Autor Tópico: Pelo direito de ser ateu  (Lida 10657 vezes)

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Offline _Juca_

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Pelo direito de ser ateu
« Online: 14 de Novembro de 2011, 23:27:03 »
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A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico.

Texto interessante da jonalista Eliane Brum na Revista Época.

 

A parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem cordial”?

iálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.
 - Você é evangélico? – ela perguntou.
 - Sou! – ele respondeu, animado.
 - De que igreja?
 - Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...

O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)

Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:

- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa. 

A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.

Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.

Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.

É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.

Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.

Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova.

Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.

Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum.

Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.

Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele.

Offline Moro

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #1 Online: 14 de Novembro de 2011, 23:34:01 »
minha esposa ficou meia hora contando para amigas da escola dos filhos que sou ateu. Disse para ela não tocar nesse assunto de maneira tão veemente pois os filhos poderiam ser alvos de pre-conceitos. Ela disse que estou viajando e isso não existe mais.. ao menos em uma "classe" mais favorecida. Não sei.. 
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Offline Geotecton

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #2 Online: 14 de Novembro de 2011, 23:47:18 »
Existe sim o preconceito, derivado da ignorância e do fanatismo gerados por uma intensa doutrinação religiosa.

Os cristãos em geral, e os protestantes neopentecostais em particular, não tem como adotar o lema da "tolerância" porque se trata de uma violação à sua "visão de mundo", pois se eles estão "certos", os demais só podem estar "errados". E o "bondoso" deus judaico-cristão abomina quem "erra".
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Offline Moro

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #3 Online: 14 de Novembro de 2011, 23:48:09 »
estou vendo que vamos sentir saudades da igreja católica
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Offline _Juca_

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #4 Online: 14 de Novembro de 2011, 23:51:05 »
estou vendo que vamos sentir saudades da igreja católica

Pois é, quem diria...  :(

Offline Rocky Joe

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #5 Online: 15 de Novembro de 2011, 00:02:52 »
Não sei se é sorte minha, mas em meus 20 e poucos anos nunca fui alvo de preconceito.

Mas... até que ponto podemos chamar algo de preconceito? Uma discussão aqui e ali como a descrita, um mal-estar aqui, é normal.

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O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante.

No Brasil, ao menos. Não sei se o mesmo vale na Europa, nas vizinhanças do Vaticano.

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Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante.

Não consigo acreditar que o ateísmo ameace as igrejas evangélicas.

"Católico não praticante" é um absurdo, um absurdo simpático, vá lá, mas absurdo.

Os evangélicos acertaram ao exigir participação de seus crentes e de não permitir esse afastamento da religião. Este para mim é o ponto forte deles e o motivo deles estarem crescendo tanto; as Igrejas Evangélicas fornecem uma sensação de grupo. Eles dão um senso de “comunidade”, de vida em conjunto, o que nossa família e sociedade já não proporciona.

É o único motivo que consigo pensar para um jovem preferir passar o sábado na Igreja e só meter depois do casamento.
« Última modificação: 15 de Novembro de 2011, 00:07:33 por Martuchelli »

Offline Rocky Joe

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #6 Online: 15 de Novembro de 2011, 00:15:53 »
Talvez a Igreja Católica possa parecer mais atraente para nós nessa altura do campeonato, porque, querendo ou não, um padre faz um curso de filosofia... Qual preparação que os pastores têm? Eu não sei, mas imagino que não haja muita filosofia aí...

Offline Moro

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #7 Online: 15 de Novembro de 2011, 00:20:29 »
é mais atraente simplesmente porquê não gera hoje tamanho fundamentalismo. Também é menos ávida por vender salvações. Já fez bastante isso nos últimos 1900 anos.
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Offline Geotecton

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #8 Online: 15 de Novembro de 2011, 00:21:20 »
Talvez a Igreja Católica possa parecer mais atraente para nós nessa altura do campeonato, porque, querendo ou não, um padre faz um curso de filosofia... Qual preparação que os pastores têm? Eu não sei, mas imagino que não haja muita filosofia aí...

Geralmente os pastores neopentecostais não possuem formação alguma.
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Offline EuSouOqueSou

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #9 Online: 15 de Novembro de 2011, 01:24:59 »
Eles devem fazer algum curso de "como tirar mais dinheiro dos fiéis".
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline uiliníli

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #10 Online: 15 de Novembro de 2011, 13:07:29 »
Eu me sinto protegido dentro do casulo da academia. Na universidade, entre pessoas com o mesmo nível de escolaridade que eu, desconheço evangélicos neopentecostais. Até conheço pessoas bastante religiosas, principalmente os que se autoproclamam católicos carismáticos, conheço pessoas bem supersticiosas também, cujas crendices não condizem com a educação que elas receberam, mas com esses crentes do tipo que diria "Deus me livre" ao avistar um ateu eu não tenho contato - é cem vezes mais fácil achar um outro ateu, e por isso mesmo acredito que os religiosos que frequentam esse ambiente já estão vacinados, eles já conhecem muitos ateus e sabem que eles não são necessariamente avatares de Satanás encarregados de trazer o inferno à Terra e roubar suas almas.
Por outro lado, talvez esse fenômeno traga um agravante nas relações de classe, criando uma dupla tensão, tanto religiosa quanto social ao lidar com a crescente presença de evangélicos entre as classes mais baixas e menos escolarizadas.

