, apenas se auxiliando suas vítimas, hoje seria muito menor o número de pessoas que sofrem com essa doença terrível, bem como os gastos com o estado que poderiam estar sendo aplicados em outras necessidades, como as já mencionadas.

Talvez o ideal fossem as pessoas conseguirem processar quem as transmitiu o HIV, e estes, ou seus familiares, serem então forçados a pagar o tratamento. Isso não só seria mais justo como geraria mecanismos sociais de cobrança de responsabilidade.

Offline Hold the Door

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #69 Online: 01 de Julho de 2011, 20:22:36 »
Mesmo com dinheiro limitado e gente sofrendo por situações que tiveram menos responsabilidade, se alguma, em causar a si próprios?

Exatamente pelo fato do dinheiro ser limitado. Percebe como a discussão acaba sempre no mesmo ponto? Se você ficar decidindo a prioridade das aplicações pela aparente responsabilidade pessoal ao invés das conseqüências futuras da não prevenção, em médio-longo prazo simplesmente vai estar gastando todo o dinheiro com essas mesmas conseqüências não controladas e aí sim, não vai ter dinheiro para nenhum morador de rua.

Pense dessa forma, se ainda há um pouco da verba indo para moradores de rua é porque o Estado consegue algum grau de sucesso na prevenção em vários campos da saúde, de forma que economizou dinheiro. Quanto mais essa economia aumentar, mais vai sobrar dinheiro para tratar de outros problemas, inclusive dos moradores de rua.

Eu acho que era mais o caso de impedir logo das pessoas se juntarem nessas situações de imbecilidade coletiva do que ficar colocando almofadas nas quinas para protegê-los de sua própria estupidez e da obrigação de ter que tratar dos ferimentos depois.

Mas aí temos que ser realistas. Que tipo de solução estamos discutindo? Fazer isso que você sugeriu implica em violar direitos fundamentais de ir e vir e se reunir pacificamente em manifestações e certamente não é factível. Não há como contrapor soluções realistas com qualquer solução que pareça melhor, mas que seja apenas um exercício utópico.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline uiliníli

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #70 Online: 01 de Julho de 2011, 20:26:50 »
Acredito que se historicamente as pessoas não tivessem sido tão isentas da responsabilidade por seus atos, apenas se auxiliando suas vítimas, hoje seria muito menor o número de pessoas que sofrem com essa doença terrível, bem como os gastos com o estado que poderiam estar sendo aplicados em outras necessidades, como as já mencionadas.

Historicamente a existência de sistemas públicos de saúde é muito recente. Na maior parte do tempo eles não existiram, e mesmo hoje, basta ver aqueles sistemas falidos, como o brasileiro, para ver mais ou menos o resultado de não se ter saúde pública nenhuma.

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Talvez o ideal fossem as pessoas conseguirem processar quem as transmitiu o HIV, e estes, ou seus familiares, serem então forçados a pagar o tratamento. Isso não só seria mais justo como geraria mecanismos sociais de cobrança de responsabilidade.

E já podem, desde que a transmissão seja intencional.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #71 Online: 01 de Julho de 2011, 20:29:15 »
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'Barebacking' cresce no Brasil e torna-se caso de saúde pública
Vagner Fernandes, Jornal do Brasil

RIO - “Procuram-se HIVs”. Impresso em um caderno de classificados dos jornais das grandes metrópoles, o anúncio não passaria despercebido. Do ponto de vista conceitual, HIV é uma sigla que desperta interesse e hostilidade, fascínio e medo, compaixão e ódio.

Estigmatizada até então como o acrônimo da morte, ela vem ganhando novos contornos etimológicos devido a um grupo de homens que praticam sexo com homens (os HSH), absolutamente crentes na teoria de que o vírus da Aids, se contraído numa relação sexual, pode trazer benefícios para seu cotidiano, libertando-o, de uma vez por todas, do uso do preservativo, aumentando o prazer, proporcionado uma liberdade só experimentada no auge da revolução sexual, na década de 70.

