Autor Tópico: As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964  (Lida 7787 vezes)

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Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #25 Online: 02 de Abril de 2012, 06:37:49 »
As esquerdas tentam nos convencer de que os militares agiram sem mais nem menos, mas a verdade é que sua intervenção foi pedida pela sociedade e bem recebida. Depois a coisa se radicalizou e veio a ditadura, mas mesmo então o apoio não desapareceu.

A revolução foi uma consequência do estado de coisas e não uma causa.

Então, a sociedade pediu, implorou, bateu às portas dos quartéis.....

Deve estar brincando, né...
Se bateu às portas, eu não me lembro, mas o que se dizia era "Cadê os militares que não fazem nada?".
As pessoas estavam assustadas. Elas queriam que se fizesse alguma coisa.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #26 Online: 02 de Abril de 2012, 06:43:28 »
Incrível a volubilidade dessa "sociedade": cerca de um ano antes, em um plebiscito entre Parlamentarismo x Presidencialismo, o resultado foi 9.457.448 contra 2.073.082 votos, a favor do Presidencialismo, claramente demonstrando apoio a Jango.
É incrível como a opinião pública muda rápido quando a sociedade se sente ameaçada por comunistas dizendo que vão fazer e acontecer, com grevistas cortando o fornecimento de serviços básicos, com terroristas incendiando fazendas
Gostaria de saber com base em que vocês afirmam que a "sociedade" brasileira apoiou o golpe. De preferência que não sejam manchetes de jornal.
Com base na minha experiência pessoal. Como eu já disse, eu soube da revolução porque minha vizinha começou a festejar: "O Jango fugiu! O Jango fugiu!". A minha família teve gente presa e até exilada e continuou apoiando a revolução.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #27 Online: 02 de Abril de 2012, 06:45:31 »
As vezes pessoas agem como ratos, como quando lhes é ofertado um ambiente supostamente favorável com abundância de tudo que lhes é atraente, como numa ratoeira, e não se apercebem da grande armadilha que pode ser tal possibilidade. Como foi no pré golpe.
As pessoas não foram atrás de promessas. Elas apenas não queriam perder o que já tinham.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #28 Online: 02 de Abril de 2012, 06:47:46 »
De qualquer forma, pelo que já li a respeito, de toda a historiografia, fica claro que o papel da sociedade, como um todo, foi mínimo, o preponderante foi o descontentamento das Forças Armadas.
Passeatas de centenas de milhares de pessoas não contam?

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #29 Online: 02 de Abril de 2012, 07:34:29 »
Para quem não compreende a metáfora dos 3 macacos, trata-se da figura da ingnorância vestusta daqueles que se dizem sábios e portanto julgam-se desimpedidos de omitir-se em no esclarecimento dos fatos.  Como resposta ao post do Fernando Silva, eu a postei como exemplo de que as publicações dos jornais servem tão somente como argumento ad populum, talvez apelo à autoridade. Algo tão explícito que preferí a linguagem da metáfora.
Eu estava lá. Eu vi e ouvi. Cresci, estudei, me formei e comecei a trabalhar antes que terminasse a ditadura. Visitei parentes presos. Fui recebê-los quando voltaram do exterior com a anistia.

Quem não viveu essa história pessoalmente se baseia na versão reescrita pelos esquerdinhas. Há uma charge rodando no Facebook: um militar enorme e forte com um porrete e um terrorista coitadinho, pequeno e magro, todo machucado. É assim que as esquerdas querem que as pessoas 'se lembrem' daqueles tempos. Uma visão totalmente maniqueísta e parcial.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #30 Online: 02 de Abril de 2012, 08:02:33 »

A guerrilha já tinha começado. A inspiração foi a revolução cubana. A ameaça era real. E já estava fazendo efeito nas cidades.