Offline Týr

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #11 Online: 15 de Novembro de 2011, 20:03:08 »
Talvez a Igreja Católica possa parecer mais atraente para nós nessa altura do campeonato, porque, querendo ou não, um padre faz um curso de filosofia... Qual preparação que os pastores têm? Eu não sei, mas imagino que não haja muita filosofia aí...

Geralmente os pastores neopentecostais não possuem formação alguma.
Eu trabalho com dois pastores 'de hora vaga' que são formados em teologia.

No mais, sempre me declaro ateu, nunca fui alvo de preconceito, mas sempre escuto que: "na hora do desespero vai chamar a deus" e ainda falam que devo ir um dia a igreja (mas não lembram que já freqüentei como a maioria dos ateus).

Mas concordo com o texto. O católico não se espanta com a declaração de ateísmo, os evangélicos sempre dão opinião.

Offline Derfel

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #12 Online: 16 de Novembro de 2011, 00:46:56 »
Mesmo na Europa (ou até mais lá) o catolicismo é mais tolerante. Em uma celebração recente ecumênica houve a presença de ateus discursando. No mais, acredito que o Brasil caminha a passos largos para uma teocracia. Ouço o programa de rádio da IURD e é assustador, engraçado, mas assustador.

Offline uiliníli

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #13 Online: 16 de Novembro de 2011, 00:55:04 »
Católicos mais praticantes podem se chocar com ateus sim, acho que via de regra quem é mais simpático não apenas com ateus, mas com pessoas de qualquer religião são os espíritas. Mesmo quando eles têm aquele arzinho da superirioridade imaginada por quem acha que tem posse de uma verdade que os outros não têm, isso é perdoável, pois frequentemente nós temos a mesma arrogância também ::)

Offline Dbohr

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #14 Online: 16 de Novembro de 2011, 06:45:53 »
É muito raro encontar "tolerância" com ateus vinda de pessoas verdadeiramente crentes. No mais das vezes essas pessoas mantém um ar de arrogante superioridade moral enquanto desejam o melhor para nós. É um lance meio passivo-agressivo, sabem? "Acho que você vai para o Inferno, mas Deus te ama mesmo assim".

Anyway. O preconceito contra ateus está muito distante (ao menos no Brasil) da hostilidade aberta contra homossexuais, por exemplo. Mas isso é mais uma razão para agirmos agora e não deixarmos que a coisa se alastre.

Offline _Juca_

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #15 Online: 16 de Novembro de 2011, 08:59:50 »
É muito raro encontar "tolerância" com ateus vinda de pessoas verdadeiramente crentes. No mais das vezes essas pessoas mantém um ar de arrogante superioridade moral enquanto desejam o melhor para nós. É um lance meio passivo-agressivo, sabem? "Acho que você vai para o Inferno, mas Deus te ama mesmo assim".

Anyway. O preconceito contra ateus está muito distante (ao menos no Brasil) da hostilidade aberta contra homossexuais, por exemplo. Mas isso é mais uma razão para agirmos agora e não deixarmos que a coisa se alastre.

Talvez o preconceito se menor, pelo fato do número de ateus declarados serem muito menor do que o de gays, mas também por outro lado ateus são muito mais difíceis de serem estigmatizados quando se conhecem quem são.

Offline Derfel

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #16 Online: 16 de Novembro de 2011, 09:06:10 »
Porque sempre há a chance de serem salvos! :biglol:

Offline Dbohr

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #17 Online: 16 de Novembro de 2011, 10:04:49 »
Talvez o preconceito se menor, pelo fato do número de ateus declarados serem muito menor do que o de gays, mas também por outro lado ateus são muito mais difíceis de serem estigmatizados quando se conhecem quem são.

O que exatamente você quer dizer com "quando se conhecem quem são"?

Offline _Juca_

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #18 Online: 16 de Novembro de 2011, 10:51:04 »
Talvez o preconceito se menor, pelo fato do número de ateus declarados serem muito menor do que o de gays, mas também por outro lado ateus são muito mais difíceis de serem estigmatizados quando se conhecem quem são.

O que exatamente você quer dizer com "quando se conhecem quem são"?

É que ateus não formam um grupo muito homogêneo. É mais comum entre cientistas e acadêmicos, mas na população em geral é possível achá-los em qualquer estrato da sociedade, com qualquer formação e não constituem um padrão de comportamento social bem definido, nem defendem uma causa ou ideologia associada.
« Última modificação: 16 de Novembro de 2011, 12:04:33 por _Juca_ »

Offline Derfel

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #19 Online: 16 de Novembro de 2011, 11:17:09 »
Talvez o preconceito se menor, pelo fato do número de ateus declarados serem muito menor do que o de gays, mas também por outro lado ateus são muito mais difíceis de serem estigmatizados quando se conhecem quem são.

