Autor Tópico: Arte contemporânea - Nexus Vomitus  (Lida 8363 vezes)

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #25 Online: 14 de Dezembro de 2012, 21:57:08 »
O que, para você esse elemento próprio da arte? Segundo eu entendi, ela tem um elemento subjetivo ligado ao observador e um elemento próprio e intrínseco que não está ligado ao observador. O que é esse elemento? O que o constitui? Veja, pra mim como já disse tudo vem do observador então não compreendo. Por exemplo, imagine o lugar mais bonito do mundo, uma paisagem deslumbrante, num por do sol que 10 em 10 pessoas dissessem que aquilo é lindo, hipoteticamente (porque sabemos que existem os chatos). Mesmo que todos dissessem que é lindo, o que o torna lindo, alguma qualidade própria da paisagem ou nossa visão sobre ela. Um cachorro vê aquilo e ao que parece não vê muita graça porque não tem senso estético; Ou imagine que seres de um outro planeta viessem para cá ver o por do sol, mas eles são de uma outra constituição e sei lá, o planeta deles é todo cinza, então no senso estético deles nossa paisagem poderia ser horrorosa porque pro senso estético deles lindo é uma determinada combinação e gradação d cinzas... Enfim eu não vejo onde estaria essência da obra de arte e do belo senão no observador, logo é subjetiva e cada um terá algo como belo...

Eu até chego a concordar com você quando tenta colocar em debate a essência da Arte e não apenas defender a sua visão. De fato, o debate cresce e dá frutos quando procuramos entender o ângulo do outro e tentamos dar um melhor contorno ao objeto da conversa.

Também concordo com o seu questionamento sobre o observador que não sabe (no exemplo do cão) ou não entende a cultura em que a Arte está sendo exposta (no caso do alienígena). Está aí um exemplo de comunicação unilateral: a audiência não foi atingida, apesar da Arte possuir atributos notáveis para ser enquadrada como tal.

Por isso que eu falei do canal de duas vias, que a Arte traga características próprias e que a audiência possa decodificar isso. Se um lado falhar, a Arte não cumpriu seu papel.

Mas, e o que vem a ser esses atributos característicos de Arte? Aqui, chegamos num ponto que não se tem uma boa definição do que é o belo. Nem sei se é possível a determinação formal do conceito estético do que é belo. Eu também não sou a pessoa certa para entrar nessa seara, muito vasta que é a de analisar, dissecar e emitir definições, formas e parâmetros do que o ser humano chama de beleza.

Mas, pelo pouco que sei e entendo, algo considerado belo é aquilo que traz, em si mesmo, independente da audiência, características que fogem um pouco ao padrão de um determinado espaço amostral, que possua algum tipo de simetria, que harmonize tons, cores, notas, ritmos, que tenha alguma correlação matemática em frequências, que apresente séries homogêneas, razão áurea, Fibonacci, e mais um mundo de outros atributos que sempre provocam sensibilização na audiência.

É muito claro de que o que expus no parágrafo acima está pobre demais em definição e muito aquém do que realmente poderia se dizer de belo. Pode até mesmo estar completamente errado, pois sou passível de escrever muita asneira por aí.

Portanto, se mais alguém puder completar, ou refutar completamente, por favor, sinta-se à vontade.

Mas, na minha visão, arte exige trabalho, suor, criatividade, noites sem sono, labor, genialidade, empenho, afinco, esmero, zelo, esforço e uma visão privilegiada que faz o artista moldar algo que vai tirar o fôlego de muita gente.

Não é aquilo que qualquer um chega e faz, e se um transeunte quiser fazer também, faz igual. Repetir o que dançarinos, músicos e pintores clássicos fizeram, um Michelangelo, um Stravisky, um Degàs, um Bach, um Baryshnikov, um Aleijadinho fizeram não é qualquer um que faz.

Todos nós até podemos ser artistas, mas artistas domésticos. Para as grandes multidões, há de se ter mais talento e técnica.
A capacidade de transgredir é o que nos torna sujeitos da transformação.
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Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #26 Online: 14 de Dezembro de 2012, 22:00:22 »
[...]
Bem, o importante é ser feliz, não é mesmo?

 :biglol:
Eu ia concordar pra não parecer chato demais, mas se eu discordo eu discordo. Essa ditadura da felicidade é um saco, porque é irreal. O importante segundo Nietzsche é a expansão dos afetos no mundo, aceitando todos os afetos que nos vem como sendo parte da vida, inclusive o sofrimento. Se negamos o sofrimento negamos a vida e a nós mesmos, caímos no nosso niilismo cotidiano...

