Autor Tópico: Fraudes Científicas  (Lida 4470 vezes)

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Offline Muad'Dib

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #25 Online: 06 de Novembro de 2011, 12:13:10 »
A mente é um sistema de processamento de informações de onde emerge um eu. Apenas, até onde me recordo, ainda não descobrimos como ela faz isso.
O lívre-arbítrio é uma veleidade religiosa, mas o ato escolher, essa fazemos de alguma maneira, ainda que pessimamente. A minha última me custou uma grana de doer.

E bem vindo, Agnóstico. Estava de férias?

Justamente esse eu que eu acho que não é quantificável.

A neurofisiologia explica como esse eu, que emerge do próprio cérebro ainda não se sabe como, controla o sistema muscular, e como o corpo manda informações sensoriais para esse eu.
Além de todos os processos vegetativos. Que estão filogenéticamente em regiões mais primitivas do SNC.

Eu meio que gosto de usar a expressão livre arbítrio. Acho que ela explica bem o que eu quero dizer.

Quanto as nossas decisões eu acho que nós não somos "sucifientemente bem treinados" para tomá-las de forma satisfatória.

Eu vou dar uma lida no link, mas eu pela vista que eu dei não sei se é muito o que eu penso:
"The Misconception: You do nice things for the people you like and bad things to the people you hate.

The Truth: You grow to like people for whom you do nice things and hate people you harm."

Eu acho que tem muito mais coisas além.

Offline _tiago

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #26 Online: 06 de Novembro de 2011, 12:26:21 »
Quantificável de que maneira?
O que você espera que ela quantifique?
O que eu vejo de diversos estudos e livros, é que, por exemplo, e neurofisiologia explica como um impulso sai do cérebro e alcança e ativa um músculo; daí, outro exemplo, teríamos a neuro-x, que explica por que isso acontece.  Tem um tópico aqui do fórum que também aborda o assunto, veja lá.

O conceito de livre-arbítrio tem implicações morais, admite uma perfeição que não encontro, quase exige um fantasma ou self completo e ciente de todas as decisões que eu acho completamente inveridico. Por isso prefiro o termo escolha. E, tipo, um estatístico não toma melhores decisões sobre a própria vida só por ele ser bem treinado em estatística... :P

Leia o artigo por inteiro. Esse jornalista é um dos caras que expõe estudos em psicologia de forma divertida. Mas todas as referências estão lá. Aqui no Brasil, tem a coluna do Hélio Swartzman, que é bem interessante tbm.

Offline Muad'Dib

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #27 Online: 06 de Novembro de 2011, 12:43:01 »
Quantificável de que maneira?
O que você espera que ela quantifique?
O que eu vejo de diversos estudos e livros, é que, por exemplo, e neurofisiologia explica como um impulso sai do cérebro e alcança e ativa um músculo; daí, outro exemplo, teríamos a neuro-x, que explica por que isso acontece.  Tem um tópico aqui do fórum que também aborda o assunto, veja lá.

O conceito de livre-arbítrio tem implicações morais, admite uma perfeição que não encontro, quase exige um fantasma ou self completo e ciente de todas as decisões que eu acho completamente inveridico. Por isso prefiro o termo escolha. E, tipo, um estatístico não toma melhores decisões sobre a própria vida só por ele ser bem treinado em estatística... :P

Leia o artigo por inteiro. Esse jornalista é um dos caras que expõe estudos em psicologia de forma divertida. Mas todas as referências estão lá. Aqui no Brasil, tem a coluna do Hélio Swartzman, que é bem interessante tbm.

O como a mente controla o corpo é já bem definido.

Tem a explicação desde a integração das diversas áreas do cérebro através do fascilulo arqueado por exemplo, a informação no cortex pré motor, o neurônio motor superior no córtex motor, o neurônio motor inferior na medula, a junção neuromuscular e a contração muscular propriamente dita. Tudo isso apesar de haver ainda muita explicação a ser dada, já é um consenso, já é mensurável e replicável. Isso tudo são vias neuronais bem definidas e estão em qualquer livro de fisiologia.

O que eu não vejo muito é a possibilidade de nós analisarmos como o eu decide mover o músculo. Esse eu que emerge do cérebro não se sabe como e decide digitar algo no computador ou escrever um livro como o 1984 por exemplo. Esse eu tem uma capacidade de criação e decisão, a meu ver completamente autônoma, é como se o cérebro fosse uma ferramenta para ele. Por isso é que 95% da humanidade acredita em algo metafísico. Esse eu é como se fosse uma entidade própria que usa o cérebro para interagir com o mundo, não algo que emerge do cérebro.

A expressão livre arbítrio eu uso como capacidade de decisão e de fazer escolhas , que inclui desde decisões morais até mover músculos. Não entendi bem o que você quis dizer com um self completo e ciente das decisões, mas perfeição eu tamb´´em não acredito nem um pouco.

Eu vou ler o artigo. O problema é que meu inglês não é muito automático e eu fico com preguiça às vezes.

Abrass

Offline Moro

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #28 Online: 07 de Novembro de 2011, 23:26:23 »
A mente é um sistema de processamento de informações de onde emerge um eu. Apenas, até onde me recordo, ainda não descobrimos como ela faz isso.
O lívre-arbítrio é uma veleidade religiosa, mas o ato escolher, essa fazemos de alguma maneira, ainda que pessimamente. A minha última me custou uma grana de doer.

