Autor Tópico: As vantagens do Pessimismo  (Lida 10090 vezes)

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Offline _tiago

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #25 Online: 26 de Setembro de 2011, 10:03:35 »
Bom dia!  :ok:

Qual?  :hein:

Offline Blues Brother

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #26 Online: 26 de Setembro de 2011, 16:17:05 »
Esse negócio de "crítica construtiva" é coisa de livro de auto-ajuda e workshop de recursos humanos.

Aff. Que negócio brega.  :enjoo:

Offline Blues Brother

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #27 Online: 26 de Setembro de 2011, 16:29:20 »
"que estou querendo dizer, a grosso modo, é que um pessimista que não faz nada para mudar sua própria situação merece tudo de ruim que lhe acontecer."

Um pessimista é justamente alguém que vai atacar essa crença infantil de que você pode controlar seu destino e blablablá.

Primeiro, felicidade é uma coisa que depende de diferentes conjunturas que estão fora do seu alcance: seus dotes inatos, sua herança genética, o acaso que pode lhe ser bom ou ruim, etc. Não há nada que você possa fazer diante dessas coisas. 

Grandes pessimistas como Schopenhauer iluminaram um fato da vida que as pessoas tendem a ignorar: os desejos não têm fim, logo, se você realizar um desejo hoje, amanhã terá outro batendo na sua porta, e assim será para sempre.

Por isso quem vive "buscando a felicidade" tem de se submeter à escravidão dos desejos.

Schopenhauer receitava, às pessoas inteligentes, manter as expectativas baixas e se divertir ao máximo com o que tiver nas mãos.

Ele fazia apologia ao bom humor porque acreditava que manter a risada num mundo tão caótico era uma forma de dar um tapa com luvas de pelica na cara do destino.

Um otimista ingênuo jamais conseguira elaborar uma vingança tão doce contra o absurdo da vida. Ele ficaria paralisado se soubesse que a vida não faz sentido, que o universo é puro acerto de contigências, enfim, que nada conspira por nada.

Como dizia Cioran, o pessimismo não é para todos. Nem a verdade.
« Última modificação: 26 de Setembro de 2011, 16:35:10 por Blues Brother »

Offline gogorongon

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #28 Online: 26 de Setembro de 2011, 22:39:45 »
Um pessimista ao pé da letra do que você descreve jamais estudaria para o vestibular.

Um pessimista com mais bom-senso estuda e se inscreve em todos os exames possíveis por saber que nenhum resultado está garantido.

Fazer planos e lutar para cumpri-los não depende de fé, boa vontade nem p* nenhuma. É apenas uma escolha entre curtir apenas o que estiver ao alcance, ou aproveitar o tempo livre entre o nascimento e a morte para ver em que a curiosidade e a perseverança podem resultar. Não é preciso ter expectativas.

Offline _tiago

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #29 Online: 27 de Setembro de 2011, 08:37:49 »
Meu caro,

Só você está relacionando, sem explicar, sequer mostrar de onde tirou isso, que pessimistas são criaturas inativas. Por isso, pergunto novamente, de onde você tirou isso?
Eu acho que você está confundindo pessimismo com sintomas de depressão, que são coisas bem distintas.

Offline Blues Brother

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #30 Online: 27 de Setembro de 2011, 12:28:43 »
Um pessimista ao pé da letra do que você descreve jamais estudaria para o vestibular.

Um pessimista com mais bom-senso estuda e se inscreve em todos os exames possíveis por saber que nenhum resultado está garantido.

Fazer planos e lutar para cumpri-los não depende de fé, boa vontade nem p* nenhuma. É apenas uma escolha entre curtir apenas o que estiver ao alcance, ou aproveitar o tempo livre entre o nascimento e a morte para ver em que a curiosidade e a perseverança podem resultar. Não é preciso ter expectativas.

É uma interpretação bem tosca e apressada do que o tópico apresentou até aqui.

O pessimista simplesmente vai estudar mais, se preparar melhor, lidar de forma mais séria com a possibilidade de ser reprovado.

