Autor Tópico: Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde  (Lida 4233 vezes)

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Offline Barata Tenno

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #50 Online: 06 de Dezembro de 2012, 19:57:47 »
Saúde depende de dinheiro, sem mercado financeiro não tem dinheiro. Se o mercado financeiro está bem podemos melhorar a saúde, mas nem a melhor saúde do mundo sobrevive sem o mercado financeiro.
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Offline Derfel

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #51 Online: 06 de Dezembro de 2012, 20:03:08 »
E sim, a Saúde tem um impacto econômico que pode ser medido (e deve haver estudos que já se mediram um ou outro impacto da saúde) mas empresas. A Saúde está relacionada com produtividade, faltas ao emprego e o tempo economicamente ativo de um trabalhador. Medidas de melhoria da saúde geram então maiores lucros.

Os empresários pensaram nisso há muito tempo. Eles fornecem convênios médicos justamente para que o funcionário falte menos e 'melhore seu bem-estar', e em cima disso ganham também com o comum acordo de mutualidade entre contratante/contratado, o que faz com que o pagamento de convênios seja irrelevante no fechamento das contas perante o lucro por causa da traca de serviços, quando possível.

Na comparação feita pelo pregador isso não procede. Qualquer quantia empregada na saúde/educação não pode ser considerada investimento, mas gasto. Além de tudo o que a termologia demonstra, é ainda desconhecido qualquer modo de medir o retorno que uma melhoria na saúde/educação pode trazer à economia, e mais, também é impossível utilizar esse retorno para liquidar dívidas, o que demonstra o óbvio: não se pode gastar com estes serviços visando qualquer tipo de retorno econômico.


Ainda que se forneça convênios médicos aos empregados (o que nem sempre acontece, diga-se de passagem), se não há uma melhora das condições de saúde e sanitárias de toda a sociedade a que eles encontram-se inseridos. Agravos e condicionantes de saúde interferem em toda a população que encontra-se em contato. Ou você acha que dengue, malária, tuberculose, sarampo, pólio, raiva humana respeitam fronteiras de classe? Se hoje erradicamos a varíola, a pólio, doenças exantemáticas como o sarampo (e em vias de ser erradicada a rubéola), além de termos raros casos de raiva humana e outro tanto número de outras patogenias estarem em processo de erradicação, isso se deve à saúde pública e não aos convênios. E, claro, a prevenção destas doenças e agravos significou uma diminuição nos custos de uma empresa.

Para trazer ao debate, um artigo que ainda estou lendo: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n12/02.pdf

Offline Derfel

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #52 Online: 06 de Dezembro de 2012, 20:05:06 »
Não, a saúde não é uma mercadoria.
[...]

Ela não é uma mercadoria. Mas todos os serviços a ela relacionados são, porque tem custos e ou preços e ou valorações.

Não, a saúde não é uma mercadoria. Existem serviços de saúde e insumos que são mercadorias, mas a Saúde não é uma mercadoria, como o Pregador postou. Da mesmo forma, a liberdade não é uma mercadoria, mas existem serviços relacionados com a liberdade que são mercadorias.
Você já se perguntou por que a expectativa de vida do brasileiro vem aumentando? É algo mágico ou natural?

E sim, a Saúde tem um impacto econômico que pode ser medido (e deve haver estudos que já se mediram um ou outro impacto da saúde) mas empresas. A Saúde está relacionada com produtividade, faltas ao emprego e o tempo economicamente ativo de um trabalhador. Medidas de melhoria da saúde geram então maiores lucros.



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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #53 Online: 06 de Dezembro de 2012, 20:18:18 »
E sim, a Saúde tem um impacto econômico que pode ser medido (e deve haver estudos que já se mediram um ou outro impacto da saúde) mas empresas. A Saúde está relacionada com produtividade, faltas ao emprego e o tempo economicamente ativo de um trabalhador. Medidas de melhoria da saúde geram então maiores lucros.

Os empresários pensaram nisso há muito tempo. Eles fornecem convênios médicos justamente para que o funcionário falte menos e 'melhore seu bem-estar', e em cima disso ganham também com o comum acordo de mutualidade entre contratante/contratado, o que faz com que o pagamento de convênios seja irrelevante no fechamento das contas perante o lucro por causa da traca de serviços, quando possível.

