Autor Tópico: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio  (Lida 8250 vezes)

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Offline Liddell Heart

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #25 Online: 29 de Junho de 2011, 15:44:01 »
Mas camisinhas são distribuídas gratuitamente todos os dias em postos de saúde e escolas.
Não é de graça, somos obrigados a pagar por elas.  ::)
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Offline Diegojaf

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #26 Online: 29 de Junho de 2011, 16:25:10 »
Mas camisinhas são distribuídas gratuitamente todos os dias em postos de saúde e escolas.
Não é de graça, somos obrigados a pagar por elas.  ::)
Se estamos discutindo aqui custos e prioridades desses programas de prevenção, é óbvio que ninguém pensa que existe alguma coisa caindo do céu de graça.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #27 Online: 29 de Junho de 2011, 17:27:33 »
Bockaroo,

é difícil condenar ou endossar esse tipo de coisa pq isso acontece de montão em outras atividades lúdicas.

O que não quer dizer muita coisa, apenas que o que quer que se conclua que é o melhor, provavelmente deverá valer para esses outros casos também, a menos que haja algo excepcional que justifique.


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Por ex. na praia tem uma guarnição especial do corpo de bombeiros de salva vidas

Que poderiam ser voluntários ou empresas particulares.



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em partidas de futebol vários policiais são mobilizados

O que acho que é mais um exemplo de como é preciso rever estratégias que se tem para lidar com problemas, e não simplesmente aceitá-los como uma parte inevitável da natureza. "As pessoas brigam/têm alta probabilidade de brigar, criar tumultos quando torcendo em algumas competições esportivas". Ora, tem algo de errado aí. Não são todos, e não são em todas competições esportivas. Alguns "torcedores" são meio como animais selvagens. O que é preciso fazer é filtrá-los e puní-los exemplarmente, inclusive revogando o direito de assistir jogos em estádios. Ou talvez até em ambientes públicos de modo geral, como bares.

 

Citar
a copa tem vários subsídios e gastos com estádios públicos

Que novamente, não significa que seja o melhor a ser feito. O estado não deveria interferir nisso, que os interesses privados financiem o que for necessário, e se for economicamente inviável, que seja, é a realidade. Ninguém é obrigado a pagar pelo lazer dos outros, especialmente nesses casos onde pode dar mais problemas do que retornos positivos.



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, as religiões tem várias isenções e benefícios públicos.

Fechou com o exemplo mais clássico no fórum de algo que não deveria existir.



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Ou seja, o ser humano vai sempre ter atividades lúdicas, e os governos sempre vão apoiar porque são os cidadãos que querem participar dessas atividades e querem que parcela do imposto que eles pagam seja aplicado para nessas atividades. Considero um direito deles.

É muito difícil mensurar onde está ou não o exagero.

Isso nem é o mais dificil. O mais difícil é, uma feito isso, e constatado que há exagero e prejuízo para a sociedade em determinada política popular de subsídio ao entretenimento, convencer as pessoas disso, conseguir vencer a crença de que aquilo que é público é de graça  e que o governo deveria fazer mais coisas de graça, bem como o discurso dos lobbies que de fato lucrem com o que quer que seja.






Financiamento de festas como o Carnaval tem resultado financeiro, a parada Gay é o evento que mais atrai turistas para a cidade de São Paulo, o dinheiro gasto volta aos cofres publicos em impostos depois.

Tem algum lugar expondo isso bem claramente? É transparente o quanto se capta com o carnaval e o quanto ele acaba custando, havendo mesmo esse saldo positivo, ou é só algo que se cogita como sendo muito provável? Porque o benefício pode muito bem ser só para uma minoria, e a sociedade ao todo tem prejuízo.



Se não me engano, essa relação custoxbenefício do Carnaval já foi debatida aqui... no Carnaval.

A partir do vídeo daquela Sherazade não-sei-das-quantas.

É possivel mesurar o quanto a prefeitura gasta e o quanto dinheiro é movimentado nesse periodo, mas o "prejuizo para a sociedade" é subjetivo demais para mensurar, assim como o "ganho social" do evento.