Agora, ele sabe que muita coisa no processo não pode controlar como, por exemplo, os erros do ENEM, problemas com o ônibus, e até mesmo o famoso branco em sua memória.

O que estou querendo dizer é que o absurdo é considerar que você controla sua vida. Tem gente que acha isso e se dá ao luxo de acreditar que a felicidade depende de cada um. É claro que não.

Aliás, essa caricatura do pessimista chorão não cola em muitos pessimistas de primeira grandeza.

O Woody Allen, por exemplo, é um pessimista confesso. 

Offline Blues Brother

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O segredo do pensamento negativo
« Resposta #31 Online: 27 de Setembro de 2011, 12:36:39 »
O segredo do pensamento negativo?


Esqueça o pensamento positivo. O que pode mesmo melhorar o mundo e a sua vida é ter uma certeza na cabeça: isso não vai dar certo


por Leandro Narloch

Pensamento positivo funciona? Parece que sim, mas nem sempre. Como a Super mostrou no ano passado (“O Segredo do Pensamento Positivo”, edição 242), há pesquisas comprovando que ele facilita conexões no cérebro, outras dizendo que os efeitos param por aí.

A grande questão, porém, não é saber se dá certo ou não. O pensamento positivo pode até nos ajudar a conquistar objetivos, mas nos afasta de uma vida realmente feliz. Além disso, para coisas bem importantes do mundo de hoje – as leis, a política e a sua felicidade –, o que traz resultados mesmo é o genuíno pessimismo, o mais declarado sentimento de que isso não vai dar certo.

Vamos supor que você quer economizar para comprar um carro ou passar numa bolsa de mestrado na Europa. Pensa positivo, trabalha e consegue. Legal, não? Pelo menos por um instante. Depois, é muito comum cairmos no ciclo de desejo e frustração que foi descrito pelo filósofo Arthur Schopenhauer: desejamos, conseguimos, nos entediamos, percebemos que a vida segue como sempre e partimos para outro desejo.

Para o filósofo alemão, objetivos são apenas modos de esconder a dor de viver e a falta de sentido na vida. Quando realizados, deixam de ter importância. “São dessa natureza os esforços e os desejos humanos que nos fazem vibrar diante de sua realização como se fossem o fim último da nossa vontade; mas, depois de satisfeitos, mudam de fisionomia, esquecidos ou relegados, colocados de lado como ilusões desfeitas.”

Para fugir do ciclo de vontade e frustração, Schopenhauer, conhecido como “filósofo do pessimismo”, sugere que as pessoas deixem de dar tanto valor a desejos cotidianos. E que aceitem que sofrer não só faz parte da vida como dá sentido a ela: o grande desafio da nossa existência seria aprender a lidar com o sofrimento.

Não pense que esse ponto de vista deixa a vida mais difícil. Pelo contrário. Os pessimistas se cobram menos e dormem melhor. Já a auto-ajuda baseada no otimismo tem o efeito oposto. Você já deve ter topado com livros que ensinam a enxergar o mundo de forma mais alegre ou com aqueles cds para repetir, 80 vezes por dia, “eu posso, eu consigo, eu penso positivo”.

A idéia é nos fazer acreditar que podemos ultrapassar qualquer barreira, conquistar qualquer objetivo por esforço próprio – e muita gente de fato consegue. O problema é que, quando se descobre que nem sempre é assim, muitos acabam em pânico. Pânico de verdade – e também ansiedade e insônia.

Segundo o psiquiatra e psicanalista Mario Eduardo Costa Pereira, professor da Unicamp e autor do livro Psicopatologia dos Ataques de Pânico, uma vítima comum desse tipo de distúrbio são mulheres bem-sucedidas e perfeccionistas. Desde cedo, elas aprenderam a se virar sozinhas. Quando se deparam com uma limitação, sofrem crises horríveis. O melhor jeito de evitar esse problema? Jogando fora os livros de pensamento positivo e admitindo nossa condição de finitude, nossas fraquezas e limitações.

