Autor Tópico: As vantagens do Pessimismo  (Lida 10091 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline gogorongon

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.834
  • Sexo: Masculino
  • Não.
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #50 Online: 01 de Outubro de 2011, 20:14:20 »
Ioga exige preparo. Não é o tipo de coisa que se pratica num ônibus lotado indo pra zona leste de São Paulo, por exemplo.

Pelo que entendi o "pessimismo" do qual se trata o tópico se aplica exatamente nesse preparo, identificando-se empecilhos e imprevistos que precisem ser resolvidos antes de se conseguir o que se quer, tendo-se a compreensão de que alguns deles talvez não possam ser resolvidos.

Após o preparo, quando finalmente chega a hora da execução (da ioga, ou de qualquer outra coisa), aí sim o pessimismo pode (ou deve) cair em segundo plano, mas de forma neutra, sem dar lugar a otimismo. É a hora em que, após nos prepararmos, vemos no que tudo realmente vai dar.

O resto é iteração e estatistica, ganhando-se experiência por meio de ajustes e comparações, e usando-se essa experiência em novos ciclos.

Offline Cientista

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.266
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #51 Online: 02 de Outubro de 2011, 17:25:44 »
Acho que a confusão maior feita aqui é entre pessimista e derrotista. E é impressionante mas entre os maiores otimistas que conheço estão os maiores derrotistas: basta a mais mínima dificuldade interpor-se no caminho a evidenciar que o otimismo não procede que, em menos de um femtosegundo, o que antes era um otimista a criticar o pessimista pelo seu pessimismo, vira um bebê chorão achando que tudo está perdido. Vários se tornam suicidas. Mas o pessimista não desiste nunca porque tentar é tudo o que ele tem; ele não tem o "futuro garantido" do otimista; tem que lutar. Um pessimista não vai à guerra para perder, muito pelo contrário (normalmente, quem vai à guerra para perder é o otimista), vai "confiante" na vitória. Ele só acha que suas estratégias, táticas e armas nunca são suficientes e boas o bastante. Pode parecer paradoxal para um pobre otimista, mas um pessimista que se preze sabe muito bem que o pessimismo é o melhor otimismo que existe.

Um realista racional é, necessariamente, pessimista neste sentido. Eu sou extremamente pessimista neste sentido.

Offline lusitano

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 2.886
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #52 Online: 02 de Outubro de 2011, 19:02:51 »
gogorongon - escreveu:

Citar
Ioga exige preparo. Não é o tipo de coisa que se pratica num ônibus lotado indo pra zona leste de São Paulo, por exemplo.

Para praticar ioga, qualquer ambiente serve, mesmo um ónibus nas condições, que você apresentou. Tome em consideração, que a prática de ioga, envolve principalmente a respiração: todavia existem preferências ambientais.

Citar
Pelo que entendi o "pessimismo" do qual se trata o tópico se aplica exatamente nesse preparo, identificando-se empecilhos e imprevistos que precisem ser resolvidos antes de se conseguir o que se quer, tendo-se a compreensão de que alguns deles talvez não possam ser resolvidos.

Após o preparo, quando finalmente chega a hora da execução (da ioga, ou de qualquer outra coisa), aí sim o pessimismo pode (ou deve) cair em segundo plano, mas de forma neutra, sem dar lugar a otimismo. É a hora em que, após nos prepararmos, vemos no que tudo realmente vai dar.

O resto é iteração e estatistica, ganhando-se experiência por meio de ajustes e comparações, e usando-se essa experiência em novos ciclos.

Então é conveniente ser realista, em todos os momentos.

artur
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline lusitano

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 2.886
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #53 Online: 02 de Outubro de 2011, 19:13:17 »
Cientista - escreveu:

Citar
Acho que a confusão maior feita aqui é entre pessimista e derrotista. E é impressionante mas entre os maiores otimistas que conheço estão os maiores derrotistas: basta a mais mínima dificuldade interpor-se no caminho a evidenciar que o otimismo não procede que, em menos de um femtosegundo, o que antes era um otimista a criticar o pessimista pelo seu pessimismo, vira um bebê chorão achando que tudo está perdido. Vários se tornam suicidas. Mas o pessimista não desiste nunca porque tentar é tudo o que ele tem; ele não tem o "futuro garantido" do otimista; tem que lutar. Um pessimista não vai à guerra para perder, muito pelo contrário (normalmente, quem vai à guerra para perder é o otimista), vai "confiante" na vitória. Ele só acha que suas estratégias, táticas e armas nunca são suficientes e boas o bastante. Pode parecer paradoxal para um pobre otimista, mas um pessimista que se preze sabe muito bem que o pessimismo é o melhor otimismo que existe.

Um realista racional é, necessariamente, pessimista neste sentido. Eu sou extremamente pessimista neste sentido.

Concerteza, que Santos Dumont, Mao Tsé Tung, Marx e Stalin, eram absolutamente pessimistas :!:

artur
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #54 Online: 02 de Outubro de 2011, 19:33:46 »
[...]
Concerteza, que Santos Dumont, Mao Tsé Tung, Marx e Stalin, eram absolutamente pessimistas :!:

artur

A lenda conta que Santos Dumont se tornou um pessimista a partir do momento que usaram os aviões para bombardeio em 1917.
Foto USGS

Offline Blues Brother

  • Nível 16
  • *
  • Mensagens: 422
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #55 Online: 02 de Outubro de 2011, 21:38:05 »
O pessimismo é mais inteligente?

