Autor Tópico: As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964  (Lida 7789 vezes)

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Offline Barata Tenno

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #75 Online: 04 de Abril de 2012, 08:46:57 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline _Juca_

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #76 Online: 04 de Abril de 2012, 09:08:05 »
[...]
Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Falso. Completamente falso.

Os liberais, como José Guilherme Merquior, também 'travaram batalhas' pela redemocratização do país.

E esquerdistas como Prestes, Lamarca, Martins, Dirceu e Genoíno não pleiteavam uma democracia representativa liberal.

Cansei dessa discussão circular...   :down:

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #77 Online: 04 de Abril de 2012, 09:20:39 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 

Offline Barata Tenno

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #78 Online: 04 de Abril de 2012, 09:23:33 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 
O ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade.
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Offline Gaúcho

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #79 Online: 04 de Abril de 2012, 09:24:13 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Um golpe que manteve o Congresso funcionando, que patrocinou eleições regulares com bipartidarismo, que foi esmagado pela oposição, perdendo todos os estados importantes da Federação para o MDB nos seus últimos anos, que não foi derrubado por outro golpe, tendo a tranquilidade para organizar a retomada do Estado Democrático sem arrulhos da população "indignada" (descontando o grande teatro das Diretas Já).
Mas o que mais me intriga nesse samba do crioulo doido ainda é: que raio de ditadura permite a volta dos exilados e a restituição total de seus direitos políticos SETE ANOS ANTES dela acabar?
Exatamente. Enquanto que Fidel Castro está no poder há mais de 50 anos e já declarou que a 'gloriosa revolução' nunca vai acabar, Geisel já tinha começado a preparar, no início dos anos 70, o retorno à democracia. Podem até criticar o  'lenta e gradual', mas é preciso admitir que os militares saíram por vontade própria depois de cumprir o que eles achavam que era sua missão.

Participantes falecidos do Diretas Já se em seus túmulos. :P
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Max, o Fiscal

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #80 Online: 04 de Abril de 2012, 09:51:39 »
Com isso os militares perderam a chance de sair dessa história como os verdadeiros hérois da pátria, inclusive, no imaginário popular, seduzidos pelo poder, terminando por fortalecer a imagem daqueles que pretendiam combater. A história atual desse país não é, não me parece, uma ruptura com a história anterior, mas uma consequência dela.

Os méritos da ditadura no Brasil terminam no Golpe, infelizmente.

Estamos falando da nossa Junta Militar? Militar querendo ser herói a gente acha na Zâmbia, na Chechênia, em qualquer buraco em que a Ordem é um conceito vago e distante.

Por favor, estamos no Brasil. Temos uma Escola Militar de prestígio. Castelo Branco seduzido pelo poder? Geisel? Figueiredo (o Figueiredo!!!) seduzido pelo poder? Se ainda citasse os Malufs, os mais do mesmo que nos depredam desde os tempos de Vera Cruz...

A ação foi (muito bem) coordenada e livrou-nos de um grupo extremamente pernicioso. Quando o árbitro é elogiado numa partida de futebol? Quando não aparece. Geisel acenou com abertura política, demitiu o Frota, extinguiu o AI-5 - bem, lançou o Pacote de Abril (Senador Biônico... só aqui mesmo), mas começou a falar abertamente em retomada da democracia. Figueiredo continua o processo, permite o retorno dos exilados e lhes devolve plenos direitos políticos. "Paulatinamente", "gradualmente", "devagarinho" eles conseguiram sufocar um movimento que estava - sim, estava - além da fase de planejamento, já em plena execução. Deram a cara pra bater. Em 83/84 aparece uma tal "Campanha pelas Eleições Diretas". Todo mundo já sabia que Figueiredo era o último da linhagem. Ele mesmo proclamava isso e a classe política começou a se preparar para 1985 como ela sabe fazer muito bem: subiu no palanque e passou a mandar beijinhos pra plateia até "conseguir derrubar o Ditador". Faz-me rir. Por isso a história ficou torta: Generais são profissionais da Ordem, políticos são profissionais do embuste e da propaganda.
Traga rótulos e lhe darei subversão.

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #81 Online: 04 de Abril de 2012, 10:06:53 »
Com isso os militares perderam a chance de sair dessa história como os verdadeiros hérois da pátria, inclusive, no imaginário popular, seduzidos pelo poder, terminando por fortalecer a imagem daqueles que pretendiam combater. A história atual desse país não é, não me parece, uma ruptura com a história anterior, mas uma consequência dela.