Trecho:

Citar
Denise conta que, “com Clodomir Morais, dissidente do PCB, deu-se início à formação dos campos de treinamento de guerrilhas no Brasil com o apoio de Cuba. (...) O apoio de Cuba se concretizou na implantação desses campos, na verdade, fazendas compradas, em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco, ‘formados por alguns camponeses e, em sua maioria, estudantes secundaristas e universitários vindos de Pernambuco’.” (O trecho entre aspinhas foi extraído do livro “As Ligas Camponesas”, de Fernando Antônio Azevedo, da Editora Paz e Terra.) Denise acrescenta: “Houve ainda o fornecimento de armas, dinheiro e orientação para a implantação da guerrilha. Apesar do fluxo constante de lideranças e militantes a Cuba, o treinamento seria dado no Brasil”.

  http://www.revistabula.com/posts/livros/o-tempo-em-que-brizola-foi-o-homem-de-fidel-no-brasil 

Offline Titoff

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #31 Online: 02 de Abril de 2012, 08:39:05 »
Lembra daquelas series de manchetes do jornal parisiense, que começa dizendo que o "monstro" (Napoleão) estava se movimentando e termina saudando o "imperador" quando Napoleão chega na cidade.

Offline Titoff

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #32 Online: 02 de Abril de 2012, 08:40:10 »
Post duplo. Mals...

Enfim, queria ver essa galerinha tomar pais com 90 milhoes de habitantes e território continental.

Mais fácil acreditar que Fidel salvou Cuba do "imperialismo ianque" do que a milicada tenha salvado o Brasil de uma "ditadura comunista".
« Última modificação: 02 de Abril de 2012, 08:43:15 por Titoff »

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #33 Online: 02 de Abril de 2012, 09:36:18 »
É assim que as esquerdas querem que as pessoas 'se lembrem' daqueles tempos. Uma visão totalmente maniqueísta e parcial.

Como se o outro lado também não fosse igualmente maniqueísta e parcial, Fernando. Ambos querem passar uma imagem que não condiz com a realidade e que só convence quem quer acreditar. Ou, melhor dizendo, que só reforça a opinião de que já está convencido.

A seleção de material favorável ao que se quer demonstrar e omissão do que atesta contra é evidente para quem vê de fora e quase sempre uma perda de tempo tentar demonstrar, já que a imparcialidade tão apregoada costuma gerar mais desconfiança do que a própria oposição, e nesse caso ainda mais, pois não significa concordar em parte com ambos os lados, mas discordar dos dois.

Offline Osler

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #34 Online: 02 de Abril de 2012, 14:37:37 »
Há de se lembrar o contexto do plebiscito parlamentarismo X presidencialismo.
Com a renúncia de Jânio, o vice-presidente João Gulart naturalmente assumiria a função de presidente.  Porém o Jango estava fora do Brasil (China?) e os militares* não aceitam que ele assuma, criando momentos de tensão.  Diversas fontes, algumas delas citadas pelo Gaspari nas Ilusões Aramadas, contam da grande movimentação e negociação nesse período, Jango atrasa seu retorno por temor de ser preso/deposto.
Como solução é implantado o parlamentarismo, Jango volta a ser o Presidente mas perde poderes para o parlamento (o primeiro ministro foi o Tancredo, se não me engano).
A campanha sobre o sistema de governo então reveste-se de duplo significado, não somente determinar o sistema a ser adotado mas também se Jango volta  ter poderes plenos de chefe do executivo.  Os Janguistas, entre eles Brizola com sua "campanha  da legalidade", obviamente apóiam a volta ao presidencialismo, como acabou ocorrendo.
Ninguém tem como afirmar o quanto dos votos para o presidencialismo são votos a favor do sistema ou a favor do Jango, mas que parte da campanha tinha esse caráter (retorno de Jango) é indiscutível.

* Aqui entenda-se como militares = certos setores militares, nunca ouve unanimidade na tropa, momentaneamente majoritários
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Derfel

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #35 Online: 02 de Abril de 2012, 15:24:48 »
por que sempre se referem à esquerda como esquerdinhas?