Otimismo mata

Na história, o otimismo tirou o sono não só de indivíduos mas de povos inteiros. Pegue por exemplo um dos períodos mais otimistas da civilização – o século 19. A revolução científica fazia o homem acreditar que poderia, pela razão, resolver qualquer problema tecnológico ou social, criando máquinas para trabalharmos menos e novas instituições para vivermos em paz.

E o que aconteceu foi que a tecnologia também criou a guerra das mortes em massa. Como disse o cardeal Joseph Ratzinger antes de virar papa Bento 16, “cada vez se torna mais claro que o progresso é também um progresso das possibilidades de destruição”. Do mesmo modo, os revolucionários do século 19 imaginavam que poderiam derrubar todas as instituições e começar outras do zero, criando uma sociedade perfeita. Suas utopias viraram regimes totalitários no século 20.

– Mas então é errado lutar para que o mundo seja um lugar melhor?

Não! É ok querer melhorar o mundo – só que o jeito mais eficiente de fazer isso é com pessimismo. Ele está na raiz de todas as coisas que garantem uma boa vida hoje em dia. Para garantir paz a seus cidadãos, a defesa militar de um país precisa levar em conta o pior cenário de guerra.

O sistema político que mais assegura a democracia é o que divide direitinho o poder entre o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, prevendo que um vai querer cortar as pernas do outro. Uma boa lei também pressupõe as piores ações e os piores sujeitos.

Como disse o dramaturgo americano David Mamet num artigo publicado em abril, a Constituição dos EUA funciona espetacularmente bem porque “em lugar de sugerir que nos comportemos todos como deuses, reconhece que as pessoas são porcos e aproveitarão qualquer oportunidade que lhes aparecer para subverter qualquer pacto, visando a defender o que consideram ser seus interesses próprios”. Na verdade, existe aí um motivo para ser otimista. Se pensarmos sempre negativamente, se desconfiarmos sempre do nosso caráter, talvez exista uma possibilidade, mesmo que bem pequena, de as coisas darem certo.

Fonte:http://super.abril.com.br/cultura/segredo-pensamento-negativo-447553.shtml

Offline Feliperj

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #32 Online: 27 de Setembro de 2011, 12:52:15 »
Ola Blues,

"Otimismo mata

Na história, o otimismo tirou o sono não só de indivíduos mas de povos inteiros. Pegue por exemplo um dos períodos mais otimistas da civilização – o século 19. A revolução científica fazia o homem acreditar que poderia, pela razão, resolver qualquer problema tecnológico ou social, criando máquinas para trabalharmos menos e novas instituições para vivermos em paz.

E o que aconteceu foi que a tecnologia também criou a guerra das mortes em massa. Como disse o cardeal Joseph Ratzinger antes de virar papa Bento 16, “cada vez se torna mais claro que o progresso é também um progresso das possibilidades de destruição”. Do mesmo modo, os revolucionários do século 19 imaginavam que poderiam derrubar todas as instituições e começar outras do zero, criando uma sociedade perfeita. Suas utopias viraram regimes totalitários no século 20.

– Mas então é errado lutar para que o mundo seja um lugar melhor?"


Sei não, mas a lógica presente neste argumento para relacionar o otimismo com mortes (guerras) é do tipo, quero ir ao banheiro, pois o sol vai nascer amanhã. Até pq, o otimista pode vislumbrar tb a criação de maquinas de matar. Acho que está se confundindo otimismo com ingenuidade.

Complementando : um otimista sanguinário, torceria para que armas fossem construídas. Tudo depende do "restante" da personalidade do "otimista".

Abs
Felipe
« Última modificação: 27 de Setembro de 2011, 17:04:48 por Feliperj »

Offline lusitano

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #33 Online: 27 de Setembro de 2011, 16:49:26 »
Boa noite - caros foristas:

Para deleite de todos os pessimistas, aqui vos apresento um conjunto de vídeos, de 1 a 33.