Na comparação feita pelo pregador isso não procede. Qualquer quantia empregada na saúde/educação não pode ser considerada investimento, mas gasto. Além de tudo o que a termologia demonstra, é ainda desconhecido qualquer modo de medir o retorno que uma melhoria na saúde/educação pode trazer à economia, e mais, também é impossível utilizar esse retorno para liquidar dívidas, o que demonstra o óbvio: não se pode gastar com estes serviços visando qualquer tipo de retorno econômico.


Ainda que se forneça convênios médicos aos empregados (o que nem sempre acontece, diga-se de passagem), se não há uma melhora das condições de saúde e sanitárias de toda a sociedade a que eles encontram-se inseridos. Agravos e condicionantes de saúde interferem em toda a população que encontra-se em contato. Ou você acha que dengue, malária, tuberculose, sarampo, pólio, raiva humana respeitam fronteiras de classe? Se hoje erradicamos a varíola, a pólio, doenças exantemáticas como o sarampo (e em vias de ser erradicada a rubéola), além de termos raros casos de raiva humana e outro tanto número de outras patogenias estarem em processo de erradicação, isso se deve à saúde pública e não aos convênios. E, claro, a prevenção destas doenças e agravos significou uma diminuição nos custos de uma empresa.

Para trazer ao debate, um artigo que ainda estou lendo: http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n12/02.pdf

Seria inteiramente estúpido achar que o serviço privado de saúde pode substituir o público, as empresas contratam convênios para tratamento reativo individual privado, e não para ações pró-ativas públicas. Ainda bem que não aleguei isso.

As minhas afirmações se mantém.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline DDV

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #54 Online: 06 de Dezembro de 2012, 21:32:16 »
Saúde faz parte do rol de direitos humanos, sendo corolário do direito à vida e a dignidade da pessoa e, até mesmo, da liberdade, em segundo plano, pois não se pode ser livre, de fato, sem saúde. Além de ser um direito humano, universal, é também um direito fundamental previsto constitucionalmente, é um direito social de cunho prestacional, cuja aplicação é direta e imediata, por previsão de uma norma constitucional originária.

Nesse caso, deve-se crar leis proibindo as doenças. Eu começaria proibindo as bactérias de infectarem pessoas.
:hein: o que tem uma coisa a ver com a outra?

Serviços de saúde têm custos e exigem trabalho. Dizer que a saúde é um "direito garantido" em um pedaço de papel não vai fazer automaticamente as pessoas terem acesso a estes serviços independente de qualquer outra circunstância.
Assim como nenhum direito.

Não. A maioria do que se convencionou chamar de "direitos" são apenas proibições, ou seja, para serem cumpridos, as pessoas devem apenas NÃO fazerem certas coisas (Ex: matar, roubar, escravizar, etc). A saúde é diferente: para ser cumprido, serviços complexos precisam ser feitos e insumos caros precisam ser produzidos. Logo, precisa-se de muito dinheiro.
 
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline LaraAS

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #55 Online: 06 de Dezembro de 2012, 21:45:27 »
Saúde faz parte do rol de direitos humanos, sendo corolário do direito à vida e a dignidade da pessoa e, até mesmo, da liberdade, em segundo plano, pois não se pode ser livre, de fato, sem saúde. Além de ser um direito humano, universal, é também um direito fundamental previsto constitucionalmente, é um direito social de cunho prestacional, cuja aplicação é direta e imediata, por previsão de uma norma constitucional originária.

Nesse caso, deve-se crar leis proibindo as doenças. Eu começaria proibindo as bactérias de infectarem pessoas.
:hein: o que tem uma coisa a ver com a outra?

Serviços de saúde têm custos e exigem trabalho. Dizer que a saúde é um "direito garantido" em um pedaço de papel não vai fazer automaticamente as pessoas terem acesso a estes serviços independente de qualquer outra circunstância.
Assim como nenhum direito.