E bem vindo, Agnóstico. Estava de férias?

Não, trabalhando como um corno. Agora fiquei alguns dias menos f.. 
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Moro

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #29 Online: 07 de Novembro de 2011, 23:29:40 »
Quantificável de que maneira?
O que você espera que ela quantifique?
O que eu vejo de diversos estudos e livros, é que, por exemplo, e neurofisiologia explica como um impulso sai do cérebro e alcança e ativa um músculo; daí, outro exemplo, teríamos a neuro-x, que explica por que isso acontece.  Tem um tópico aqui do fórum que também aborda o assunto, veja lá.

O conceito de livre-arbítrio tem implicações morais, admite uma perfeição que não encontro, quase exige um fantasma ou self completo e ciente de todas as decisões que eu acho completamente inveridico. Por isso prefiro o termo escolha. E, tipo, um estatístico não toma melhores decisões sobre a própria vida só por ele ser bem treinado em estatística... :P

Leia o artigo por inteiro. Esse jornalista é um dos caras que expõe estudos em psicologia de forma divertida. Mas todas as referências estão lá. Aqui no Brasil, tem a coluna do Hélio Swartzman, que é bem interessante tbm.

O como a mente controla o corpo é já bem definido.

Tem a explicação desde a integração das diversas áreas do cérebro através do fascilulo arqueado por exemplo, a informação no cortex pré motor, o neurônio motor superior no córtex motor, o neurônio motor inferior na medula, a junção neuromuscular e a contração muscular propriamente dita. Tudo isso apesar de haver ainda muita explicação a ser dada, já é um consenso, já é mensurável e replicável. Isso tudo são vias neuronais bem definidas e estão em qualquer livro de fisiologia.

O que eu não vejo muito é a possibilidade de nós analisarmos como o eu decide mover o músculo. Esse eu que emerge do cérebro não se sabe como e decide digitar algo no computador ou escrever um livro como o 1984 por exemplo. Esse eu tem uma capacidade de criação e decisão, a meu ver completamente autônoma, é como se o cérebro fosse uma ferramenta para ele. Por isso é que 95% da humanidade acredita em algo metafísico. Esse eu é como se fosse uma entidade própria que usa o cérebro para interagir com o mundo, não algo que emerge do cérebro.

A expressão livre arbítrio eu uso como capacidade de decisão e de fazer escolhas , que inclui desde decisões morais até mover músculos. Não entendi bem o que você quis dizer com um self completo e ciente das decisões, mas perfeição eu tamb´´em não acredito nem um pouco.

Eu vou ler o artigo. O problema é que meu inglês não é muito automático e eu fico com preguiça às vezes.

Abrass

Essa questão do eu distinto do cérebro, ou mente cérebro, é uma interpretação dada por quem quer que exista essa distinção, o sobrenatural... i.e, os 95% da população que você citou.

Não sabemos como funciona o cérebro. A quase completa ignorância faz com que possamos criar qualquer filosofia sobre o tema. Meio que quando não conhecíamos as bactérias e o virus. Com o conhecimento virá a desmistificação.

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Offline Moro

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #30 Online: 07 de Novembro de 2011, 23:30:15 »
e o fato de não saber deveria gerar um "não sei" e não teorias cada vez mais complicadas e sem provas.
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Offline TMAG

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #31 Online: 07 de Novembro de 2011, 23:51:27 »
Sobre a questão da mente, entrevista com António Damásio:

Citar
  O "self" pode ser entendido como a consciência do eu e do mundo ao redor, a unidade central e reguladora do que somos, sentimos e vivemos. Em seu "Livro do Desassossego", Fernando Pessoa se refere à consciência como uma "orquestra oculta" e diz desconhecer quais "instrumentos tangem e rangem" nela: "Só me conheço como sinfonia".

Em seu quarto livro, "E o Cérebro Criou o Homem" [trad. Laura Teixeira Motta, Companhia das Letras, 439 págs., R$ 49], outro português, o neurocientista António R. Damásio, 67, aprofunda seu mergulho na sinfonia citada por Pessoa --ou, em suas palavras, na "festa movediça" de imagens, memórias e sentimentos que é a consciência humana.

No livro, o autor prossegue sua ambiciosa investigação sobre o papel do corpo e de nossa origem animal nas representações mentais e propõe tese pioneira ao apontar o tronco cerebral, e não o córtex pré-frontal, como centro da consciência.

"Procuro articular a forma como os sentimentos são fundamentais na construção da consciência, tanto do que somos quanto do que está a nossa volta", disse o autor em entrevista à Folha, concedida por telefone, em seu gabinete na Universidade do Sul da Califórnia, onde coordena o Instituto de Cérebro e Criatividade.

Neodarwinista e ex-pupilo de Norman Geschwind, o pai da neurologia comportamental, Damásio reconhece que é preciso ter fé na ciência e acredita em tratamentos médicos e espirituais combinados.

