Autor Tópico: As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964  (Lida 7788 vezes)

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Offline Diegojaf

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #50 Online: 03 de Abril de 2012, 14:42:22 »
Coitada da sociedade!

Pediram o Jango, depois se arrependeram e pediram o Golpe, depois se arrependeram.
Quem disse que se arrependeu?
Tenho cá minhas dúvidas sobre a real ameaça comunista na época, não consigo acreditar na suposta organização e competência dessa gente e o volume não me parece expressivo, mas até o golpe não vejo muito o que questionar, tivesse sido provisório. Até porque mesmo que não houvesse ameaça real, apenas supondo, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.
Situação da época:
- URSS poderosa
- Holocausto nuclear ameaçando a civilização
- Muro de Berlim recente.
- Revolução cubana tinha acabado de se tornar uma ditadura de esquerda que fuzilava seus oponentes
- Cuba e China financiando a compra de fazendas no Brasil para servir de campo de treinamento para guerrilheiros e terroristas.
- Prestes e outros anunciando abertamente a intenção de fazer do Brasil uma nova Cuba.
- Governo expropriando empresas estrangeiras.
- Ligas Camponesas incendiando fazendas.
- Greves por toda a parte, com ameaças de corte de gás, luz e água (na semana da revolução, não havia gás devido à greve; na manhã de 31/03 saí para comprar carvão e querozene para cozinharmos e esquentar a água do banho)
- Governo anunciando grandes reformas que socializariam o país.
- Esquerdas dividindo as Forças Armadas com sua luta de classes, que jogava soldados contra oficiais.
- Brizola com seus Grupos dos 11,  que, quando dada a ordem, deveriam sair matando os 'inimigos'.

Mas, fora isso, estava todo mundo tranquilo. As marchas e passeatas reunindo centenas de milhares de pessoas em várias cidades foram apenas frescura...

Acho que o que emputece o pessoal da esquerda é que após a roubalheira que foi o último governo, acabou completamente esse lance de "superioridade moral" e quando ainda fica evidente que a esquerda da época da ditadura tinha uma agenda nada secreta que era tão ruim (ou pior, jamais saberes) quanto o lado combatido, eles esperneiam já que não têm mais onde se segurarem...
« Última modificação: 03 de Abril de 2012, 14:46:37 por Diegojaf »
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Titoff

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #51 Online: 03 de Abril de 2012, 15:49:32 »
Post duplo. Mals...

Enfim, queria ver essa galerinha tomar pais com 90 milhoes de habitantes e território continental.

Mais fácil acreditar que Fidel salvou Cuba do "imperialismo ianque" do que a milicada tenha salvado o Brasil de uma "ditadura comunista".

Você parece o pessoal que come no McDonalds, passa férias em Miami, usa iPod e iPad, assiste a todas as séries e filmes americanos, mas continua dizendo que "Fidel é um herói porque luta contra o imperialismo ianque".

A esquerda já estava no poder e cada vez seu controle aumentava. Várias empresas de capital estrangeiros já tinham sido expropriadas. Brizola defendia que seus "Grupos dos 11"  saíssem matando os 'inimigos'. Prestes prometia transformar o Brasil em Cuba. Tudo isto escancaradamente.

Mas o que precipitou a revolução foi o início da 'luta de classes' dentro das forças armadas. Foi aí que elas viram que não dava mais para esperar.

Talvez eu não tenha sido claro: acho ambas visões tacanhas. Existe o mesmo tipo de argumento boboca para o outro "lado".

Tentam justificar tomada do Estado, perseguição, tortura, etc. com tais "ameaças reais".

Offline Max, o Fiscal

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #52 Online: 03 de Abril de 2012, 15:56:55 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Um golpe que manteve o Congresso funcionando, que patrocinou eleições regulares com bipartidarismo, que foi esmagado pela oposição, perdendo todos os estados importantes da Federação para o MDB nos seus últimos anos, que não foi derrubado por outro golpe, tendo a tranquilidade para organizar a retomada do Estado Democrático sem arrulhos da população "indignada" (descontando o grande teatro das Diretas Já).
Mas o que mais me intriga nesse samba do crioulo doido ainda é: que raio de ditadura permite a volta dos exilados e a restituição total de seus direitos políticos SETE ANOS ANTES dela acabar?
« Última modificação: 03 de Abril de 2012, 15:59:55 por Max, o Fiscal »
Traga rótulos e lhe darei subversão.