Mas, não sou tão chato assim também, e buscar a felicidade sim é um ideal ético dos mais importantes... Na vida real não sou tão chato quanto aparento...   :biglol:
« Última modificação: 14 de Dezembro de 2012, 22:02:40 por AleYsatis »
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Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #27 Online: 14 de Dezembro de 2012, 22:10:18 »
O que, para você esse elemento próprio da arte? Segundo eu entendi, ela tem um elemento subjetivo ligado ao observador e um elemento próprio e intrínseco que não está ligado ao observador. O que é esse elemento? O que o constitui? Veja, pra mim como já disse tudo vem do observador então não compreendo. Por exemplo, imagine o lugar mais bonito do mundo, uma paisagem deslumbrante, num por do sol que 10 em 10 pessoas dissessem que aquilo é lindo, hipoteticamente (porque sabemos que existem os chatos). Mesmo que todos dissessem que é lindo, o que o torna lindo, alguma qualidade própria da paisagem ou nossa visão sobre ela. Um cachorro vê aquilo e ao que parece não vê muita graça porque não tem senso estético; Ou imagine que seres de um outro planeta viessem para cá ver o por do sol, mas eles são de uma outra constituição e sei lá, o planeta deles é todo cinza, então no senso estético deles nossa paisagem poderia ser horrorosa porque pro senso estético deles lindo é uma determinada combinação e gradação d cinzas... Enfim eu não vejo onde estaria essência da obra de arte e do belo senão no observador, logo é subjetiva e cada um terá algo como belo...

Eu até chego a concordar com você quando tenta colocar em debate a essência da Arte e não apenas defender a sua visão. De fato, o debate cresce e dá frutos quando procuramos entender o ângulo do outro e tentamos dar um melhor contorno ao objeto da conversa.

Também concordo com o seu questionamento sobre o observador que não sabe (no exemplo do cão) ou não entende a cultura em que a Arte está sendo exposta (no caso do alienígena). Está aí um exemplo de comunicação unilateral: a audiência não foi atingida, apesar da Arte possuir atributos notáveis para ser enquadrada como tal.

Por isso que eu falei do canal de duas vias, que a Arte traga características próprias e que a audiência possa decodificar isso. Se um lado falhar, a Arte não cumpriu seu papel.

Mas, e o que vem a ser esses atributos característicos de Arte? Aqui, chegamos num ponto que não se tem uma boa definição do que é o belo. Nem sei se é possível a determinação formal do conceito estético do que é belo. Eu também não sou a pessoa certa para entrar nessa seara, muito vasta que é a de analisar, dissecar e emitir definições, formas e parâmetros do que o ser humano chama de beleza.

Mas, pelo pouco que sei e entendo, algo considerado belo é aquilo que traz, em si mesmo, independente da audiência, características que fogem um pouco ao padrão de um determinado espaço amostral, que possua algum tipo de simetria, que harmonize tons, cores, notas, ritmos, que tenha alguma correlação matemática em frequências, que apresente séries homogêneas, razão áurea, Fibonacci, e mais um mundo de outros atributos que sempre provocam sensibilização na audiência.

É muito claro de que o que expus no parágrafo acima está pobre demais em definição e muito aquém do que realmente poderia se dizer de belo. Pode até mesmo estar completamente errado, pois sou passível de escrever muita asneira por aí.

Portanto, se mais alguém puder completar, ou refutar completamente, por favor, sinta-se à vontade.

Mas, na minha visão, arte exige trabalho, suor, criatividade, noites sem sono, labor, genialidade, empenho, afinco, esmero, zelo, esforço e uma visão privilegiada que faz o artista moldar algo que vai tirar o fôlego de muita gente.

Não é aquilo que qualquer um chega e faz, e se um transeunte quiser fazer também, faz igual. Repetir o que dançarinos, músicos e pintores clássicos fizeram, um Michelangelo, um Stravisky, um Degàs, um Bach, um Baryshnikov, um Aleijadinho fizeram não é qualquer um que faz.

Todos nós até podemos ser artistas, mas artistas domésticos. Para as grandes multidões, há de se ter mais talento e técnica.
Na verdade não há refutação por que você está certíssimo... Não há definição universal do belo para que alguém possa afirmar saber o que é o belo. então essa sua definição:

"Mas, pelo pouco que sei e entendo, algo considerado belo é aquilo que traz, em si mesmo, independente da audiência, características que fogem um pouco ao padrão de um determinado espaço amostral, que possua algum tipo de simetria, que harmonize tons, cores, notas, ritmos, que tenha alguma correlação matemática em frequências, que apresente séries homogêneas, razão áurea, Fibonacci, e mais um mundo de outros atributos que sempre provocam sensibilização na audiência."

Ela está certíssima para alguém que vê a arte como técnica. É só isso que queria mostrar no tópico, a sua definição é verdadeira sim, para você e quem concordar com ela. Pra mim, algo belo é completamente o oposto é algo que quebra um padrão racional e brota o mais puro possível do subconsciente. E eu estou certo também. Como que alguém pode dizer pelo outro o que é belo. O belo como tentei mostrar não é esterno é julgamento consciente.

