Mas é claro que a saúde é mercadoria. A própria reclamação sobre a qualidade dos serviços de saúde é uma reclamação de clientes que pagam através dos impostos e ficam insatisfeitos com os serviços (ou então às vezes que ficam insatisfeitos com as suas contribuições sociais com os impostos não sejam usadas para ajudar mais aos pobres e à classe média baixa no casos do que pagam impostos mais preferem usar o particular) e clientes, no caso dos que só tem dinheiro para pagar os impostos e não dinheiro para pagar o acrecimo do particular,mesmo que só paguem os impostos indiretos através de produtos mais caros, são clientes cativos.
Os prédios onde ficam os hospitais públicos, são comprados ou alugados no mercado, foram construídos no mercado, os produtos e máquinas são compradas no mercado, ou médicos recebem salário para comprar as coisas no mercado.
No entanto o burocratismo puro para substituir isso não é mais eficaz nem mais humano, veja a diferença entre a Coréia do norte e a Coréia do sul, entre a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental etc.
Se bem que é verdade que na democracia mesmo na sanidade pública, os pobres que podem mudar de administradores, votando alternadamente a partidos diferentes, mas isso porque tudo aquilo que eu citei atrás é feito pelo mercado.
E também é bom evitar catastrofismo, que a esperança de vida no Brasil, média de anos de vida das pessoas no Brasil está aumentando cada vez e a mortalidade infantil está diminuindo cada vez mais, e até mesmo o índice de gini (de distribuição de renda)do Brasil ando melhorando um pouco nos últimos 18 anos.
Saúde faz parte do rol de direitos humanos, sendo corolário do direito à vida e a dignidade da pessoa e, até mesmo, da liberdade, em segundo plano, pois não se pode ser livre, de fato, sem saúde. Além de ser um direito humano, universal, é também um direito fundamental previsto constitucionalmente, é um direito social de cunho prestacional, cuja aplicação é direta e imediata, por previsão de uma norma constitucional originária.
Logo, saúde não é mercadoria, tampouco se confunde com o direito de propriedade.
A questão é a seguinte: E se não houver mesmo recursos para melhorar as coisas atualmente?
E mesmo que você pense que agora exista e que não haver uma melhora ainda maior do que a que há, é má fé ou crime de alguém (teoria com a qual eu não concordo) mas mesmo que fosse assim hoje em dia, mas e se acontecesse algum grave, problema, sei, lá, bombas atômicas, que mesmo que atingindo só a Ásia, dessem problemas colaterais aqui?
E se não houvesse (houver) mesmo recursos?
O que se faz?
Se uma coisa é um "direito", se esse direito não for cumprido é que alguém deve ser punido por conscientemente negar esse direito. Por que é claro, que para ser um "direito" exigido, é que alguém tem o poder consciente de respeitá-lo ou não.
Só que eu duvido que nesse caso, seja isso que aconteça. Então se não realmente não for isso que acontece, não for decisão consciente de ninguém que as coisas melhorem ainda mais, é que o fato da mortalidade infantil ser de cerca de 22 por 1000 hoje em dia no Brasil(e não mais cerca de 65 por mil no Brasil em 1993) a culpa de não ser de 4 por 1000 por exemplo, é de pessoas de CONSCIENTEMENTE propiciaram isso, e por causa disso, devem ser penalmente punidas....
Ora, essa ideia é muito perigosa, os regimes comunistas pegaram muitos administradores de empresas e engenheiros como bodes expiatórios por causa dessa ideia (bodes expiatórios de ideias fracas, que muitas vezes, eram os altos membros do partido comunista de profissões teóricas que tinham inventado e que inclusive os administradores de empresas e engenheiros haviam avisado que não iam dar muito certo, mas não tinham sido ouvidos).
E mesmo quanto a ditaduras de direita, essa ideia ajudou a dar apoio ao golpe contra João Goulard e à proibição dos partidos não-nazistas na Alemanha nazista, pois se julgava que eles eram CONSCIENTEMENTE culpados pelos problemas econômicos nos seus governos...(Além do que isso já tinha acontecido com outros coitados como Kerensky e os mencheviques na Rússia, e também aconteceu com os social-democratas e social-liberais no leste europeu entre 1947 e 1949, nos golpes comunistas no leste europeu nessa época, depois de, em media 3 anos de restauração da democracia nessa região no pós-segunda-guerra e havendo os precedentes de uns 10 de democracia nesses países na década de 1920, e no caso da Tchecoslóvaquia, 20 anos de democracia nas décadas de 1920 e 1930).
A verdade, é que os ricos, os grandes políticos, os grandes administradores de empresas, só usam uma proporção mínima do seu dinheiro para uso pessoal, a maioria é para reinvestimento, em se tratando dos ricos mesmo, 99% é para reinvestimento, não há essa abundancia escondida que você está pensando. Melhoras na saúde não podem ser direito objetivo pois isso ou leva à busca de bodes expiatórios e pode até ser perigoso para a democracia, ou então fica letra morta, e esse estilo de letra morta pode se estender para coisas que aí sim, poderiam ser direitos objetivos sem ser letra morta.