Autor Tópico: SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais  (Lida 4970 vezes)

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Offline Bogoton

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #50 Online: 26 de Dezembro de 2011, 20:29:30 »
Dou aula de Arte em escola técnica federal. Para tanto, ensino desenho para ajudar as pessoas a entender as Artes Visuais e seus conceitos. Digamos que para mim o desenho é meio, a Arte é o fim.

Até mesmo porque não considero viável ensinar renascimento ou cubismo sem dar noções de perspectiva, por exemplo.

A arte na escola é essencial, por ser o único momento a se trabalhar as linguagens não-verbais e muitas vezes a criatividade (que não deveria ser único, mas acaba sendo). Também é um dos poucos espaços de discussão cultural. Só por isso já justifica seu lugar no currículo escolar.
Legal.
Coloque alguns de seus trabalhos na área artística do fórum (se é que já não o fez) para que a gente conheça o seu estilo.

Offline gilberto

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #51 Online: 26 de Dezembro de 2011, 21:20:25 »
Olá Zeichner, sabendo que vc ensina arte,
gostaria de saber a sua opinião sobre algumas de suas postagens:

A arte na escola é essencial, por ser o único momento a se trabalhar as linguagens não-verbais e muitas vezes a criatividade (que não deveria ser único, mas acaba sendo). Também é um dos poucos espaços de discussão cultural. Só por isso já justifica seu lugar no currículo escolar.
Mas quase toda as disciplinas trabalham com "linguagens não-verbais". Talvez somente as línguas portuguesa, inglês, etc, trabalhem exclusivamente com linguagem verbal.
Qual o conceito de linguaguem verbal ou não-verbal a que vc se refere?

Não, Arte é inútil, por isso que é importante.
Vc não está exagerando?
Os conceitos de diagramação são úteis em editoriação, educação, etc, e acho que tem muito a ver com arte. Tem?
A estética em geral é um conceito útil até na ciência, onde a simplicidade é um parâmetro de qualidade de um modelo científico.
Do ponto de vista cognitivo-biológico, a estética também pode ter utilidade, pois achar um alimento com um aspecto atraente pode estar relacionado ao valor nutritivo ou a evitar toxinas.
Eu vejo que a Arte pode ser muito útil. Não sei se esse meu ponto de vista é abordado por vocês da área.
« Última modificação: 26 de Dezembro de 2011, 21:42:13 por gilberto »

Offline Zeichner

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #52 Online: 26 de Dezembro de 2011, 22:20:31 »
Olá Zeichner, sabendo que vc ensina arte,
gostaria de saber a sua opinião sobre algumas de suas postagens:

A arte na escola é essencial, por ser o único momento a se trabalhar as linguagens não-verbais e muitas vezes a criatividade (que não deveria ser único, mas acaba sendo). Também é um dos poucos espaços de discussão cultural. Só por isso já justifica seu lugar no currículo escolar.
Mas quase toda as disciplinas trabalham com "linguagens não-verbais". Talvez somente as línguas portuguesa, inglês, etc, trabalhem exclusivamente com linguagem verbal.
Qual o conceito de linguaguem verbal ou não-verbal a que vc se refere?

Não, Arte é inútil, por isso que é importante.
Vc não está exagerando?
Os conceitos de diagramação são úteis em editoriação, educação, etc, e acho que tem muito a ver com arte. Tem?
A estética em geral é um conceito útil até na ciência, onde a simplicidade é um parâmetro de qualidade de um modelo científico.
Do ponto de vista cognitivo-biológico, a estética também pode ter utilidade, pois achar um alimento com um aspecto atraente pode estar relacionado ao valor nutritivo ou a evitar toxinas.
Eu vejo que a Arte pode ser muito útil. Não sei se esse meu ponto de vista é abordado por vocês da área.

Vou tentar me explicar, dentro daquilo que trabalho. São frutos de muitas reflexões sobre a importância, mas não utilidade da arte, porque são conceitos diferentes.

A linguagem não-verbal, é óbvio, não se restringe ao campo das artes, mas é um ambiente onde é ( ou deveria ) ser sistematizado como ensino, assim, desenvolvendo talentos além das ciências e gramática. Um espaço de expressão (como manifestação de sentimentos e sentimentos) e de conhecimento cultural sistematizado nas artes visuais, cênicas, musica e dança. Em minha área, especialmente, trabalho com a alfabetização visual, onde se ensina leitura das imagens. É impressionante o quanto as pessoas simplesmente não entendem e não percebem sobre as imagens.