1.º -
artur
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline -Huxley-

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #34 Online: 27 de Setembro de 2011, 23:23:32 »
E o que aconteceu foi que a tecnologia também criou a guerra das mortes em massa. Como disse o cardeal Joseph Ratzinger antes de virar papa Bento 16, “cada vez se torna mais claro que o progresso é também um progresso das possibilidades de destruição”. Do mesmo modo, os revolucionários do século 19 imaginavam que poderiam derrubar todas as instituições e começar outras do zero, criando uma sociedade perfeita. Suas utopias viraram regimes totalitários no século 20.

E, apesar de tudo, a vida humana média não tem menos valor atualmente do que outrora...Basta observar os índices proporcionais de assassinatos, sistemas legais, mentalidade, consensos morais, cura de doenças pela medicina, engenharia genética refinando vacinas, cura de psicopatologias pela psicologia e a queda nas taxas de natalidade e mortalidade. Isso me lembrou um diálogo do Homem de Preto com Jacob no seriado Lost...

Homem de Preto: - Eles chegam, lutam, destroem, corrompem e tudo sempre termina do mesmo jeito.

Jacob: - Só termina uma vez. Qualquer coisa que aconteça antes disso é apenas progresso.

« Última modificação: 28 de Setembro de 2011, 00:02:19 por -Huxley- »

Offline Blues Brother

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #35 Online: 28 de Setembro de 2011, 12:14:58 »
Ola Blues,

"Otimismo mata

Na história, o otimismo tirou o sono não só de indivíduos mas de povos inteiros. Pegue por exemplo um dos períodos mais otimistas da civilização – o século 19. A revolução científica fazia o homem acreditar que poderia, pela razão, resolver qualquer problema tecnológico ou social, criando máquinas para trabalharmos menos e novas instituições para vivermos em paz.

E o que aconteceu foi que a tecnologia também criou a guerra das mortes em massa. Como disse o cardeal Joseph Ratzinger antes de virar papa Bento 16, “cada vez se torna mais claro que o progresso é também um progresso das possibilidades de destruição”. Do mesmo modo, os revolucionários do século 19 imaginavam que poderiam derrubar todas as instituições e começar outras do zero, criando uma sociedade perfeita. Suas utopias viraram regimes totalitários no século 20.

– Mas então é errado lutar para que o mundo seja um lugar melhor?"


Sei não, mas a lógica presente neste argumento para relacionar o otimismo com mortes (guerras) é do tipo, quero ir ao banheiro, pois o sol vai nascer amanhã. Até pq, o otimista pode vislumbrar tb a criação de maquinas de matar. Acho que está se confundindo otimismo com ingenuidade.

Complementando : um otimista sanguinário, torceria para que armas fossem construídas. Tudo depende do "restante" da personalidade do "otimista".

Abs
Felipe

Não é essa relação que se faz, otimismo que gera destruição, mas a premissa de que podemos resolver todos os nossos problemas. Isso, sim, é perigoso.

Porque se o racionalista, que é um obssecado por certezas, acredita que há única solução, e apenas uma, para determinado problema, então ele fará de tudo para que essa solução seja colocada em prática, não importa o custo humano envolvido.

A crítica é contra a idéia de que a Razão é tudo de que precisamos para viver bem:

"A revolução científica fazia o homem acreditar que poderia, pela razão, resolver qualquer problema tecnológico ou social, criando máquinas para trabalharmos menos e novas instituições para vivermos em paz." 

Hume demonstrou que a Razão é incapaz de oferecer diretrizes morais.

O progresso tecnológico não resulta em progresso moral.

Offline Blues Brother

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #36 Online: 28 de Setembro de 2011, 12:18:53 »
E o que aconteceu foi que a tecnologia também criou a guerra das mortes em massa. Como disse o cardeal Joseph Ratzinger antes de virar papa Bento 16, “cada vez se torna mais claro que o progresso é também um progresso das possibilidades de destruição”. Do mesmo modo, os revolucionários do século 19 imaginavam que poderiam derrubar todas as instituições e começar outras do zero, criando uma sociedade perfeita. Suas utopias viraram regimes totalitários no século 20.

