Autor Tópico: Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo  (Lida 8032 vezes)

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Offline Barata Tenno

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #75 Online: 06 de Maio de 2012, 11:54:10 »
Realmente, alguns dos traumas que mais demorei para superar foram aqueles que tive nas épocas em que minha mãe trabalhava fora o dia inteiro, minha irmã mais velha não estava morando com a gente porque estava com minha tia que mora no exterior, e eu passava quase todos os dias o dia inteiro sem supervisão, aí deixava as outras crianças do condomínio entrarem em casa e mandarem em tudo. Também acabei deixando botarem muita minhoca na minha cabeça naquela época.



Voce também sugere que o estado proiba as mães de trabalhar? Quem sabe não é melhor o estado tomar todas as crianças e criar todas num orfanato, por psicólogos governamentais.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Diegojaf

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #76 Online: 06 de Maio de 2012, 12:08:14 »
Realmente, alguns dos traumas que mais demorei para superar foram aqueles que tive nas épocas em que minha mãe trabalhava fora o dia inteiro, minha irmã mais velha não estava morando com a gente porque estava com minha tia que mora no exterior, e eu passava quase todos os dias o dia inteiro sem supervisão, aí deixava as outras crianças do condomínio entrarem em casa e mandarem em tudo. Também acabei deixando botarem muita minhoca na minha cabeça naquela época.



Voce também sugere que o estado proiba as mães de trabalhar? Quem sabe não é melhor o estado tomar todas as crianças e criar todas num orfanato, por psicólogos governamentais.

Pressinto uma idéia para um reality show...
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Digão

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #77 Online: 06 de Maio de 2012, 13:38:12 »
Isso contradiz tudo o que voce diz, segundo isso, não importa se a criança tem pai ou não, importa se ela trabalha fora ou não, se ambos os pais trabalharem fora o risco é o mesmo de uma mãe solteira. Sugere que o estado proiba as mães de trabalhar também?

Qual parte da matéria diz que pais trabalhando fora têm o mesmo risco que mãe solteira? Esse trecho "O pior acontece com as que acabam vivendo sozinhas o dia inteiro porque o responsável está fora trabalhando" pode muito bem se referir às mães solteiras que precisam sustentar a casa, e os dados do gráfico suportam isso. Pais casados são só 19%. Agora, que a matéria contradiz minha suposição anterior de que a condição social não afeta tanto, de fato contradiz.

Achei também uma matéria em que os juízes de Campo Grande/MS, auxiliados por psicólogos, associam os casos de delinquência juvenil a ausência paterna e a promiscuidade. Mas para mim está claro que mesmo com os deslizes da mãe, o estado considera a idéia de tirar a criança da mãe danosa demais para a criança.
« Última modificação: 06 de Maio de 2012, 13:50:40 por Digão »

Offline Barata Tenno

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #78 Online: 06 de Maio de 2012, 13:43:14 »
Isso contradiz tudo o que voce diz, segundo isso, não importa se a criança tem pai ou não, importa se ela trabalha fora ou não, se ambos os pais trabalharem fora o risco é o mesmo de uma mãe solteira. Sugere que o estado proiba as mães de trabalhar também?

Qual parte da matéria diz que pais trabalhando fora têm o mesmo risco que mãe solteira? Esse trecho "O pior acontece com as que acabam vivendo sozinhas o dia inteiro porque o responsável está fora trabalhando" pode muito bem se referir às mães solteiras que precisam sustentar a casa, e os dados do gráfico suportam isso. Pais casados são só 19%. Agora, que a matéria contradiz minha suposição anterior de que a condição social não afeta tanto, de fato contradiz.

Achei também uma matéria em que os juízes de Campo Grande/MS, auxiliados por psicólogos, associam os casos de delinquência juvenil a ausência paterna e a promiscuidade.

Os dados do grafico demostram que obviamente mães solteiras tem que trabalhar, enquanto as casadas ficam em casa como donas-de-casa. E a reportagem mostra que mães solteiras são as familias com a pior condição social. Então o problema é a condição social ou a falta de uma figura paterna?


Da sua fonte.
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"Não é porque tem mãe solteira ou pobre que a criança vai errar. O problema está mais atrás: faltam opção de lazer, educação de qualidade e saúde pública. Faltam condições de igualdade", defende Janete.
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Offline Digão

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #79 Online: 06 de Maio de 2012, 19:10:03 »
Os dados do grafico demostram que obviamente mães solteiras tem que trabalhar, enquanto as casadas ficam em casa como donas-de-casa. E a reportagem mostra que mães solteiras são as familias com a pior condição social. Então o problema é a condição social ou a falta de uma figura paterna?

