Não existe livre concorrência nem livre mercado no tráfico de drogas. A luta pelos pontos de venda sempre vai ocorrer, já que um traficante (ou qualquer outro tipo de criminoso) não vai aceitar divisão da demanda do local.
Provas? Por que isso parece não ocorrer com contrabando? Os vendedores/muambeiros parecem estar satisfeitos em ficar ao lado de inúmeros outros concorrentes na mesma feira/calçada. E mesmo os que tem lojas em localizações mais caras parece que não se importam, não vejo notícias de estarem fazendo pressão/ameaça a lojistas vizinhos para se mudarem, muito menos de "guerras de gangues".
Quanto melhor o ponto, maior a demanda, maior a oferta, maior a disputa.
Novamente, vale para a venda de qualquer coisa e não vejo razão do produto vendido, especificamente drogas, ter um de alguma forma desengatar causalmente a diferença no comportamento dos vendedores.
E suspeito que mesmo atualmente apenas a menor fração da violência do tráfico se dê em função de disputas de pontos de venda, e essa é a violência que menos importa, uma vez que a que tende a ter menos vítimas inocentes, afetando mais os criminosos envolvidos.
É possível notar cooperação e não-violência em situações específicas, como entre máfias. No Brasil isso não se aplica, ao menos em pequena/média escala.
Não sei, me lembro de já ter lido algo sobre mesmo no Brasil ter havido uma tendência a tréguas entre gangues pelos dispêndios dos conflitos não compensarem tanto. Procurando algo a respeito, encontrei isso, não exatamente a mesma coisa, mas relacionado ao assunto:
Tráfico menos violento e mais lucrativo
Rio de Janeiro (ABr)- Com a ocupação policial do Complexo do Alemão - esconderijo de grande quantidade da maconha e cocaína vendidas no Rio e de armas contrabandeadas ou roubadas -, o governo espera reduzir a violência na capital fluminense. As apreensões de drogas e de parte do arsenal representaram um duro golpe na organização criminosa que controlava o crime no conjunto de favelas da zona norte da cidade. Diante dos enormes prejuízos financeiros e da diminuição do seu poder sobre a comunidade, a quadrilha deve buscar um novo modo de agir, segundo especialistas. Nessa reconfiguração, assinalam, o tráfico dará menos tiros, mas pode até lucrar mais.
Com a presença dos policiais, o tráfico funciona de maneira mais tímida, com menos gente e sem armas, como já ocorre em favelas com unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Nessas locais, observam alguns pesquisadores, as quadrilhas reduzem a sua estrutura, porque não precisam pagar informantes nem corromper policiais. Além disso, acrescentam os especialistas, elas voltam a atrair os clientes às comunidades. Antes, os consumidores evitavam esses locais por causa dos frequentes tiroteios. Assim, os traficantes economizam no custeio da atividade e, ao mesmo tempo, obtêm mais lucros.
A economia das quadrilhas com armas e soldados pode variar entre R$ 121 milhões e R$ 218 milhões por ano, segundo estimativas da Secretaria Estadual de Fazenda, baseadas na pesquisa A Economia do Tráfico na Cidade do Rio de Janeiro: Uma Tentativa de Calcular o Valor do Negócio. O documento, publicado em 2008 e revisado no ano passado, estima que as quadrilhas chegam a gastar somente com armamentos R$ 25 milhões por ano.
http://www.diariodenatal.com.br/2010/12/06/brasil1_1.php
Os grandes vendedores vão continuar corrompendo policiais e políticos para manterem os seus negócios, se as vendas não forem suficientes para manter o sistema eles vão apelar para outros crimes.
"Outros crimes", ou seja, não é tráfico fazendo uso de violência. A menos que você pretenda sugerir as drogas são a raiz de toda a criminaliade, isso não tem nada a ver.
Correto. Como eu disse anteriormente, juridicamente, tráfico violento não existe, mas sim tráfico atrelado a outros crimes.
Ok, o que quis dizer é que se traficantes deixam de ter no tráfico uma atividade suficientemente lucrativa e passam a atuar mais como assaltantes ou seqüestradores, isso não é violência que pode ser atribuída ao tráfico.
Tráfico de drogas remete a ações ilegais e crimes para se manter.
Por definição.
As leis e convenções sobre drogas e narcotráfico não são baseadas puramente em teoria. Suas definições também não.
Não entendi nada do que está falando. O que quis dizer é que o tráfico, sendo por definição ilegal, exige crimes para sua realização. Talvez fosse melhor ter dito que "crimes" não necessariamente implicam em ações violentas.