E, apesar de tudo, a vida humana média não tem menos valor atualmente do que outrora...Basta observar os índices proporcionais de assassinatos, sistemas legais, mentalidade, consensos morais, cura de doenças pela medicina, engenharia genética refinando vacinas, cura de psicopatologias pela psicologia e a queda nas taxas de natalidade e mortalidade. Isso me lembrou um diálogo do Homem de Preto com Jacob no seriado Lost...

Homem de Preto: - Eles chegam, lutam, destroem, corrompem e tudo sempre termina do mesmo jeito.

Jacob: - Só termina uma vez. Qualquer coisa que aconteça antes disso é apenas progresso.



O progresso tecnológico é indiscutível.

Mas por causa dele a modernidade gestou essa crença fatal na Razão.

Como se soubessemos o suficiente sobre nós mesmos e sobre o mundo para mandar no nosso destino.

Nós não somos capazes sequer de controlar nossos próprios desejos, mas ainda respiramos utopias coletivistas, ainda queremos mostrar aos outros o "jeito certo" de se viver, caímos num fascismo de querer "melhorar" o comportamento dos outros como se tudo fosse uma questão de boa vontade.

Offline Adriano

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #37 Online: 28 de Setembro de 2011, 12:43:20 »
O progresso tecnológico é indiscutível.

Mas por causa dele a modernidade gestou essa crença fatal na Razão.

Como se soubessemos o suficiente sobre nós mesmos e sobre o mundo para mandar no nosso destino.

Nós não somos capazes sequer de controlar nossos próprios desejos, mas ainda respiramos utopias coletivistas, ainda queremos mostrar aos outros o "jeito certo" de se viver, caímos num fascismo de querer "melhorar" o comportamento dos outros como se tudo fosse uma questão de boa vontade.
Por isso o racionalismo crítico tem uma grande vantagem. A própria ciência é entendida como a busca pela solução de problemas, que são originados no decorrer da vida humana. Como no caso do aticador de Wittgenstein, onde Popper ressalta a existência de problemas filosóficos genuínos. Para quem não acredita nisso, a filosofia é inútil, pois é apenas uma problemática semântica, de mero significado das palavras, como defendia Wittgenstein em sua primeira fase.

Schumpeter é quem traz o conceito de inovação para a economia, onde o empreendedor, através da destruição criadora fomenta o desenvolvimento.
« Última modificação: 28 de Setembro de 2011, 12:48:51 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline -Huxley-

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #38 Online: 28 de Setembro de 2011, 13:01:19 »
E o que aconteceu foi que a tecnologia também criou a guerra das mortes em massa. Como disse o cardeal Joseph Ratzinger antes de virar papa Bento 16, “cada vez se torna mais claro que o progresso é também um progresso das possibilidades de destruição”. Do mesmo modo, os revolucionários do século 19 imaginavam que poderiam derrubar todas as instituições e começar outras do zero, criando uma sociedade perfeita. Suas utopias viraram regimes totalitários no século 20.

E, apesar de tudo, a vida humana média não tem menos valor atualmente do que outrora...Basta observar os índices proporcionais de assassinatos, sistemas legais, mentalidade, consensos morais, cura de doenças pela medicina, engenharia genética refinando vacinas, cura de psicopatologias pela psicologia e a queda nas taxas de natalidade e mortalidade. Isso me lembrou um diálogo do Homem de Preto com Jacob no seriado Lost...

Homem de Preto: - Eles chegam, lutam, destroem, corrompem e tudo sempre termina do mesmo jeito.

Jacob: - Só termina uma vez. Qualquer coisa que aconteça antes disso é apenas progresso.



O progresso tecnológico é indiscutível.

Mas por causa dele a modernidade gestou essa crença fatal na Razão.


O progresso foi só tecnológico? Ai, ai, que saudade dos costumes morais comuns no século 19...Naquela época existia escravidão negra, machismo explícito, negação do sufrágio universal, etc.  :lol: 
« Última modificação: 28 de Setembro de 2011, 13:06:23 por -Huxley- »

Offline lusitano

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #39 Online: 28 de Setembro de 2011, 14:25:38 »
Blues Brother - escreveu:

Citar
Nós não somos capazes sequer de controlar nossos próprios desejos, mas ainda respiramos utopias coletivistas, ainda queremos mostrar aos outros o "jeito certo" de se viver, caímos num fascismo de querer "melhorar" o comportamento dos outros como se tudo fosse uma questão de boa vontade.