Não. A maioria do que se convencionou chamar de "direitos" são apenas proibições, ou seja, para serem cumpridos, as pessoas devem apenas NÃO fazerem certas coisas (Ex: matar, roubar, escravizar, etc). A saúde é diferente: para ser cumprido, serviços complexos precisam ser feitos e insumos caros precisam ser produzidos. Logo, precisa-se de muito dinheiro.

         Não é tão simples assim. Para diminuir os assassinatos, roubos, escravizações etc....é preciso de policiais, prisões (e você só discordaria disso se fosse anarquista, o que, que eu saiba você não é, e é bom lembrar também que mesmo os anarco-capitalistas são a favor (não sei bem como) de policiais e juízes "privados", que sem dúvida também custariam dinheiro (aliais tudo indica que estão custando na Somália).
        Ou você vai querer me dizer que o liberalismo e social-liberalismo vão contra tudo isso através de convencimentos "morais"? Se fosse assim não haveria Estado e TAMBÉM não haveria comandos vermelhos, cangaceiros nem nada do tipo que não passam de proto-Estados ou Estados de fato. E em todos esses casos custa dinheiro. Os "juízes de fato" do crime organizado (juízes estilo saudita aliás) e os "executores de fato" do crime organizado ao fazerem essas atividades e por mais sumarios que sejam os "julgamentos", estão ocupando tempo que eles poderiam usar para atividades "produtivas" para os padrões do crime organizado, e isso já diminui o lucro.
       

Offline DDV

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #56 Online: 06 de Dezembro de 2012, 23:00:58 »
LaraAS, os serviços de saúde são um pouco mais caros e complexos, tanto em equipamentos quanto em pessoal qualificado. 



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Offline DDV

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #57 Online: 06 de Dezembro de 2012, 23:06:58 »
Obrigar pessoas a cumprirem leis e "direitos" é muito mais fácil (na maioria das vezes) do que obrigar microorganismo, genes, tumores e defeitos metabólicos.  :D
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Offline Derfel

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #58 Online: 06 de Dezembro de 2012, 23:58:41 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova. "Defeitos metabólicos" podem ser controlados por uma dieta. Várias bactérias e outros microrganismos são susceptíveis a antibióticos baratos ou a quimioterápicos também relativamente baratos. Boa parte dos tumores (se com isso quer dizer câncer e não tumor mesmo) são tratados de uma forma relativamente barata se descobertos, no início. Um conjunto de hábitos saudáveis também previne uma série de agravos.


Offline LaraAS

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #60 Online: 07 de Dezembro de 2012, 00:18:30 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova. "Defeitos metabólicos" podem ser controlados por uma dieta. Várias bactérias e outros microrganismos são susceptíveis a antibióticos baratos ou a quimioterápicos também relativamente baratos. Boa parte dos tumores (se com isso quer dizer câncer e não tumor mesmo) são tratados de uma forma relativamente barata se descobertos, no início. Um conjunto de hábitos saudáveis também previne uma série de agravos.


        Ih.....piorou, então se teria que fazer, aí sim uma ditadura mesmo, para obrigar as pessoas a escovar os dentes sobre pena ou de cadeia ou pelo sobre pena de uma multa de uns 600 reais (no caso dos mais pobres para ser paga à prazo, de cada vez um terço do salário) para cada vezes que inspetores percebessem que a pessoa não tinha escovado o dente, o que aliais ficaria provavelmente mais caro, do que a medicina de hoje. E igualmente para obrigar as pessoas a quase só comer coisas chatas exceto talvez uma vez por semana, e ainda assim, só umas 200 gramas de coisas gostosas salgadas por semana e 200 gramas de coisas gostosas doces por semana. E igualmente fumo, alcool, etc....
        Mesmo com os aumentos de impostos maiores que a média para esses produtos que foram implantados nos últimos tempos, no caso de comidas gostosas e alcool isso não funcionou, as pessoas continuaram consumindo-os e igualmente o brasileiro continua não escovando os dentes muito bem....
        Então já que esses aumentos de impostos não adiantaram, as multas teriam que ser consideravelmente altas.
       Mas eu não quero esse mundo. Eu sou hedonista.