*
Folha - Em que sentido "E o Cérebro Criou o Homem" complementa "O Erro de Descartes"?
António R. Damásio - Em vários sentidos. "O Erro de Descartes" teve muito a ver com o problema fundamental da emoção e a maneira como ela influencia as nossas decisões. Este livro também fala sobre isso, mas procuro articular a forma como os sentimentos são fundamentais na construção da consciência, tanto do que somos quanto do que está ao redor. Eu me aprofundo mais nas origens da mente, nos sentimentos básicos e na consciência.

Mas, se a consciência é fundamental para tomarmos conhecimento do mundo, estava Descartes (1596-1650) realmente tão equivocado?
Sim, pois são os sentimentos básicos que nos permitem ter consciência. Eles são os alicerces da nossa realidade refletida. Depois vêm a linguagem, o raciocínio complexo e toda a criatividade.
"Penso, logo existo" dá uma impressão falsa de que só os seres que têm capacidade de pensar podem existir, mas, muito antes de haver pensamento, já existiam seres que sentem seus próprios corpos, sentem suas vidas e, portanto, existem. O correto seria "tenho sentimentos, logo existo".

A linguagem seria a unidade fundamental da consciência?
Existem muitos outros aspectos associados com a memória, com o raciocínio complexo e eventualmente com a linguagem e com o raciocínio baseado na linguagem. Um cão ou um chimpanzé são capazes de raciocinar até muito bem. No entanto, eles não têm linguagem como nós temos, o que nos permite explicar nossas ideias e nos comunicar uns com os outros.

Essa relação de continuidade estaria explícita na sua tese de que o tronco cerebral, estrutura mais primitiva do que a região cortical, seria o centro da consciência?
Exatamente. Um dos pontos fundamentais do livro é mostrar como entender a consciência como função cortical é pensar ao contrário. É como construir um edifício a partir do 20º andar, quando, na verdade, deve-se começar pelo alicerce. E o tronco cerebral é o alicerce da consciência e do sentir. Só depois vêm muitos andares, onde as funções tornam-se mais complexas. E, quando se chega ao córtex cerebral, as coisas tornam-se de fato muito complexas.

Se é tão óbvio, por que tanta demora em chegar a essa conclusão?
É interessante que essa constatação seja baseada em muitos dados que já existiam. O deslumbramento com o córtex cerebral é fruto de uma era das neurociências que está prestes a acabar. Isso poderia ter sido concluído há mais tempo, mas as pessoas ainda se deixam levar pelo fascínio pelo córtex cerebral, afinal, é a estrutura mais distintamente humana e induz a concluir que aquilo que é mais complexo é, portanto, humano. O que não significa que seja o sítio onde começa a humanidade.

Desse processo advêm as três instâncias do self que o sr. propõe?
Com certeza. Há um protosself, extremamente simples e primordial. Depois, há um self central, que é um pouco mais complexo e compartilhado com vários animais. Por fim, há o self autobiográfico, que é sobretudo humano.
É aquilo que todos nós compreendemos, pois nos dá uma história própria. Distingue aquilo vivemos, aquilo que pensamos e, portanto, nos dá noção de que somos seres únicos. Essa, sim, depende do córtex cerebral. Para chegar a esse estágio, todas as partes do cérebro trabalham colaborativamente.

Quando essas propriedades do self se manifestam no processo de desenvolvimento de uma criança?
O protosself e o self central desenvolvem-se rapidamente após o nascimento. Um bebê com um ano tem o protosself e o começo do self nuclear. O self autobiográfico só se desenvolve entre os 18 meses e os dois anos de idade. Há quem diga que demora mais que isso, porque muito poucas pessoas têm memórias de quando tinham essa idade.
O self autobiográfico é um trabalho em andamento. O self que eu tenho hoje é completamente diferente do que eu tinha aos 12 anos. Vai ganhando mais profundidade por causa do acúmulo de experiência em decorrência da nossa análise dessa vivência, pois constantemente analisamos e repensamos aquilo que nós somos.

O seu livro não emite conclusões fechadas, mas reconhece que a consciência é uma somatória de fatores. Ainda será possível mapear todas as funções cerebrais?
Sem dúvida nenhuma vamos avançar cada vez mais. Só é preciso ter alguma modéstia para reconhecer que jamais poderemos mapear o homem completamente. Não podemos nos esquecer de que, quando nos ocupamos do ser humano, estamos olhando para algo extremamente belo e complexo. Só se fôssemos muito presunçosos poderíamos pensar que vamos explicar tudo isso.
Ficamos contentes quando avançamos, mas sempre haverá algo a explicar. Acho bom que algo complexo como o ser humano não seja, nem será em cem anos, completamente explicável. Há de se esperar com paciência e modéstia.

Se isso ocorresse, o homem poderia passar a induzir, em si mesmo ou nos outros, estados de consciência?
Sou um otimista. É claro que é preciso ficar atento para não deixar que o conhecimento seja usado para finalidades vis. É interessante pensar que, quanto mais soubermos sobre isso, mais poderemos usufruir desses avanços a nosso favor. É preciso pensar como esse tipo de conhecimento traz mais benefícios do que malefícios.

