Sim. E todas as pessoas serão contra a democracia em casos particulares de decisões democráticas que julguem ser ou potencialmente catastróficas em termos técnicos, ou simplesmente imorais.
Não necessariamente. A grande maioria é a favor da democracia mesmo quando decisões democráticas que ela discorda ocorram.
Mas tudo vai depender de quanto conflito há entre seus valores e uma dada decisão democrática. A menos que a pessoa seja um democrata por religião, meio como "genismo" só que com votos em vez de genes, ela terá variados valores que considera mais importantes do que a vontade da maioria (mas felizmente talvez a maior parte deles é comumente compartilhada com maioria) e deverá, em variados graus, ver positivamente medidas autoritárias que impedissem decisões democráticas conflitantes com esses valores.
Ninguém deixa de colocar seus valores acima dos da maioria, apenas consideram que por mais "elevados", "importantes" e "corretos" que sejam os seus valores pessoais, você não é nenhum gostosão para que o que você considera certo seja imposto aos demais, mesmo que eles não pensem como você.
Ex.: ser humanista/racialmente igualitário e ser contrário a políticas racistas/anti-semitas numa democracia nazista, etc.
Isso só faz sentido se os grupos discriminados não forem cidadãos, ou seja, não tiverem o direito de participarem da política. Se TODAS as pessoas forem cidadãs (o que é o caso em todas as democracias modernas), é impossível existir uma "democracia nazista", pois a possibilidade de tirar direitos da minoria pode anular a própria democracia.
Democracia é igual a onipotência divina segundo os teólogos: assim como Deus não pode abrir mão de sua onipotência, os cidadãos não podem tomar decisões que levem ao fim da própria democracia.

Ninguém é favorável à democracia e passa a ser contra só porque uma decisão democrática foi desfavorável ao que ela defende. Isso faz tanto sentido quanto alguém defender o fim do judiciário só porque este tomou uma decisão que lhe foi desfavorável.
Não é que as pessoas necessariamente passem a ser contra, devem na maior parte do tempo ser apenas pontualmente contra em questões que consideram muito importantes, e achar que "no resto" é aceitável.
Tirando fora as decisões que ameacem a própria democracia*, não existe nenhum valor, por mais importante que seja para o indivíduo, que lhe dê legitimidade para querer impôr a todos os demais mesmo que estes não compartilhem de sua visão "correta" das coisas.
*Inclui-se aí as decisões que ferem direitos individuais.
Com exceção daqueles que porventura acreditarem que a democracia é, mais do que um mecanismo para gerar aprovação popular ao governo estabelecido, alguma espécie de epistemologia inerrante
Ninguém discute isso. A democracia pode errar tanto quanto a ditadura e sistemas intermediários*, a única diferença é que será um erro que a população acredita ser o certo, e não erros que a população discorda.
*Embora os exemplos da História mostrem que as democracias costumam errar BEM menos.
É. Mas fico curioso com como seria essa comparação se tivéssemos uma amostragem maior, com maior variação. Fazendo uma analogia, acredito que se fosse feito um experimento onde se comparasse a performance de grupos "democráticos" versus "autoritários-meritocráticos-tecnocráticos" em variadas "tarefas"/quesitos, aqueles da última classificação quase invariavelmente levariam a melhor. Possivelmente até em satisfação "popular".
Democracia não é oposto a meritocracia. Você sabe que existem 2 tipos de decisões governamentais: decisões técnicas e decisões políticas; Normalmente, as decisões técnicas são feitas em última instância por técnicos*, independente do sistema de governo.
*As exceções ocorrem quando há alguma ideologia ou religião de estado envolvida, como o caso de Lysenko na URSS.
Claro que as coisas não são perfeitamente análogas, há diferenças em ter os empregados satisfeitos sobre regras nas quais não votaram, e outra uma população nacional satisfeita com leis nas quais "não votaram" -- ainda que a maior parte das leis seja simplesmente herdada, acaba havendo algo meio como um efeito placebo apenas por ser uma democracia.
Supondo que a população escolha o que considera melhor para si mesma, é muito maior a chance dela ficar satisfeita ela própria escolhendo do que outras pessoas escolhendo por elas.