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #61 Online: 07 de Dezembro de 2012, 01:59:59 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova. "Defeitos metabólicos" podem ser controlados por uma dieta. Várias bactérias e outros microrganismos são susceptíveis a antibióticos baratos ou a quimioterápicos também relativamente baratos. Boa parte dos tumores (se com isso quer dizer câncer e não tumor mesmo) são tratados de uma forma relativamente barata se descobertos, no início. Um conjunto de hábitos saudáveis também previne uma série de agravos.

Derfel, eu não estou me referindo APENAS à atenção primária ou preventiva. Se apenas isso fosse oferecido pelo governo, creio que o financiamento da saúde nem seria um problema a ser discutido.

Falo das cirurgias que custam dezenas de milhares de reais (Ex: revascularização miocárdica), dos aparelhos caríssimos, dos altos salários de alguns profissionais, de medicamentos que custam mais de 2000 reais por ampola (como os anti-retrovirais, alguns antibióticos cujo grama é 10 vezes mais caro do que o ouro), das UTIS cuja diária é 5000 reais, etc.


« Última modificação: 07 de Dezembro de 2012, 02:07:56 por DDV »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #62 Online: 07 de Dezembro de 2012, 02:16:11 »
E na saúde bucal também tem bastante coisa cara.
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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #63 Online: 07 de Dezembro de 2012, 03:12:32 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova. "Defeitos metabólicos" podem ser controlados por uma dieta. Várias bactérias e outros microrganismos são susceptíveis a antibióticos baratos ou a quimioterápicos também relativamente baratos. Boa parte dos tumores (se com isso quer dizer câncer e não tumor mesmo) são tratados de uma forma relativamente barata se descobertos, no início. Um conjunto de hábitos saudáveis também previne uma série de agravos.

Derfel, eu não estou me referindo APENAS à atenção primária ou preventiva. Se apenas isso fosse oferecido pelo governo, creio que o financiamento da saúde nem seria um problema a ser discutido.

Falo das cirurgias que custam dezenas de milhares de reais (Ex: revascularização miocárdica), dos aparelhos caríssimos, dos altos salários de alguns profissionais, de medicamentos que custam mais de 2000 reais por ampola (como os anti-retrovirais, alguns antibióticos cujo grama é 10 vezes mais caro do que o ouro), das UTIS cuja diária é 5000 reais, etc.


               Mas quanto aos medicamentos não houve a quebra estatal de patentes? Ou pelo menos a quebra de muitas das patentes?

Offline Derfel

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #64 Online: 07 de Dezembro de 2012, 06:51:34 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova. "Defeitos metabólicos" podem ser controlados por uma dieta. Várias bactérias e outros microrganismos são susceptíveis a antibióticos baratos ou a quimioterápicos também relativamente baratos. Boa parte dos tumores (se com isso quer dizer câncer e não tumor mesmo) são tratados de uma forma relativamente barata se descobertos, no início. Um conjunto de hábitos saudáveis também previne uma série de agravos.

Derfel, eu não estou me referindo APENAS à atenção primária ou preventiva. Se apenas isso fosse oferecido pelo governo, creio que o financiamento da saúde nem seria um problema a ser discutido.

Falo das cirurgias que custam dezenas de milhares de reais (Ex: revascularização miocárdica), dos aparelhos caríssimos, dos altos salários de alguns profissionais, de medicamentos que custam mais de 2000 reais por ampola (como os anti-retrovirais, alguns antibióticos cujo grama é 10 vezes mais caro do que o ouro), das UTIS cuja diária é 5000 reais, etc.



Quando se fala da Atenção Básica também está se falando da média e alta complexidade. A AB tem um nível de resolutivade de 80 a 90%. O restante dos custos da Média e alta são então diluídos.

Offline Derfel

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #65 Online: 07 de Dezembro de 2012, 06:53:06 »
E na saúde bucal também tem bastante coisa cara.
E eu não sei? :hihi: ainda assim mantenho o que escrevi.

Offline Derfel

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #66 Online: 07 de Dezembro de 2012, 07:11:35 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova. "Defeitos metabólicos" podem ser controlados por uma dieta. Várias bactérias e outros microrganismos são susceptíveis a antibióticos baratos ou a quimioterápicos também relativamente baratos. Boa parte dos tumores (se com isso quer dizer câncer e não tumor mesmo) são tratados de uma forma relativamente barata se descobertos, no início. Um conjunto de hábitos saudáveis também previne uma série de agravos.