O sr. é a favor do uso de psicofármacos?
Tudo o que puder ajudar alguém a deixar de sofrer é de grande serventia. A depressão, por exemplo, é causa de grande sofrimento. E não deve ser combatida só com medicamentos. É preciso, antes de mais nada, entender o que se passa e refletir sobre isso. Algumas causas estão relacionadas ao cérebro, outras ao ambiente e muitas vêm dos dois. Precisamos atacar as duas frentes.

O sr. é um dos principais representantes do neodarwinismo, como o biólogo Richard Dawkins ou o etólogo Desmond Morris. No entanto, não levanta a bandeira do ateísmo.
Tenho admiração por trabalhos de ambos. Mas não me identifico com a apresentação pública deles.
Não sinto necessidade nenhuma de declarar minha orientação religiosa. As pessoas não têm nada a ver com o que acredito. Sempre que alguém usa a ciência para tentar impor suas crenças, me parece algo excessivo e deslocado. Ainda sabemos tão pouco que não temos como fazer pronunciamentos sobre problemas tão profundos quanto crenças e as razões do universo. As pessoas podem ter opiniões, mas não devem dizer aos outros o que pensar.

Ciência e religião têm uma coisa em comum: a fé. Em qual o sr. acredita?
Ambas precisam de fé. Mas, para ser coerente com a minha resposta anterior, prefiro não me pronunciar quanto às minhas crenças religiosas.

Como médico, aceita que a religião seja usada no tratamento?
Desde que a pessoa tenha consciência do que está fazendo, não vejo problema nenhum em que ela concilie as duas coisas.
 

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1002186-damasio-e-a-festa-movedica-dos-pensamentos.shtml
''O objetivo dos Governos é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo.'' - Max Stirner

Offline Gigaview

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #32 Online: 12 de Novembro de 2011, 21:26:38 »
Fraud Case Seen as a Red Flag for Psychology Research
By BENEDICT CAREY

 
A well-known psychologist in the Netherlands whose work has been published widely in professional journals falsified data and made up entire experiments, an investigating committee has found. Experts say the case exposes deep flaws in the way science is done in a field, psychology, that has only recently earned a fragile respectability.

Joris Buijs/Pve
The psychologist Diederik Stapel in an undated photograph. “I have failed as a scientist and researcher,” he said in a statement after a committee found problems in dozens of his papers.


The psychologist, Diederik Stapel, of Tilburg University, committed academic fraud in “several dozen” published papers, many accepted in respected journals and reported in the news media, according to a report released on Monday by the three Dutch institutions where he has worked: the University of Groningen, the University of Amsterdam, and Tilburg. The journal Science, which published one of Dr. Stapel’s papers in April, posted an “editorial expression of concern” about the research online on Tuesday.

The scandal, involving about a decade of work, is the latest in a string of embarrassments in a field that critics and statisticians say badly needs to overhaul how it treats research results. In recent years, psychologists have reported a raft of findings on race biases, brain imaging and even extrasensory perception that have not stood up to scrutiny. Outright fraud may be rare, these experts say, but they contend that Dr. Stapel took advantage of a system that allows researchers to operate in near secrecy and massage data to find what they want to find, without much fear of being challenged.

“The big problem is that the culture is such that researchers spin their work in a way that tells a prettier story than what they really found,” said Jonathan Schooler, a psychologist at the University of California, Santa Barbara. “It’s almost like everyone is on steroids, and to compete you have to take steroids as well.”

In a prolific career, Dr. Stapel published papers on the effect of power on hypocrisy, on racial stereotyping and on how advertisements affect how people view themselves. Many of his findings appeared in newspapers around the world, including The New York Times, which reported in December on his study about advertising and identity.

In a statement posted Monday on Tilburg University’s Web site, Dr. Stapel apologized to his colleagues. “I have failed as a scientist and researcher,” it read, in part. “I feel ashamed for it and have great regret.”

More than a dozen doctoral theses that he oversaw are also questionable, the investigators concluded, after interviewing former students, co-authors and colleagues. Dr. Stapel has published about 150 papers, many of which, like the advertising study, seem devised to make a splash in the media. The study published in Science this year claimed that white people became more likely to “stereotype and discriminate” against black people when they were in a messy environment, versus an organized one. Another study, published in 2009, claimed that people judged job applicants as more competent if they had a male voice. The investigating committee did not post a list of papers that it had found fraudulent.

Dr. Stapel was able to operate for so long, the committee said, in large measure because he was “lord of the data,” the only person who saw the experimental evidence that had been gathered (or fabricated). This is a widespread problem in psychology, said Jelte M. Wicherts, a psychologist at the University of Amsterdam. In a recent survey, two-thirds of Dutch research psychologists said they did not make their raw data available for other researchers to see. “This is in violation of ethical rules established in the field,” Dr. Wicherts said.

In a survey of more than 2,000 American psychologists scheduled to be published this year, Leslie John of Harvard Business School and two colleagues found that 70 percent had acknowledged, anonymously, to cutting some corners in reporting data. About a third said they had reported an unexpected finding as predicted from the start, and about 1 percent admitted to falsifying data.

Also common is a self-serving statistical sloppiness. In an analysis published this year, Dr. Wicherts and Marjan Bakker, also at the University of Amsterdam, searched a random sample of 281 psychology papers for statistical errors. They found that about half of the papers in high-end journals contained some statistical error, and that about 15 percent of all papers had at least one error that changed a reported finding — almost always in opposition to the authors’ hypothesis.