O que a maioria das pessoas chama de arte desde a modernidade, eu assumo que é arte sim, não é a melhor arte na MINHA OPINIÃO. Agora a questão é, vocês conseguem aceitar que o que eu vejo como arte também é arte? Ou só vocês sabem o que é arte e o que é belo e eu estou simplesmente errado, porque novamente pelo nosso modelo racional e excludente pra alguém estar certo, sempre alguém deve estar errado??
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Offline Canopus

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #28 Online: 14 de Dezembro de 2012, 22:21:00 »
O que a maioria das pessoas chama de arte desde a modernidade, eu assumo que é arte sim, não é a melhor arte na MINHA OPINIÃO. Agora a questão é, vocês conseguem aceitar que o que eu vejo como arte também é arte? Ou só vocês sabem o que é arte e o que é belo e eu estou simplesmente errado, porque novamente pelo nosso modelo racional e excludente pra alguém estar certo, sempre alguém deve estar errado??

Acho que você está focalizando demais na performance do artista, no sofrimento dele, na sua angústia e, sendo assim, você quase que se solidariza com ele e é tocado por aquele desempenho. Novamente, com todo respeito, não é um insulto, mas parece que você se envolve demais nisso e fica um pouco cego para o valor artístico do objeto exposto. Percebo (posso estar errado) que você se deixa embalar mais pela pessoa do artista, pelo suposto drama que ele se utiliza para produzir a "instalação" ou o que seja. É como se você tomasse para si as dores, os sentimentos dele e passa a interpretar em si mesmo um vislumbre por algo de altíssimo valor artístico, mesmo que seja um vômito (nada contra vômitos, mas aquele do vídeo não conduz arte em si).

Seria isso?

Questione mais o objeto que é apresentado. A não ser que a arte que você queira apreciar seja mais a ação do fazer do que o objeto pronto.
É diferente para você ver o resultado sem ter visto como ele foi feito, do que assistir a todo o processo de criação?

Mesmo que aquela moça vomitando (ou o elefante passando a tromba com tinta numa tela) provoque sentimentos em você, isso é muito banal e corriqueiro. Não estaria corretamente dentro do que se convencionou de beleza.
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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #29 Online: 14 de Dezembro de 2012, 22:53:54 »
O problema é que até hoje nunca se convencionou nada sobre beleza, e mesmo que fosse consenso. Não é porque é consenso que é a verdade de todos e tenho que aceitar.

Mas você está me lendo corretamente, não não dou valor ao objeto em si. Porque como tentei mostrar aquela hora com os exemplos do cachorro e do alien o objeto em si não tem valor algum sem o observador. Você mesmo disse que não saberia dizer o que é essa essencia universal de belo... Se você trazer uma definição do belo que seja verdadeira TODOS terão que aceitar porque a verdade se é verdade é clara e distinta como diz Descartes, a verdade ela tem que ser universal, senão não é verdade. Então sua definição eu aceito como SUA, define o que é arte para VOCÊ.

O que prova que arte tem que ser o que você falou e não o que eu falei. O que prova sua tese de que o belo é aquilo que tem técnica e ordem e não aquilo que tem emoção e valor subjetivo, como eu afirmo??

Nem eu posso provar que você está errado, nem você a mim, porque nenhum de nós dois estamos errados, estamos ambos certos porque falamos de coisas diferentes. O que para você é arte pra mim é mera técnica; o que pra mim é, para você é mera emoção dissociada de um objeto...

Como saímos disso sem admitir que a arte e o belo são completamente subjetivos? E portanto sim, tudo pode ser arte?
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Offline Canopus

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #30 Online: 16 de Dezembro de 2012, 00:51:31 »
Outro dia, Caetano Veloso fez uma viagem num trem de interior. Ele resolveu descrever o passeio usando as cores que viu. O resultado foi essa preciosidade:

<a href="http://www.youtube.com/v/7Gxu06TPiJY" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/7Gxu06TPiJY</a>

Ouçam a música duas vezes. A primeira, para serem apresentados a ela, caso não conheçam, e a segunda, para apreciar a genialidade em encaixar as cores na delicadeza da poesia, que descreve um prosaico passeio de trem.

Que paisagem! Que beleza!

Como falamos antes das cores no vômito de Millie Brown, aqui nós temos outro emprego para elas. Temos as mesmas cores primárias e também a sutileza dos seus tons, em rosa-chá, chumbo, o ouro, a prata, e ainda em meio às frutas romã e açaí.

Somos conduzidos pelo mesmo passeio, testemunhas dessa rica profusão de cores, desse belíssimo quadro que retrata os caminhos percorridos, embalados pela doce melodia, embebidos pelo arco-íris melodioso.

Uma música simples, suave e deliciosa.

E o mais inquietante é o aparente descaso com que ele nos apresenta sua música como uma "musiquinha qualquer", sem afetação típica de quem quer dourar sua pílula mais do que a dos outros. Pela simplicidade da melodia, pela beleza de sua poesia, pela riqueza de inspiração e criatividade, pelo banho de cores e sons que ele nos oferece, assim meio displicente, como quem não quer nada, essa "musiquinha qualquer" é alçada ao patamar de obra-prima, de jóia preciosa.

