O Paraguai não seguiu sua constituição à risca
Se o critério for esse, os políticos brasileiros e o STF dão "golpes" o tempo todo.
Pode ser, mas o que estou argumentando é que o processo de impedimento do Lugo foi inconstitucional, como um golpe de estado, que ocorre quando o dirigente é afastado sem a observância do direito, do devido processo legal. É o que ocorreu no Paraguai.
Claro que o poder judiciário de lá disse que foi tudo legal, então é legal (para eles). Mas isso não nos obriga a aceitar o que o poder judiciário deles disse como uma verdade. A verdade é que politicamente Lugo não agradava ninguém, por isso quase não há reclamações da sua saída.
O que os paraguaios esquecem é que criaram um precedente perigoso. Os próximos presidentes estão sujeitos a do dia par noite serem processados por impedimento, terem duas horas para se defender e serem depostos no mesmo dia.
O que deixa os paraguaios indignados, e com toda razão, é eles serem suspensos do mercosul ao argumento de não respeitarem a cláusula democrática, no mesmo momento em que é aceita a Venezuela no bloco, que escancaradamente, não cumpre a cláusula democrática, muito mais que o próprio Paraguai.
A verdade é que Lugo seria cassado de qualquer forma, com prazo ou sem prazo para defesa. Inocentes e despreparados são os parlamentares paraguaios que não sabem nem fazer uma coisa parecer legal e constitucional direito, coisa muito simples de se fazer.
Pior ainda é o novo presidente, que quer governas com base em bravatas contra os vizinhos. Pior ainda é a idéia tosca de fazer um referendo para retirar o paraguai do mercosul. Se a população aprovar, o que não duvido, dado o nacionalismo-revanchismo patológico dos paraguaios, o resultado vai ser um país isolado, totalmente sem comércio (nem muamba vai rolar mais) e ainda por cima, sem poder trafegar pelo Brasil livremente como fazem hoje, lembrando ainda que eles não possuem saída para o mar.
Quero ver como eles vão escoar a produção agrícola (praticamente único produto de exportação do Paraguai), tendo de pagar taxas e mais taxas para trafegarem com caminhões no Brasil ou pior, serem impedidos de fazer isso, já que não haverá mais união aduaneira, nem mercado comum, nem livre-circulação.
No Paraguai agora o presidente é refém do parlamento, e os poderes da república não estão mais em equilíbrio, já que o poder executivo é totalmente subordinado ao legislativo e não tem meios para se socorrer.