The American Psychological Association, the field’s largest and most influential publisher of results, “is very concerned about scientific ethics and having only reliable and valid research findings within the literature,” said Kim I. Mills, a spokeswoman. “We will move to retract any invalid research as such articles are clearly identified.”

Researchers in psychology are certainly aware of the issue. In recent years, some have mocked studies showing correlations between activity on brain images and personality measures as “voodoo” science, and a controversy over statistics erupted in January after The Journal of Personality and Social Psychology accepted a paper purporting to show evidence of extrasensory perception. In cases like these, the authors being challenged are often reluctant to share their raw data. But an analysis of 49 studies appearing Wednesday in the journal PLoS One, by Dr. Wicherts, Dr. Bakker and Dylan Molenaar, found that the more reluctant that scientists were to share their data, the more likely that evidence contradicted their reported findings.

“We know the general tendency of humans to draw the conclusions they want to draw — there’s a different threshold,” said Joseph P. Simmons, a psychologist at the University of Pennsylvania’s Wharton School. “With findings we want to see, we ask, ‘Can I believe this?’ With those we don’t, we ask, ‘Must I believe this?’ ”

But reviewers working for psychology journals rarely take this into account in any rigorous way. Neither do they typically ask to see the original data. While many psychologists shade and spin, Dr. Stapel went ahead and drew any conclusion he wanted.

“We have the technology to share data and publish our initial hypotheses, and now’s the time,” Dr. Schooler said. “It would clean up the field’s act in a very big way.”

http://www.nytimes.com/2011/11/03/health/research/noted-dutch-psychologist-stapel-accused-of-research-fraud.html
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.


Offline Cientista

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #34 Online: 14 de Janeiro de 2012, 21:52:03 »
no caso, psicologia não é ciência. O peer review deve ser filosofia de botequim
Virou adepto da teoria do cientista sobre ciência?  :lol:
Mas... ai ai meu santo...

Parcus, eu já estava pensando que você já racionalizava melhor minha racionalização. Acabo de ver que não é bem assim. É uma decepção, mas vou tentar melhor, do jeito que eu puder.

"Teoria do cientista sobre ciência"????!!!! Qual?? Sinto-me lisonjeado pelo c minúsculo! Todavia, que negócio de adeptismo motivado por mim é esse? Acaso propagandeio alguma religião ou algo similar?


no caso, psicologia não é ciência. O peer review deve ser filosofia de botequim
Virou adepto da teoria do cientista sobre ciência?  :lol:

não, de maneira alguma. Mas psicologia é demais..
"Não, de maneira alguma"? Nossa! Mas que coisa horripilante isso pareceria ser, não?

Além do que... psicologia pode ser ciência sim e, se o espaço para que o seja se desvanece, se já não há mais espaço para ser ciência, já pôde ter sido em algum momento. Isto é até um detalhe importante que se levanta aqui -- o dinamismo desvanecente do processo científico. Empreendimentos intelectuais não são ciência sempre, indefinidamente. Medicina, em geral, já não é mais ciência; mas foi, em sua origem. Engenharia civil já não é mais ciência; mas foi em sua origem.

Tentemos lembrar mais uma vez: ciência não é "o que pensar", mas *como pensar*. Quando se alcança um modo melhor, mais exato, principalmente mais abrangente, mais amplo de pensar sobre algo, normalmente, o modo anterior, se era científico, deixa de ser e cede ao modo mais abrangente e mais penetrante à realidade. Normalmente, um rastro de possibilidades tecnológias fica pelo caminho ou se abre à frente, erigindo (ou rebaixando?...) à tecnologia o que antes era ciência ou evidenciando que o que antes era tido como ciência, não é. E o que antes era ciência, não se discute mais. Ciência sempre é intrinsecamente discutível (quando confrontada com seu recíproco filosófico); tecnologia, não.


Vejamos... meu senhor do santo sepulcro!


Uma revelação o que encontro aqui. Descubro que "o que eu entendo como ciência" não está claramente entendido. Vou tentar melhor: o que entendo como ciência é *exatamente o que ciência é* a despeito de todo o corrompimento que o termo sofreu de sua aplicação concernente até hoje. Ciência é a relação realista entre "ente" cognitivo (máquina cognitiva mesmo) e realidade, relação que se estrutura e se expressa em forma de linguagem, que só pode existir quando o "ente" cognitivo está livre, ao menos, dos efeitos finais dos distúrbios (defeitos) filosóficos da linguagem; ciência é, em virtude disto, minimização linguística rigorosa, passando, muito provavelmente e cada vez mais evidentemente, por cima de muitas complexificações linguísticas evolutivas "necessárias" ao processo evolutivo; ciência NÃO é tecnologia; ciência é o processo inverso da filosofação -- quanto mais científico um sistema cognitivo é, quanto mais científicos seu comportamento e suas respostas, menos filosófico e vice-versa (todavia, como trata-se de processo linguístico, não deve haver continuidade transitiva e sim domínios processuais linguísticos totalmente diferentes e estanques); ciência não é algo que se constrói externamente como conhecimento, não existe uma "ciência constructo humano" como uma realidade exterior ao homem (constructos teóricos humanos com suportes exteriores são, invariavelmente, ilusões, não conhecimento científico); se um homem não pensa cientificamente não existe ciência para ele como algo objetivo, que é a única relação que pode haver entre "ente" cognitivo e realidade ainda que o mesmo interaja com registros linguísticos científicos estáticos -- documentos científicos, que são suportes para informações ou conhecimentos científicos mas que, de forma alguma, se confundem com o que seria "a própria ciência". O que mais posso enumerar?...