Essa é a Arte! Esse é o Artista!
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Offline Canopus

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #31 Online: 16 de Dezembro de 2012, 01:01:22 »
Citar
Trem Das Cores
Caetano Veloso

A franja na encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo
Ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores
Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial
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Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #32 Online: 16 de Dezembro de 2012, 05:11:35 »
Se só você detém esta certeza, quem sou eu para discordar. Como não posso afirmar o que a arte é ou não, só posso acreditar em você. Vou avisar meu professor de estética que alguém descobriu o graal. Mas já que só você sabe o que é e o que não é arte, deveria ser curador arte, já pensou nisso, salvar o mundo da ignorância?
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Offline Filosofo Superficial

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #33 Online: 16 de Dezembro de 2012, 11:17:52 »
Arte é inútil.

Se a sua avaliação se refere àquela que foi descrita pelo forista autor do tópico, eu concordo.

Arte com Vômitos não é arte. É vontade de aparecer.

Eu assisti "Basquiat" uns dias atrás. Aquilo é arte, o filme e o artista.

Mais um artista contemporâneo agradece por você ter feito  justamente o que ele esperava.
"Se vivemos num mundo com tantas dimensões, como podemos fazer a distinção entre Ilusão e Realidade?"

"Enquanto não se escolhe, tudo permanece possível"

Offline Canopus

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #34 Online: 17 de Dezembro de 2012, 13:33:19 »
Esse tipo de interpretação só é possível graças a um apelo de autoridade.
Se não fosse Yoko Ono, ou outra celebridade qualquer, ninguém teria argumento para chamar essa performance de arte.
Nem aplaudir no final.

<a href="http://www.youtube.com/v/lrJz9Dh5MsM" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/lrJz9Dh5MsM</a>

Ela também fez incursões no mundo da moda, já essa, mais palatável.
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Offline Price

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #35 Online: 17 de Dezembro de 2012, 14:25:22 »
Esse tipo de interpretação só é possível graças a um apelo de autoridade.
Se não fosse Yoko Ono, ou outra celebridade qualquer, ninguém teria argumento para chamar essa performance de arte.
Nem aplaudir no final.

<a href="http://www.youtube.com/v/lrJz9Dh5MsM" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/lrJz9Dh5MsM</a>

Ela também fez incursões no mundo da moda, já essa, mais palatável.


Isso aí é idiotice. Eu fui para uma balada sexta e posso falar com base em todos os conceitos difusos de arte pra justificar o porquê da apresentação do DJ ter sido "mais artística" ou "mais culturalmente relevante" do que os gemidos dessa mulher, na verdade, se o esforço for grande, dá pra deixar um DJ acima de um cantor de ópera.
« Última modificação: 17 de Dezembro de 2012, 14:27:35 por Price »
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #36 Online: 19 de Dezembro de 2012, 04:14:17 »
SOBRE A ARTE E A VIDA

17 DE DEZEMBRO DE 2012

tags: Arte, Arthus Bispo do Rosário, esquizofrenia, linguagem, loucura

Dias atrás escrevi um texto para o livro do Projeto Arte de Viver do Instituto Lado a Lado que promove um concurso de pintura e poesia com esquizofrênicos. Quando pensamos em esquizofrenia e arte é impossível não lembrar de de Arthur Bispo do Rosário, nosso grande artista brasileiro, e de Aby Warburg, o grande estudioso alemão que fundou a iconologia. Ambos eram esquizofrênicos. Como em sentidos diversos, a sociedade inteira é esquizofrênica (já o dizia Warburg), sugiro a leitura do texto que pode nos ajudar a entender o que se passa em nossos dias em relação à arte, esta que sempre nos salva de todo mal, inclusive o mal de viver.

Sobre a Arte e a Vida

Um dos problemas que enfrentamos em relação à arte hoje é que precisamos entendê-la, mas isso só pode acontecer de um jeito diferente de como a entendíamos em outras épocas. Saber que cada época tem a sua arte, assim como cada tempo e cada espaço, não facilita muita coisa. É preciso levar em conta também a particularidade de cada pessoa que faz arte; daquela pessoa que, profissionalmente ou não, é, de algum modo, artista.