A teoria foi posta em prática. E tem nome: "barebacking" (derivado da palavra barebackers, usada em rodeios para designar os caubóis que montam a cavalo sem sela ou a pêlo).

O termo ficou conhecido internacionalmente como uma gíria para o sexo sem camisinha, praticado de preferência em grupo, em festas fechadas, por homens sorodiscordantes (HIVs positivos e negativos).

“Coisa de macho”, garantem os adeptos. O movimento cresce no Brasil, de forma assustadora, e tornou-se uma questão de saúde pública e motivo de preocupação social.

O Jornal do Brasil teve passe livre em dois desses encontros, batizados de bare party (festa bare).

É a primeira vez que um veículo de comunicação ingressa em reuniões nas quais o leitmotiv, ou fetiche, é praticar sexo com pessoas desconhecidas, que possam, acima de tudo, ser soropositivas. Às cegas, todos são guiados apenas pelo que sentem. E, para facilitar a comunicação, criaram um vocabulário próprio.

Festa da conversão

As orgias são chamadas de conversion parties ou roleta-russa. Entre os convidados, há os bug chasers (caçadores de vírus), o HIV negativo, que se lança ao sexo sem camisinha, e os gift givers (presenteadores), os soropositivos que se dispõem a contaminar um negativo.

São esses os responsáveis por entregar o gift (presente), o vírus. Quem participa de encontros bare confirma: o prazer sem barreiras é o que importa. Quanto à Aids, eles não encaram mais a doença como mortal, porém crônica, com tratamento à base do coquetel.

A contaminação, portanto, elimina o medo e apresenta uma perspectiva futura da naturalidade do contato pleno.

– Sou um barebacker assumido – dispara R. H., 31 anos, geógrafo e cientista social, com pós-graduação nas duas áreas.

– Eu odeio camisinha. Acho uma m... É terrível interromper o sexo para colocá-la. Acaba com o meu prazer. No mais, o bare, para mim, é um fetiche. Eu gosto, apesar de ter contraído o vírus da Aids numa festa. Mesmo assim, faria tudo de novo. Não me arrependo.

A declaração aterroriza, preocupa. E só mesmo ingressando no singular mundo dos barebackers para comprovar o que depoimentos, documentários, teses, livros e outros elementos que abordam o tema tentam desvendar ou explicar.

Na maioria das vezes, não conseguem. O que se testemunha numa festa bare está além da imaginação humana, supera os delírios e o surrealismo de Fellini em obras como Satyricon, ultrapassa a sordidez e o ceticismo pasoliniano em Saló ou 120 dias de Sodoma. Não há limites. De verdade.

A constatação pôde ser feita em encontros programados para homens de grupos sociais distintos. Na Ipanema da bossa nova, de gente chique “pulverizada” de Dior, Prada, Gucci, Kenzo, Gaultier e Armani, a reunião começa às 22h num casarão de uma das mais movimentadas e conhecidas ruas do bairro.

A mansão, de três andares, é fechada especialmente para a ocasião. O décor é sofisticado. No primeiro pavimento, paredes brancas contrastam com sofás vermelhos. TVs de plasma 42' exibem clipes de Madonna, Beyoncé, Cher, Christina Aguilera ou filmes com astros e estrelas de Hollywood.

As luminárias brancas rebatem a luz dicróica contra a parede, gerando clima de aconchego, e o bar, com bebidas importadas em sua maioria, está sempre livre. Ninguém fica sobre balcão. Não há tumulto. Claro, é uma festa para pessoas escolhidas a dedo, para poucos, no máximo 60 convidados, informados por e-mail.

Há regras, e elas são claras. É condição sine qua non ficar nu ou no, máximo, com uma toalha (cedida pela produção do evento) amarrada na cintura. Quem se recusa é convidado a se retirar.

Outra exigência: o sexo tem de ser praticado nos ambientes comuns de convivência. Ou seja, nada de se trancar em banheiro, em cozinha, em quarto. Ali, todos estão para ver e serem vistos.