Derfel, eu não estou me referindo APENAS à atenção primária ou preventiva. Se apenas isso fosse oferecido pelo governo, creio que o financiamento da saúde nem seria um problema a ser discutido.

Falo das cirurgias que custam dezenas de milhares de reais (Ex: revascularização miocárdica), dos aparelhos caríssimos, dos altos salários de alguns profissionais, de medicamentos que custam mais de 2000 reais por ampola (como os anti-retrovirais, alguns antibióticos cujo grama é 10 vezes mais caro do que o ouro), das UTIS cuja diária é 5000 reais, etc.


               Mas quanto aos medicamentos não houve a quebra estatal de patentes? Ou pelo menos a quebra de muitas das patentes?
De alguns apenas e em casos muito específicos.

Offline Pregador

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #67 Online: 07 de Dezembro de 2012, 09:59:39 »
Saúde faz parte do rol de direitos humanos, sendo corolário do direito à vida e a dignidade da pessoa e, até mesmo, da liberdade, em segundo plano, pois não se pode ser livre, de fato, sem saúde. Além de ser um direito humano, universal, é também um direito fundamental previsto constitucionalmente, é um direito social de cunho prestacional, cuja aplicação é direta e imediata, por previsão de uma norma constitucional originária.

Nesse caso, deve-se crar leis proibindo as doenças. Eu começaria proibindo as bactérias de infectarem pessoas.

Não entendi o que você quis dizer, e nem a relação de uma coisa com outra.
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Offline Pregador

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #68 Online: 07 de Dezembro de 2012, 10:13:28 »
Saúde faz parte do rol de direitos humanos, sendo corolário do direito à vida e a dignidade da pessoa e, até mesmo, da liberdade, em segundo plano, pois não se pode ser livre, de fato, sem saúde. Além de ser um direito humano, universal, é também um direito fundamental previsto constitucionalmente, é um direito social de cunho prestacional, cuja aplicação é direta e imediata, por previsão de uma norma constitucional originária.

Nesse caso, deve-se crar leis proibindo as doenças. Eu começaria proibindo as bactérias de infectarem pessoas.
:hein: o que tem uma coisa a ver com a outra?

Serviços de saúde têm custos e exigem trabalho. Dizer que a saúde é um "direito garantido" em um pedaço de papel não vai fazer automaticamente as pessoas terem acesso a estes serviços independente de qualquer outra circunstância.
Assim como nenhum direito.

Não. A maioria do que se convencionou chamar de "direitos" são apenas proibições, ou seja, para serem cumpridos, as pessoas devem apenas NÃO fazerem certas coisas (Ex: matar, roubar, escravizar, etc). A saúde é diferente: para ser cumprido, serviços complexos precisam ser feitos e insumos caros precisam ser produzidos. Logo, precisa-se de muito dinheiro.
 

Claro que precisa de muito dinheiro. É supostamente por isso, por sermos um Estado Social, que a tributação é tão alta. Direitos não são apenas proibições e não são meras inscrições em folhas de papel como você falou mensagens atrás. O fato de você estar escrevendo aqui livremente, podendo falar a vontade de quanto o sistema de saúde é ruim, é, entre outros motivos, por você possuir direito de liberdade e liberdade de expressão, um direito "escrito" na Constituição e com eficácia plena e imediata. Não é pelo fato de estar escrito, mas pelo fato de que ele está sendo executado e é uma garantia sua contra o Estado

Segundo nossa Constituição, o direito a saúde está no mesmo patamar. É um direito fundamental, com eficácia direta e imediata. Logo, o Estado precisa por a mão no bolso para prestar esse direito. A comparação que fiz com o sistema financeiro é para demonstrar o quanto as prioridades são deturpadas e quanto discurso de que não há recursos suficientes não procede.