Talvez a arte de tempos anteriores ao período modernista do século XX, seja até hoje evidente como arte para nós. Um quadro de Leonardo da Vinci, para citar um italiano muito conhecido e cuja obra ninguém se negaria a chamar de arte, nos oferecia referenciais de compreensão com os quais muitas vezes poderíamos pensar que tínhamos o mundo da arte nas mãos. Com base nesses referenciais entendíamos que a arte era boa se imitava bem a realidade em termos técnicos, se além de tudo, emocionava e, até mesmo, se agradava e, assim, de algum modo, entretinha. A arte da pintura tinha a função de nos iludir sobre a realidade. Depois, com o modernismo, as pessoas aprenderam a muito custo a não “entender” de arte, a aceitar sua ignorância como observadores. Alguns, mais felizes, aceitaram o enlouquecimento das formas. Compreenderam que uma figura como Picasso – para citar outro europeu, bem menos aceito que Da Vinci, mas a seu modo também reconhecido por sua linguagem genial – tinha feito uma revolução estética. Perceber que esta revolução estética é também política e ética já é uma ideia mais difícil de se ter, mas muitos também se deram conta disso.

Por outro lado, para os menos preocupados, a arte passou a ser apenas uma espécie de loucura aceita. Ou um lugar para fazer loucuras sem maiores consequências. Estavam enganados, pois a arte nunca é uma experiência banal para quem a realiza. A loucura da arte sempre foi a mais perigosa, porque ela podia mudar a sensibilidade das pessoas e assim ensinar um outro jeito de ver o mundo. Mudando a visão das coisas, um outro modo de agir no mundo era possível. Diga-se de passagem que um jeito livre de viver a vida e de expressá-la nunca agrada aos que agem como donos de quaisquer poderes.

Levando em conta estes aspectos. O que é a arte hoje? Arte não é apenas expressão, nem só comunicação de uma ideia, nem apenas um problema de qualidade estética de uma obra. Arte, tampouco é uma questão conceitual. Arte é, para nós hoje, muito mais uma questão de experiência estética. Mas o que é isso? Todos nós vivemos experiências estéticas, poucos tem experiência com a arte. Experiência estética é a vida da percepção, das sensações que vão do sentimento diante de um filme até o uso de drogas. O mundo da estética é vasto e nem sempre está povoado de arte. A indústria da cultura, os meios de comunicação de massa que administram a experiência sensível das pessoas em geral, ocupam o espaço onde poderia acontecer o despertar da sensibilidade ao qual podemos dar o nome de arte. Aquilo que chamamos de Indústria Cultural acaba com esta chance de despertar da sensibilidade. E ela consegue isso por uma estranha norma estética: a que decreta a criatividade deturpada da publicidade enquanto as potências da arte são confinadas ao espaço dos especialistas. Diante desse quadro, cabe perguntar, como podemos chegar à arte, quando o sistema econômico e político organizado esteticamente conspira contra ela?

Obra de Arthus Bispo do Rosário

Arte se tornou justamente aquilo que se pode realizar fora dessa norma, na contramão da mera indústria cultural e até mesmo das regras que, de um modo ou de outro, os especialistas vão definindo. E aí voltamos ao problema. A norma estética é culturalmente tão forte que muitas vezes não fazemos ideia de como chegar à arte. Como produzi-la? É comum que pessoas que desejam escrever, por exemplo, não tenham ideia de como fazê-lo, porque interpretam a arte da literatura do ponto de vista de uma instituição que deve ter a propriedade da norma a ser seguida. O mesmo ocorre com a pintura. A técnica em pintura é uma coisa maravihosa, mas justamente porque se pode usá-la para combater a própria ideia de uma regra. Muitas vezes as pessoas acreditam sem questionamento que há uma norma para fazer a arte, como se a arte não fosse justamente a contraposição a esta norma.

A arte e a loucura

Além disso tudo, a origem da arte – o motivo pelo qual precisamos fazer arte – permanece misteriosa para nós. Não é por acaso que ela partilha seu caráter misterioso com a loucura, acontecimento da vida cuja origem também perdemos de vista. Aquilo que chamamos de loucura é, independentemente de querermos julgá-la como doença ou não, uma saída da norma de conduta e até mesmo da norma de pensamento que esperamos uns dos outros enquanto as instituições (do Estado à Família) esperam de cada indivíduo. O termo “loucura” é pouco usado hoje em dia senão para expressar um exagero, uma aberração, uma estranheza, uma incompreensão. Mas o termo ainda é válido, embora pareça politicamente incorreto, justamente porque marca um lugar amplo de fenômenos que não podemos compreender, sejam eles bons ou maus. A palavra anda por aí em nosso dia a dia e, desde que a psiquiatria invadiu a esfera da vida, medicalizando todos os fenômenos mentais e espirituais, o termo loucura foi varrido para debaixo do tapete. O uso da palavra, no entanto, é pertinente, quando queremos apenas definir o amplo campo da inadequação ao qual está lançada a experiência mental e de linguagem de muitas pessoas.

Mas há outro aspecto ainda mais importante para compreender a relação entre arte e loucura.  É a questão do sentido da arte. Em geral não há consenso em relação ao que podemos chamar “o sentido da arte”. Assim, podemos partir da ideia de que a arte partilha também com a loucura o problema do sentido. Mas se a arte ainda pode ter um sentido, a loucura é o que não terá sentido jamais. Ela representa uma ruptura justamente com o sentido que a arte pode, de algum modo, vir a constituir. Neste sentido, a arte surge em contraposição à loucura. Ao mesmo tempo, a semelhança entre elas pesa mais do que a diferença.