Certos praticantes de ioga, diriam que você ignora completamente, os progressos feitos em matéria de auto-disciplina...

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Offline _tiago

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #40 Online: 29 de Setembro de 2011, 10:02:51 »
Não vejo muitas vantagens, Lusa, na supressão dos nossos desejos por efeito de ferrenha disciplina e substituição dos mesmos por ideais ascéticos. O esforço me parece desnecessário...

Offline lusitano

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #41 Online: 29 de Setembro de 2011, 14:21:25 »
Tiago_escreveu:

Citar
Não vejo muitas vantagens, Lusa, na supressão dos nossos desejos por efeito de ferrenha disciplina e substituição dos mesmos por ideais ascéticos. O esforço me parece desnecessário...

Conheço um praticante d'iôga, da escola d'Rose, que afirma que praticar iôga, não necessita exactamente de renunciar aos prazeres naturais...

Basta ter auto-domínio mental e muscular, para levar uma vida serena e mais ou menos saudável, sem cultivar medos desnecessários.

Em suma: ser um realista razoavelmente adaptado, às exigências da vida competitiva.

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Offline gogorongon

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #42 Online: 29 de Setembro de 2011, 22:29:02 »
Só você está relacionando, sem explicar, sequer mostrar de onde tirou isso, que pessimistas são criaturas inativas.
O que postei a princípio foi apenas uma opinião com base na minha própria experiência sobre o assunto; não cheguei a ler tudo antes.

Mas isso que o Blues postou depois se encaixa no que eu disse:
Schopenhauer receitava, às pessoas inteligentes, manter as expectativas baixas e se divertir ao máximo com o que tiver nas mãos.

[...] que a vida não faz sentido, que o universo é puro acerto de contigências, enfim, que nada conspira por nada.

Eu acho que você está confundindo pessimismo com sintomas de depressão, que são coisas bem distintas.
Uma pode levar à outra. Eu tive uma experiência muito pessoal em refletir sobre esse tipo de filosofia numa época em que eu estava muito vulnerável, e a depressão à qual isso (entre outras coisas) me lançou foi violenta.

Extrapolando-se expectativas baixas, chega-se a um puro sentimento de incapacidade perante quaisquer circunstâncias, extrapolando-se a diversão apenas com o que estiver em mãos chega-se à auto-anulação, e extrapolando-se a falta de sentido na vida chega-se à falta de motivos para viver.

Eu passei ANOS lutando violentamente contra isso depois de deixar essas idéias entrarem fundo demais na minha cabeça. Tudo que eu gostava tinha ido pro espaço. Eu não via mais sentido em nada e preferia morrer, mas fui covarde demais para me matar.

É uma interpretação bem tosca e apressada do que o tópico apresentou até aqui.
Concordo, estou lendo de forma apressada mesmo. Meu tempo de internet está criticamente reduzido há meses.

O pessimista simplesmente vai estudar mais, se preparar melhor, lidar de forma mais séria com a possibilidade de ser reprovado.

Agora, ele sabe que muita coisa no processo não pode controlar como, por exemplo, os erros do ENEM, problemas com o ônibus, e até mesmo o famoso branco em sua memória.
Isso sim faz sentido. Porém, note como é diferente de simplesmente pensar "O que pode mesmo melhorar o mundo e a sua vida é ter uma certeza na cabeça: isso não vai dar certo".

O que estou querendo dizer é que o absurdo é considerar que você controla sua vida. Tem gente que acha isso e se dá ao luxo de acreditar que a felicidade depende de cada um. É claro que não.
Concordo. Não existe controle sobre os resultados, mas com prática é possível influenciar tendências. Aí também entram oportunidade, preparo, e outras coisas, mas isso já é assunto de psicólogo.