Não sei se é tão subjetivo. Pode-se sempre ter parâmetros diversos, e, se alguém não considera tal coisa como ganho ou perda (como violência, DSTs, verbas que poderiam estar ajudando pessoas com necessidades mais básicas), então leva em consideração ou desconsidera. E de qualquer forma, acho que o estado deveria tentar se restringir tanto quanto possível àquilo que há de mais objetivo, o "pão e circo" fica por conta do bolso de cada um na imensa maior parte do tempo, apenas não quando não houver dúvida de que ninguém sai perdendo.







Offline Barata Tenno

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #28 Online: 29 de Junho de 2011, 19:04:54 »
Mas violencia e DST ocorreria de qualquer maneira, seja com o estado ou a iniciativa privada patrocinando, é indiferente. E segundo reportagens o evento movimentou 156 milhões de reais, imagine que 1/3 disso vira imposto, que vão ser convertidos em necessidades mais básicas, duvido que o estado tirou 10% disso do cofre.
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Offline Hold the Door

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #29 Online: 29 de Junho de 2011, 19:54:20 »
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26 de maio de 2010

[...] Nesta quarta, Apolinário questionou a relevância da distribuição do lubrificante. "Esses géis-lubrificantes são usados para curar dor de cabeça, para curar dor do pé, dor do ouvido? Para que são usados esses géis-lubrificantes?", questiona o vereador, que também é líder da bancada evangélica da Câmara. "Por que a Secretaria da Saúde não distribui remédio para diabéticos? Por que não distribui remédio para as pessoas que têm pressão alta?".

Medicamentos para diabetes e hipertensão já são distribuídos gratuitamente para a população. Basta levar a receita médica (e acho que os documentos pessoais) em uma farmácia popular.
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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #30 Online: 29 de Junho de 2011, 20:00:54 »
Contagem regressiva até um esquerdista da escola "recursos podem sempre ser tirados da cartola" vir dizer que é uma falsa dicotomia e pode-se fazer as duas coisas e até mais:

10...
Ou algum conservador não necessariamente direitista da escola "bolsa-família é fábrica de vagabundo" aparecer dizendo que investir verbas públicas em benefício de quem não quer trabalhar é pungar a carteira do contribuinte ou alguma coisa parecida. ;)

Se o cara tem dinheiro para comprar a fantasia cor de rosa, deve ter uns trocados para comprar o lubrificante.

E sem querer fazer trocadilho, mas os esquerdistas e o governo brasileiro são cheios de querer fazer gentileza com o cu dos outros.

Offline gilberto

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #31 Online: 29 de Junho de 2011, 20:03:45 »
E sem querer fazer trocadilho, mas os esquerdistas e o governo brasileiro são cheios de querer fazer gentileza com o cu dos outros.
Não convenceu ...  :biglol:

Offline Cumpadi

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #32 Online: 29 de Junho de 2011, 23:20:31 »
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26 de maio de 2010

[...] Nesta quarta, Apolinário questionou a relevância da distribuição do lubrificante. "Esses géis-lubrificantes são usados para curar dor de cabeça, para curar dor do pé, dor do ouvido? Para que são usados esses géis-lubrificantes?", questiona o vereador, que também é líder da bancada evangélica da Câmara. "Por que a Secretaria da Saúde não distribui remédio para diabéticos? Por que não distribui remédio para as pessoas que têm pressão alta?".

Medicamentos para diabetes e hipertensão já são distribuídos gratuitamente para a população. Basta levar a receita médica (e acho que os documentos pessoais) em uma farmácia popular.
O que é um total absurdo, poderiam muito bem aproveitar toda aquela burocracia do IR, etc para dizer quem pode ou não pegar remédio de graça. Não acho certo eu pagar por remédios de gente mais rica que eu.
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Offline rizk

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #33 Online: 30 de Junho de 2011, 00:00:31 »
Ninguém liga pra gente em situação de rua. Seja em época de parada gay, seja nos outros dias do ano. É uma merda.

Eu sou do clubinho que é uma falsa dicotomia. Distribuir camisinha é iniciativa PREVENTIVA. São centavos/unidade que se gasta hoje pra evitar gastos monstruosos com saúde e educação.