Fronteiras do Pensamento


"O conferencista, o filósofo Luiz Felipe Pondé, se propôs a responder e respondeu à pergunta que deu título a sua fala: Seria o pessimismo mais inteligente?

Conforme o professor da USP, a pergunta nasce do fato de que a maior parte dos intelectuais só fala em desgraça.

Ao mesmo tempo, “pessimismo” e “otimismo” apresentam suas dificuldades por não serem conceitos, são termos escorregadios que podem significar muitas coisas.

Para Pondé, os avanços do mundo acontecem porque grande parte de filósofos, escritores e cientistas continuam a ser pessimistas.

“Uma pessoa que sempre está alegre, você se pergunta se sabe o que está acontecendo à sua volta”, brincou o filósofo. O pessimismo, então, seria mais inteligente?

Refletindo sobre o dualismo pessimismo–otimismo no mundo ocidental, o colunista da Folha de S.Paulo lembrou que esperança é essencial para os seres humanos, e entre os pessimistas da história ocidental estariam o gnosticismo e o cristianismo, mas não só, o pessimismo teria prevalência na história do pensamento.

Dentre os exemplos de otimistas, o conferencista lembrou a filosofia grega, que é uma reação à tragédia grega, pessimista por natureza. “A filosofia, – Sócrates, Platão, Aristóteles – investe na ideia de autonomia do ser humano. Com o tempo, ela cria um problema. A ideia de autonomia como capacidade do ser humano orientar a vontade a partir do intelecto ganha contornos sombrios na história ocidental”, explica Pondé.

Os dois humanismos

No Renascimento, a noção de humanismo tinha dois sentidos. O primeiro é um humanismo mais filosófico, aquele que é a base do otimismo moderno, que tem a visão do humano do filósofo Pico Della Mirandola (1463-1494), um homem cheio de potências a serem realizadas.

A pergunta era: basta a filosofia para a felicidade ou precisa da fé? Os estudiosos de Aristóteles defendem a primeira opção, com a razão e o intelecto basta. É o que está na base da grande dogmática moderna, visão de autonomia intelectual como potência infinita para ser realizada.

A natureza humana teria tudo para resolver os problemas que vão se apresentando à humanidade. O que nos falta é prática, conhecimento, esforço. Essa ideia supõe conhecimento do passado para iluminar o futuro.

O segundo humanismo é o de um grupo que ficou conhecido como anti-humanista, entre os séculos 13 e 17, que afirma que não dá para confiar direito na natureza humana. No século 17, na França, esse debate é muito acirrado. Os otimistas venceram pelo surgimento da ciência moderna, a tecnociência.

A ideia de ciência já trazia implícita uma relação direta entre ela e o bem-estar da humanidade. A maior parte dos seres humanos pensa que a ciência é um ganho. “A ciência já nasceu com um otimismo implícito. Marca-passo, transplante, avião, computador. Mas a história da evolução científica está associada a uma série de problemas”, disse o conferencista.


Para Pondé, a espécie humana tem dentro dela certa violência e crueldade, e seria ingênuo lidar com os avanços da humanidade com otimismo total. Do ponto de vista filosófico, existe sempre a pergunta sobre o sentido da vida, que normalmente produz um pessimismo.

“A vida é algo que, no final, sempre dá errado, e no meio dela, às vezes, você tem boas experiências”, ironizou o filósofo, lembrando que o ensaísta Michel de Montaigne (1533-1592) acreditava que as virtudes da velhice são a impossibilidade de realizar os vícios da juventude.

Existiria, então, um pessimismo de fundo, uma angústia ligada ao cotidiano. A ciência, a liberdade e a democracia não teriam muito a dizer quando você descobre que seu filho de 15 anos tem um câncer e pergunta “por quê?”, buscando conforto.

“Temos o medo de fundo de que a gente seja só pedra vagando pelo universo. É um assalto de pessimismo que nos acompanha”, diz o conferencista. A ciência avança muito em relação à extensão da vida, mas não consegue dar sentido para a vida.

O pessimismo e suas dúvidas funcionariam, então, como uma espécie de controle de qualidade, atenção contínua, avaliação de tudo o que o ser humano faz. Grande parte dos filósofos e intelectuais são pessimistas porque a história dá muitas razões para sê-lo. Luiz Felipe Pondé destacou o perigo que é quando um ser humano tem excessiva paixão por si mesmo, excessiva confiança no que faz.

“O século 20 foi profundamente otimista. Pessimismo e otimismo são necessários o tempo todo. Quando você é pautado por uma hibris, isto é, quer dar o passo maior que a perna, é bom ter uma crisezinha de pessimismo”, defendeu Pondé.

Para ele, seria ingênuo achar que o debate está em ser contra ou a favor da ciência e da modernidade. Entre ciência e política, é necessário operar nesse equilíbrio entre pessimismo e otimismo. “Isso é o que o século 20 nos ensinou”, salientou Pondé.

O pessimismo seria a consciência, a dúvida. Mas, se alguém duvida demais, paralisa. O capitalismo só funciona no otimismo.