Podemos concluir no máximo que não dê pra saber devido aos dois fatores aparecerem em conjunto, possivelmente se reforçam mutuamente. Qual é a sua teoria? Que pobreza é o fator principal e ausência parental apenas um agravante? Se fosse assim o número de mães pobres casadas e com filhos delinquentes seria maior, acho até que nossa sociedade mal iria se aguentar de tanto delinquente, se pobreza fosse o fator principal. Famílias bem humildezinhas podem se manter idôneas por gerações, agora basta acrescentar um pai ausente à equação que a coisa desanda rapidinho.

Da sua fonte.
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"Não é porque tem mãe solteira ou pobre que a criança vai errar. O problema está mais atrás: faltam opção de lazer, educação de qualidade e saúde pública. Faltam condições de igualdade", defende Janete.

Essa frase não está dizendo que a desigualdade é o motivo principal, e sim que é um catalisador: ela torna a criança mais vulnerável quando ela já está sujeita aos fatores pai ausente ou pobreza. O texto é claro ao dizer que "[tornar a pobreza] fator exclusivo é reduzir a discussão ao dinheiro".

Offline Barata Tenno

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #80 Online: 06 de Maio de 2012, 19:14:42 »
Os dados do grafico demostram que obviamente mães solteiras tem que trabalhar, enquanto as casadas ficam em casa como donas-de-casa. E a reportagem mostra que mães solteiras são as familias com a pior condição social. Então o problema é a condição social ou a falta de uma figura paterna?

Podemos concluir no máximo que não dê pra saber devido aos dois fatores aparecerem em conjunto, possivelmente se reforçam mutuamente. Qual é a sua teoria? Que pobreza é o fator principal e ausência parental apenas um agravante? Se fosse assim o número de mães pobres casadas e com filhos delinquentes seria maior, acho até que nossa sociedade mal iria se aguentar de tanto delinquente, se pobreza fosse o fator principal. Famílias bem humildezinhas podem se manter idôneas por gerações, agora basta acrescentar um pai ausente à equação que a coisa desanda rapidinho.

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"Não é porque tem mãe solteira ou pobre que a criança vai errar. O problema está mais atrás: faltam opção de lazer, educação de qualidade e saúde pública. Faltam condições de igualdade", defende Janete.

Essa frase não está dizendo que a desigualdade é o motivo principal, e sim que é um catalisador: ela torna a criança mais vulnerável quando ela já está sujeita aos fatores pai ausente ou pobreza. O texto é claro ao dizer que "[tornar a pobreza] fator exclusivo é reduzir a discussão ao dinheiro".

Para comprovar a tese de a ausencia parental é o sintoma principal e não apenas um agravante teria que ser demonstrado o problema também ocorre em famílias com poder aquisitivo grande e com ausência parental. Isso pode ser verificado?

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #81 Online: 06 de Maio de 2012, 21:49:31 »
No caso da delinquência juvenil já não posso dizer que seja o sintoma principal. A coisa parece ser multifatorada:

Dr. Dráuzio Varella indica como fatores para violência urbana a predisposição genética, associada a influências ambientais principalmente na infância, mas também afirma que essa violência adquire caráter de epidemia nos bairros pobres. Sobre predisposição ao uso de drogas, IMESC/SP cita todo um conjunto de fatores de risco e fatores protetores, e em ambos ocorrem esses dois aspectos, o da influência familiar e extremos sociais (pobreza ou alto poder aquisitivo, estes também associados a delinquência juvenil).

este psiquiatra que acompanhou por dez anos pacientes drogados da classe média (provenientes do SUS porém capazes de bancar aprox. R$ 1.650 mensais numa clínica particular), é categórico sobre a ausência da figura paterna: "Na clínica, quando verificamos que o drogadicto não viveu esse tipo de privação, passamos a duvidar do diagnóstico de dependência de substâncias psicoativas".

De qualquer forma, está constatada a ausência parental como fator de risco para abuso de drogas em camadas não-pobres, além do friso "delinquente com alto poder aquisitivo".

Mais duas referências que dão peso ao fator ausência afetiva (essas eu busquei no Google somente como fatores de risco para delinquência, sem incluir ausência parental):

Delinquência juvenil está relacionada à escola e família, diz estudo: Mais do que as condições socioeconômicas, a falta de interação entre pais e filhos, a existência de parentes com problemas psicopatológicos e os problemas escolares são fatores determinantes para a inserção dos jovens no mundo do crime.