No meio do caminho de nossos pensamentos sobre o tema, podemos nos perguntar: quantas vezes confundimos arte e loucura? Quantas vezes simplesmente associamos uma à outra como se viessem do mesmo fundo obscuro. Não está errado pensar assim. Tampouco está certo. Mas a questão ainda não é bem essa quando o que está em jogo é o mistério da complexa condição humana expressa na arte ou na loucura. Se a arte é a saída da norma, assim como a loucura, por que tendemos a olhar para artistas em estado de loucura como se o que fizessem não fosse arte? Não entendemos de arte, podemos alegar gentilmente para escapar do problema. E talvez seja a saída mais hábil. Mas deveríamos também dizer que não entendemos nada de loucura. Ao não saber o que fazer com isso, entregamos os saberes e os poderes aos especialistas, como se não precisássemos nos comprometer com esses dados da cultura e da existência.

Muitos grandes artistas foram loucos ou mais ou menos loucos. Ou pelo menos foram vistos como estranhos, excêntricos, anormais. Depois da invenção do dignóstico e o avanço do poder da psiquiatria, a loucura foi confinada e explicada. Seu caráter misterioso e incontido criou contornos suportáveis. Sua desmedida foi metrificada. Sabemos da insuficiência da ciência em relação à questão das doenças mentais, nome que damos ao que não conhecemos senão por classificar. E a sociedade sustenta o discurso da ciência porque é, de todos, o mais confortável quando se trata dessa vasta estranheza, deste reino obscuro e sombrio que é o da loucura. Detalhe importante neste contexto e ao qual devemos ficar atentos no contexto desta reflexão é que a ciência também não pode explicar a arte.

A arte escapa, assim como a loucura, dos discurso científicos que tentam amarrá-la. Neste sentido, ela tem mais poder que a loucura. E este poder vem do fato de que a arte é a linguagem universal. Somente ela une o reinos tão ideologicamente separados quanto o dos que são designados como sãos e o dos que manifestam-se no lugar do que os ditos sãos entendem como doentes. Sabemos, contudo, que esta divisão é produto de uma cultura em que a ciência impera como articulação da verdade absoluta sobre o sentido do campo da loucura. Se olhamos do ponto de vista da arte, tudo muda. O que para a ciência é doença por sair da norma, para a arte é o elemento comum. Um simples modo de ser.

O Projeto Arte de Viver, por meio do Concurso de Poesias e Pinturas, quer dar lugar a essa diferença fazendo despertar o conhecimento no âmbito de uma compreensão maior sobre a vida da experiência mental, seu sofrimento e suas características. Sobretudo, seu fim maior é promover uma nova ética, aquela do respeito à individualidade e à singularidade da existência de cada pessoa e sua potência expressiva que é a arte.

http://filosofiacinza.com/2012/12/17/sobre-a-arte-e-a-vida/
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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #37 Online: 19 de Dezembro de 2012, 09:05:43 »
Um bom texto, AleYsatis (RIP).
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Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #38 Online: 22 de Dezembro de 2012, 10:32:07 »
A música Avant-garde de Diamanda Galas...

Aqui há a técnica que vocês prezam, um piano virtuoso e a desconstrução e inovação necessária à construção de algo que mereça ser chamado de vanguarda.

Diamanda Galas - Judgement Day (live):
Diamanda Galás Saint of the Pit:
Diamanda Galas - Supplica a mia madre (Pasolini / Galas):
Diamanda Galas - Si la muerte:
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Offline Barata Tenno

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #39 Online: 22 de Dezembro de 2012, 12:28:58 »
Pra ser inovador não é preciso abrir mão da técnica, Picasso foi um grande inovador usou e criou técnicas novas, o mesmo pra Van Gogh.  Aí está a genialidade, unir técnica com inovação.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Filosofo Superficial

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #40 Online: 22 de Dezembro de 2012, 12:58:17 »
Pra ser inovador não é preciso abrir mão da técnica, Picasso foi um grande inovador usou e criou técnicas novas, o mesmo pra Van Gogh.  Aí está a genialidade, unir técnica com inovação.

Mas a arte contemporânea quer inovar de outro jeito! Ela quer que as pessoas se pergunta  "O que é arte?" "Esse quadro vomitado é mesmo arte?", "O que na arte é feio?" "O que na arte é bonito?" "O que é feio?" "O que é bonito?". Cada vez que alguem diz que o trabalho d e um artista contemporâneo não é arte, o cara da um sorriso pensando "Era isso que eu queria".

Enquanto isso aprecia um obra de arte contemporanea:

"Se vivemos num mundo com tantas dimensões, como podemos fazer a distinção entre Ilusão e Realidade?"