Em momento de muitos avanços técnicos, é muito importante ficar atento, porque os avanços não são só fruto da nossa capacidade criativa. São fruto também da dúvida da própria capacidade criativa.

É o perigo da eugenia, que, em certa forma, já estava com Platão em "A república", onde projeta uma utopia, em que as mulheres mais bonitas e saudáveis teriam filhos com os homens mais bonitos e saudáveis e seria o início de uma geração mais bela.

A eugenia é um dos piores riscos do otimismo.

“Me parece um enorme erro filosófico para alguém que vive em 2011 não perceber que devemos tomar cuidado com ideias como essa. Pessimismo no sentido de olhar mais crítico, mais lento, que parece pisar no freio em algumas coisas. Já tivemos exemplos suficientes de que os avanços técnicos precisam de cuidados com os projetos utópicos e os riscos que eles implicam”, defendeu o filósofo.

Para ele, o que sempre humanizou o ser humano é uma certa dose de sofrimento. A vitória e o sucesso são coisas fantásticas, mas podem ser ferramentas de desumanização, de impaciência com as pessoas vistas como lentas demais, que choram demais, frágeis demais. “A experiência do limite humaniza o ser humano, faz com que ele se sinta frágil, pequeno. O pessimismo seria um modo de olhar a humanidade”, concluiu o conferencista.

Fonte: http://www.brenoserafini.com.br/2011/07/pessimismo-e-modernidade-palestra-de-luiz-felipe-ponde-no-fronteiras-do-pensamento/

Offline lusitano

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 2.886
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #56 Online: 03 de Outubro de 2011, 05:46:39 »
Geotecton - escreveu:

Citar
Citar
[...]Concerteza, que Santos Dumont, Mao Tsé Tung, Marx e Stalin, eram absolutamente pessimistas...

artur


A lenda conta que Santos Dumont se tornou um pessimista a partir do momento que usaram os aviões para bombardeio em 1917.

Pelo menos, foi o que averiguei, assistindo à história da aviação. Aparentemente ele acabou por se suicidar num acesso de pessimismo.

Entretanto, o que eu acho muito estranho, é que certas pessoas neste clube, consideram que ser pessimista, é a mais inteligente e realista das atitudes a tomar, perante os acontecimentos da vida. :|

artur
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline gogorongon

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.834
  • Sexo: Masculino
  • Não.
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #57 Online: 03 de Outubro de 2011, 11:39:55 »
Semântica.

Offline Blues Brother

  • Nível 16
  • *
  • Mensagens: 422
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #58 Online: 03 de Outubro de 2011, 12:55:23 »
Geotecton - escreveu:

Citar
Citar
[...]Concerteza, que Santos Dumont, Mao Tsé Tung, Marx e Stalin, eram absolutamente pessimistas...

artur


A lenda conta que Santos Dumont se tornou um pessimista a partir do momento que usaram os aviões para bombardeio em 1917.

Pelo menos, foi o que averiguei, assistindo à história da aviação. Aparentemente ele acabou por se suicidar num acesso de pessimismo.

Entretanto, o que eu acho muito estranho, é que certas pessoas neste clube, consideram que ser pessimista, é a mais inteligente e realista das atitudes a tomar, perante os acontecimentos da vida. :|

artur

Santos Dumont era um sujeito extremamente vaidoso, um Clodovil da aviação, e nada tinha de pessimista.

A imagem dele como um mártir da paz (que não suportour ver o avião usado em guerras) é puro senso comum.

Offline lusitano

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 2.886
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #59 Online: 03 de Outubro de 2011, 13:00:23 »
Blues Brother - escreveu:
 
Citar
Fronteiras do Pensamento

"O conferencista, o filósofo Luiz Felipe Pondé, se propôs a responder e respondeu à pergunta que deu título a sua fala: Seria o pessimismo mais inteligente?


Concordo, que é um excelente texto :!: :arrow: :ok: Mas também concordo, que são simplesmente as opiniões dum filósofo. :)

Se ser optimista ou pessimista, são reacções emocionais das pessoas, perante os conflitos da existência, parece-me lógico, que tanto é inteligente o pessimista quanto o optimista. É uma questão de temperamento, não exactamente de racionalididade.

Se ambos evocam a experiência, para justificarem as suas atitudes psicológicas habituais, então considero mais acertado, achar uma média aritmética entre os prós e os contras das duas diferentes formas de estar cognitivo e estabelecer uma mediania estatística mais de acordo com a realidade, como propôs o forista "Feymamn :idea:

artur
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline lusitano

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 2.886
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #60 Online: 03 de Outubro de 2011, 13:18:51 »
Blues Brother - escreveu:

Citar
Santos Dumont era um sujeito extremamente vaidoso, um Clodovil da aviação, e nada tinha de pessimista.

A imagem dele como um mártir da paz (que não suportour ver o avião usado em guerras) é puro senso comum.

Ele era, ou não inteligente? Se realmente era inteligente e duma forma que raiava a vaidade como você diz, de tal modo, que determinadas pessoas, o consideraram um génio da aeronáutica, se calhar até correria o risco de ser canonizado pelos seus admiradores, que motivos teve para se suicidar, se foi extraordinariamente bem sucedido como pessoa e como engenheiro?