O problema levantado da má gestão também é algo importante. Realmente não basta só dinheiro. No Brasil, antro de corrupção, acredito que parte substancial do dinheiro destinado a saúde é jogado no ralo. No Brasil existem milhares de leis e burocracia para fiscalizar para onde va o dinheiro e, mesmo assim, ele é desviado. Tenho certeza que em muitos países a fiscalização é muito menor e a corrupção também. O problema está na falta de ética e noção de cidadania do brasileiro que é péssima.

 
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Offline Osler

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #69 Online: 07 de Dezembro de 2012, 16:22:38 »
Porque se pensa apenas em tratamento. A lógica seria o investimento em promoção da saúde. Também existe a questão da hierarquização dos níveis de atenção e a regulação. Resolvendo-se isso a questão do financiamento se reduz um pouco.

Sim, mas como você mesmo afirmou isso reduz o problema, mas o fato é que é impagável o acesso total aos recursos de saúde, fato reconhecido pela OMS.
Do modo com a saúde está estruturada, talvez. Por curiosidade, qual deveria ser a proposta?

Derfel, desculpe pela demora na resposta.
A proposta atual não está equivocada per si. 
Um sistema como descentralização, privilegio de verbas para a atenção básica, melhora da gestão e RH, massificação do acesso a saúde, esforços de sanitarismo e educação, etc...  me parece o desejável, mais eficaz e economicamente viável.
Porém mesmo se esse sistema funcionasse plenamente, como volume gigantesco de investimento e custeio, com a diminuição da alta complexidade devido a prevenção, mesmo assim a conta de usar todos os recursos medicamente possíveis para todos continuaria impagável.

Um passo que acho importantes seria essa discussão ser aberta, coisa que não é pois é muito impopular e ninguém (governo, sociedades médicas, operadoras, políticos, etc..) quer abrir essa caixa de pandora.
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #70 Online: 07 de Dezembro de 2012, 17:08:19 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova.

Na verdade tem muita coisa que não depende de higiene bucal "convencional"/"caseira", tem fatores hereditários bastante fortes.

E precisaria também de água potável e creme dental ou sabão.

http://www.news-medical.net/news/20100416/Certain-genetic-variations-linked-to-tooth-decay-periodontitis.aspx

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #71 Online: 07 de Dezembro de 2012, 17:14:34 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova. "Defeitos metabólicos" podem ser controlados por uma dieta. Várias bactérias e outros microrganismos são susceptíveis a antibióticos baratos ou a quimioterápicos também relativamente baratos. Boa parte dos tumores (se com isso quer dizer câncer e não tumor mesmo) são tratados de uma forma relativamente barata se descobertos, no início. Um conjunto de hábitos saudáveis também previne uma série de agravos.

Derfel, eu não estou me referindo APENAS à atenção primária ou preventiva. Se apenas isso fosse oferecido pelo governo, creio que o financiamento da saúde nem seria um problema a ser discutido.

Falo das cirurgias que custam dezenas de milhares de reais (Ex: revascularização miocárdica), dos aparelhos caríssimos, dos altos salários de alguns profissionais, de medicamentos que custam mais de 2000 reais por ampola (como os anti-retrovirais, alguns antibióticos cujo grama é 10 vezes mais caro do que o ouro), das UTIS cuja diária é 5000 reais, etc.




Dean Ornish sugere que se houvesse estratégias melhores de saúde pública preventivas, focando mudanças de hábito e as coisas que assistem nisso, se economizaria muito com procedimentos de "remediação" posterior ao surgimento ou agravamento de uma condição.

Offline JJ

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #72 Online: 08 de Dezembro de 2012, 08:17:11 »
Resumindo: Alguns sistemas de saúde são totalmente impraticáveis e ficarão insolventes, mais cedo ou mais tarde.

Isso é muito discutível... Sempre há dinheiro para salvar bancos geridos de maneira incompetente para preservar o "sistema financeiro". A crise de 2008 prova isso, mais de um trilhão de dólares jogados no ralo. Já quando o assunto é saúde, para liberar um bilhão é quase um milagre e nunca dá...

A fonte do dinheiro para salvar bancos é de uma diferente da utilizada para manter o sistema de saúde. Se utilizarem o mesmo "tipo de dinheiro" que é utilizado para fomentar o mercado financeiro na saúde, a qualidade desta não terá progressos relevantes.