Os méritos da ditadura no Brasil terminam no Golpe, infelizmente.

Estamos falando da nossa Junta Militar? Militar querendo ser herói a gente acha na Zâmbia, na Chechênia, em qualquer buraco em que a Ordem é um conceito vago e distante.

Por favor, estamos no Brasil. Temos uma Escola Militar de prestígio. Castelo Branco seduzido pelo poder? Geisel? Figueiredo (o Figueiredo!!!) seduzido pelo poder? Se ainda citasse os Malufs, os mais do mesmo que nos depredam desde os tempos de Vera Cruz...

A ação foi (muito bem) coordenada e livrou-nos de um grupo extremamente pernicioso. Quando o árbitro é elogiado numa partida de futebol? Quando não aparece. Geisel acenou com abertura política, demitiu o Frota, extinguiu o AI-5 - bem, lançou o Pacote de Abril (Senador Biônico... só aqui mesmo), mas começou a falar abertamente em retomada da democracia. Figueiredo continua o processo, permite o retorno dos exilados e lhes devolve plenos direitos políticos. "Paulatinamente", "gradualmente", "devagarinho" eles conseguiram sufocar um movimento que estava - sim, estava - além da fase de planejamento, já em plena execução. Deram a cara pra bater. Em 83/84 aparece uma tal "Campanha pelas Eleições Diretas". Todo mundo já sabia que Figueiredo era o último da linhagem. Ele mesmo proclamava isso e a classe política começou a se preparar para 1985 como ela sabe fazer muito bem: subiu no palanque e passou a mandar beijinhos pra plateia até "conseguir derrubar o Ditador". Faz-me rir. Por isso a história ficou torta: Generais são profissionais da Ordem, políticos são profissionais do embuste e da propaganda.

Eu não disse e nem sequer pretendi insinuar que eles tivessem intenção de ser heróis, mas apenas que perderam essa oportunidade ao não largar o osso, por sedução realmente foi sacada minha. Tivessem dado o Golpe, destituído Jango, organizado a bagunça e saído de cena, a história seria outra. Talvez não tivessem dado espaço para a esquerda realmente se organizar. Se você discorda, ótimo, concordemos em discordar.  :ok:

Offline Feliperj

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #82 Online: 04 de Abril de 2012, 10:09:52 »
Prezados,

Artigo sobre o "Outro Lado do Golpe" (o papel da esquerda) :

http://www.scielo.br/pdf/rbh/v24n47/a08v2447.pdf

Abs
Felipe

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #83 Online: 04 de Abril de 2012, 10:11:58 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 
O ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade.

E nem sequer alheio à própria sociedade, mas parte dela. A sociedade é a soma das partes.

Offline Barata Tenno

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #84 Online: 04 de Abril de 2012, 10:20:07 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 
O ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade.

E nem sequer alheio à própria sociedade, mas parte dela. A sociedade é a soma das partes.
Até ai os pedófilos são parte da sociedade, assim como os assassinos, os estupradores e etc, e mesmo assim não podemos dizer que a sociedade da aval para esse tipo de comportamento.
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Offline Max, o Fiscal

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #85 Online: 04 de Abril de 2012, 10:28:58 »
Com isso os militares perderam a chance de sair dessa história como os verdadeiros hérois da pátria, inclusive, no imaginário popular, seduzidos pelo poder, terminando por fortalecer a imagem daqueles que pretendiam combater. A história atual desse país não é, não me parece, uma ruptura com a história anterior, mas uma consequência dela.

Os méritos da ditadura no Brasil terminam no Golpe, infelizmente.

Estamos falando da nossa Junta Militar? Militar querendo ser herói a gente acha na Zâmbia, na Chechênia, em qualquer buraco em que a Ordem é um conceito vago e distante.

Por favor, estamos no Brasil. Temos uma Escola Militar de prestígio. Castelo Branco seduzido pelo poder? Geisel? Figueiredo (o Figueiredo!!!) seduzido pelo poder? Se ainda citasse os Malufs, os mais do mesmo que nos depredam desde os tempos de Vera Cruz...

