Na Grécia, pelo menos a partir do período clássico, já era bem estabelecido que a Terra tinha formato aproximadamente esférico.
Algo interessante é que Aristóteles chegou a essa conclusão de forma bem tortuosa, usando uma série de premissas falsas. Dos quatro elementos constituintes da matéria (terra, fogo, água e ar), o fogo e o ar possuíam tendência natural a afastar-se do centro do cosmos, enquanto a terra e a água eram atraídos para ele. Para equilibrar essa atração dos últimos dois elementos de forma que eles ficassem o mais perto possível do centro do cosmos, num modelo geocêntrico, a Terra deveria ser esférica.
Outros pensadores já haviam chegado à mesma conclusão por vias independentes, como através da observação da sombra da Terra sobre a Lua em eclipses.
Isso continuou bem estabelecido entre os filósofos e astrônomos, apesar do mito de que por muito tempo depois acreditou-se em uma Terra plana. Na realidade, a principal fonte de divergência era entre dois modelos para explicar as trajetórias dos corpos celestes. O de Aristóteles, com a Terra no centro e os demais astros fixos em esferas transparentes que se moviam em diferentes sentidos, justificando o movimento aparente dos planetas, e o de Ptolomeu, também com a Terra no centro mas usando outros artifícios como epiciclos para justificar as trajetórias dos planetas. Essa foi a polêmica que se estendeu até o tempo de Copérnico e Galileu e só foi encerrada com Kepler. O modelo de Ptolomeu já havia sido tão aprimorado nesses mais de mil anos que nem o de Copérnico o superava em concordância experimental e poder de preditividade. Apenas com a introdução do conceito de órbitas elípticas por Kepler o modelo geocêntrico ptolomaico foi suplantado.