O problema dos sem-teto é um problema preexistente e CRÔNICO, que envolve não só falta de moradia, mas principalmente falta de cuidado do Estado pra com os doentes mentais. E isso custa dinheiro.
E não precisa fazer nada, na verdade: basta esperar eles cometerem algum furto ou desacato ou qualquer porcaria, soca os fdp na cadeia e esquece lá, e ainda pode dizer que lá pelo menos tem comida e teto.

É uma coisa de um cinismo e desumanidade incomensuráveis.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #34 Online: 30 de Junho de 2011, 00:25:07 »
Eu sou do clubinho que é uma falsa dicotomia. Distribuir camisinha é iniciativa PREVENTIVA. São centavos/unidade que se gasta hoje pra evitar gastos monstruosos com saúde e educação.

O problema dos sem-teto é um problema preexistente e CRÔNICO, que envolve não só falta de moradia, mas principalmente falta de cuidado do Estado pra com os doentes mentais.

Não é uma falsa dicotomia. Há uma verba finita X do estado, que pode ser dividida entre os dois grupos, A e B:

a) pessoas que correm o risco de MORRER se não for providenciado algum abrigo para essas noites de frio e que sofreram muito mais em suas vidas do que todo o pessoal festejando na parada

b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.

Se coubesse a mim escolher eu não teria dúvida alguma.


Qualquer fração dessa verba X que vá para A não vai para B e vice-versa, o único aspecto não-dicotômico é que ela pode ser fracionada, mas isso não desaparece com ela na verdade: se não gastamos tudo em camisinhas para uns se divertirem, seja transar ou encher como bexiga, mas apenas uma fração, essa fração necessariamente será descontada daquilo que poderia contar para o abrigo ou no mínimo refeições de outros, ainda que obviamente o custo por indivíduo se tratando de camisinhas seja muito mais baixo.



Mesmo levando em consideração o aspecto de prevenção. Ora, se podemos tranquilamente fazer uma escolha que pode condenar as pessoas de um desses grupos a morte apenas pelo azar deles estarem na situação que estão, também podemos ter com a mesma frieza a opção de simplesmente não ter que ajudar às pessoas do outro grupo, que hoje preferiram cair na gandaia e transar sem preocupar em comprar camisinhas eles mesmos. Que tenham o mesmo fim que podem ter os mendigos agora.

Offline Adriano

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #35 Online: 30 de Junho de 2011, 00:25:29 »
Contagem regressiva até um esquerdista da escola "recursos podem sempre ser tirados da cartola" vir dizer que é uma falsa dicotomia e pode-se fazer as duas coisas e até mais:

10...
Penso que alguns esquerdistas já são abominados por defender causas indefensáveis, como Movimento sem terra e/ou movimento sem teto.

Mas é uma boa estratégia não-esquerdista usar a causa das minorias sexuais para debater a questão, talvez seja mais produtivo assim  :ok:

Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Cumpadi

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #36 Online: 30 de Junho de 2011, 00:32:32 »
Desculpem-me pela ignorância, mas alguém poderia explicar para que serve essa tal seringa? (não precisa ilustrar)
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Offline Adriano

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #37 Online: 30 de Junho de 2011, 00:33:00 »
O problema dos sem-teto é um problema preexistente e CRÔNICO, que envolve não só falta de moradia, mas principalmente falta de cuidado do Estado pra com os doentes mentais. E isso custa dinheiro.
Além de toda uma reforma estrutural até mesmo no sistema de internação. Tem um tópico aqui que postei uma reportagem sobre os problemas na minha cidade, de mortes nos hospitais psiquiátricos, bem acima da média nacional.

E não precisa fazer nada, na verdade: basta esperar eles cometerem algum furto ou desacato ou qualquer porcaria, soca os fdp na cadeia e esquece lá, e ainda pode dizer que lá pelo menos tem comida e teto.

É uma coisa de um cinismo e desumanidade incomensuráveis.
Se até com a "demência" destes supostos desvios sexuais, já propõe, no tópico, ações mais duras, o que não esperar dessa demanda tão mal compreendida pela nossa sociedade?
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Offline rizk

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #38 Online: 30 de Junho de 2011, 00:55:26 »
Não é uma falsa dicotomia. Há uma verba finita X do estado, que pode ser dividida entre os dois grupos, A e B:

a) pessoas que correm o risco de MORRER se não for providenciado algum abrigo para essas noites de frio e que sofreram muito mais em suas vidas do que todo o pessoal festejando na parada

b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.