Offline Gaúcho

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #38 Online: 02 de Abril de 2012, 16:44:57 »
por que sempre se referem à esquerda como esquerdinhas?

Dá um ar de superioridade, ao mesmo tempo que diminui o opositor. Como não amar algo assim?
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #39 Online: 03 de Abril de 2012, 06:55:19 »
Lembra daquelas series de manchetes do jornal parisiense, que começa dizendo que o "monstro" (Napoleão) estava se movimentando e termina saudando o "imperador" quando Napoleão chega na cidade.
Há uma diferença: durante os anos anteriores, as manchetes mostravam preocupação com a virada do governo em direção à esquerda, começando com o apoio de Jânio a Cuba. Depois da revolução, as manchetes não mudaram de lado, ao contrário do seu exemplo.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #40 Online: 03 de Abril de 2012, 07:02:10 »
Post duplo. Mals...

Enfim, queria ver essa galerinha tomar pais com 90 milhoes de habitantes e território continental.

Mais fácil acreditar que Fidel salvou Cuba do "imperialismo ianque" do que a milicada tenha salvado o Brasil de uma "ditadura comunista".

Você parece o pessoal que come no McDonalds, passa férias em Miami, usa iPod e iPad, assiste a todas as séries e filmes americanos, mas continua dizendo que "Fidel é um herói porque luta contra o imperialismo ianque".

A esquerda já estava no poder e cada vez seu controle aumentava. Várias empresas de capital estrangeiros já tinham sido expropriadas. Brizola defendia que seus "Grupos dos 11"  saíssem matando os 'inimigos'. Prestes prometia transformar o Brasil em Cuba. Tudo isto escancaradamente.

Mas o que precipitou a revolução foi o início da 'luta de classes' dentro das forças armadas. Foi aí que elas viram que não dava mais para esperar.

Offline Geotecton

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #41 Online: 03 de Abril de 2012, 07:13:08 »
O apoio ao golpe foi maior nas classes de rendimentos alta e média, mais informadas e temerosas pela instalação de um regime mais à esquerda. Para a classe baixa e a população campesina o golpe de 1964 passou mais... 'despercebido'
Foto USGS

Offline Feliperj

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #42 Online: 03 de Abril de 2012, 08:00:36 »
As esquerdas tentam nos convencer de que os militares agiram sem mais nem menos, mas a verdade é que sua intervenção foi pedida pela sociedade e bem recebida. Depois a coisa se radicalizou e veio a ditadura, mas mesmo então o apoio não desapareceu.

A revolução foi uma consequência do estado de coisas e não uma causa.

Então, a sociedade pediu, implorou, bateu às portas dos quartéis.....

Deve estar brincando, né...

Ola Hsette,

É mais ou menos isso sim. A esquerda estava transformando o país em uma zona, nada funcionava, greves generalizadas, fora a aproximação ideológica da liderança com o comunismo.

Só que isso é uma coisa que nenhum esquerdista ou democrata atual quer rever; querem é passar a idéia de que lutavam pela democracia no Brasil, o que é uma mentira deslavada (outro dia tava vendo campanha do PCdo B. Deu vontade de rir). E aí de quem falar contra essa verdade verdadeira!!!!


Abs
Felipe

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #43 Online: 03 de Abril de 2012, 08:30:04 »
Coitada da sociedade!

Pediram o Jango, depois se arrependeram e pediram o Golpe, depois se arrependeram.

Tenho cá minhas dúvidas sobre a real ameaça comunista na época, não consigo acreditar na suposta organização e competência dessa gente e o volume não me parece expressivo, mas até o golpe não vejo muito o que questionar, tivesse sido provisório. Até porque mesmo que não houvesse ameaça real, apenas supondo, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.

Offline Feliperj

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #44 Online: 03 de Abril de 2012, 12:25:54 »
Coitada da sociedade!

Pediram o Jango, depois se arrependeram e pediram o Golpe, depois se arrependeram.