A ação foi (muito bem) coordenada e livrou-nos de um grupo extremamente pernicioso. Quando o árbitro é elogiado numa partida de futebol? Quando não aparece. Geisel acenou com abertura política, demitiu o Frota, extinguiu o AI-5 - bem, lançou o Pacote de Abril (Senador Biônico... só aqui mesmo), mas começou a falar abertamente em retomada da democracia. Figueiredo continua o processo, permite o retorno dos exilados e lhes devolve plenos direitos políticos. "Paulatinamente", "gradualmente", "devagarinho" eles conseguiram sufocar um movimento que estava - sim, estava - além da fase de planejamento, já em plena execução. Deram a cara pra bater. Em 83/84 aparece uma tal "Campanha pelas Eleições Diretas". Todo mundo já sabia que Figueiredo era o último da linhagem. Ele mesmo proclamava isso e a classe política começou a se preparar para 1985 como ela sabe fazer muito bem: subiu no palanque e passou a mandar beijinhos pra plateia até "conseguir derrubar o Ditador". Faz-me rir. Por isso a história ficou torta: Generais são profissionais da Ordem, políticos são profissionais do embuste e da propaganda.

Eu não disse e nem sequer pretendi insinuar que eles tivessem intenção de ser heróis, mas apenas que perderam essa oportunidade ao não largar o osso, por sedução realmente foi sacada minha. Tivessem dado o Golpe, destituído Jango, organizado a bagunça e saído de cena, a história seria outra. Talvez não tivessem dado espaço para a esquerda realmente se organizar. Se você discorda, ótimo, concordemos em discordar.  :ok:

Mas Epitácio Pessoa jogou o PCB na clandestinidade logo após a sua fundação - não deu. Getúlio fez o mesmo, não funfou. Dutra repetiu o erro... A grande sacada de 64 foi o plano adequado para um Brasil habitado por uma sociedade letárgica, que só se dói de vez em quando, principalmente quando a canetada faz barulho. Definitivamente, tanques e Infantaria não foram pra rua sem apoio popular (repito: longe do raio de ação de USP, PUC e similares), mas a continuidade do Regime e sua prudente discrição jogou o povo novamente na letargia e as coisas se assentaram de novo, num novo instante em que os contemporâneos de Maio/68 não mais se encaixavam como líderes. Tiveram que baixar a bola e se readaptar, como fazem hoje: o PT de Lula também aprendeu que aqui "neste país" se faz revolução em câmera lenta.

Eu acho que concordaremos em muitas coisas.
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Offline Osler

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #86 Online: 04 de Abril de 2012, 11:36:17 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Eu não!
[...]

Uma parte significativa desta "locura" é por um 'certo tipo de conveniência'. E de onde eu venho este 'certo tipo' tem outra nominação, sendo mais conhecido como "mal-caratismo".

Esqueci de botar o smiles, era uma ironia Geo...
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #87 Online: 04 de Abril de 2012, 11:40:38 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 
O ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade.

E nem sequer alheio à própria sociedade, mas parte dela. A sociedade é a soma das partes.
Até ai os pedófilos são parte da sociedade, assim como os assassinos, os estupradores e etc, e mesmo assim não podemos dizer que a sociedade da aval para esse tipo de comportamento.

Então estamos falando de coisas diferentes, porque me refiro as aparentes similaridades de ponto de vista sobre o momento entre as diferentes partes da sociedade, no caso, devido ao prestígio adquirido pela esquerda após a ditadura, e crescente, apesar de tudo o que se sabe, nas diferentes camadas, como atestam as urnas.

Você tem razão quando diz que o ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade, donde se pode concluir consequentemente que não tem todo esse poder de influência sobre a mesma, como sugere a idéia de que esse prestígio conquistado seria reflexo da propaganda esquerdista no ambiente universitário. É também, mas não somente.

Offline Osler

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #88 Online: 04 de Abril de 2012, 11:48:28 »
Algo que não vi ninguém comentando ainda foi o papel do MDB naquela época.Era penas um partido fantoche ou tinha alguma relevancia ?