Como que não? Quem define as fontes é o Estado, uma vez que, elege como prioridade a especulação financeira e o socorro a gente incompetente e inconsequente desta área ao invés de se comprometer com direitos sociais de cunho prestacional. Por que não existe princípio da reserva do possível (limite financeiro para prestação de direitos sociais) para o mercado financeiro, mas existe quando o assunto é saúde, educação alimentação, etc?

Como o Price já disse, o mercado financeiro pode, com sucesso, ser socorrido a liberação de moeda (redução dos depósitos compulsórios, mercado aberto, etc) e a saúde não. 




Muita gente parece que esquece ou finge que não vê que o dinheiro para salvar os irresponsáveis do mercado financeiro  vem em grande parte do endividamento público, da emissão de títulos do tesouro, isso aconteceu no Brasil e também outros países.





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Offline Derfel

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Re:Pela 1ª vez em 40 anos Europa reduz orçamento da saúde
« Resposta #73 Online: 08 de Dezembro de 2012, 18:35:35 »
Nem sempre. Para se resolver os principais problemas de saúde bucal é necessário apenas uma escova.

Na verdade tem muita coisa que não depende de higiene bucal "convencional"/"caseira", tem fatores hereditários bastante fortes.

E precisaria também de água potável e creme dental ou sabão.

http://www.news-medical.net/news/20100416/Certain-genetic-variations-linked-to-tooth-decay-periodontitis.aspx

Buck, no caso da cárie, ela é uma doença multifatorial que pode ser etiologicamente representada na tríade de keyes (fatores do hospedeiro, dieta e microbiota) mais um quarto fator que é o tempo. A dieta refere-se a uma dieta cariogênica, rica em carboidratos, que também tem a ver com a frequência de ingestão. A microbiota tem a ver com o tipo de microrganismo, associado a (mas não exclusivamente) altos níveis de Streptococcus mutans. E essa microbiota é adquirida principalmente pelo contato com mãe, havendo, porém, outras fontes de contágio. Por fim existem os fatores do hospedeiro, que incluem fluxo salivar, capacidade tampão da saliva, IgA, tipo da estrutura dentária (hidroxiapatita, fluorapatita, fluorhidroxiapatita), morfologia dentária, oclusão, hábitos de higiene e outros fatores mais. Claro, existe também o tempo. É a presença desses fatores da tríade em um dado tempo que definirá a presença ou não da cárie. Um placa bacteriana madura possui 14 dias ou mais. Eliminando-se ou atuando-se sobre um dos fatores reduz-se o risco a cáries. E a remoção mecânica é o principal método de controle da placa. Ou ela remove a placa ou a desestrutura, onde a escova alcança. O creme dental é apenas um ator coadjuvante, contribuindo para a remoção mecânica da placa, graças ao uso de abrasivos, ou para o biodisponibilidade do flúor, que se incorpora ao esmalte como fluorapatita ou como fluorhidroxiapatita durante o processo de desmineralização/remineralização. Eventualmente apresentam agentes químicos que atuam sobre a placa, como o triclosan, ou outra ação específica, como agentes clareadores ou desensibilizadores.

A periodontite, similarmente à cárie, também apresenta fatores como a microbiota presente e fatores do hospedeiro. No caso, existem uma série de microrganismos associados à doença periodontal, mas independente de qualquer microbiota, oumesmo do próprio hospedeiro, qualquer placa de 21 dias vai provocar gengivite. Isso se sabe desde os estudos de Löe da década de 60. Agora, se essa gengivite vai ou não evoluir para uma periodontite vai depender da periodontopatogenicidade da microbiota e da resposta do hospeiro à inflamação. Os fatores do hospedeiro envolvem também a composição salivar e ph. De qualquer maneira, eliminando o agente etiológico (placa/biofilme periodontopatogênico) previne-se o aparecimento da periodontite (pelo menos a do adulto). E novamente a melhor forma para isso é a escovação mecânica, pelos mesmos motivos apresentados anteriormente para a cárie. Em casos específicos que necessitam de um agente químico ou antibioticoterapia.


 

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