Tenho cá minhas dúvidas sobre a real ameaça comunista na época, não consigo acreditar na suposta organização e competência dessa gente e o volume não me parece expressivo, mas até o golpe não vejo muito o que questionar, tivesse sido provisório. Até porque mesmo que não houvesse ameaça real, apenas supondo, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.

A questão não era o número, mas sim a ocupação de cargos dos que queriam essa aproximação com o socialismo. Com relção ao restante, concordo com vc.

Abs
Felipe

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #45 Online: 03 de Abril de 2012, 12:53:49 »
Coitada da sociedade!

Pediram o Jango, depois se arrependeram e pediram o Golpe, depois se arrependeram.
Quem disse que se arrependeu?
Tenho cá minhas dúvidas sobre a real ameaça comunista na época, não consigo acreditar na suposta organização e competência dessa gente e o volume não me parece expressivo, mas até o golpe não vejo muito o que questionar, tivesse sido provisório. Até porque mesmo que não houvesse ameaça real, apenas supondo, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.
Situação da época:
- URSS poderosa
- Holocausto nuclear ameaçando a civilização
- Muro de Berlim recente.
- Revolução cubana tinha acabado de se tornar uma ditadura de esquerda que fuzilava seus oponentes
- Cuba e China financiando a compra de fazendas no Brasil para servir de campo de treinamento para guerrilheiros e terroristas.
- Prestes e outros anunciando abertamente a intenção de fazer do Brasil uma nova Cuba.
- Governo expropriando empresas estrangeiras.
- Ligas Camponesas incendiando fazendas.
- Greves por toda a parte, com ameaças de corte de gás, luz e água (na semana da revolução, não havia gás devido à greve; na manhã de 31/03 saí para comprar carvão e querozene para cozinharmos e esquentar a água do banho)
- Governo anunciando grandes reformas que socializariam o país.
- Esquerdas dividindo as Forças Armadas com sua luta de classes, que jogava soldados contra oficiais.
- Brizola com seus Grupos dos 11,  que, quando dada a ordem, deveriam sair matando os 'inimigos'.

Mas, fora isso, estava todo mundo tranquilo. As marchas e passeatas reunindo centenas de milhares de pessoas em várias cidades foram apenas frescura...

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #46 Online: 03 de Abril de 2012, 13:01:13 »
REVOLUÇÃO DE 1964 - A Verdade Sufocada

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Parte 2:

BRASIL, GUERRILHA E TERROR

« Última modificação: 05 de Abril de 2012, 12:46:17 por Fernando Silva »

Offline Feliperj

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #47 Online: 03 de Abril de 2012, 13:04:19 »
Coitada da sociedade!

Pediram o Jango, depois se arrependeram e pediram o Golpe, depois se arrependeram.
Quem disse que se arrependeu?
Tenho cá minhas dúvidas sobre a real ameaça comunista na época, não consigo acreditar na suposta organização e competência dessa gente e o volume não me parece expressivo, mas até o golpe não vejo muito o que questionar, tivesse sido provisório. Até porque mesmo que não houvesse ameaça real, apenas supondo, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.
Situação da época:
- URSS poderosa
- Holocausto nuclear ameaçando a civilização
- Muro de Berlim recente.
- Revolução cubana tinha acabado de se tornar uma ditadura de esquerda que fuzilava seus oponentes
- Cuba e China financiando a compra de fazendas no Brasil para servir de campo de treinamento para guerrilheiros e terroristas.
- Prestes e outros anunciando abertamente a intenção de fazer do Brasil uma nova Cuba.
- Governo expropriando empresas estrangeiras.
- Ligas Camponesas incendiando fazendas.
- Greves por toda a parte, com ameaças de corte de gás, luz e água (na semana da revolução, não havia gás devido à greve; na manhã de 31/03 saí para comprar carvão e querozene para cozinharmos e esquentar a água do banho)
- Governo anunciando grandes reformas que socializariam o país.
- Esquerdas dividindo as Forças Armadas com sua luta de classes, que jogava soldados contra oficiais.
- Brizola com seus Grupos dos 11,  que, quando dada a ordem, deveriam sair matando os 'inimigos'.