O MDB era a oposição consentida (termo da época), e juntou políticos de todas as matizes, alguns até ligados aos movimentos mais e a esquerda. 
No início do regime e até antes do Geisel teve um papel contestatório pequeno, até por conta da sua baixa representaçaõ no parlamento.  Durante esse período vários parlamentares foram cassados por crime de opinião, então existia um limite tênue e indefinido do até onde contestar. 
Na época do Médici o país vivia um momento econômico positivo e a esquerda adotou a tática de não querer participar da disputa eleitoral por achar que assim estaria legitimizando o regime.  Mais ou menos como a oposiçaõ ao Chaves fez um tempo atrás.  Com isso a ARENA deu uma lavada, e dominou amplamente o legislativo e executivo no país a fora.
Na época do Geisel a esquerda interpretou a atitude  anterior como equivocada, e foi para campanha.  A situação econômica já era outra, com a "Carestia"  dominando discurso da oposição, que a usou como bandeira.  Esse dois fatores (além das dificuldades eleitorais da ARENA) ajudaram muito o MDB a dar uma lavada, tirando a maioria do congresso das maõs da situação.
Mais adiante, num embate sobre a mudança de legislação proposta pelo governo e não aceita pelo MDB, ocorreu o Pacote de Abril que levou o fechamento temporário do congresso e a a provação de medidas que visavam permitir que o poder continuasse nas mãos "certas".

“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Barata Tenno

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #89 Online: 04 de Abril de 2012, 12:00:52 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 
O ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade.

E nem sequer alheio à própria sociedade, mas parte dela. A sociedade é a soma das partes.
Até ai os pedófilos são parte da sociedade, assim como os assassinos, os estupradores e etc, e mesmo assim não podemos dizer que a sociedade da aval para esse tipo de comportamento.

Então estamos falando de coisas diferentes, porque me refiro as aparentes similaridades de ponto de vista sobre o momento entre as diferentes partes da sociedade, no caso, devido ao prestígio adquirido pela esquerda após a ditadura, e crescente, apesar de tudo o que se sabe, nas diferentes camadas, como atestam as urnas.

Você tem razão quando diz que o ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade, donde se pode concluir consequentemente que não tem todo esse poder de influência sobre a mesma, como sugere a idéia de que esse prestígio conquistado seria reflexo da propaganda esquerdista no ambiente universitário. É também, mas não somente.


Estamos falando da mesma coisa em tempos diferentes, o esquerdismo floresceu dentro das universidades,  e la permaneceu durantes muuuito tempo, principalmente durante a ditadura. Após o final da mesma, esses universitários se tornaram professores e começaram a catequizar e contar a história de acordo com seu ponto de vista de que a ditadura foi o pior periodo da face da terra. 

As urnas não atestam uma preferencia de esquerda, elas atestam uma preferencia populista, visto que outros partidos de esquerda não obtem o mesmo sucesso do PT e mesmo o PT só obteve sucesso após abandonar a cartilha esquerdista.
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Offline Osler

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #90 Online: 04 de Abril de 2012, 12:04:41 »
Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Perdão companheiro Juca, mas sua visão não corresponde aos fatos históricos.

Primeiro que existia, muito mais do que hoje, um leque grande entre as diversas posições da esquerda antes e durante a Redentora.  O Luis Souto já postou sobre isso com grande propriedade, não me recordo aonde aqui no forum.

Segundo:  A parte da esquerda que partiu para a resistência armada foi uma minoria, que acreditava poder levar o Brasil em direção a diferentes formas de governo marxista (na sua forma transicional da Ditadura do Proletariado) pela força das armas.  Eram a vanguarda revolucionaria que inspiraria o povo a se sublevar contra o regime. 
Essas organizações estavam divididas em diversas "correntes", que eventualmente até agiram conjuntamente, como o MR-8, Colina, ALN, AP, VAL-Palmares etc..
Se você tiver a curiosidade de ler os (poucos) documentos dessas organizações ou ler as entrevistas de seus participantes vai constatar que a idéia ali era ser contra o regime, e não lutar pela democracia - já que a democracia liberal como conhecemos atualmente era um "instrumento de dominação da burguesia"

Terceiro:  Vários setores da sociedade brasileira do espectro político do centro e da direita (menos) também se opuseram ao regime e defenderam a restituição das liberdades democráticas.  Em alguns momentos no início, e em muitos no fim do regime, a esquerda se juntou a esses grupos aí sim lutando pela redemocratização.  Acho incorreto dizer que a esquerda liderou esse movimento, apesar de reconhecer a grande importância de personalidades da esquerda nesse processo
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Diegojaf

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #91 Online: 04 de Abril de 2012, 12:05:10 »
Então estamos falando de coisas diferentes, porque me refiro as aparentes similaridades de ponto de vista sobre o momento entre as diferentes partes da sociedade, no caso, devido ao prestígio adquirido pela esquerda após a ditadura, e crescente, apesar de tudo o que se sabe, nas diferentes camadas, como atestam as urnas.