Começamos nossa educação com livros que são apenas figuras e gradativamente a educação vai transformando os livros, as imagens vão diminuindo e as palavras aumentando, até que tomam todo o livro e nos sentimos orgulhosos das milhares de letrinhas, principalmente se os livros forem úteis, como manuais técnicos e livros de fórmulas matemáticas.

Neste contexto, não verbal é o ensino sistematizado da linguagem que não utiliza formas simbólicas para a comunicação. Ponto, linha, formas, cores e texturas podem fazer isso.

Arte é inútil sim, mas é importante. Utilidade é darmos uma função a uma forma ou objeto. Um objeto artístico não pode ter função sob pena de deixar de ser arte, sua única preocupação deve ser apenas a estética, de ser bonito, feio ou questionar a boniteza ou feiúra.

Um quadro de Rembrandt não pode servir para aspirar pó ou nos levar de um lugar ao outro. A pintura da Capela Sistina de MIchelangelo não tem função nenhuma em segurar o teto. O pensador de Rodin não ajuda a melhorar o trãnsito aonde se situa. Arte não pode ter preocupação de funcionar.

Esta é a preocupação do Design, aliar forma e função, onde uma cadeira não pode ser apenas bonita, tem que ser sentável. Um carro pode ser o mais lindo, mas não serve se não funciona. O Design se preocupa em reprodução em massa de objetos bonitos que funcionam, a arte se preocupa apenas com a forma e o conteúdo.

Man Ray fez um ferro de passar roupas no qual soldou pregos. Ao tirar a função do objeto, criou arte. O mesmo fez Duchamp ao colocar em exposição o mictório. A arte não era o objeto, mas a contestação do que seria arte.

Mas arte não é importante?

Experimente ficar sem a coisa mais inútil do mundo, a música. Música não serve para caçar, não serve para colocar um prego, não paga conta no banco e não lava os pratos. Mas fique um dia sem música, sem sons agradáveis, usando apenas sons úteis para identificar objetos ou ações. Que vida miserável.

Deixe um dia de ver pessoas representando. Sem filmes, novelas, teatros, seriados, pantomimas, piadas...

Fique sem a dança, sem mover ou ver pessoas movendo seu corpo de forma agradável.

Fique sem imagens. Nenhuma. Apenas letras e números que funcionam e, que afinal, representam o mesmo que as imagens.

A Arte nos permite ir além do útil. Nos permite fazer algo completamente inútil mas que dá um prazer imenso, satisfação, orgulho, admiração. Nos permite ser humanos.

Quanto pior as condições de vida de uma população, menos Arte ela tem, porque apenas a sobrevivência exige que todas as nossas ações tem uma utilidade.

Você quer apenas sobreviver?
« Última modificação: 26 de Dezembro de 2011, 22:22:46 por Zeichner »

Offline gogorongon

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #53 Online: 26 de Dezembro de 2011, 22:33:01 »
Arte é alimento para a mente. A função dela não é produzir, mas ser consumida, para que produtivos sejamos nós.

Offline uiliníli

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #54 Online: 26 de Dezembro de 2011, 23:17:32 »
Eu não me oponho de jeito nenhum a arte ser ensinada nas escolas, muito pelo contrário, mas acho que como todas as disciplinas fora português e matemática, devia ser opcional.

Offline Daniel_1993

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #55 Online: 27 de Dezembro de 2011, 00:38:38 »
Eu gostava da minhas aulas de artes e sociologia, só não gostava dos seminários, pois minha oratória não é muito boa ( aliás acho que tinha que trabalhar mais isso no ensino médio e fundamental)
“You will never be happy if you continue to search for what happiness consists of. You will never live if you are looking for the meaning of life.”
― Albert Camus

“The way to love anything is to realize that it may be lost.”
― G.K. Chesterton

“The first duty of a man is to think for himself”
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Não sou mais um marxista-stalinista: ../forum/topic=30157.0.html

Offline gilberto

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #56 Online: 27 de Dezembro de 2011, 00:56:08 »
Ok Zeichner,
mas só por curiosidade, você já conheceu pessoas que estudam ou trabalham com arte aqui no Brasil que se interessam por uma interpretação biológica da Arte?
Tipo, tentar interpretar as cores de uma ave, ou a dança, canto, etc, como uma possivel forma primitiva de arte?
E principalmente uma abordagem psicológica e neurológica da Arte?

Eu sei que tem gente das ciências naturais que de vez em quando fazem tais propostas, mas não sei se vocês que estudam arte propriamente dita fazem esse tipo de colaboração.