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #53 Online: 03 de Abril de 2012, 16:22:05 »
Coitada da sociedade!

Pediram o Jango, depois se arrependeram e pediram o Golpe, depois se arrependeram.
Quem disse que se arrependeu?
Tenho cá minhas dúvidas sobre a real ameaça comunista na época, não consigo acreditar na suposta organização e competência dessa gente e o volume não me parece expressivo, mas até o golpe não vejo muito o que questionar, tivesse sido provisório. Até porque mesmo que não houvesse ameaça real, apenas supondo, talvez houvesse uma real sensação de ameaça, que na prática, dá quase na mesma.
Situação da época:
- URSS poderosa
- Holocausto nuclear ameaçando a civilização
- Muro de Berlim recente.
- Revolução cubana tinha acabado de se tornar uma ditadura de esquerda que fuzilava seus oponentes
- Cuba e China financiando a compra de fazendas no Brasil para servir de campo de treinamento para guerrilheiros e terroristas.
- Prestes e outros anunciando abertamente a intenção de fazer do Brasil uma nova Cuba.
- Governo expropriando empresas estrangeiras.
- Ligas Camponesas incendiando fazendas.
- Greves por toda a parte, com ameaças de corte de gás, luz e água (na semana da revolução, não havia gás devido à greve; na manhã de 31/03 saí para comprar carvão e querozene para cozinharmos e esquentar a água do banho)
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- Brizola com seus Grupos dos 11,  que, quando dada a ordem, deveriam sair matando os 'inimigos'.

Mas, fora isso, estava todo mundo tranquilo. As marchas e passeatas reunindo centenas de milhares de pessoas em várias cidades foram apenas frescura...

Acho que o que emputece o pessoal da esquerda é que após a roubalheira que foi o último governo, acabou completamente esse lance de "superioridade moral" e quando ainda fica evidente que a esquerda da época da ditadura tinha uma agenda nada secreta que era tão ruim (ou pior, jamais saberes) quanto o lado combatido, eles esperneiam já que não têm mais onde se segurarem...

Como o Fernando respondeu ao meu post e você respondeu ao dele, pareceu estar me incluindo no seu comentário, o que seria uma tentativa infantil de desmerecer opiniões das quais dicorda, mas isso não se parece muito com o pouco que vi do seu perfil. Bom, espero que não, pois seria uma pena que o debate tomasse esse rumo. Sei que é comum que se saia por aí rotulando tudo e todos por qualquer mínimo conflito de opiniões, mas seria uma surpresa.

Offline Dr. Manhattan

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #54 Online: 03 de Abril de 2012, 16:30:41 »
Uma pergunta que me faço, e que talvez não tenha resposta adequada é: se não tivesse havido o golpe de primeiro de Abril, teria havido alguma possibilidade de um desenlace pacífico e dentro da normalidade democrática para a situação política da época? Não estou querendo justificar o golpe, longe disso, mas será que Um golpe, seja da direita ou da esquerda, ou pior, uma guerra civil, não seria algo inevitável, dada a conjuntura política em 1964?
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Alan Watts

Offline Dr. Manhattan

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #55 Online: 03 de Abril de 2012, 16:33:55 »
Aliás, só sou eu que vê um grande paralelo entre o golpe de 64 e o golpe de 2009 em Honduras?

No caso, o segundo teve um desfecho diferente e creio que parte dos militares desejava realmente uma volta à normalidade democrática em pouco tempo. Mas sobrepujados pela linha-dura.
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Offline Osler

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #56 Online: 03 de Abril de 2012, 16:37:14 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Eu não!

Um golpe que manteve o Congresso funcionando,
Após expurgar vários elementos, com cassassões ocorrendo por os mais variáveis motivos (inclusive por aconselhar as mocinhas a não dançar com o militares nos bailes), e com o instrumento dos Biônicos

que patrocinou eleições regulares com bipartidarismo,
Bipartidarismo esse imposto a força, esleições regulares que quando levaram a perda dos governos estaduais criou a figura dos governadores (e prefeitos de capitais) biônicos, a Lei Falcão e como ápice o famoso Pacote de Abril.

que foi esmagado pela oposição,
A transição para a democracia foi muito suave (para as lideranças políticas), a imensa maioria das figuras poreminentes do regime não sofreram nenhuma perda, material, social ou juicial.  AO contrário continuaram a ser figuras de destaque, como o maior exemplo o presidente do Senado, José Sarney

perdendo todos os estados importantes da Federação para o MDB nos seus últimos anos,
Sim

que não foi derrubado por outro golpe,
Sim, por diversos motivos o regime "caiu de maduro"

tendo a tranquilidade para organizar a retomada do Estado Democrático sem arrulhos da população "indignada"
Em qual o momento da história do Brasil a população teve um papel tão grande assim? 