E o ritual começa na entrada, quando os participantes tiram a roupa e guardam as peças em um armário, trancado com chave numerada. O funcionamento é semelhante ao de termas, masculinas ou femininas.

A medida, na verdade, serve para evitar a circulação com dinheiro e cartões de crédito. É precaução. Os que desejam consumir bebidas ou aperitivos, apenas transmitem ao barman o número assinalado na chave.

Os itens são lançados no computador e, no fim da festa, a conta é paga no caixa. O mecanismo lembra o adotado por boates e bares do eixo Rio–São Paulo, com suas tradicionais cartelas de consumação mínima. Só que numa festa bare, a bebida ajuda, os petiscos “fortalecem”, mas não são peças-chave para o divertimento.

Circulando pelos outros andares, a prova: na sala de vídeo, um jovem de cerca de 20 anos se entrega ao prazer, cercado por três homens.

Nenhum deles usa preservativo. A cena é chocante. O rodízio de papéis, durante o ato sexual, é comum nessas festas. Faz parte do jogo. O quarteto não frustra as expectativas dos voyeurs reunidos na porta da sala.

Como “astros do sexo”, diante de câmeras e de uma equipe de produção, atuam com vontade em uma performance longa, nada convencional, sem limites. Quem se propõe a ficar sob os holofotes sabe o risco que corre.

Mas é a sensação de perceber a adrenalina disparar e o coração bater aceleradamente devido ao unsafe sex (sexo inseguro) sem pudores e em público que os impulsiona.

Um deles podia ser gift giver e os outros bug chasers. Ou vice-versa. A probabilidade de o gift (o vírus) estar ali, entre eles, era grande. Ninguém se importava.

Quando terminou a primeira das muitas rodadas de sexo, o boy toy lover (brinquedo sexual) do trio foi jogar paciência em um dos quatro computadores, com internet liberada, instalados no segundo andar.

– As pessoas perdem a noção do perigo em busca do prazer – explica Jorge Eurico Ribeiro, 40 anos, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz.

– E o conceito de barebacking se perdeu. Originária da Califórnia, a proposta é a de festas em que um ou mais participantes, sabidamente positivos, são convocados por um produtor para praticar sexo com os convidados sem o uso de preservativos. Todos têm ciência de que, na reunião, há portadores de HIV. O fetiche consiste exatamente na possibilidade de contrair ou não o vírus. Só que, atualmente, há quem acredite que as festas bare são simplesmente um evento para o sexo sem camisinha com participantes negativos, o que é um grande equívoco.

Ribeiro analisa que os barebackers que não apresentam o raciocínio da conversão imaginam, de fato, que, uma vez soronegativos, se limitarem seus relacionamentos com pessoas igualmente soronegativas, estarão fora do risco. Definitivamente não estão.

Há o espaço de tempo de variável (conhecido como janela imunológica) em que um indivíduo já contaminado pelo HIV pode ter resultados de exames laboratoriais de soronegatividade, ou seja, resultados falso-negativos. Testes HIV não são tão matemáticos como se supõe.

No Brasil, o obscuro universo do barebacking é pouco discutido publicamente por especialistas em sexualidade humana. Ainda não há estudo com precisão estatística sobre o número de praticantes, independente de orientação sexual.

No entanto, os relatórios do Ministério da Saúde com dados de infectados pelo HIV, de 1980 a junho de 2008, dão a pista. Os casos acumulados de Aids no país nesse período foram 506.499. Desses, 333.485 (66%) são homens e 172.995 (34%), mulheres. Em 2007, registraram-se 33.689 novos portadores.

Homo, bi ou hetero, todos praticaram sexo sem camisinha. A irresponsabilidade tem preço. E alto. Dos cofres públicos do governo federal saem cerca de R$ 1 bilhão por ano para tratamento exclusivo de soropositivos. Um paciente consome de R$ 5.300 a R$ 26.700 por ano. Cerca de 20 mil pessoas infectadas iniciam tratamento com anti-retrovirais no país, anualmente.