"Enquanto não se escolhe, tudo permanece possível"

Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #41 Online: 22 de Dezembro de 2012, 13:16:13 »
É, a arte contemporânea é mais filosófica que meramente estética. O artista contemporâneo quer pensar e fazer pensarem a arte, não quer necessariamente te dar um gozo estético. Então concordo, muitos ficam mais felizes com o estranhamento e o questionamento de sua arte, do que se ela fosse aceita e louvada por todo mundo como arte mesmo...
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Offline Price

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #42 Online: 22 de Dezembro de 2012, 13:23:49 »
Ou seja, até as minhas fezes são arte.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #43 Online: 22 de Dezembro de 2012, 13:31:56 »
Mas nem toda arte contemporânea também é puro questionamento e desestruturação de técnica sem uma estética. A dança contemporânea pode ser vista como pura estética, alias, a desconstrução pode ser uma estética. A estética da loucura, a estética da confusão, a estética do inconsciente e do instintivo, enfim, uma estética muito expressiva sobre nossos dias.

Vejam essas apresentações de Butoh, coisa linda de verdade, acho que até vocês vão gostar, ainda que não possua uma técnica consagrada de dança clássica, possui uma técnica própria sim, e uma estética também própria inovadora.




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Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #44 Online: 23 de Dezembro de 2012, 11:35:44 »
Arte Contemporânea: sobre nossa dificuldade de pensar e fazer

Marcia Tiburi


Nossa experiência com a arte, seja como artistas ou como seus apreciadores, depende de nossa compreensão da arte. A compreensão que é um campo amplo e aberto depende, por sua vez, de algo bem mais estreito: um conceito. O conceito é o eixo em torno do qual se situa nossa compreensão. É com conceitos que nos entendemos, que elaboramos nossa visão de mundo, das coisas, de nós mesmos. A compreensão da arte acontece, por exemplo, quando vemos um quadro, uma peça de teatro e, desde a delimitação do objeto que já temos previamente estabelecida em nosso contexto cultural, pensamos “isso é arte”. Aí podemos gostar dela ou não. O gosto não nasce sozinho, sem um conceito prévio que nos indica que podemos compreender, e que logo podemos aceitar o que vemos, ouvimos ou sentimos. Por outro lado, chamamos de arte contemporânea aquilo que vemos e que, todavia, não conseguimos delimitar muito bem. Se não a entendemos é que não temos um conceito preciso do que ela seja. Ela escapa aos nossos conceitos prévios e, por isso, nos perturba. 

Daí que diante de uma obra contemporânea em vez de afirmar “isso é arte”, cabe muito mais perguntar “isso é arte?” A obra contemporânea quebra com nossa ideia habitual de arte e é por isso que tantos se sentem incomodados ou, pelo menos, desacomodados, diante de suas obras. A desacomodação é o que de melhor uma obra pode nos dar. Mas vejamos como isso tudo é questão de conceito. Os conceitos de arte, como quaisquer conceitos, se dão no tempo. São formulados na história em função de muitos aspectos, tais como poderes econômicos, teorias de filósofos e críticos e, é claro, os trabalhos dos artistas. Mudam os tempos, mudam as perspectivas teóricas e práticas, mudam os pensamentos e as sensibilidades. Por isso, o que se entendia por arte há séculos é diferente do que se entende por arte hoje em dia.

As obras de arte em quaisquer tempos dependem sempre das teorias que são agregados de conceitos. Por isso, costumamos perguntar “o que é arte?” ou perguntar “isso é arte?”, porque não experimentamos a arte sem a teoria que a acompanha. Arte é, portanto, também uma questão de teoria, ou seja, do que pensamos dela.

Nosso entendimento atual das artes deriva de uma compreensão da arte como objeto histórico. Mas este é apenas um lado da questão. Já sabemos a esta altura da vida que tudo muda, que tudo é histórico. O que não sabemos é que nosso conceito de arte deriva da delimitação da obra definida pela história da arte. Pode ser que não saibamos também que aquilo que chamamos de “história da arte” implica uma teoria sobre a arte que classifica objetos, obras, artistas, rituais ou performances segundo critérios teóricos. Pode parecer óbvio, mas é preciso dizer que não percebemos que estamos pensando a partir de ideias prontas quando não estamos pensando por conta própria. Há conceitos prévios que vem do mundo, dos outros, e não de nós e que, no entanto, nos orientam a ter opiniões e ações sobre arte.

Acreditamos ao perguntar “isso é arte?” que esta pergunta é totalmente nossa, que ela define uma dúvida legítima e natural, inevitável e sincera. Porém, mesmo esta pergunta já faz parte de uma teoria, aquela que vem administrar o lugar da arte, reconduzindo toda a expressão e as perspectivas soltas e espontâneas a uma ideia fixa de arte que, a sua maneira, faz o sistema das artes como um sistema de poder, continuar funcionando. O problema do sistema é que ele exclui da diferença enquanto sustenta a identidade como um princípio devorador do pensamento. E, neste caso, também da expressividade artística que resulta de uma reflexão, de uma compreensão de mundo...