Não sei até que ponto saíram tão prestigiados assim, já que Lula, o candidato da esquerda, perdeu 3 eleições presidenciais e uma de governador e só conseguiu se eleger quando abandonou a imagem de radicalismo de esquerda e assumiu a responsabilidade de não mudar a política fiscal do governo anterior.

Então, esse "prestígio" não é dos melhores no fim das contas...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #92 Online: 04 de Abril de 2012, 12:44:49 »
Com isso os militares perderam a chance de sair dessa história como os verdadeiros hérois da pátria, inclusive, no imaginário popular, seduzidos pelo poder, terminando por fortalecer a imagem daqueles que pretendiam combater. A história atual desse país não é, não me parece, uma ruptura com a história anterior, mas uma consequência dela.

Os méritos da ditadura no Brasil terminam no Golpe, infelizmente.

Estamos falando da nossa Junta Militar? Militar querendo ser herói a gente acha na Zâmbia, na Chechênia, em qualquer buraco em que a Ordem é um conceito vago e distante.

Por favor, estamos no Brasil. Temos uma Escola Militar de prestígio. Castelo Branco seduzido pelo poder? Geisel? Figueiredo (o Figueiredo!!!) seduzido pelo poder? Se ainda citasse os Malufs, os mais do mesmo que nos depredam desde os tempos de Vera Cruz...

A ação foi (muito bem) coordenada e livrou-nos de um grupo extremamente pernicioso. Quando o árbitro é elogiado numa partida de futebol? Quando não aparece. Geisel acenou com abertura política, demitiu o Frota, extinguiu o AI-5 - bem, lançou o Pacote de Abril (Senador Biônico... só aqui mesmo), mas começou a falar abertamente em retomada da democracia. Figueiredo continua o processo, permite o retorno dos exilados e lhes devolve plenos direitos políticos. "Paulatinamente", "gradualmente", "devagarinho" eles conseguiram sufocar um movimento que estava - sim, estava - além da fase de planejamento, já em plena execução. Deram a cara pra bater. Em 83/84 aparece uma tal "Campanha pelas Eleições Diretas". Todo mundo já sabia que Figueiredo era o último da linhagem. Ele mesmo proclamava isso e a classe política começou a se preparar para 1985 como ela sabe fazer muito bem: subiu no palanque e passou a mandar beijinhos pra plateia até "conseguir derrubar o Ditador". Faz-me rir. Por isso a história ficou torta: Generais são profissionais da Ordem, políticos são profissionais do embuste e da propaganda.

Eu não disse e nem sequer pretendi insinuar que eles tivessem intenção de ser heróis, mas apenas que perderam essa oportunidade ao não largar o osso, por sedução realmente foi sacada minha. Tivessem dado o Golpe, destituído Jango, organizado a bagunça e saído de cena, a história seria outra. Talvez não tivessem dado espaço para a esquerda realmente se organizar. Se você discorda, ótimo, concordemos em discordar.  :ok:

Mas Epitácio Pessoa jogou o PCB na clandestinidade logo após a sua fundação - não deu. Getúlio fez o mesmo, não funfou. Dutra repetiu o erro... A grande sacada de 64 foi o plano adequado para um Brasil habitado por uma sociedade letárgica, que só se dói de vez em quando, principalmente quando a canetada faz barulho. Definitivamente, tanques e Infantaria não foram pra rua sem apoio popular (repito: longe do raio de ação de USP, PUC e similares), mas a continuidade do Regime e sua prudente discrição jogou o povo novamente na letargia e as coisas se assentaram de novo, num novo instante em que os contemporâneos de Maio/68 não mais se encaixavam como líderes. Tiveram que baixar a bola e se readaptar, como fazem hoje: o PT de Lula também aprendeu que aqui "neste país" se faz revolução em câmera lenta.

Eu acho que concordaremos em muitas coisas.

A letargia certamente explica a perda gradual daquele apoio popular inicial, é natural e até esperado, mas não sua aparente reversão, percebida principalmente após o fim da ditadura, que no final, de fato, era mais dita do que dura, assim como a continuidade da ascenção daquela mesmíssima esquerda que pouca décadas antes gerava tantas suspeitas que promoveu na mesma sociedade o apoio aos tanques e infantaria nas ruas.

Estranhamente, onde você descreve um processo lento e gradual, eu enxergo um salto. De comedores de criancinhas à defensores da democracia, como se escuta por aí, em vinte anos? Algo aconteceu nesse percurso. Se a explicação não está no mérito dos militantes e, definitivamente, não está, só pode estar no descrédito dos militares perante a opinião pública.