O suicídio, é uma atitude típica dos optimistas, ou tinha uma doença terminal incurável, na época dele?

É típico dos pessimistas - curtirem o sofrimento - duma forma característica dos masoquistas?

artur

Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline lusitano

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 2.886
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #61 Online: 03 de Outubro de 2011, 13:27:58 »
Cientista - escreveu:

Citar
Pode parecer paradoxal para um pobre otimista, mas um pessimista que se preze sabe muito bem que o pessimismo é o melhor otimismo que existe.

Na minha opinião, parece mesmo paradoxal :!: :arrow: :oba:

Citar
Um realista racional é, necessariamente, pessimista neste sentido. Eu sou extremamente pessimista neste sentido.

E você - é um típico cientista - não é? :|

artur
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline Blues Brother

  • Nível 16
  • *
  • Mensagens: 422
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #62 Online: 03 de Outubro de 2011, 13:29:00 »
Sofrimento, meu amigo, não é monopólio de ninguém.

É distribuido democraticamente pelas forças do acaso.



Offline lusitano

  • Nível 35
  • *
  • Mensagens: 2.886
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #63 Online: 03 de Outubro de 2011, 13:40:26 »
Blues Brother - escreveu:

Citar
Sofrimento, meu amigo, não é monopólio de ninguém.

É distribuido democraticamente pelas forças do acaso.

Pois é, caro amigo "Blues Brother", estou crente, que determinadas pessoas pessimistas, desconfiariam desse democratismo das forças do acaso... :idea:

artur




Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #64 Online: 03 de Outubro de 2011, 21:31:20 »
Geotecton - escreveu:

Citar
Citar
[...]Concerteza, que Santos Dumont, Mao Tsé Tung, Marx e Stalin, eram absolutamente pessimistas...

artur


A lenda conta que Santos Dumont se tornou um pessimista a partir do momento que usaram os aviões para bombardeio em 1917.

Pelo menos, foi o que averiguei, assistindo à história da aviação. Aparentemente ele acabou por se suicidar num acesso de pessimismo.

Entretanto, o que eu acho muito estranho, é que certas pessoas neste clube, consideram que ser pessimista, é a mais inteligente e realista das atitudes a tomar, perante os acontecimentos da vida. :|

artur

Santos Dumont era um sujeito extremamente vaidoso, um Clodovil da aviação, e nada tinha de pessimista.

A imagem dele como um mártir da paz (que não suportour ver o avião usado em guerras) é puro senso comum.

O ufanismo local, principalmente em publicações e sites de aviação, coloca-o como um humanista extremo, desconectado de outros aspectos mundanos.
Foto USGS

Offline -Huxley-

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 13.616
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #65 Online: 03 de Outubro de 2011, 22:22:53 »
O pessimismo é mais inteligente?

Refletindo sobre o dualismo pessimismo–otimismo no mundo ocidental, o colunista da Folha de S.Paulo lembrou que esperança é essencial para os seres humanos, e entre os pessimistas da história ocidental estariam o gnosticismo e o cristianismo, mas não só, o pessimismo teria prevalência na história do pensamento.

No meio filosófico e religioso, pode ser. Na Psicologia, por outro lado, o otimismo é mais influente. A Terapia Comportamental-Cognitiva para a depressão, que tem efeitos equivalentes aos das drogas psicotrópicas antidepressivas, é um tratamento que consiste em mudar o estilo explicativo dos pacientes sobre seus sucessos e fracassos do pessimismo para o otimismo. Além disso, pergunte a um típico acadêmico de formação psicológica cognivista o que ele acha que os testes psicométricos e os outros dados dizem a respeito da relação entre otimismo, desempenho profissional e saúde física... A partir da década de 1970, a Escola Cognitivista passou a ser o mainstream da Psicologia nas maiores universidades, ao invés do Freudianismo ou do Behaviorismo. Adivinhem o porquê...
« Última modificação: 03 de Outubro de 2011, 22:34:22 por -Huxley- »

Offline Blues Brother

  • Nível 16
  • *
  • Mensagens: 422
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #66 Online: 04 de Outubro de 2011, 01:31:32 »
O pessimismo é mais inteligente?

Refletindo sobre o dualismo pessimismo–otimismo no mundo ocidental, o colunista da Folha de S.Paulo lembrou que esperança é essencial para os seres humanos, e entre os pessimistas da história ocidental estariam o gnosticismo e o cristianismo, mas não só, o pessimismo teria prevalência na história do pensamento.

No meio filosófico e religioso, pode ser. Na Psicologia, por outro lado, o otimismo é mais influente. A Terapia Comportamental-Cognitiva para a depressão, que tem efeitos equivalentes aos das drogas psicotrópicas antidepressivas, é um tratamento que consiste em mudar o estilo explicativo dos pacientes sobre seus sucessos e fracassos do pessimismo para o otimismo. Além disso, pergunte a um típico acadêmico de formação psicológica cognivista o que ele acha que os testes psicométricos e os outros dados dizem a respeito da relação entre otimismo, desempenho profissional e saúde física... A partir da década de 1970, a Escola Cognitivista passou a ser o mainstream da Psicologia nas maiores universidades, ao invés do Freudianismo ou do Behaviorismo. Adivinhem o porquê...