Por tudo isto, ciência está aquém de qualquer princípio 'manualista' -- ou bem se pensa cientificamente ou bem se segue algum manual. Manuais são, pela própria natureza, acientíficos e, até, anticientíficos no caso específico daqueles que se supõe manuais de ciência. Infelizmente, há a crença nisso, mas não há manual para ciência. Se há algum manual a seguir, o que se segue nesse manual pode ser qualquer coisa, até mesmo uma "filosofia melhor que outra", menos ciência.



Ciência é uma minimização não degenerada do processo linguístico de relação entre 'centro cognitivo' e vizinhança sistêmica. O problema que vejo é o entendimento de ciência como um método entre muitos possíveis de abordagem da realidade, vista, assim, como "mais uma filosofia" (apenas "diferente" de outras e até vista como potencialmente mais útil ou, de alguma forma, melhor que outras, mas... "só mais uma filosofia", passível de ser questão de escolha). Não é isso -- ciência é o que sobra após a extinção dos métodos, dos rituais, ou seja, após a simplificação rigorosa da linguagem que registra e exprime representações da realidade. É, assim, residual do processo cognitivo humano.

Daí toda essa comparabilidade feita por tantos entre ciência e outras essencialmente supostamente não inferiores "possibilidades explanatórias da realidade" ser clara indicadora da triste realidade de que o grosso da humanidade não faz a menor ideia do que seja ciência ou, muito pior que isso, criaram e implantaram uma ideia deturpada de ciência que não mantem nenhuma conexão com a ruptura filosófica que houve. Apropriaram-se do termo para a inclusão de "mais uma possível maneira de filosofar" recrudescendo a um passado anterior à própria "aparição" do 'princípio científico', deturpando-o utilizando-se do próprio benefício do mesmo, o que é uma extraordinária ironia do destino. Não há tal coisa como "algo melhor ou pior que ciência para explicar tal ou qual coisa", não porque ciência seja hierarquicamente superior a qualquer "outro" princípio filosófico mas porque trata-se de outra coisa completamente diversa de qualquer princípio filosófico -- seu oposto simétrico. Não é "o melhor que temos para explicar a realidade" porque não é uma filosofia melhor que outras; é só o resultado da linguagem não distorcida, do fim da filosofia.

Peguemos um gancho daqui mesmo:

Os cientistas deveriam buscar a conhecimento pelo conhecimento, não por retorno financeiro.
Mas é (falando permissivamente, é claro -- cientistas não "buscam conhecimento", realmente) o que CIENTISTAS fazem. Os que não fazem isso recebem uma 'carimbada científica', uma espécie de 'permissão bondiana para matar' de instituições acadêmicas que ensejaram o desvario insano de se arvorarem a instalações fabris de produção em série de cientistas usando-se o método filosófico de que há método para ciência e tal pode ser programado nas "máquinas" produzidas em série, como ciência fosse algum tirocínio -- exatamente o que se faz em qualquer religião, o que não é mera coincidência. Ademais, ainda promovem a ulterior fantasia de que a própria ciência possa ser produzida em série numa linha de montagem. Claro, se houvesse método para ela, poderia mesmo. Mas não há, para além de uma crença como qualquer outra.

Ciência não é profissão porque, em toda profissão, é essencial a projeção de resultados factíveis dentro de modelos em que se pode esperar, se não com absoluta certeza, pelo menos dentro de uma estatística de possíveis resultados antecipáveis. Em ciência, pela própria essência da mesma, essa antecipação não existe. Isso existe para o desenvolvimento de tecnologia que, considerando ter uma "fronteira" com ciência (que eu entendo que nem mesmo tal fronteira existe dada a enorme separação entre as duas -- relacionam-se, mas não se tocam), muitos têm atravessado tal fronteira inadvertida e inconsequentemente resultando na confusão e consequente crença de que há método para ciência -- o que seria o mesmo método usado em tecnologia. Chama-se a tudo que cheira tecnologia, de ciência, e multiplica-se, assim, infinitamente o número de "cientistas".

E aqui encontramos a razão dessa devassidão acadêmica deplorável que presenciamos: Quiseram, à força, erigir ciência a uma profissão e o resultado está aí. Tem um filme de que me lembrei agora, com o Sean Connery, o Dustin Hoffman e o Mathew Broderick (espero ter escrito os nomes corretamente), Negócios em Família, que já tratava dessa questão já há alguns anos. Abordava uma tramóia de uma empresa de biotecnologia que havia recebido um gordo investimento, não sei se governamental ou privado, para produzir uma espécie de defensivo agrícola, não lembro bem. O fato é que não puderam cumprir com a tarefa e forjaram um roubo que teria levado toda a documentação e amostras essenciais sem as quais não seria possível prosseguir em tempo hábil. No filme (não tenho certeza), falava-se que o que estava em desenvolvimento ali era ciência. Mas, era ciência ou tecnologia que estava em questão?