Offline Sergiomgbr

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #57 Online: 27 de Dezembro de 2011, 01:00:34 »
Eu gostava da minhas aulas de artes e sociologia, só não gostava dos seminários, pois minha oratória não é muito boa ( aliás acho que tinha que trabalhar mais isso no ensino médio e fundamental)
Não creio em aulas de arte, não como eu penso a arte. Não imagino um cara como o Van Gogh numa escola aprendendo a pintar. Todo modo concordo com a arte como sistema não verbal de apreenssão do mundo pela ótica proposta pelo Gilberto, mesmo assim em certa medida, pois não vejo a questão de forma tão pragmática. Nesse caso eu concordaria paradoxalmente com a questão da vocação.
« Última modificação: 27 de Dezembro de 2011, 01:02:37 por sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Bogoton

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #58 Online: 27 de Dezembro de 2011, 08:03:51 »
Citar
(...)Não imagino um cara como o Van Gogh numa escola aprendendo a pintar.(...)
O pobre homem era do tipo "trágico".
 Talvez, se tivesse se dedicado mais ao estudo do que à pintura desenfreada (e ele pintava como uma locomotiva), o Vincent não teria  morrido na mais absoluta m........

Offline Daniel_1993

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #59 Online: 27 de Dezembro de 2011, 14:44:20 »
Eu gostava da minhas aulas de artes e sociologia, só não gostava dos seminários, pois minha oratória não é muito boa ( aliás acho que tinha que trabalhar mais isso no ensino médio e fundamental)
Não creio em aulas de arte, não como eu penso a arte. Não imagino um cara como o Van Gogh numa escola aprendendo a pintar. Todo modo concordo com a arte como sistema não verbal de apreenssão do mundo pela ótica proposta pelo Gilberto, mesmo assim em certa medida, pois não vejo a questão de forma tão pragmática. Nesse caso eu concordaria paradoxalmente com a questão da vocação.

Faz sentido, concordo com você...mas o que eu queria dizer é que nossas escolas deveriam se especializar mais em "oratória e debates". Na disciplina de oratória o aluno poderia argumentar, debater, fundamentar e defender suas ideias. Sob meu ponto de vista, a educação brasileira deveria iniciar esses treinamentos já no ensino fundamental (o antigo primeiro grau), com práticas mensais de oratória, poesias e outros tipos de apresentação em público.  Caso contrário, continuaremos a assistir a vergonhosas e péssimas apresentações de nossos acadêmicos, mestrandos e doutorandos que pagariam uma fortuna para escapar de TCCs, monografias, dissertações e teses exigidos ao final de cada curso.

Eu apresentei meu primeiro seminário no segundo ano do ensino médio, isso porque fui estudar em uma escola particular (na aula de sociologia, diga-se de passagem ). Tem muita gente que chega na universidade ou no mercado de trabalho totalmente despreparado para esse tipo de coisa. Nessa conturbada vida moderna e nesse mercado corporativista, a cada instante que passa, surge a oportunidade de nos comunicarmos em público.
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Offline Zeichner

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #60 Online: 27 de Dezembro de 2011, 14:57:59 »
Ok Zeichner,
mas só por curiosidade, você já conheceu pessoas que estudam ou trabalham com arte aqui no Brasil que se interessam por uma interpretação biológica da Arte?
Tipo, tentar interpretar as cores de uma ave, ou a dança, canto, etc, como uma possivel forma primitiva de arte?
E principalmente uma abordagem psicológica e neurológica da Arte?

Eu sei que tem gente das ciências naturais que de vez em quando fazem tais propostas, mas não sei se vocês que estudam arte propriamente dita fazem esse tipo de colaboração.

Não se tem muitos objetos de estudo da arte nesta linha, apesar de ter sido muito intenso na primeira metade do século XX. Os principais autores re referência é Gombrich e Rudolph Arnheim.
,
As questões de percepção ficaram mais para as áreas de psicologia e atualmente com a Neurobiologia. Infelizmente a arte mainstream deixou de se preocupar com a ilusão e percepção, estando mais preocupada apenas pelo lado conceitual. Hoje, vejo que nas escolas as teorias de arte tem mais a contribuir com as chamadas disciplinas tradicionais do que o contrário. Sugeri um trabalho interdisciplinas com as proporções humanas de Vitrúvio que rendeu bastante nos outros componentes curriculares, por exemplo.