(descontando o grande teatro das Diretas Já).
Não entendi

Mas o que mais me intriga nesse samba do crioulo doido ainda é: que raio de ditadura permite a volta dos exilados e a restituição total de seus direitos políticos SETE ANOS ANTES dela acabar?
Poque a redemocratização justamente por não se através de uma ruptura foi um processo "lento e gradual", tutelado o mais possivel pelos dirigentes da época.  Isso não significa que ele foi linear, vários movimentos contrários a esse gradualismo aconteceram à direita e à esquerda
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Geotecton

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #57 Online: 03 de Abril de 2012, 16:58:44 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Eu não!
[...]

Uma parte significativa desta "locura" é por um 'certo tipo de conveniência'. E de onde eu venho este 'certo tipo' tem outra nominação, sendo mais conhecido como "mal-caratismo".
Foto USGS

Offline Sr. Alguém

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #58 Online: 03 de Abril de 2012, 17:40:07 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Um golpe que manteve o Congresso funcionando, que patrocinou eleições regulares com bipartidarismo, que foi esmagado pela oposição, perdendo todos os estados importantes da Federação para o MDB nos seus últimos anos, que não foi derrubado por outro golpe, tendo a tranquilidade para organizar a retomada do Estado Democrático sem arrulhos da população "indignada" (descontando o grande teatro das Diretas Já).
Mas o que mais me intriga nesse samba do crioulo doido ainda é: que raio de ditadura permite a volta dos exilados e a restituição total de seus direitos políticos SETE ANOS ANTES dela acabar?
:superamigos: :tintin:

Algo que não vi ninguém comentando ainda foi o papel do MDB naquela época.Era penas um partido fantoche ou tinha alguma relevancia ?
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberalismo_social

Offline Max, o Fiscal

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #59 Online: 03 de Abril de 2012, 17:43:32 »
Pois é. "Ditadura à brasileira". Maldito Mitterrand e sua boca grande...

E ainda assim o Congresso esteve aberto. Não foi bombardeado e ninguém saiu de lá aos pedaços. Militar brasileiro é muito bonzinho; ditador bonzinho...

Bipartidarismo... Foi bom enquanto durou. Queria ver o Castelo Branco demitindo o irmão hoje em dia: dependendo da índole do mano, ia ter 18 legendas à espera da sua filiação.

Minha cidade natal era Área de Segurança Nacional, e no auge da repressão foi governada por prefeitos biônicos. Não fizeram feio, mas acho que não havia necessidade pra tanto. Mas nas cidades ao lado, num raio de centenas de quilômetros, o brasileiro comum votava.

Tudo neste país é lento e gradual demais. Uma instituição centenária como o Exército sabia disso: tiraram as maçãs podres, exilaram aqueles que poderiam recolocar a nação nos trilhos e assistiu o esvaziamento da ideologia de Lamarca/Marighella sendo rotulada como "coisa de vagabundo, de bicho-grilo". Claro, se você morasse dentro do raio de ação dos pensadores da USP ou PUC, a ditadura foi o maior monstro que essa terra já engendrou, que os heróis da VAR-Palmares eram os arautos da nova ordem, mas o matuto lá das barrancas do Araguaia estava se lixando pra ascenção proletária e muito menos para as glórias do socialismo científico: aquela molecada cabeluda correndo dos "home" deviam ter feito coisa muito feia.
Daí, em câmera lenta, escapamos de mais uma investida do socialismo moreno. Epitácio, Getúlio e Dutra tentaram matá-lo declarando-o clandestino: erraram feio, pois o proibido seduz. A Junta Militar fez o mais adequado para a época: deixou o sonho azedar, viu o mundo acordar e mostrar para o Brasil que o comunista é anacrônico, megalômano e morto de fome; um vírus atenuado que ainda anda por aí.
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Offline Max, o Fiscal