Há técnicas para desenvolvimento de tecnologia, mas sem ciência suficiente não há nenhuma previsibilidade. Por sua vez, para a própria ciência não há nem técnica nem previsibilidade. E está aí a diferença (uma delas). E a inexistente "tênue linha" que muitos acreditam existir e inexistir ao mesmo tempo por não serem aptos a vê-la mas por terem uma fé latente nela.

Então...  o que entendo como ciência mesmo?


A propósito, isso me fez lembrar de um comentário num outro tópico que li aqui há algum tempo atrás que, tendo sido ou não para me instigar caso eu lesse, o efeito foi o mesmo já que suponho que o autor deva saber o efeito que tal comentário possa produzir em mim, que me deu uma vontade danada de responder, que cheguei a começar a responder, mas que acabei desistindo por falta de tempo e paciência. Vou procurar, responder e depois coloco um link para lá aqui.

Aqui está:

../forum/topic=25642.0.html#msg662671
« Última modificação: 15 de Janeiro de 2012, 00:58:58 por Cientista »

Offline Cumpadi

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #35 Online: 14 de Janeiro de 2012, 22:06:38 »
Mas... ai ai meu santo...

Parcus, eu já estava pensando que você já racionalizava melhor minha racionalização. Acabo de ver que não é bem assim. É uma decepção, mas vou tentar melhor, do jeito que eu puder.

"Teoria do cientista sobre ciência"????!!!! Qual?? Sinto-me lisonjeado pelo c minúsculo! Todavia, que negócio de adeptismo motivado por mim é esse? Acaso propagandeio alguma religião ou algo similar?
Não, aquilo que eu escrevi (há algum tempo) era apenas uma observação sem julgamentos sobre o que o agnóstico disse e o que você escreveu sobre ciência. Eu acho a sua visão interessante e bem fundamentada, mas de difícil aplicação (não acho que psicologia não possa ser chamada de "ciência"), mas não consigui chegar uma conclusão ainda.
« Última modificação: 14 de Janeiro de 2012, 22:11:30 por parcus »
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Cumpadi

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #36 Online: 14 de Janeiro de 2012, 23:27:08 »
Nosso cérebro segue processos (métodos?) para agir cientificamente. Por isso, não vejo um antagonismo entre ciência e o método científico, que ao meu ver nos ajuda a agir cientificamente, mas vejo sim uma ligação com essa degeneração da linguagem e pseudociências.

Ademais, concordo com você que não há alternativas à ciência.
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Offline Cientista

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #37 Online: 15 de Janeiro de 2012, 00:13:44 »
Ótimo, exatamente isso. Porém, é o que filósofos querem encontrar. Como não há meio para se encontrar o que não existe ou não se conhece, criaram uma dança da chuva para chamar a ciência. Mas ela não vem com a dança da chuva. Ainda no âmbito científico, não há meio de se saber (para quem não é um pensador científico) onde é melhor apostar. Com tecnologia é diferente. Tecnologias, o homem já desenvolve desde antes da idade da pedra lascada, e passou dela para a polida e para os metais antes de qualquer ciência formalizada. O processo continua essencialmente o mesmo. Pensadores científicos bem podem ter existido já antes dessa era, mas o que conhecemos como fenômeno ou processo científico formalizado, sistematizado, só pôde surgir após o desenvolvimento ulterior das linguagens intercomunicativas humanas, notadamente a matemática, transitando sempre do filosofismo para ciência. É bem resumido, mas é o que é. A ilusão acadêmica de que é possível ensinar a ser cientista é só mais uma das muitas ilusões religiosas que povoaram o imaginário humano através da história.

Offline Gigaview

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #38 Online: 15 de Janeiro de 2012, 00:23:05 »
Cientista,

Partindo do seu empirismo e total desprezo pela filosofia, incluindo a epistemologia, como você pode afirmar o caráter universal da 3a. Lei de Newton?
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Offline Cientista

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #39 Online: 15 de Janeiro de 2012, 00:33:27 »
Eu não afirmo o caráter universal da terceira ou de qualquer outra lei de Newton, ou de qualquer outra lei física.

Só por curiosidade...

Por que você escolheu esta, especificamente? Porque seria a única do período clássico a ainda "sobreviver ilesa"?

Offline Gigaview

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #40 Online: 15 de Janeiro de 2012, 00:44:25 »
Eu não afirmo o caráter universal da terceira ou de qualquer outra lei de Newton, ou de qualquer outra lei física.

Só por curiosidade...

Por que você escolheu esta, especificamente? Porque seria a única do período clássico a ainda "sobreviver ilesa"?

Sim.
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Offline Cientista

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« Resposta #41 Online: 15 de Janeiro de 2012, 00:56:32 »
Podemos adotar a universalidade de uma lei por motivo de pura praticidade. O fato é que, de um ponto de vista científico, não tem a menor importância saber se uma lei é universal ou não e não há qualquer meio de se obter tal informação antecipadamente. Mas... nenhuma lei deve, jamais, ser universal. E isso deve, em si, já ser uma lei que poderia ter sua universalidade questionada... Assim começa-se a filosofar, o que não tem qualquer utilidade científica.