Se coubesse a mim escolher eu não teria dúvida alguma.


Qualquer fração dessa verba X que vá para A não vai para B e vice-versa, o único aspecto não-dicotômico é que ela pode ser fracionada, mas isso não desaparece com ela na verdade: se não gastamos tudo em camisinhas para uns se divertirem, seja transar ou encher como bexiga, mas apenas uma fração, essa fração necessariamente será descontada daquilo que poderia contar para o abrigo ou no mínimo refeições de outros, ainda que obviamente o custo por indivíduo se tratando de camisinhas seja muito mais baixo.



Mesmo levando em consideração o aspecto de prevenção. Ora, se podemos tranquilamente fazer uma escolha que pode condenar as pessoas de um desses grupos a morte apenas pelo azar deles estarem na situação que estão, também podemos ter com a mesma frieza a opção de simplesmente não ter que ajudar às pessoas do outro grupo, que hoje preferiram cair na gandaia e transar sem preocupar em comprar camisinhas eles mesmos. Que tenham o mesmo fim que podem ter os mendigos agora.
É claro que administração pública não é coisa pra idealista. O dinheiro é finito mesmo e o que se gasta de um lado se tira do outro. Eu concordo com você plenamente.

O que quero dizer é que a distribuição de camisinha é uma coisa barata, prática e de efeito imediato, e atinge MUITO MAIS pessoas. Ela não exige toda a vontade política que o cuidado com os sem-teto exige. Garante mais visibilidade, garante mais voto. Mendigo não vota, jovem vota e gay também. Por mais que sejam minoria, que não tenham todos os direitos que o resto dos brasileiros têm, tem gente lutando por eles. Pelos sem-teto não tem ninguém.

Eu moro a duas quadras de distância de um abrigo. Só recebem homens com documento para tomar banho e passar a noite. Claro que nunca tem vaga pra todos, então o povo que sobra fica todo junto na porta. Nessas noites de frio eu passo por eles e me dá a maior agonia. E não tem abrigo pra mulher com filhos que foge de marido agressor. Não tem vaga pra internar gente com insanidade mental. Não tem porra nenhuma. É o fim da picada.

Mas quero insistir no seguinte: a gente tem uma "cultura" de esconder os mendigos. Veja essa discussão aqui em São Paulo, que o Kassab quer mandar compulsoriamente o povo da crackolândia para uns "centros de reabilitação" católicos no interior. Claramente não é um problema de fácil resolução. "Se dependesse da minha vontade", ótimo, mas nosso país não é SimCity.



p.s. parcus, acho que seringa para usar drogas injetáveis? Mas não sabia que estão distribuindo.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #39 Online: 30 de Junho de 2011, 01:02:00 »
Desculpem-me pela ignorância, mas alguém poderia explicar para que serve essa tal seringa? (não precisa ilustrar)

Se forem seringas que eu mencionei, são para drogas injetáveis. Se há outras aplicações, eu desconheço.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #40 Online: 30 de Junho de 2011, 01:07:00 »
Mas quero insistir no seguinte: a gente tem uma "cultura" de esconder os mendigos. Veja essa discussão aqui em São Paulo, que o Kassab quer mandar compulsoriamente o povo da crackolândia para uns "centros de reabilitação" católicos no interior. Claramente não é um problema de fácil resolução. "Se dependesse da minha vontade", ótimo, mas nosso país não é SimCity.

Definitivamente não é o caso, mas o mínimo que eu posso fazer sem virar um abnegado tentando salvar o mundo deixando minha vida de lado é expor isso que eu considero um absurdo.

Offline Hold the Door

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #41 Online: 30 de Junho de 2011, 02:44:28 »
Mesmo levando em consideração o aspecto de prevenção. Ora, se podemos tranquilamente fazer uma escolha que pode condenar as pessoas de um desses grupos a morte apenas pelo azar deles estarem na situação que estão, também podemos ter com a mesma frieza a opção de simplesmente não ter que ajudar às pessoas do outro grupo, que hoje preferiram cair na gandaia e transar sem preocupar em comprar camisinhas eles mesmos. Que tenham o mesmo fim que podem ter os mendigos agora.