Eu entendo que na piscologia o otimismo deve ser predominante. Não dá pra receitar pessimismo para quem já sofreu traumas, etc...

Mas acho que o Pondé fala do pessimismo filosófico que transbordou para a piscanálise.

Ele, inclusive, cita a influência de Schopenhauer em Freud. O pessimista teria acertado bastante coisa sobre a sexualidade humana, o insconciente, a prevalência das emoções sobre a razão, etc. O pessimismo como postura global é sempre próximo da realidade.

Offline Liddell Heart

  • Nível 26
  • *
  • Mensagens: 1.237
  • Sexo: Masculino
  • “É melhor reinar no inferno do que servir no céu”
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #67 Online: 04 de Outubro de 2011, 15:02:30 »
Creio que temos que diferenciar os realistas dos pessimistas.
"Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria."
Benjamin Franklin

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
Voltaire

Offline Adriano

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.672
  • Sexo: Masculino
  • Ativismo quântico
    • Filosofia ateísta
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #68 Online: 05 de Outubro de 2011, 04:23:49 »
Eu concordo com Popper quanto a necessária eliminação do psicologismo. Na ciência cognitiva existe o conexionismo, que caminha no mesmo sentido, de trazer a linguagem científica em oposição a psicologia popular. O filósofo que encabeça esse debate é Paul Churchland com a sua teoria neurossemântica.

No mais vejo muito otimismo com relação ao pessimismo filosófico. Apesar que já me debrucei muito sobre esta pesquisa:

Eu vejo em Nietzsche, com seu niilismo, uma filosofia que pode ser entendido como muito pessimista. A sua visão de mundo é um diálogo com o futuro, com a humanidade que está por vir. Ele percebe que deus está morto, pois como a maioria dos ateus, ele se aprofunda na religião e percebe que a maioria pouco se importa com a religião de fato. Ele é pessimista para os que enxergam os valores positivos que a religião oferece, mas é realista demais ao entender sobre o "presunto" que falam e da ética que dizem viver   :biglol:

Schopenhauer, insere na filosofia ocidental muitos aspectos da filosofia oriental. E exerce grande influência em Freud, com sua perspectiva sobre os sentimentos humanos, é muito realista neste fato, ao tratar da questão do desejo no homem, de uma maneira nua e crua.

O pessimismo deles está associado a questão da melancolia, hoje depressão, sempre ligado a questão da genialidade e do saber. Aristóteles é quem inicia esta tradição entre o saber e a melancolia, com o livro O homem de gênio e a melancolia. Já o aspecto de doença e organicista da melancolia surgiu com Hipócrates. Estou estudando uma dissertação sobre o tema: A concepção freudiana de melancolia, que é de onde tirei estas informações sobre Aristóteles e Hipócrates, que conduzem o debate histórico sobre o pessimismo  :)
E esse é um dos motivos pelo qual gosto tando de Freud  :)


Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Adriano

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.672
  • Sexo: Masculino
  • Ativismo quântico
    • Filosofia ateísta
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #69 Online: 05 de Outubro de 2011, 12:16:27 »
Citar
Mau humor melhora inteligência, diz estudo

"Não é bom estar sempre de bom humor". Esta é a conclusão de um estudo que constatou que pessoas mal-humoradas tem a inteligência mais aguçada.

A pesquisa foi feita por um cientista australiano e publicada na edição mais recente da revista científica Australasian Science.

Segundo o professor Joseph Forgas, da Universidade de Nova Gales do Sul (Sydney), "a tristeza e o mau humor melhoram a capacidade de julgar os outros e também aumentam a memória". Além disso, conforme ele, quanto menor o estado de ânimo de uma pessoa, maior pode ser sua capacidade de argumentar opiniões por escrito.

"Enquanto um estado de ânimo positivo facilita a criatividade, a flexibilidade e a cooperação, o mau humor melhora a atenção e facilita um pensamento mais prudente. Nossa pesquisa sugere que a tristeza melhora as estratégias para processar a informação em situações difíceis", destaca o estudo.

A pesquisa foi realizada a partir de uma série de experimentos que manipulava o estado de encorajamento dos participantes, por meio de filmes e lembranças positivas ou negativas.
http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/mau-humor-melhora-inteligencia-diz-estudo
Fiquei na dúvida entre este tópico e o de notícias bizarras para postar :|
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline gogorongon

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.834
  • Sexo: Masculino
  • Não.
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #70 Online: 05 de Outubro de 2011, 22:53:02 »
Eu diria que essa prudência de pensamento é num âmbito mais específico do que geral, devido à flexibilidade não ser tanta quanto no bom humor.

Offline Blues Brother

  • Nível 16
  • *
  • Mensagens: 422
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #71 Online: 16 de Outubro de 2011, 22:18:28 »
Não me vejo assumindo somente uma dessas perspectiva, antes, por ignorância ou não, um tanto de todas. Muito a depender da circunstância ocorrida ou proposta e no que a ela meu humor concorda ou se contrapõe...
Em geral, um pessimista. Talvez, realista dos meus limites – mas pessimista habitual, não seriam tais limites apenas um eco da minha maneira geral? Por fim, mesmo o máximo possível otimista do acaso que me conceda algumas das  minhas esperanças – sento e espero, espero pra sempre sentado!
Insisto, não vejo impulso em mim que me imponha alguma dessas visões senão a melancolia ou a euforia do momento a ditar-me alguma impressão e não poucas vezes vi variações de humor pra um mesmo tema – o que me é alegria veio a ser tédio, irritação, mesmo tristeza... Meu olhar via de uma maneira, passou a ver de outra e tentei mudar de hábito, de namorada, de esperanças e serviço. Hoje, tomara eu seja otimista por me acreditar um realista!