Offline Gigaview

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #42 Online: 15 de Janeiro de 2012, 01:06:33 »
Podemos adotar a universalidade de uma lei por motivo de pura praticidade. O fato é que, de um ponto de vista científico, não tem a menor importância saber se uma lei é universal ou não e não há qualquer meio de se obter tal informação antecipadamente. Mas... nenhuma lei deve, jamais, ser universal. E isso deve, em si, já ser uma lei que poderia ter sua universalidade questionada... Assim começa-se a filosofar, o que não tem qualquer utilidade científica.

Nem as leis da termodinâmica? Assim você mata também a cosmologia e a física teórica.  :lol:

Mas está corente com a postura que você assume diante da filosofia, apesar de não concordar com ela pois vejo que o método científico é fruto da filosofia e que a ciência não seria nada sem uma teoria do conhecimento, que é essencialmente filosófica. Mas isso é uma longa discussão que não pretendo alimentar no momento.

Perguntei por curiosidade e para ver como você conciliaria a universalidade com o empirismo levado ao extremo. Apenas isso. :)
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Offline Cientista

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #43 Online: 15 de Janeiro de 2012, 01:27:32 »
Nenhuma, é claro. Talvez a própria cosmologia é que possa até já ter "matado" (ajudado a "matar") todas 3 (ou 4) leis da termodinâmica.

A física teórica não precisa ser "morta", mas seus modelos abrigados, sim.

Quanto ao resto, para mim está ótimo. É você em seu direito e liberdade.

Offline Gigaview

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #44 Online: 15 de Janeiro de 2012, 01:28:58 »
Nenhuma, é claro. Talvez a própria cosmologia é que possa até já ter "matado" (ajudado a "matar") todas 3 (ou 4) leis da termodinâmica.

A física teórica não precisa ser "morta", mas seus modelos abrigados, sim.

Quanto ao resto, para mim está ótimo. É você em seu direito e liberdade.

Obrigado.  :ok:
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #45 Online: 15 de Janeiro de 2012, 19:41:49 »
Cientista,

Partindo do seu empirismo e total desprezo pela filosofia

Então esse é um resumo da perspectiva dele? Me parece uma boa síntese do que ele diz, embora não tenha me ocorrido imediatamente (ou em momento algum) de todo esse emaranhado de palavras.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Fraudes Científicas
« Resposta #46 Online: 22 de Setembro de 2013, 17:42:16 »
no caso, psicologia não é ciência. O peer review deve ser filosofia de botequim

É ciência sim.

Na maior parte do tempo não deve ser muito muito pior do que ciências biológicas e médicas, mas vai complicando conforme as coisas se tornam mais vagas e abrangentes e difíceis de se controlar, como "melhorias na educação".


Relacionado ao tema:

Citar
Retraction Watch is a blog that reports on retractions of scientific papers.[1] The blog was launched in August 2010 and is produced by science writers Ivan Oransky (executive editor of Reuters Health) and Adam Marcus (managing editor of Anesthesiology News).[2]
Oransky and Marcus were motivated to launch the blog to increase the transparency of the retraction process.[3] They observed that retractions of papers generally are not announced, and the reasons for retractions are not publicized.[3] One result is that other researchers or the public who are unaware of the retraction may make decisions based on invalid results. Oransky describes an example of a paper published in Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) that reported the identification of a molecule that could cause breast cancers to respond to a drug that otherwise was not effective on this type of tumor. Although the paper was retracted, its retraction was not reported in the media outlets that had reported on its conclusions, and before it was retracted a company had been established to make use of the reported discovery.[4]
The blog argues that retractions provide a window into the self-correcting nature of science, and can provide insight into cases of scientific fraud.[5] Its operators say that as science journalists, they have "found retractions to be the source of great stories that say a lot about how science is conducted."[4]

[...]
Some journal editors are unwilling to respond to enquiries from Retraction Watch. On one single instance, when contacted about a retracted paper, the editor of one medical journal told the blog: “It’s none of your damn business,” and that retraction notices were issued “to inform our readers that the article is retracted," but "the public doesn’t need to know the details".[7]
Retraction Watch has demonstrated that retractions are more common than was previously thought.[4] When Retraction Watch was launched, Marcus "wondered if we’d have enough material".[8] It had been estimated that about 80 papers were retracted annually.[4] However, in its first year, the blog reported on approximately 200 retractions.[9] Retraction Watch has garnered praise[2][10] as useful to aspiring scientific journalists or people interested in the issue of accuracy."[3][6]


http://retractionwatch.wordpress.com/







Já existe algum tópico abordando problemas no sistema de revisão por pares? O mais próximo que encontrei até agora foi esse. Há algum tempo li umas críticas e sugestões interessantes, como uma forma de anonimizar o processo (evitando viés de aceitação de grandes nomes e etc), e acho que também coisas como que a revisão por pares tenderia a eventualmente "acabar", ou "migrar" para um processo mais informal de debates em blogs...

 

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