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #60 Online: 03 de Abril de 2012, 17:56:30 »
Falando em "proibir seduz": se as duas palhaçadas do Lula no Estádio 1º de Maio não tivessem lhe rendido uma prisão (com direito à hilária greve de fome que lhe deixou mais gordo do que quando a começou), será que ele tinha virado o queridinho da intelligentsia? Até quando o Lula ia aguentar ficar dentro daquele estádio, se o Fleury não tivesse morrido? O Fleury sabia das coisas, sabia que o boquirroto ia cansar aquela peãozada... O destino prega cada peça, né?
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Offline _Juca_

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #61 Online: 03 de Abril de 2012, 18:28:30 »
As esquerdas tentam nos convencer de que os militares agiram sem mais nem menos, mas a verdade é que sua intervenção foi pedida pela sociedade e bem recebida. Depois a coisa se radicalizou e veio a ditadura, mas mesmo então o apoio não desapareceu.

A revolução foi uma consequência do estado de coisas e não uma causa.

Então, a sociedade pediu, implorou, bateu às portas dos quartéis.....

Deve estar brincando, né...

Ola Hsette,

É mais ou menos isso sim. A esquerda estava transformando o país em uma zona, nada funcionava, greves generalizadas, fora a aproximação ideológica da liderança com o comunismo.

Só que isso é uma coisa que nenhum esquerdista ou democrata atual quer rever; querem é passar a idéia de que lutavam pela democracia no Brasil, o que é uma mentira deslavada (outro dia tava vendo campanha do PCdo B. Deu vontade de rir). E aí de quem falar contra essa verdade verdadeira!!!!


Abs
Felipe

Se a esquerda lutava pela democracia antes do golpe é uma incógnita, porque antes do golpe existia uma democracia, então como lutar por algo estabelecido, meio ilógico né!?. Você poderia argumentar que era a própria esquerda quem tramava um golpe, mas outro ponto de interrogação, porque não há nenhuma evidência de um fato dessa natureza. Também pode dizer que a esquerda por ser próxima dos países socialistas queriam exatamente o que os países socialistas fizeram, estabeleceram uma ditadura, mas até então (do golpe) eles estavam muito mais para os socialistas da Europa Ocidental, que disputavam eleições. Tem gente que vai vir dizendo da velha ditadura do proletariado etc e tal, achando que isso por si só seira a implementação de uma ditadura, mas como sabemos, existem várias interpretações diferentes entre socialistas, comunistas, trotkistas e outros, e mesmo para essas interpretações, não é um tipo de autoritarismo clássico ou totalitarismo do qual estamos acostumados ou que vimos implementados nas ditaduras socialistas,  mas isso daria muito pano pra manga e tem gente que obviamente não concorda.

Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Offline DDV

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #62 Online: 03 de Abril de 2012, 18:45:26 »
Citação de: Juca
Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Repita isso 1000 vezes, quem sabe alguém acredita.  :ok:
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline _Juca_

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #63 Online: 03 de Abril de 2012, 19:34:33 »
Citação de: Juca
Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Repita isso 1000 vezes, quem sabe alguém acredita.  :ok:

Fatos são fatos, não são suas conjecturas.

Offline Hold the Door

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #64 Online: 03 de Abril de 2012, 20:19:46 »
Citação de: Juca
Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Repita isso 1000 vezes, quem sabe alguém acredita.  :ok:

Fatos são fatos, não são suas conjecturas.

Você fala de fatos, como Var-Palmares, ALN, COLINA, MR-8, entre muitos outros?
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Dr. Manhattan

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #65 Online: 03 de Abril de 2012, 20:23:43 »
Ahm... Quer dizer que os grupos armados de esquerda matavam e faziam sequestros para tentar pôr fim às mortes e aos sequestros?

Sei.
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Alan Watts

Offline Fabrício

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #66 Online: 03 de Abril de 2012, 20:39:02 »
Ahm... Quer dizer que os grupos armados de esquerda matavam e faziam sequestros para tentar pôr fim às mortes e aos sequestros?

Sei.

Estratégia inteligentíssima dos arautos da liberdade!

Citação de: Juca
Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Repita isso 1000 vezes, quem sabe alguém acredita.  :ok:

Fatos são fatos, não são suas conjecturas.

Você fala de fatos, como Var-Palmares, ALN, COLINA, MR-8, entre muitos outros?