Offline Blues Brother

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #43 Online: 30 de Setembro de 2011, 00:10:37 »
Blues Brother - escreveu:

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Nós não somos capazes sequer de controlar nossos próprios desejos, mas ainda respiramos utopias coletivistas, ainda queremos mostrar aos outros o "jeito certo" de se viver, caímos num fascismo de querer "melhorar" o comportamento dos outros como se tudo fosse uma questão de boa vontade.

Certos praticantes de ioga, diriam que você ignora completamente, os progressos feitos em matéria de auto-disciplina...

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Isso é muito vago. Os tais progressos podem existir apenas nas cabeças crédulas de quem junta ioga ao wishfull think.

Offline Blues Brother

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #44 Online: 30 de Setembro de 2011, 00:39:56 »
gogorongon

eu acho que eu poderia descrever melhor a minha posição como pessimismo metodológico:

não acredito que o pior sempre vai acontecer e nem que este é o pior dos mundos, mas parto da premissa de que devo estar preparado para o pior e lidar seriamente com isso, considerando que o mundo não é o pior possível, mas é de fato ruim e isso é irremediável. Por isso é necessaria uma viligância em relação aos nossos planos, objetivos e ações.

Seria um pessimismo preventivo. 

Offline Irracionalista

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #45 Online: 30 de Setembro de 2011, 02:55:18 »
Eu devo ser um caso muito anômalo, porque concordo em diversos pontos com o BluesBrothers, e contudo ainda me vejo como um Otimista, talvez até incorrigível.

Citar
Não é essa relação que se faz, otimismo que gera destruição, mas a premissa de que podemos resolver todos os nossos problemas. Isso, sim, é perigoso.

Eu acho que pode ser perigoso, mas parto do pressuposto que talvez seja possível, se não resolver todos problemas, ao menos aliviar os problemas deles progressivamente e a passos lentos.

Citar
Porque se o racionalista, que é um obssecado por certezas, acredita que há única solução, e apenas uma, para determinado problema, então ele fará de tudo para que essa solução seja colocada em prática, não importa o custo humano envolvido.

Com todo o respeito, isso não é ser Racionalista. Isso é um espantalho da posição, baseado nos Leninistas Russos e talvez nos Tecnocratas Americanos. O problema não está na parte de ser racionalista, mas sim em algo que você colocou: Ser obcecado. Um obcecado ou um fanático é potencialmente perigoso em qualquer ideologia ou sistema filosófico, do Pacifismo e Liberalismo até o Socialismo.

Já que tem interesse em uma pletora de autores, talvez se interesse por Eric Hoffer e sua obra-prima, The True Believer. Ele foi alguém que identificou uma mistura de otimismo tosco com fanatismo como uma causa comum para a ascensão de movimentos de massa, seja no Nazismo, seja no Socialismo. É um livro difícil de achar, mas que vale cada dólar gasto. Como um extra, ele também é ótimo em gerar frases de efeito.
 
Citar
A crítica é contra a idéia de que a Razão é tudo de que precisamos para viver bem:

E salvo uma minoraria vocal, quem defende isso? Parece de novo um espantalho.

Citar
"A revolução científica fazia o homem acreditar que poderia, pela razão, resolver qualquer problema tecnológico ou social, criando máquinas para trabalharmos menos e novas instituições para vivermos em paz."


E contudo... não foi exatamente isso que aconteceu? Vivemos na época mais pacífica, relativamente livre, com grande expectativa de vida e onde nossas principais causas de morte (ao menos no que se chama de Ocidente hoje) se devem a causas ligadas à velhice ou aos nossos exageros e quase toda pessoa nascida hoje em dia tem boas chances de ver seus pais até a sua velhice, além de seus avós e talvez até mesmo seus bisavós.

E isso não é uma questão de pessimismo ou otimismo. É mera questão de olhar para dados sobre expectativa de vida, causas de morte, índice de assassinatos e número de pessoas mortas em guerras.

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Hume demonstrou que a Razão é incapaz de oferecer diretrizes morais.