Mais detalhes,
Eu, comigo, tenho uma impressão negativa sobre o mundo, sou inevitavelmente um pessimista. Não sem certa melancolia, vejo a vida e me convenço melhor da pior perspectiva; não por considerar essa a regra inevitável do mundo, antes por efeito da minha natureza de considerar mais realidade quando tudo vai mal.
– Nossa que bondade a daquele sujeito!
Disse alguém sobre um outro alguém e vou eu procurar uma mácula, o egoísmo que motiva e se esconde na mentira que este contou pra aquele, ainda que não saiba que contou.
Quando olho pro futuro, me divido: provavelmente eu não consiga o que quero, talvez eu não tente até o fim o que pretendo e me sento cheio de esperanças (à maneira dum idiota!?) na sobra dum pouco de persistência que possuo acreditando que esse naco é muito melhor que nada. Num tema mais diverso, de exemplo, penso que provavelmente o mundo se acabe pelas nossas próprias mãos, que há gente demais no mundo pra um tanto pouco de recursos, mas vai que a certeza desses que vendem a panaceia da ciência se realize... É o que prefiro esperar e percebo, por irônico que pareça, no meu pessimismo uma mácula de otimismo.

Quando olho pra mim, pondero se sou possível disso,
Da avaliação desprendida de qualquer sentimento ou da tendência que este infunde  num julgamento e desconsidera em muito a objetividade? Sei tão bem assim lidar com as informações com as quais disponho e de maneira objetiva desenvolver ou perceber a realidade livre das minhas pré-concepções? É possível meu olhar não se juntar com qualquer causa prévia minha, mais mesquinha e burra, e vir o julgamento somente corroborar algo para o qual eu já havia me decidido e opinado nas entranhas da minha consciência? Que são as minhas impressões e julgamentos, verdades ou simples certezas? Não poucas vezes penso que minhas percepções e conjecturas são anteriores a qualquer racionalidade a qual, pobre, não poucas vezes se perde na parca avaliação objetiva que sou capaz e que talvez, quando assim estou a avaliar, eu nem esteja produzindo algo, mas antes, apenas reproduzindo e repetindo conceitos e opiniões prontas, guardadas no meu raciocínio por motivos que desconheço – sei que não é pela validade como verdade que essas idéias ficaram onde estão. Aliás, a minha racionalidade pra não ser de nenhuma serventia, me explica bem o desencadeamento lógico do fato que ocorreu. Contudo, fosse eu considerar as variáveis e suas interações possíveis (e intermináveis!) com a pretensão de prever alguma coisa... Prefiro raciocinar em silêncio, ir me ajustando ao que ocorre, principalmente depois de perder dinheiro...

Entretanto,
Considero essa impressão pessimista sobre mim – saber que sou ruim para saber – talvez o que haja de realismo em mim... Saber que sou limitado, vulnerável e altamente viciado, principalmente no que tange a predições e julgamentos de eventos.

Eu me identifico com sua visão...

Ás vezes quero me ver apenas como um "realista", mas meu lado cético me lembra que a realidade pode ser uma só, porém, as interpretações sobre ela são muitas. Por isso posso dizer que a principal fonte do meu pessimismo é realidade, mas há outras interpretações possíveis.

Eu vejo as coisas como são e assumo essa visão trágica como consequencia.

Não vejo tudo pelo lado ruim, apenas o considero mais do que os outros. Por isso sou realista. O otimista considera mais os aspectos positivos da vida por razões psicológicas, para se sentir bem. Ele não liga muito pra realidade.

Offline -Huxley-

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 13.616
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #72 Online: 18 de Outubro de 2011, 15:02:52 »
Eu fico preocupado com essa onda de proselitismo acerca do pessimismo que se espalhou pela internet, especialmente sites que veneram as obras de autores pessimistas.

Refiro-me especificamente ao caso do pessimismo existencial, aquele que afirma que a existência não é válida. Não sei quais são as intenções desses autores, por isso vou focar apenas nas conseqüências das ações deles. Qual seria a principal crítica? O teórico que tenta espalhar a tese do pessimismo existencial causa um sofrimento muito maior do que aquele que afirma prevenir... Um desses, é André Díspore Cancián, autor do niilismo.net e ateus.net. Como já constatou Marcus Valério XR, filósofo da UnB:

“Como evidência, demonstro que mesmo o autor de tamanho pessimismo possui orgulho próprio, realização pessoal pelo seu trabalho, e também quer espalhar o mais possível seu próprio ser para o mundo, não pela reprodução genética, mas memética, com eficiência em reproduzir sofrimento muitíssimo maior do que a mera reprodução física. Pois espera sinceramente que a absorção de suas idéias convença outros a constatar a própria desgraça, o que é, no fundo, seguramente um prazer para o autor como o é para todo aquele que obtém conformidade entre seu mundo interno e o mundo externo”.