Heróis máximos da democracia!
"Deus prefere os ateus"

Offline Max, o Fiscal

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #67 Online: 03 de Abril de 2012, 21:51:29 »
Não queria tocar no assunto, mas a propaganda política veiculada atualmente pelo PCdoB é uma belíssima peça de ficção. Protagonizada pelo Netinho de Paula - um agressor contumaz de esposa e eventual de repórter - pede o fim da violência e nos lembra justamente da luta que os companheiros (camaradas) travaram pela democracia durante os "anos de chumbo".

Será que o tempo tem esse poder de diluição? Tá, posso até ser meio obtuso pra certas coisas, mas comunista lutando por Estado Democrático? Nem aqui nem na China. Literalmente.
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Offline Geotecton

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #68 Online: 03 de Abril de 2012, 23:51:58 »
[...]
Ainda assim foram os grupos de esquerda quem depois do golpe lutaram ferozmente pelo restabelecimento da democracia, pela volta da liberdade civil, pelo fim dos sequestros, torturas, mortes... Então, se existe um grupo democrático no Brasil, esse foi liderado pelas forças de esquerda.

Falso. Completamente falso.

Os liberais, como José Guilherme Merquior, também 'travaram batalhas' pela redemocratização do país.

E esquerdistas como Prestes, Lamarca, Martins, Dirceu e Genoíno não pleiteavam uma democracia representativa liberal.
« Última modificação: 04 de Abril de 2012, 00:30:04 por Geotecton »
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Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #69 Online: 04 de Abril de 2012, 06:39:08 »
- Esquerdas dividindo as Forças Armadas com sua luta de classes, que jogava soldados contra oficiais.

Esse foi sem dúvida o problema principal e decisivo.

Eu não sei o que os comunistas da época pensavam, só sei que mostraram profunda insensibilidade política e burrice ao tratar as forças armadas como uma instituição "qualquer" (tal qual universidades, sindicatos, empresas, etc), na qual poderiam introduzir livremente a baderna e a desordem sem maiores problemas.
Os comunistas fizeram isto na revolução russa: dividiram o exército e se deram bem. Acontece que, de lá para cá, essa estratégia faz parte do currículo de formação de oficiais no mundo inteiro. Eles são treinados para detectar este tipo de coisa. Portanto, quando perceberam o que estava acontecendo, os militares brasileiros reagiram.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #70 Online: 04 de Abril de 2012, 06:49:02 »
Quem disse que se arrependeu?

Suposição. Tenho a impressão que a sociedade não ficou lá muito satisfeita com a supressão das liberdades individuais. É o que as manchetes, uns vinte anos depois, parecem sugerir.
Vou repetir: a sociedade, em sua maioria, voltou à sua vida e aos seus problemas e ignorou o que acontecia no governo. Da mesma forma que hoje ignoramos a podridão em Brasília, com a diferença que achamos errada e injustificável a podridão, mas achávamos que a revolução era um mal necessário.

As tais das 'liberdades individuais suprimidas' só afetaram alguns poucos.

Sinceramente, o que me surpreende é que não se questione e muito toda essa história, tanto de um lado quanto de outro, e mais ainda que qualquer questionamento gere tanta tensão, também dos dois lados.
Procure no Youtube o vídeo do congresso nacional do PT: eles anunciam, sem meias palavras, a intenção de tomar o poder no Brasil e acabar com a democracia. Procure comunidades de petistas no Facebook e Orkut: eles discutem abertamente como acabar com a imprensa livre e quem eles vão prender ou matar.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #71 Online: 04 de Abril de 2012, 06:55:23 »
Alguém duvida que este país é mutcho lôco?
Um golpe que manteve o Congresso funcionando, que patrocinou eleições regulares com bipartidarismo, que foi esmagado pela oposição, perdendo todos os estados importantes da Federação para o MDB nos seus últimos anos, que não foi derrubado por outro golpe, tendo a tranquilidade para organizar a retomada do Estado Democrático sem arrulhos da população "indignada" (descontando o grande teatro das Diretas Já).
Mas o que mais me intriga nesse samba do crioulo doido ainda é: que raio de ditadura permite a volta dos exilados e a restituição total de seus direitos políticos SETE ANOS ANTES dela acabar?
Exatamente. Enquanto que Fidel Castro está no poder há mais de 50 anos e já declarou que a 'gloriosa revolução' nunca vai acabar, Geisel já tinha começado a preparar, no início dos anos 70, o retorno à democracia. Podem até criticar o  'lenta e gradual', mas é preciso admitir que os militares saíram por vontade própria depois de cumprir o que eles achavam que era sua missão.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #72 Online: 04 de Abril de 2012, 06:57:23 »
Uma pergunta que me faço, e que talvez não tenha resposta adequada é: se não tivesse havido o golpe de primeiro de Abril, teria havido alguma possibilidade de um desenlace pacífico e dentro da normalidade democrática para a situação política da época? Não estou querendo justificar o golpe, longe disso, mas será que Um golpe, seja da direita ou da esquerda, ou pior, uma guerra civil, não seria algo inevitável, dada a conjuntura política em 1964?
Se as esquerdas estavam treinando guerrilheiros, expropriando empresas e incendiando fazendas,  não creio que fosse ficar mais pacífico daí para a frente.