– Sinceramente, não me preocupo com essa questão e nem me sinto culpado. Não estou nem aí em ser um ônus para o governo – enfatiza R. H.

O Federal Health Research (centro de pesquisas de saúde), órgão governamental americano, divulgou recentemente a informação de que muitos homens com comportamento homossexual, bem como agentes de prevenção contra o HIV, confirmaram que a prática de sexo inseguro está se tornando cada vez mais comum.

Um estudo com 554 homens assumidamente homo ou bissexuais, residentes na Califórnia, apontou que 70% estavam familiarizados com o termo barebacking e que 14% já o haviam praticado, muitos em relacionamentos extraconjugais.

De acordo com a pesquisa, dos homens HIV positivos que participaram do estudo, 22% declararam ser barebackers e 10% dos negativos também tinham feito sexo inseguro nos últimos dois anos.

Não há informações sobre qual o número de pessoas em geral (homo, bi ou hetero) que pratica sexo inseguro nem sobre que motivos as levariam à auto-exposição.

Interesse dos jovens

Nas principais metrópoles, o fenômeno tem chamado a atenção de jovens. Comunidades sobre o tema se espalham por sites de relacionamento como o Orkut. No Rio e em São Paulo, a adesão ganha força.

Na indústria pornô, os filmes bare são os mais procurados. No YouTube, as postagens com cenas de sexo sem o uso de preservativos lideram o ranking das mais assistidas. Muitos dos que não praticam ou não têm coragem para fazê-lo buscam o prazer lançando mão de DVDs ou de vídeos na internet. O conceito de barebacking se dissemina.

– Colocar-se frente à possibilidade de contágio do HIV por meio do barebacking traz motivações psicológicas que podem ir do sadismo ao masoquismo. A possibilidade de uma relação sexual mais livre, com maior contato íntimo e afetivo pode estar encobrindo uma caráter suicida – avalia Paulo Bonança, sexólogo e psicólogo, membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana e da Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual.

Risco assumido

HIV positivo, o administrador T.W., 45 anos, ratifica a análise de Bonança. Para ele, os adeptos do movimento sabem os riscos da superexposição e, alguns, ressalta, desejam o contágio conscientemente:

– Quem pratica sexo sem preservativo não pode ser considerado ingênuo. Tenho um amigo casado com soropositivo. Ele pediu ao parceiro que o contaminasse. Disse que era por solidariedade, mas acho que é masoquismo.

As observações de Bonança e T.W. foram comprovadas pelo JB em outra festa com a mesma proposta. Dessa vez, na Zona Oeste, a mais de 60 km da reunião em Ipanema.

O encontro, realizado mensalmente em um sítio, é batizado de Vale Tudo e está em sua 17ª edição. De sunga, de cueca ou nus, exigência para entrar, os participantes se divertem ao som de funk. Dos inocentes à la Perlla aos proibidões, compostos pela “galera da comunidade”. Agora não há TVs de plasma, luz ambiente, bebidas ou petiscos sofisticados. Computador?

Nem pensar. É uma zona praticamente rural. O bar improvisado oferece cerveja em latão, sopa de ervilha, salsichão na brasa, batata frita na hora e campari. O sexo, claro, também é praticado sem timidez.

Na varanda do casarão, na sala, nos quartos, na piscina, na grama. O produtor avisa, na entrada, que os preservativos estão disponíveis.

Percebe-se o zelo pela prevenção. A maioria, no entanto, dispensa, sobretudo em se tratando de sexo oral.

As situações são muito parecidas com as da festa na Zona Sul. Geralmente, dois dão o sinal verde e, em poucos instantes, como num formigueiro, três, quatro, cinco ou dez estão reunidos em busca do prazer.

Há um ano e meio, Igor (codinome de J.C., 42 anos, professor dos ensinos fundamental e médio) produz em sociedade com Renato (A.F, 40 anos, militar), a Vale Tudo.

Garante que o encontro não incentiva o bare, é freqüentado só por maiores e que o uso de drogas é proibido. Esses são dois de cerca de 20 itens de uma espécie de manual enviado por e-mail aos convidados.