Por outro lado, o pessimista não vê a desvantagem do pessimismo existencial para a maioria das pessoas, ao contrário do ocorre com o otimismo, já que este último:

“Tem vasta vantagem representativa, demonstrada pelo fato da maioria das pessoas crer que sua vida vale a pena, e tal percepção, sendo subjetiva, não pode ser repreendida. É desprovido de qualquer eficácia afirmar que alguém está enganado ao dar valor demais à própria existência, ou alegar que existe alguma incompatibilidade entre a felicidade e a razão, ou a algum dever, como se estes fossem instâncias extra humanas supremas que devem se sobrepor à pura e simples experiência subjetiva.”

Ademais, a tese de Alain de Botton de que a “esperança despedaçada pela percepção da miséria da existência” é causada pelo otimismo não faz o menor sentido. Na verdade, é o pessimismo existencial que causa esse tipo de sofrimento. O otimista existencial, por definição, já se sente suficientemente feliz pelo que já conquistou e se sente animado pela possibilidade de conquistar mais. O pessimista existencial, por outro lado, despreza o que conquistou e sonha com o que não conquistou, e ou se concentra em sua incapacidade de conseguí-lo.

Para verem o anexo de monografia que faz uma crítica completa ao pessimismo e uma defesa do otimismo, acessem o site de Marcus Valério XR:

http://www.xr.pro.br/MONOGRAFIAS/OtimismoXPessimismo.html


« Última modificação: 18 de Outubro de 2011, 15:15:20 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 13.616
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #73 Online: 18 de Outubro de 2011, 15:07:26 »
Citar
Eu entendo que na piscologia o otimismo deve ser predominante. Não dá pra receitar pessimismo para quem já sofreu traumas, etc...

O mainstream da Psicologia não diz que o otimismo é uma estratégia superior apenas para pacientes em terapia, mas também para aqueles que já se encontram em estados positivos.

Eu até aceito a ideia de que pensar negativamente é superior a pensar positivamente, mas apenas para uma minoria de pessoas que tem um peculiar tipo de pensamento subjetivo que torna o pessimismo uma “estratégia de enfrentamento” eficaz.

No geral, porém, pessimismo não gera melhores resultados. Para o cérebro da maioria, o pessimismo atrapalha a maioria das iniciativas: o vendedor de seguros de vida que é pessimista vende menos, e desiste antes do otimista. O universitário pessimista tira notas mais baixas em relação ao desempenho que teve no ensino médio. Nadadores pessimistas marcam tempos abaixo da média e custam mais a se recuperar de um mau resultado. No beisebol, os arremessadores e rebatedores mais pessimistas erram mais. Das equipes da NBA, as pessimistas perdem no spread de pontos com mais freqüência. A relação de causalidade que vai do pessimismo para um desempenho pior na realização pode ser defendido em bases teóricas, e foi isso o que fez o psicólogo Martin Seligman no seu livro Aprenda a Ser Otimista

Citar
Mas acho que o Pondé fala do pessimismo filosófico que transbordou para a piscanálise.

Ele, inclusive, cita a influência de Schopenhauer em Freud. O pessimista teria acertado bastante coisa sobre a sexualidade humana, o insconciente, a prevalência das emoções sobre a razão, etc. O pessimismo como postura global é sempre próximo da realidade. 

Citar
Eu vejo as coisas como são e assumo essa visão trágica como consequencia.

Não vejo tudo pelo lado ruim, apenas o considero mais do que os outros. Por isso sou realista.

Eu também já pensei assim e considero que é impossível não pensar do mesmo modo se você já nasce com uma tendência biológica ao pessimismo. Porém, mudei de estratégia recentemente ao estudar mais os efeitos psicológicos do pessimismo e também a crítica filosófica feita a este.

O dado fundamental para não se recorrer ao otimismo é perguntar qual será o preço do fracasso na situação em pauta. Se o preço for alto, o otimismo é a estratégia errada. Por exemplo, um piloto de avião decidindo sobre um voo forçado não deverá usar otimismo.

As pessoas pessimistas assumem que optar pelo otimismo significa cultivar menos a virtude da prudência – o esperar por todas as informações necessárias antes de agir – e o pensamento crítico – o traço saudável de não confundir os próprios desejos e necessidades com os fatos da vida.

Essas duas crenças não passam de ilusões e vou explicar porque passei a considerar assim. A versão do otimismo que os psicólogos tentam ensinar as pessoas é o modelo ACCCE das terapias cognitivas. O otimismo aprendido neste modelo está ligado à veracidade, e não a tentar acreditar em afirmações estimulantes. Uma das técnicas mais eficazes é a busca de evidências que apontem a distorção das suas explicações catastróficas. Isso consiste em capturar “pensamentos automáticos” que geram crenças que podem ser mais bem avaliadas usando perguntas como:
 
1.   Quais são as evidências que apoiam essa ideia?
2.   Quais são as evidências que desapoiam essa idéia?
3.   Existem explicações alternativas?
4.   O que de pior poderia acontecer? Eu poderia superar isso?
5.   O que de melhor poderia acontecer?
6.   O que é mais realista acontecer?
7.   Qual é o efeito da crença no pensamento?
8.   Qual é o efeito de se mudar os pensamentos?
9.   O que eu deveria fazer para lidar com isso?
10.   O que você aconselharia se um amigo estivesse em seu lugar?