« Última modificação: 04 de Abril de 2012, 12:54:34 por DOUBT »

Offline Geotecton

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #93 Online: 04 de Abril de 2012, 13:40:00 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Eu não!
[...]
Uma parte significativa desta "locura" é por um 'certo tipo de conveniência'. E de onde eu venho este 'certo tipo' tem outra nominação, sendo mais conhecido como "mal-caratismo".
Esqueci de botar o smiles, era uma ironia Geo...

 :vergonha:

 :ok:
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Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #94 Online: 04 de Abril de 2012, 13:40:40 »
Então estamos falando de coisas diferentes, porque me refiro as aparentes similaridades de ponto de vista sobre o momento entre as diferentes partes da sociedade, no caso, devido ao prestígio adquirido pela esquerda após a ditadura, e crescente, apesar de tudo o que se sabe, nas diferentes camadas, como atestam as urnas.

Não sei até que ponto saíram tão prestigiados assim, já que Lula, o candidato da esquerda, perdeu 3 eleições presidenciais e uma de governador e só conseguiu se eleger quando abandonou a imagem de radicalismo de esquerda e assumiu a responsabilidade de não mudar a política fiscal do governo anterior.

Então, esse "prestígio" não é dos melhores no fim das contas...

Considerando que a esquerda se resume somente às alas mais radicais, você tem razão, o prestígio não foi imediato, mas comparado ao período anterior, a ditadura, o momento seguinte reflete uma ruptura com o período imediatamente anterior à ditadura. E não estou levantando com isso nenhuma questão de mérito, mas apenas fazendo uma avaliação. A mim parece que a esquerda teve um aumento gigantesco de prestígio entre o início e fim da ditadura perante a opinião pública. Aumento só não, surgimento, pois me parece que a esquerda não dispunha de qualquer prestígio popular antes de Golpe. Enfim, é isso.  :ok:

Offline DDV

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #95 Online: 04 de Abril de 2012, 17:28:12 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 

O problema dos professores e dos ambientes universitários (humanas) nem é tanto a ditadura em si, mas a predominância cultural do marxismo. Isso é relativamente independente da ditadura.



Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #96 Online: 04 de Abril de 2012, 20:18:37 »
Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 
O ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade.

E nem sequer alheio à própria sociedade, mas parte dela. A sociedade é a soma das partes.
Até ai os pedófilos são parte da sociedade, assim como os assassinos, os estupradores e etc, e mesmo assim não podemos dizer que a sociedade da aval para esse tipo de comportamento.

Então estamos falando de coisas diferentes, porque me refiro as aparentes similaridades de ponto de vista sobre o momento entre as diferentes partes da sociedade, no caso, devido ao prestígio adquirido pela esquerda após a ditadura, e crescente, apesar de tudo o que se sabe, nas diferentes camadas, como atestam as urnas.

Você tem razão quando diz que o ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade, donde se pode concluir consequentemente que não tem todo esse poder de influência sobre a mesma, como sugere a idéia de que esse prestígio conquistado seria reflexo da propaganda esquerdista no ambiente universitário. É também, mas não somente.


Estamos falando da mesma coisa em tempos diferentes, o esquerdismo floresceu dentro das universidades,  e la permaneceu durantes muuuito tempo, principalmente durante a ditadura. Após o final da mesma, esses universitários se tornaram professores e começaram a catequizar e contar a história de acordo com seu ponto de vista de que a ditadura foi o pior periodo da face da terra. 

As urnas não atestam uma preferencia de esquerda, elas atestam uma preferencia populista, visto que outros partidos de esquerda não obtem o mesmo sucesso do PT e mesmo o PT só obteve sucesso após abandonar a cartilha esquerdista.

É provável que isso tenha tido sua parcela de culpa, sim, mas me parece uma visão superestimada do potencial de catequização esquerdista da opinião popular, até porque ela não teria deixado de fora a cartilha que o petismo precisou abandonar para ter sucesso. E, por outro lado, dizer que as urnas não atestam uma preferência de esquerda já é subestimar a própria tese da catequização. Um tanto contraditório, não?

Então essa catequização foi eficiente em convencer, contra todas as supostas percepções contrárias, que a ditadura foi o pior período da face da terra, mas não em promover a própria cartilha? Isso já me parece ingenuidade.