Onde isso? Poderia indicar, por obséquio?

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O progresso tecnológico não resulta em progresso moral.

Não mesmo. Mas quem disse que não é possível ter ambos?
« Última modificação: 30 de Setembro de 2011, 03:05:13 por Irracionalista »
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Offline lusitano

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #46 Online: 30 de Setembro de 2011, 18:04:25 »
Blues Brother - escreveu:

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Certos praticantes de ioga, diriam que você ignora completamente, os progressos feitos em matéria de auto-disciplina...

artur

Isso é muito vago. Os tais progressos podem existir apenas nas cabeças crédulas de quem junta ioga ao wishfull think.

Não seja irrealista - meu caro "Blues Brother" - todos nós temos hipóteses, de ter um mínimo de controle sobre nós próprios e do nosso exterior. Exceptuando talvez os deficientes extremos, como o célebre dr. Stefen Waking.

Diga-me por favor em sua opinião, que espécie de pessoas foram Tomaz Edison, o criador de Brasília, Hitler e Lenine, por exemplo... Eram simplesmente pessimistas, ou realistas?

artur
« Última modificação: 30 de Setembro de 2011, 18:07:09 por lusitano »
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline gogorongon

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Re: As vantagens do Pessimismo
« Resposta #47 Online: 30 de Setembro de 2011, 22:27:57 »
eu acho que eu poderia descrever melhor a minha posição como pessimismo metodológico:

não acredito que o pior sempre vai acontecer e nem que este é o pior dos mundos, mas parto da premissa de que devo estar preparado para o pior e lidar seriamente com isso, considerando que o mundo não é o pior possível, mas é de fato ruim e isso é irremediável. Por isso é necessaria uma viligância em relação aos nossos planos, objetivos e ações.

Seria um pessimismo preventivo. 
:ok: Concordo, é o que pratico também.

Offline _tiago

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Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #48 Online: 01 de Outubro de 2011, 15:10:49 »
Conheço um praticante d'iôga, da escola d'Rose, que afirma que praticar iôga, não necessita exactamente de renunciar aos prazeres naturais...

Basta ter auto-domínio mental e muscular, para levar uma vida serena e mais ou menos saudável, sem cultivar medos desnecessários.

Prazeres não seriam somente naturais? Existe alguma reação de prazer que seja artificial, além das dooorrgas??

E o que queres dizer com domínio da mente?

Offline lusitano

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Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #49 Online: 01 de Outubro de 2011, 19:16:30 »
 _tiago - escreveu:

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Conheço um praticante d'iôga, da escola d'Rose, que afirma que praticar iôga, não necessita exactamente de renunciar aos prazeres naturais...

Basta ter auto-domínio mental e muscular, para levar uma vida serena e mais ou menos saudável, sem cultivar medos desnecessários.

Prazeres não seriam somente naturais? Existe alguma reação de prazer que seja artificial, além das dooorrgas??

E o que queres dizer com domínio da mente?

Sim, parece-me que todo e qualquer tipo de prazer é natural. Até o provocado por drogas...

Por domínio da mente, entendo o auto-domínio. Embora por vezes, se possa usar essa expressão a diferenciar a actividade nervosa consciente, da actividade involuntária.

Sei que temos um sistema nervoso autónomo que controla a digestão por exemplo. E outro que permite o controle da musculatura esquelética ou estriada.

E também outro que se relaciona com a actividade cognitiva consciente.

Quando eu falo de auto-domínio mental e muscular, refiro-me à disciplina sobre a actividade nervosa consciente e sobre as suas possibilidades de aplicação à musculatura esquelética e outras acções, que envolvem a tomada de decisões nessas áreas.

Por exemplo: daqui a alguns minutos, vou para a cama colocar-me confortávelmente deitado, e estabelecer mentalmente a opinião, que desejo que todos os músculos se relaxem completamente, de forma a eu concentrar-me em observar calmamente os meus pensamentos, até eles se aquietarem também.

artur
« Última modificação: 01 de Outubro de 2011, 19:20:05 por lusitano »
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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