Offline Fernando Silva

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #73 Online: 04 de Abril de 2012, 06:58:39 »
Aliás, só sou eu que vê um grande paralelo entre o golpe de 64 e o golpe de 2009 em Honduras?

No caso, o segundo teve um desfecho diferente e creio que parte dos militares desejava realmente uma volta à normalidade democrática em pouco tempo. Mas sobrepujados pela linha-dura.
No caso de Honduras, o governo foi afastado de acordo com a constituição. O ilegal foi exilá-lo.

Offline AlienígenA

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Re:As manchetes dos jornais no dia seguinte à revolução de 1964
« Resposta #74 Online: 04 de Abril de 2012, 08:43:24 »
Quem disse que se arrependeu?

Suposição. Tenho a impressão que a sociedade não ficou lá muito satisfeita com a supressão das liberdades individuais. É o que as manchetes, uns vinte anos depois, parecem sugerir.
Vou repetir: a sociedade, em sua maioria, voltou à sua vida e aos seus problemas e ignorou o que acontecia no governo. Da mesma forma que hoje ignoramos a podridão em Brasília, com a diferença que achamos errada e injustificável a podridão, mas achávamos que a revolução era um mal necessário.

As tais das 'liberdades individuais suprimidas' só afetaram alguns poucos.

Respeito sua opinião, só não tenho a mesma convição. E justamente pelo prestígio popular que a esquerda desfruta no país desde o fim da ditaduta. É a própria continuidade da história que me leva a essa suposição. 

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Sinceramente, o que me surpreende é que não se questione e muito toda essa história, tanto de um lado quanto de outro, e mais ainda que qualquer questionamento gere tanta tensão, também dos dois lados.
Procure no Youtube o vídeo do congresso nacional do PT: eles anunciam, sem meias palavras, a intenção de tomar o poder no Brasil e acabar com a democracia. Procure comunidades de petistas no Facebook e Orkut: eles discutem abertamente como acabar com a imprensa livre e quem eles vão prender ou matar.

Eu, honestamente, não tenho toda essa paciência agora. Mas gostaria que você entendesse o meu ponto. Não tenho dúvidas sobre as intenções dos militantes, antes e após o Golpe, da ideologia por trás de suas ações, mas sim da sua capacidade de mobilização, organização e principalmente competência para dar um golpe no Brasil, mesmo com membros no governo, exatamente por falta de opoio público e militar.

Não é como se o país vivesse circunstâncias semelhantes as dos países tomados pelo comunismo. Longe disse, eu diria. Não havia toda essa insatisfação capaz de mobilizar as massas a favor de uma revolução e muito menos as forças armadas, além do próprio caráter conservador da sociedade da época. O que houve, na minha opinião, foram fatos isolados, apesar de barulhentos, mas plenamente contornáveis sem grandes interferências.

O que não significa que eu condene o Golpe em si, só me parece muito por muito pouco. O que condeno, isso sim, foi sua continuidade no poder, além, é claro, da forma estúpida e idiota como foi feita, porque você há de convir, serviu para inverter a imagem de mocinhos e bandidos.

Com isso os militares perderam a chance de sair dessa história como os verdadeiros hérois da pátria, inclusive, no imaginário popular, seduzidos pelo poder, terminando por fortalecer a imagem daqueles que pretendiam combater. A história atual desse país não é, não me parece, uma ruptura com a história anterior, mas uma consequência dela.

Os méritos da ditadura no Brasil terminam no Golpe, infelizmente.


 

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