O que exatamente você quer dizer com "quando se conhecem quem são"?

É que ateus não formam um grupo muito heterogêneo. É mais comum entre cientistas e acadêmicos, mas na população em geral é possível achá-los em qualquer estrato da sociedade, com qualquer formação e não constituem um padrão de comportamento social bem definido, nem defendem uma causa ou ideologia associada.
Você quer dizer homogêneo?

Offline _Juca_

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #20 Online: 16 de Novembro de 2011, 12:03:49 »
Talvez o preconceito se menor, pelo fato do número de ateus declarados serem muito menor do que o de gays, mas também por outro lado ateus são muito mais difíceis de serem estigmatizados quando se conhecem quem são.

O que exatamente você quer dizer com "quando se conhecem quem são"?

É que ateus não formam um grupo muito heterogêneo. É mais comum entre cientistas e acadêmicos, mas na população em geral é possível achá-los em qualquer estrato da sociedade, com qualquer formação e não constituem um padrão de comportamento social bem definido, nem defendem uma causa ou ideologia associada.
Você quer dizer homogêneo?

Obrigado, corrigido.

Offline HFC

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #21 Online: 16 de Novembro de 2011, 13:45:55 »
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Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante.

Não consigo acreditar que o ateísmo ameace as igrejas evangélicas.
Minha impressão é cada vez mais tanto evangélicos tradicionais quanto (e principalmente eles) os pentecostais e neopentecostais veem  o ateísmo como ameaça.

"Católico não praticante" é um absurdo, um absurdo simpático, vá lá, mas absurdo.
Veja um exemplo interessante : o astrofísico Martin Rees é declaradamente ateu e frequenta a igreja de vez em quando ... :lol:
 
Os evangélicos acertaram ao exigir participação de seus crentes e de não permitir esse afastamento da religião. Este para mim é o ponto forte deles e o motivo deles estarem crescendo tanto; as Igrejas Evangélicas fornecem uma sensação de grupo. Eles dão um senso de “comunidade”, de vida em conjunto, o que nossa família e sociedade já não proporciona.
Isso dá força ao grupo, mas também gera preconceito contra quem é de fora do grupo. E o preconceito pode ser ampliado contra ex-membros, que se tornam proscritos ... Neste sentido, a mesma ferramenta que dá força ao grupo gera efeitos ruins para outras pessoas e ex-membros.

É o único motivo que consigo pensar para um jovem preferir passar o sábado na Igreja e só meter depois do casamento.
Bem, acho que nem todos cumprem essa determinação!! :lol:
Cumprimento de dogmas é uma bela máscara ...
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Offline HFC

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #22 Online: 16 de Novembro de 2011, 13:55:50 »
O artigo da Eliane Brum havia saído na Época. Por ser uma revista de boa expressão e alcance, fico feliz ... Mas ainda acho os receios da autora extremamente válidos! :?
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Offline Dr. Manhattan

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #23 Online: 16 de Novembro de 2011, 15:47:44 »
O artigo da Eliane Brum havia saído na Época. Por ser uma revista de boa expressão e alcance, fico feliz ... Mas ainda acho os receios da autora extremamente válidos! :?

Também. Exceto que tenho minhas dúvidas sobre o crescimento das igrejas evangélicas neopentecostais. Não nego que o número de fiéis dessas igrejas esteja de fato crescendo, mas o que tenho visto (e sim, trata-se de evidência anedótica) é que a maioria dos novos evangélicos são ex-católicos ou ex-batistas, ou ex-outra igreja. Ou seja, estão crescendo às custas de outras igrejas. Enquanto isso, parece que o número de ateus declarados tem crescido bastante. É por isso que acho importante que os ateus não tenham medo de mostrar sua falta de crença em público. Essa é a melhor forma de combater uma escalada de intolerância.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline José H.

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Re:Pelo direito de ser ateu
« Resposta #24 Online: 16 de Novembro de 2011, 17:02:05 »
O único preconceito que sofri veio de uma pessoa bem próxima da família, amiga da minha mãe por mais de 20 anos. Ela é evangélica, quando disse que era ateu ela achou um absurdo, ficava questionando "não acredito, como é possível alguém tão bem criado se desviar assim?" e "mas por que você tem raiva de deus? Ele te ama e te deu a vida...". Ficava questionando minha mãe: "como você permite isso? Isso só vai fazer ele afundar mais e blá, blá, blá!".

Essa mulher tem duas filhas, uma se mudou para São Paulo e recentemente soube-se que ela está trabalhando num prostíbulo; a outra mais nova, recentemente se assumiu lésbica. Eu não tenho nada contra isso, cada um trepa com quem quiser e escolhe sua profissão, mas as vezes dá vontade de perguntar: "Ué, por que seu G-zuis não salvou suas filhas do "desvio"? Elas sempre tiveram uma educação tão cristã!".

OBS: ela está com depressão e frequentando o psicanalísta. Cadê o poder de Cristo agora? kkkkkkkk :tease:

 

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