Em grande parte do tempo (senão na maior parte), você terá a realidade ao seu lado.

Entretanto, algumas vezes, você não terá a realidade ao seu lado. Mas isso significa a prescrição de suprimir a crença negativa? Claro que não. Mas o “pensamento realista” só deve permanecer na mente se tiver utilidade suficiente. Às vezes, as conseqüências de se apegar a uma crença soam mais importantes do que a veracidade dela. Nesses casos, é muito mais útil tocar o barco, sem perder tempo examinando suas convicções para depois contestá-las. A própria crença pode causar mais sofrimento do que deveria. De que adianta ficar insistindo, por exemplo, na crença de que o mundo deveria ser menos injusto?

Quando recordo de todos os argumentos dos pessimistas que já tive acesso, porém, jamais vi uma demonstração completa do que se chama de “realismo global” superior do pessimismo. O que é muito comum é a quebra de simetria e a construção de uma assimetria desfavorável por parte do teórico pessimista. E é assim porque sua cognição mental seleciona determinados traços do objeto em questão. Deste modo, o que uma pessoa seleciona é verdadeiro desde esta perspectiva. Uma pessoa elimina isto e, em conseqüência, esta cognição é verdadeira para ela, enquanto não é para a pessoa que elimina este traço. O mesmo pode ser dito de um otimismo forte, embora, como já disse o mesmo filósofo da UnB já citado, “possamos também dizer que a manutenção da simetria já basta ao otimista, ou até mesmo a aceitação de uma assimetria desfavorável que não seja muito acentuada, pois o otimismo pode simplesmente justificar sua escolha pelo princípio da preferencialidade do bem, e que quem pensar o contrário que vá ‘ser feliz sendo triste!’”.

Como será que fica a prudência daqueles que são classificados como otimistas? Para a surpresa de muitos, eles também estão em vantagem nesse aspecto. No curso normal dos acontecimentos, as pessoas otimistas confiam nas experiências positivas do passado, enquanto as pessimistas são mais descrentes. Isso significa que as pessoas otimistas são mais parciais sobre suas convicções de sucesso e fracasso. Todavia, quando a situação é ameaçadora (lembrar-se e convencer-se de informações negativas como “três xícaras de café por dia aumentam o risco de câncer de mama”), as pessoas otimistas logo mudam de tática e adotam uma postura cética e analítica:

Aspinwall, L. G., Richter, L., & Hoffman, R. R. (2001). Understanding how optimism works: An examination of optimists' adaptive moderation of belief and behavior. In E. C. Chang (Ed.), Optimism and pessimism: Implication for theory, research, and practice (pp. 217-238). Washington, DC: American Psychological Association.

A descrição parcial este estudo também pode ser lida no livro que indicarei na resposta ao próximo quote.

Citar
O otimista considera mais os aspectos positivos da vida por razões psicológicas, para se sentir bem. Ele não liga muito pra realidade.

Razões psicológicas = não ligar muito para a realidade? Isso é o mesmo que acusar a Psicologia Positiva de ser uma simples filosofia do pensamento positivo. Por achar que ele tem mais competência do que eu para escrever sobre isso, deixo que um importante líder do primeiro movimento responda a questão:

“Primeiro, o pensamento positivo é uma atitude passiva. A Psicologia Positiva, por outro lado, está ligada a um programa de atividade científica empírica e replicável. Segundo, a Psicologia Positiva não exige positividade constante. Existe uma "folha de balanço", e apesar das muitas vantagens do pensamento positivo, algumas vezes o pensamento negativo é preferível. Embora muitos estudos estabeleçam a ligação entre positividade e saúde no futuro, longevidade, sociabilidade e sucesso, o equilíbrio de evidências sugere que, em algumas situações, o pensamento negativo leva a maior precisão. Quando a precisão está ligada a consequências potencialmente catastróficas (quando o piloto precisa decidir se remove ou não o gelo das asas do avião, por exemplo), devemos todos ser pessimistas. Com esses benefícios em mente, a Psicologia Positiva busca o equilíbrio entre pensamento positivo e negativo. Terceiro, muitos líderes do movimento da Psicologia Positiva, passaram décadas trabalhando o lado “negativo” das coisas. A Psicologia Positiva é um complemento da psicologia negativa, e não um substituto.”

SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Objetiva, 2009, p. 428-429.

« Última modificação: 19 de Outubro de 2011, 22:40:33 por -Huxley- »

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:As vantagens do Pessimismo
« Resposta #74 Online: 18 de Outubro de 2011, 23:28:19 »
Evidência anedótica.

Eu posso ser considerado um "pessimista" contumaz (embora eu me ache mais um "realista"), quando comparado à maioria de meus colegas de profissões e aos meus amigos, em particular no campo dos negócios. Eu fui o único que nunca "desceu ao fundo poço" econômico e isto aconteceu em função da minha prudência e do meu comedimento. Alguns dos meus colegas "otimistas" não somente chegaram ao "fundo do poço" como desceram ao "inferno".
Foto USGS

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!