Ainda está registrado na mensagem:

- Sexo liberal entre todos. A formação de casais ou grupinhos é censurada. Estamos numa orgia e não num consultório matrimonial.

– Menor, cocaína, ecstasy, crack, maconha ou qualquer outra droga são vetados. Mas sempre há os que usam discretamente. Como posso controlar o que os convidados fazem? Se eu vir, peço que se retirem. Mas não vou colocar seguranças. Isso desconfiguraria a proposta da festa. São adultos. Cada um é responsável por seus atos – frisa Igor.

Mesmo sem ser em orgia, quem não usa proteção é 'barebacker'

A prática do sexo sem o uso de preservativo continua a conquistar novos adeptos. As campanhas milionárias do Ministério da Saúde sobre o tema não têm sido lá tão eficazes como deveriam.

E apesar do conceito de barebacking estar associado a orgias freqüentadas por homens que praticam sexo com homens, qualquer pessoa, independentemente de orientação sexual, que busca o prazer sem lançar mão de camisinha é um barebacker.

Também corre o risco de ser infectado, ainda que não seja um participante assíduo das conversion parties, as polêmicas e inconseqüentes festas de roleta-russa, nas quais os convidados brincam com a possibilidade de contrair o vírus HIV.

- Como expliquei, a conceituação de barebacking se transformou ao longo dos anos – ressalta Jorge Eurico Ribeiro, coordenador de Estudos Clínicos da Fiocruz.

– Todos os que praticam sexo sem preservativo, seja homo, bissexual ou hetero, podem ser considerados, atualmente, um bare.

Risco permanente

Ribeiro destaca a necessidade de de todos os que se lançam ao sexo sem camisinhas refletir sobre o polêmico tema e as conseqüências da prática. Os familiarizados com o termo e o movimento partem para o simples "sou contra" ou "sou a favor", estabelecendo-se, assim, dois lados que se mostram inconciliáveis justamente pela falta de consenso sobre a inconseqüência com que muitos homens praticam o unsafe sex. A discussão vai além.

- É importante se informar, pensar e decidir o que se pretende com isso. Ter uma vida saudável passa longe do exercício do bare. A decisão, claro, é exclusivamente pessoal. Da mesma forma que escolheram a orientação sexual, podem assim decidir o que fazer com o próprio corpo - assinala

Números divulgados pelo Ministério da Saúde sedimentam a análise do pesquisador. Em 1996, no Brasil, o índice de heterossexuais com mais de 13 anos contaminados pelo HIV era da ordem de 22,4% do total de 16.938 infectados.

Até junho deste ano, esse percentual saltou para 45,7%. Entre os homo/bissexuais houve uma redução de 32,5% (em 1996) para 27,4% (junho de 2008).

Preço mais alto

Garoto de programa desde 2005, Gabriel Chaves, 22 anos, afirma ser heterossexual e ter namorada. Mas assume que, quando um cliente oferece um valor maior do que o cachê estabelecido para praticar sexo sem preservativo, não pensa duas vezes:

– Tem uns que dobram ou triplicam o valor. Eu não tenho como recusar. Com mulher também é assim. Há homens que pagam mais para transar com elas no pêlo. É um risco, mas eu, por exemplo, procuro conversar antes e, aos poucos, perceber a qualidade do cliente – conta.

Gabriel não foge à regra dos barebackers e poderá fazer parte da estatística no futuro. Embora se autodenomine heterossexual, integra o grupo HSH (Homens que praticam sexo com Homens).

Há 12 anos, o percentual de HSHs infectados era de 24%. Uma década depois, em 2006, eles já somavam 41% do total de soropositivos naquele ano.

Aumento dos índices

Em 2004, a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas Sexuais do Ministério da Saúde apontou que o índice estimado de HSHs no Brasil, entre 15 a 49 anos, era da ordem de 3,2 % da população, ou cerca de 1,5 milhão de pessoas.