Fatores de risco para a violência juvenil (David P. Farrington): Os principais fatores de risco de longo prazo na violência juvenil são psicológicos (forte impulsividade e baixa inteligência, possivelmente associadas às funções executivas do cérebro), familiares (pouca supervisão, disciplina severa, maus-tratos físicos, um pai violento, família numerosa, família desfeita), colegas delinqüentes, baixa condição socioeconômica, residir em centros urbanos e em bairros de alta criminalidade. Entre os principais fatores de risco circunstanciais de curto prazo constam o consumo de bebidas alcóolicas e atos que conduzem a episódios violentos (por exemplo, a escalada de uma discussão trivial).

O que lhe parece?
« Última modificação: 06 de Maio de 2012, 22:01:28 por Digão »

Offline Barata Tenno

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #82 Online: 06 de Maio de 2012, 22:39:10 »

Aqui se demonstra que existem diversos fatores familiares para problemas.



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familiares (pouca supervisão, disciplina severa, maus-tratos físicos, um pai violento, família numerosa, família desfeita)



Aqui demonstra que o fator financeiro continua sendo o principal problema, familias monoparentais não tem problemas por serem monoparentais, mas porque o responsável tem menos condições financeiras para manter a família. Coisa resolvida por pensão.

Citar
O problema nessa organização familiar, segundo a pesquisadora, está na sobrecarga de atividades para o chefe do núcleo familiar e a atribuição precoce de responsabilidades para o adolescente



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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #83 Online: 06 de Maio de 2012, 23:01:52 »
Você diria que um filho de mãe solteira que é amparado pela atenção da mãe e pensão alimentícia do pai mas sem a atenção desse pai está relativamente protegido de ter um comportamento delinquente ou autodestrutivo? Reconheço que depende de outros fatores (predisposição, as tais condições de igualdade, participação de avós/tios, entre outros), mas ainda acho arriscado afirmar.

Acho também que há evidências para justificar uma avaliação psicológica por parte do estado, podendo ou não culminar na recomendação de impor contato paternal. Sei que é forçado, mas se constatado que tem chance de funcionar, acredito que os benefícios serão grandes.

Offline Gaúcho

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #84 Online: 09 de Maio de 2012, 13:42:29 »
As duas pessoas que me vêm agora na cabeça, que eu conheço e cresceram sem a figura do pai, são pessoas completamente normais e bem sucedidas.

Os estudos demonstram contraexemplos e chamam de crianças "resilientes". Mas não custa perguntar, porque a diferenciação é importante: cresceram sem porque o pai morreu / não tomou conhecimento da gravidez, ou porque as evitava deliberadamente? O último caso costuma ser bem mais danoso. E pessoas de sexo feminino ou masculino? (os últimos costumam ser mais afetados pela ausência paterna).

Nos dois casos o pai é vivo, só que simplesmente se mandou, casou com outra mulher, etc, e nunca mais procurou. Os dois são do sexo masculino.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Gaúcho

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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #85 Online: 09 de Maio de 2012, 13:43:56 »
As duas pessoas que me vêm agora na cabeça, que eu conheço e cresceram sem a figura do pai, são pessoas completamente normais e bem sucedidas.

Não dá pra ficar dizendo muito isso quando você sobe a favela ou desce na periferia e vê algumas mulheres criando seu filhos à duras penas sozinhas, sem o rendimento bem maior que o homem traria pra dentro do lar. É claro que isso não diz quem a criança vai ser no futuro, mas que dá uma boa ajuda na dificuldade que ela vai ter para se tornar um bom cidadão, isso dá.

Se eu tivesse que chutar, eu diria que a influência do ambiente e o nível social são os mais determinantes nessa situação que você apresentou.
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Re:Decisão inédita da Justiça condena pai por abandono afetivo
« Resposta #86 Online: 11 de Maio de 2012, 16:56:21 »
Eu pensei em... ninguém. :hihi:  Problema da família.

Não dá para medir a "falta de sentimento" de pais ou como isto afeta o "grau de autoestima" de alguém. Como obrigar alguém a ser carinhoso ou presente na vida dos filhos? Dando indenizações em dinheiro? O que isso tem a ver?

Se estabelecer  pensões alimenticias, que são bem mais mensuráveis, já é difícil e gera distorções, imagine "pensões ou indenizações sentimentais"... totalmente irreal.
Eu acho que pais ausentes vira problema da sociedade, já que esses filhos crescem depois consomem drogas, tem comportamentos auto destrutivos...etc...etc...

E como o dinheiro move o mundo, e é um bom incentivo, acho que só a possibilidade de existir indenização por abandono afetivo vai fazer alguns pais pensarem umas 3X.

Obrigar alguém a amar é impossível, obrigar alguém que não ama a conviver pode ser pior que a ausencia.
Isso é óbvio, não é necessário dizer. No entanto, existe sim uma chance da história ser diferente se pensarem duas vezes antes de abandonar.
Editado pela moderação.

 

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