Acontece que não existe uma opção de simplesmente não ajudar as pessoas do segundo grupo. Uma vez que elas não usem proteção e peguem uma DST (que não se restringe somente ao vírus do HIV) elas inevitavelmente vão acabar usando recursos da saúde pública, seja com simples antibióticos, os caríssimos coqueteis anti-HIV ou até mesmo um transplante de emergência de fígado graças a uma hepatite viral fulminante (o que, além de custar uma fortuna aos cofres públicos, ainda pula a fila de transplante).

Ou seja, não ajudar as pessoas do segundo grupo por meio da distribuição de preservativos simplesmente sai caro demais no futuro (a menos que você também consiga negar qualquer atendimento médico posterior a eles, o que é impossível), consumindo recursos que seriam aplicados em outros setores, inclusive no auxílio a sem tetos.
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Offline Hold the Door

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #42 Online: 30 de Junho de 2011, 03:09:31 »
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26 de maio de 2010

[...] Nesta quarta, Apolinário questionou a relevância da distribuição do lubrificante. "Esses géis-lubrificantes são usados para curar dor de cabeça, para curar dor do pé, dor do ouvido? Para que são usados esses géis-lubrificantes?", questiona o vereador, que também é líder da bancada evangélica da Câmara. "Por que a Secretaria da Saúde não distribui remédio para diabéticos? Por que não distribui remédio para as pessoas que têm pressão alta?".

Medicamentos para diabetes e hipertensão já são distribuídos gratuitamente para a população. Basta levar a receita médica (e acho que os documentos pessoais) em uma farmácia popular.
O que é um total absurdo, poderiam muito bem aproveitar toda aquela burocracia do IR, etc para dizer quem pode ou não pegar remédio de graça. Não acho certo eu pagar por remédios de gente mais rica que eu.

Não sei a proporção de pessoas de alto poder aquisitivo que usam esse recurso, mas aqui vale o mesmo raciocício anterior. Diabetes mellitus e hipertensão arterial são doenças de alta morbidade e baixa aderência ao tratamento, ou seja, são doenças de conseqüências devastadoras (e caríssimas a saúde pública) e que poucos seguem o tratamento como deviam, já que são doenças silenciosas em que aparentemente a pessoa está bem por vários anos, o que torna o ritual diário de tomar os medicamentos um saco.

As doenças cardiovasculares (que incluem o infarto do miocárdio e o AVC) são a principal causa de morte no Brasil (e em grande parte do mundo) e podem ser grandemente diminuídas com o controle adequado dos fatores de risco, que incluem a hipertensão arterial e o diabetes. Sem contar outros tipos de conseqüência devido a essas doenças, que são altamente incapacitantes, como seqüelas de AVC ou infarto (deficiências motoras, cognitivas, insuficiência cardíaca, que vão exigir reabilitação e tratamento), cegueira, amputação de membros, feridas de difícil tratamento, problemas vasculares (conseqüencias do diabetes). Isso tudo além de consumir recursos, ainda reduz a capacidade de trabalho de pessoas ativas.

Ou seja, gastar um pouco de dinheiro público com esses medicamentos, mesmo que para pessoas de maior poder aquisitivo, ajuda a economizar muito mais do seu dinheiro no futuro com as conseqüências.
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Offline uiliníli

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #43 Online: 30 de Junho de 2011, 05:51:39 »
Não é uma falsa dicotomia. Há uma verba finita X do estado, que pode ser dividida entre os dois grupos, A e B:

a) pessoas que correm o risco de MORRER se não for providenciado algum abrigo para essas noites de frio e que sofreram muito mais em suas vidas do que todo o pessoal festejando na parada

b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.

É uma falsa dicotomia, porque na verdade é uma verdadeira tricotomia. Você esqueceu um grupo:
c) Pessoas que pegaram alguma doença e têm o direito por lei de receberem medicamentos caríssimos, muito mais caros que o valor gasto com o grupo b e que, portanto, deixam uma fração muito menor de X disponível para o grupo a.