Offline Zeichner

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #61 Online: 27 de Dezembro de 2011, 14:59:55 »
Eu gostava da minhas aulas de artes e sociologia, só não gostava dos seminários, pois minha oratória não é muito boa ( aliás acho que tinha que trabalhar mais isso no ensino médio e fundamental)
Não creio em aulas de arte, não como eu penso a arte. Não imagino um cara como o Van Gogh numa escola aprendendo a pintar. Todo modo concordo com a arte como sistema não verbal de apreenssão do mundo pela ótica proposta pelo Gilberto, mesmo assim em certa medida, pois não vejo a questão de forma tão pragmática. Nesse caso eu concordaria paradoxalmente com a questão da vocação.

Faz sentido, concordo com você...mas o que eu queria dizer é que nossas escolas deveriam se especializar mais em "oratória e debates". Na disciplina de oratória o aluno poderia argumentar, debater, fundamentar e defender suas ideias. Sob meu ponto de vista, a educação brasileira deveria iniciar esses treinamentos já no ensino fundamental (o antigo primeiro grau), com práticas mensais de oratória, poesias e outros tipos de apresentação em público.  Caso contrário, continuaremos a assistir a vergonhosas e péssimas apresentações de nossos acadêmicos, mestrandos e doutorandos que pagariam uma fortuna para escapar de TCCs, monografias, dissertações e teses exigidos ao final de cada curso.

Eu apresentei meu primeiro seminário no segundo ano do ensino médio, isso porque fui estudar em uma escola particular (na aula de sociologia, diga-se de passagem ). Tem muita gente que chega na universidade ou no mercado de trabalho totalmente despreparado para esse tipo de coisa. Nessa conturbada vida moderna e nesse mercado corporativista, a cada instante que passa, surge a oportunidade de nos comunicarmos em público.

O talento é raro e deveria ser preservado. Realmente não vejo como as aulas de arte, tradicionais de 45 minutos possam resolver eta questão. Eu consideraria adequado termos disciplinas opcionais a partir do ensino médio, estimulando vocações, mas o sistema de Vestibular/Enem estrangula qualquer iniciativa neste sentido.

Offline Dbohr

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #62 Online: 27 de Dezembro de 2011, 15:17:45 »
Interessante, por que você diz isso?

Não que eu seja fã dos vestibulares ou do ENEM, mas gostaria de ver sua perspectiva sobre como disciplinas opcionais seriam estranguladas por eles.

Offline Zeichner

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #63 Online: 27 de Dezembro de 2011, 15:40:58 »
Porque as disciplinas importantes passam a ser aquelas que tem grande peso no Vestibular. O aluno não quer saber de "perder" aula para ter Arte ou Filosofia, porque isso tira espaço de matemática ou física. Na cabeça da atual estudante brasileiro, estará perdendo sua vaga.

O currículo brasileiro deve ser repensado inteiramente. Não é questão de colocar ou tirar tal conteúdo. Questões como oratória, debate são procuras individuais, e deveriam ser tratadas assim, como uma opção de crescimento.

Sou professor de Arte, e apesar de minha área fazer parte de humanas, sou um grande fã de ciências, procuro aprender o quanto posso e me inteirar das notícias e novidades neste campo. Vejo o quanto são matérias afim, porque um grande artista é sem dúvida um grande pesquisador. E todo grande cientista se preocupa com questões estéticas também.

Somo indivíduos e não classe de pessoas. Temos que abrir possibilidade para que se tenha espaço para todos. Por isso sou grande defensor das disciplinas opcionais no ensino médio.

Offline Lakatos

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Re:SP reforça sociologia e artes, mas corta aulas tradicionais
« Resposta #64 Online: 27 de Dezembro de 2011, 16:20:12 »
Algo que é importante notar também é que nem sempre o aluno chega ao Ensino Médio em condições de escolher quais disciplinas opcionais ele irá cursar. Eu, por exemplo, cheguei ao 1º ano com uma forte ideia de que iria seguir e deveria me dedicar mais às ciências exatas, e se eu tivesse tido a oportunidade, provavelmente teria aberto mão de uma disciplina como História. E teria sido péssimo, porque foi a disciplina onde, a meu ver, eu mais aprendi e mais contribuiu para minha formação pessoal, apesar de eu ter de fato ingressado num curso de exatas na faculdade.

Também tive um professor que começou a faculdade de Matemática mas no meio do curso resolveu mudar para o curso de Letras, onde finalmente "se encontrou". Se ele pudesse, também provavelmente abriria mão no Ensino Médio de alguma matéria como "Técnicas de Redação" e muitos anos depois isso iria fazer falta.

Meus exemplos são anedóticos, mas devem ser o caso de muita gente por aí.

 

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