A partir dessa base populacional, a pesquisa calculou a taxa de incidência da Aids nesse grupo. Foram constatados 226,5 casos para cada 100 mil pessoas. Esse índice é 11 vezes maior do que o da taxa da população geral (de heteros), que é de 19,5 casos por grupo de 100 mil.

O crescimento no número de casos, sobretudo entre os homens, está relacionado ao fato de que toda uma geração, que jamais havia tido contato direto com a Aids, atingiu uma faixa etária sexualmente ativa. Bombardeados por campanhas em favor do uso do preservativo, acabaram desenvolvendo uma certa "imunidade" a elas, crendo que a doença não é um "bicho tão feito quanto pintam".

Quando remédio é desculpa para ficar doente

Difundida principalmente nos Estados Unidos (Califórnia, em primeiro lugar) e na Europa, a prática do barebacking é polêmica.

Os adeptos do bare alegam que, em função dos avanços atuais relacionados ao tratamento anti-HIV e à facilidade de acesso a ele, caso sejam contaminados não perderão em qualidade de vida.

- Temos os anti-retrovirais, medicamentos que inibem a reprodução do vírus e potencializam o sistema imunológico. Isso impede o surgimento de enfermidades oportunistas (Aids) - ressaltam.

Eles ainda defendem como ponto positivo para não abrir mão da prática o fato de a ansiedade e a angústia frente ao possível contágio pelo HIV desaparecerem, assim que se descobrem soropositivos. Isso é sinônimo de libertação, pois que o uso do preservativo passa a ser descartado.

O barebacker está à procura da relação sexual mais livre, com maior contato íntimo e afetivo. As conseqüências, no entanto, relacionadas à prática nem sempre se traduzem de forma positiva, como supõem seus praticantes. Anti-retrovirais não são os únicos responsáveis pela qualidade de vida de um HIV.

Quando expostos, de forma freqüente, a relações de alto risco, os soropositivos podem sofrer o que se chama de “recontágio”, uma nova contaminação, acarretando aumento da carga viral e desencadeamento de queda de imunidade e sintomas.

Além disso, têm grande chance de contrair outras DSTs, tais com sífilis. Isso, certamente, dificultará o tratamento.

“Montar a pêlo”, a tradução literal para barebacking, seria uma lenda urbana se não houvesse comprovação real da prática.

A terrível tendência de comportamento existe. Há, de fato, homens, na maioria homossexuais, que querem ser infectados pelo HIV e outros que têm o prazer de ajudá-los a tornar esse desejo realidade.

Psicólogos, antropólogos e sociólogos teorizam sobre distúrbios de comportamento ou disfunção social. Para o resto do mundo, não passam de estúpidos ou patéticos.




http://web.archive.org/web/20090117055537/http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/03/e030115675.asp



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[...]A qualidade do tratamento de Aids no Brasil faz com que os praticantes sintam-se mais seguros?
As pessoas acham a Aids não mata mais. Elas sabem que podem ficar bem com medicamento e não vão morrer. É realmente uma justificativa que aparece no meio desses outros aspectos – a questão do prazer, da liberdade. Então o outro aspecto também é esse – a Aids não mata mais. Não estou falando que é só isso, mas para algumas pessoas essa é uma justificativa importante. [....]


http://www.agazetanews.com.br/noticia/saude/33432/pesquisa-analisa-perfil-de-praticantes-de-barebacking

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #72 Online: 01 de Julho de 2011, 20:31:52 »
Acredito que se historicamente as pessoas não tivessem sido tão isentas da responsabilidade por seus atos, apenas se auxiliando suas vítimas, hoje seria muito menor o número de pessoas que sofrem com essa doença terrível, bem como os gastos com o estado que poderiam estar sendo aplicados em outras necessidades, como as já mencionadas.

Historicamente a existência de sistemas públicos de saúde é muito recente

A AIDS por aqui é mais, estou falando especificamente sobre esse caso, não como uma medida mais geral, embora talvez fizesse sentido também para qualquer DST. Embora que, novamente, não seria "desde sempre" que esse processo alternativo seria viável.