Mas, fora isso, estava todo mundo tranquilo. As marchas e passeatas reunindo centenas de milhares de pessoas em várias cidades foram apenas frescura...

Ola Fernando,

A sua descrição é a mesma do meu pai, mãe e tio.  O problema é que quem escreva a história são os "vencedores" e, em sua maioria, esquerdistas :) . Então, para que lembrar desse pequenos detalhes?!?

O problema é que, quando assuminos esta posição de questionamento, somos acusados de apoiar a ditadura, a tortura, e outras falácias mais...

Abs
Felipe

Offline DDV

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #48 Online: 03 de Abril de 2012, 13:16:07 »
- Esquerdas dividindo as Forças Armadas com sua luta de classes, que jogava soldados contra oficiais.

Esse foi sem dúvida o problema principal e decisivo.

Eu não sei o que os comunistas da época pensavam, só sei que mostraram profunda insensibilidade política e burrice ao tratar as forças armadas como uma instituição "qualquer" (tal qual universidades, sindicatos, empresas, etc), na qual poderiam introduzir livremente a baderna e a desordem sem maiores problemas.



Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #49 Online: 03 de Abril de 2012, 14:23:44 »
Coitada da sociedade!

Pediram o Jango, depois se arrependeram e pediram o Golpe, depois se arrependeram.
Quem disse que se arrependeu?

Suposição. Tenho a impressão que a sociedade não ficou lá muito satisfeita com a supressão das liberdades individuais. É o que as manchetes, uns vinte anos depois, parecem sugerir.

Citar
Tenho cá minhas dúvidas sobre a real ameaça comunista na época, não consigo acreditar na suposta organização e competência dessa gente e o volume não me parece expressivo, mas até o golpe não vejo muito o que questionar, tivesse sido provisório. Até porque mesmo que não houvesse ameaça real, apenas supondo, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.
Situação da época:
- URSS poderosa
- Holocausto nuclear ameaçando a civilização
- Muro de Berlim recente.
- Revolução cubana tinha acabado de se tornar uma ditadura de esquerda que fuzilava seus oponentes
- Cuba e China financiando a compra de fazendas no Brasil para servir de campo de treinamento para guerrilheiros e terroristas.
- Prestes e outros anunciando abertamente a intenção de fazer do Brasil uma nova Cuba.
- Governo expropriando empresas estrangeiras.
- Ligas Camponesas incendiando fazendas.
- Greves por toda a parte, com ameaças de corte de gás, luz e água (na semana da revolução, não havia gás devido à greve; na manhã de 31/03 saí para comprar carvão e querozene para cozinharmos e esquentar a água do banho)
- Governo anunciando grandes reformas que socializariam o país.
- Esquerdas dividindo as Forças Armadas com sua luta de classes, que jogava soldados contra oficiais.
- Brizola com seus Grupos dos 11,  que, quando dada a ordem, deveriam sair matando os 'inimigos'.

Mas, fora isso, estava todo mundo tranquilo. As marchas e passeatas reunindo centenas de milhares de pessoas em várias cidades foram apenas frescura...

Não é como se você estivesse me contando uma novidade, meus pais, avós e tios já contaram e discutiram apaixonadamente essa história um milhão de vezes nos almoços de domingo e continuo cá com minhas dúvidas sobre uma REAL ameaça comunista na época, mas não condeno o golpe (o que veio depois é outra história, não há diferença entre o terrorismo militar e militante, isso sim é condenável, mas qualquer um em sã consciência concorda) pois como também disse, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.

Sinceramente, o que me surpreende é que não se questione e muito toda essa história, tanto de um lado quanto de outro, e mais ainda que qualquer questionamento gere tanta tensão, também dos dois lados. É muita certeza para qualquer história.

 

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