É mais provável que a ditadura tenha deixado suas próprias impressões negativas, que foram então reforçadas.

Tem que se levar em conta toda a propaganda esquerdista feita por professores quando acabou a ditadura.

E também que esses mesmos professores eram parte da sociedade e que também foram convencidos pela mesma propaganda esquerdista. Alguma explicação deve haver para o fato da propaganda esquerdista ganhar todo esse espaço de que não usufruia antes. Eu suponho que foi pela própria imagem que a ditadura deixou, porque se tivesse sido essa maravilha que alguns dizem ou passado quase que desapercebida pela maioria como dizem outros não daria margem para tanto. 

O problema dos professores e dos ambientes universitários (humanas) nem é tanto a ditadura em si, mas a predominância cultural do marxismo. Isso é relativamente independente da ditadura.


Sim, cultura essa, me parece, anterior à ditadura, talvez não tão predominantemente quanto depois, mas relativamente independente. Qual a sua relevância, entretanto, na sociedade antes e após da didatura? Você concorda com o Barata Tenno, veja resposta acima, que as urnas não refletem uma preferência de esquerda? E que o PT só subiu ao poder após abandonar o radicalismo?

Tudo isso me leva a supor que o espaço atual do qual a esquerda não usufruia antes da ditadura na opinião pública não se deve aos próprios méritos e conquistas com propaganda e doutrinação posteriores, pois não vejo esse traço na sociedade. O que me parece é que a ditadura que inicialmente conquistou o opoio popular, acabou gerando suspeitas, para então cair no descrédito, abrindo esse espaço.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #97 Online: 05 de Abril de 2012, 06:52:39 »
Eu, honestamente, não tenho toda essa paciência agora. Mas gostaria que você entendesse o meu ponto. Não tenho dúvidas sobre as intenções dos militantes, antes e após o Golpe, da ideologia por trás de suas ações, mas sim da sua capacidade de mobilização, organização e principalmente competência para dar um golpe no Brasil, mesmo com membros no governo, exatamente por falta de opoio público e militar.
A cabeça das pessoas era diferente há 50 anos. A visão que elas tinham das coisas era diferente. Por outro lado, o caos era real e a sociedade não tinha como avaliar o que poderia acontecer.

Quanto à divisão interna das Forças Armadas, era uma realidade e tinha que ser enfrentada na hora. Muitos desses militares continuaram o movimento depois da revolução, na clandestinidade.


O que não significa que eu condene o Golpe em si, só me parece muito por muito pouco. O que condeno, isso sim, foi sua continuidade no poder, além, é claro, da forma estúpida e idiota como foi feita, porque você há de convir, serviu para inverter a imagem de mocinhos e bandidos.

Os militares estarem divididos sobre o que fazer, mas aí começaram os atentados, sequestros, roubos a banco, guerrilha e eles endureceram.
E tem sempre um bando de psicopatas em qualquer grupo que deita e rola quando se vê com algum poder nas mãos.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #98 Online: 05 de Abril de 2012, 06:58:04 »
O ambiente universitário não é e nunca foi um reflexo fidedigno da sociedade.
Havia um grupo de idiotas na faculdade (a "Convergência Socialista", que tinha até uma sala só para eles), que vivia organizando manifestações. O resto dos alunos, em geral, os ignorava. Mas lembro que várias vezes eles interromperam nossas aulas e 'mandaram' todo mundo ir para a PUC participar de alguma manifestação. A maioria ia para casa ou para o computador.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #99 Online: 05 de Abril de 2012, 07:08:16 »
Estranhamente, onde você descreve um processo lento e gradual, eu enxergo um salto. De comedores de criancinhas à defensores da democracia, como se escuta por aí, em vinte anos? Algo aconteceu nesse percurso. Se a explicação não está no mérito dos militantes e, definitivamente, não está, só pode estar no descrédito dos militares perante a opinião pública.
20 anos é o tempo necessário para uma nova geração chegar. Uma geração doutrinada desde o berço pelas esquerdas a ponto de não perceber mais que é de esquerda. A ponto de, como eu disse, defender a luta de Fidel contra os 'imperialistas ianques' e passar as férias na Disney.
A ideologia de esquerda tornou-se um meme e as pessoas a aceitam como uma verdade, sem nem parar para pensar no que dizem, assim como os crentes ficam muito surpresos quando criticamos a Bíblia, que eles achavam que era aceita por todos.

 

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