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Talvez o ideal fossem as pessoas conseguirem processar quem as transmitiu o HIV, e estes, ou seus familiares, serem então forçados a pagar o tratamento. Isso não só seria mais justo como geraria mecanismos sociais de cobrança de responsabilidade.

E já podem, desde que a transmissão seja intencional.

Acho que deveria independer disso, por negligência mesmo, como é para muitos casos onde alguém causa uma lesão grave a outra pessoa.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #73 Online: 01 de Julho de 2011, 20:40:34 »
Mesmo com dinheiro limitado e gente sofrendo por situações que tiveram menos responsabilidade, se alguma, em causar a si próprios?

Exatamente pelo fato do dinheiro ser limitado. Percebe como a discussão acaba sempre no mesmo ponto? Se você ficar decidindo a prioridade das aplicações pela aparente responsabilidade pessoal ao invés das conseqüências futuras da não prevenção, em médio-longo prazo simplesmente vai estar gastando todo o dinheiro com essas mesmas conseqüências não controladas e aí sim, não vai ter dinheiro para nenhum morador de rua.

Pense dessa forma, se ainda há um pouco da verba indo para moradores de rua é porque o Estado consegue algum grau de sucesso na prevenção em vários campos da saúde, de forma que economizou dinheiro. Quanto mais essa economia aumentar, mais vai sobrar dinheiro para tratar de outros problemas, inclusive dos moradores de rua.

A questão moral, não prática, acaba sendo se, havendo essa escolha, realmente todas esses outros problemas "devem" ser tratados para "economizar" no futuro. Só "devemos" dar camisinhas para as festas porque enfiou-se na lei que "devemos" tratar quem não se cuidar e contrair AIDS. Quando bem poderia se considerar a alternativa de que não, se a pessoa foi simplesmente irresponsável, não receberá tratamento enquanto houver uma pessoa sofrendo por algo pelo qual teve menor responsabilidade na fila.

Bem como se proibir tais situações onde as pessoas tendam a precisar de maiores gastos para prevenir problemas decorrentes de sua própria responsabilidade.



Eu acho que era mais o caso de impedir logo das pessoas se juntarem nessas situações de imbecilidade coletiva do que ficar colocando almofadas nas quinas para protegê-los de sua própria estupidez e da obrigação de ter que tratar dos ferimentos depois.

Mas aí temos que ser realistas. Que tipo de solução estamos discutindo? Fazer isso que você sugeriu implica em violar direitos fundamentais de ir e vir e se reunir pacificamente em manifestações e certamente não é factível. Não há como contrapor soluções realistas com qualquer solução que pareça melhor, mas que seja apenas um exercício utópico.

Eu não tenho "uma solução", é tudo mais um "desabafo" do que qualquer outra coisa.

Não proibiram a marcha da maconha? E de lá provavelmente resultariam menores potenciais danos a saúde dos participantes e gastos públicos do que com a parada gay (ou carnaval, ou futebol, etc). Então que se cobre dos organizadores dos eventos a responsabilidade por esse tipo de coisa, em vez de financiamento público. Ou isso, ou não tem evento.

Isso provavelmente não acontecerá nunca no Brasil, acho pouco provável que aconteça mesmo em países de primeiro mundo, mas me parece mais na direção de como as coisas deveriam ser do que a situação que de fato é.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #74 Online: 01 de Julho de 2011, 20:46:33 »
Essa era uma boa. O governo deveria cobrar (literalmente) por essas coisas como segurança adicional em jogos de futebol, camisinhas em eventos, e etc. Aí os organizadores vão ter que, além de pagar os custos verdadeiros do evento, investir na segurança e zelar para que as pessoas não causem problemas a si mesmas ou umas as outras pelas quais eles podem ser responsabilizados. Poderia ainda haver um contrato de responsabilidade dos participantes, e dessa forma, se um contrai alguma DST no carnaval ou em parada gay apesar de ter recebido o preservativo gratuitamente, não tem direito a nada.

 

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