Offline Diegojaf

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #44 Online: 30 de Junho de 2011, 08:34:30 »
Não estávamos discutindo KY X Desabrigados?
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #45 Online: 30 de Junho de 2011, 18:46:08 »
Mesmo levando em consideração o aspecto de prevenção. Ora, se podemos tranquilamente fazer uma escolha que pode condenar as pessoas de um desses grupos a morte apenas pelo azar deles estarem na situação que estão, também podemos ter com a mesma frieza a opção de simplesmente não ter que ajudar às pessoas do outro grupo, que hoje preferiram cair na gandaia e transar sem preocupar em comprar camisinhas eles mesmos. Que tenham o mesmo fim que podem ter os mendigos agora.

Acontece que não existe uma opção de simplesmente não ajudar as pessoas do segundo grupo. Uma vez que elas não usem proteção e peguem uma DST (que não se restringe somente ao vírus do HIV) elas inevitavelmente vão acabar usando recursos da saúde pública, seja com simples antibióticos, os caríssimos coqueteis anti-HIV ou até mesmo um transplante de emergência de fígado graças a uma hepatite viral fulminante (o que, além de custar uma fortuna aos cofres públicos, ainda pula a fila de transplante).

Ou seja, não ajudar as pessoas do segundo grupo por meio da distribuição de preservativos simplesmente sai caro demais no futuro (a menos que você também consiga negar qualquer atendimento médico posterior a eles, o que é impossível), consumindo recursos que seriam aplicados em outros setores, inclusive no auxílio a sem tetos.

Sim, na prática é realmente impossível, como a Rizk falou. Acaba sendo mais como um exercídio mental daqueles de vagões indo em direção a pessoas amarradas e uma alavanca ditando seu rumo, e não um ponto de partida tão útil para se ter idéias sobre mudanças políticas realistas. Ninguém vai mover a alavanca de outro jeito, mesmo que as pessoas de um grupo tenham se amarrado nos trilhos só de brincadeira no meio da farra.

No máximo, a popularização dessa perspectiva poderia despertar um senso de responsabilidade naqueles que, numa situação privilegiada, têm amplas condições de evitarem dispêndios para o estado causados pela própria irresponsabilidade. Mas também não tenho qualquer esperança de que algo assim pudesse ser significativo.

 

Offline Mr."A"

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #46 Online: 30 de Junho de 2011, 19:28:20 »
Não é uma falsa dicotomia. Há uma verba finita X do estado, que pode ser dividida entre os dois grupos, A e B:

a) pessoas que correm o risco de MORRER se não for providenciado algum abrigo para essas noites de frio e que sofreram muito mais em suas vidas do que todo o pessoal festejando na parada

b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.

O problema não está nos lubrificantes da Parada Gay em si. Se vc substituir o que colocou em b por qualquer outra coisa, b vai continuar sendo a prioridade.
« Última modificação: 30 de Junho de 2011, 19:33:12 por Mr."A" »
8-)

Offline uiliníli

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #47 Online: 30 de Junho de 2011, 19:37:58 »
Morador de rua vota? Isso explicaria muita coisa...

Offline Cumpadi

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #48 Online: 30 de Junho de 2011, 19:43:20 »
b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.
É porque não distribuem seringas para o uso de drogas em paradas gay, daí eu abstrai...
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Barata Tenno

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Re: Prioridades: camisinha e ky para a parada gay versus moradores de rua no frio
« Resposta #49 Online: 30 de Junho de 2011, 19:53:55 »
Não é uma falsa dicotomia. Há uma verba finita X do estado, que pode ser dividida entre os dois grupos, A e B:

a) pessoas que correm o risco de MORRER se não for providenciado algum abrigo para essas noites de frio e que sofreram muito mais em suas vidas do que todo o pessoal festejando na parada

b) pessoas festejando que correm o risco de pegar alguma doença por não conseguirem evitar de transar e se preocuparam em investir só em fantasia, comida, bebida e condução, não passando camisinha ou seringas descartáveis pela cabeça.

O problema não está nos lubrificantes da Parada Gay em si. Se vc substituir o que colocou em b por qualquer outra coisa, b vai continuar sendo a prioridade.
Se voce trocar b por "Prevenir que uma doença infecto-contagiosa se espalhe, matando não apenas quem estava na festa, mas se espalhando endemicamente pelo país, gerando gastos bilionarios com tratamento e com a perda de material humano" , qual será a prioridade real?
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