Assim como há quem diga que filosofia é “história da filosofia”, que história é “teoria da história”, há quem pense que arte é algo que diz respeito a, ou tem a ver com, “história da arte”. Daí que muitos
vejam a arte como um selo de distinção dado pela “história”, pelos historiadores que confundem facilmente com críticos. Como se o que possa ser arte dependesse de ter estado na história passada, ou de sua chance de “entrar” na história futura. Daí a importância dos artistas
iludidos de aparecerem em cadernos de jornal, livros e textos de teóricos em geral. Há certo desespero nisso, como se a história salvasse da morte da arte, dando consistência ao que facilmente se perderia no fluxo do efêmero a que corresponde a vida. Esta teoria da arte separa
expressões criativas, as invenções que compõem as obras, em coisas que podem ser arte e outras que podem não ser arte segundo critérios sempre relativos a um tempo, a necessidades e interesses de grupos e instituições. A própria arte deixa de ser experiência das pessoas e se
torna, nestes casos, mera instituição que administra a sensibilidade estética das massas assemelhando-se em seus procedimentos com a publicidade - ou dos pequenos grupos de especialistas - ficando restrita a problema de galeristas, críticos, curadores, enfim, o sistema em que a obra surge como fator de poder e distinção.

“Arte contemporânea?”

A confusão de muitos em relação à arte contemporânea deriva do hábito de pensar a partir da ideia de arte definida segundo a história da arte. Ora,  a arte contemporânea não está na história, porque ela está acontecendo hoje, no tempo vivido e não no tempo que podemos experimentar como histórico. Somos extemporâneos do tempo histórico enquanto vivemos no “hoje em dia” construindo, paradoxalmente, o tempo histórico do qual somos estranhamente separados. Verdade é que muito do que chamamos de arte contemporânea esteja já “consagrada” pela teoria e, assim, pelo sistema. Mas a consagração não é a verdade da arte. Ela é pouco para definir a arte, pois que, neste ponto, faz voltar à ideia de arte como um objeto simplesmente “distinto” no sentido de ser um objeto não diferente (como são quaisquer uns em relação a quaisquer outros), mas melhor do que os outros. Em outras palavras,  com este tipo de ideia a arte fica reduzida àquilo que as pessoas tem falado em um sentido vulgar como o “diferenciado”, referindo-se ao “melhor”.

Arte, por sorte, sabem outros, não é selo de distinção, é experiência pessoal e coletiva capaz de criticar e debochar da “distinção” a que tantos reduzem a arte. Por isso é que não importa selar a arte contemporânea com o selo de arte, mas antes experimentá-la em sua estranheza como objeto que não se deixa definir. Quem sabe ela nos mostre algo que ainda não sabemos enquanto acreditamos que a arte cabe em nossas pequenas cabecinhas muitas vezes ocas de tantas ideias
alheias. Arte é também libertar-se do pensamento pronto e ousar pensar, e fazê-lo de um jeito diferente. A verdade da obra está nesse lugar onde ela jamais está pronta. Nós podemos ser artistas quando não estamos mais preocupados com nossos processos do que com definições
e classificações.
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Offline _tiago

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #45 Online: 23 de Dezembro de 2012, 18:30:58 »
Roger Scruton, Why Beauty Matters (2009), a BBC documentary.


Este é só segundo de 6 vídeos, não encontrei o primeiro.
Surgiu primeiro neste tópico: ../forum/topic=25884.0.html#msg653527
Onde o não está mais disponível.


« Última modificação: 23 de Dezembro de 2012, 18:33:11 por _tiago »

Offline Enio

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #46 Online: 24 de Dezembro de 2012, 12:26:50 »
Citar
Onde se encaixaria um tópico sobre arte? Aqui me pareceu o melhor lugar, se quiserem mover fiquem a vontade.

O que é a arte para vocês? Qual a sua serventia? A admiração estética do belo como algo meramente subjetivo não é algo da ordem do "místico" e do "religioso", no sentido de que escapa completamente a razão, como a religião? Como o cético vê a arte?

O que acham da arte contemporânea? Não precisamente artes plasticas, mas artes em geral, seja dança contemporânea, música e etc? Alias, a arte ainda existe na contemporaneidade?

Vejam essa performance magnifica da artista plastica Millie Brown ao "pintar" uma tela com vômito colorido:


Coisa linda linda... 

Bem, temos aqui mais uma forma de expressar arte, rsrsrrsrsrsrsrs. Mas que é nojentinha, é.

Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #47 Online: 24 de Dezembro de 2012, 16:42:23 »
Roger Scruton, Why Beauty Matters (2009), a BBC documentary.


Este é só segundo de 6 vídeos, não encontrei o primeiro.
Surgiu primeiro neste tópico: ../forum/topic=25884.0.html#msg653527
Onde o não está mais disponível.
Interessante até, mas conservador demais pro meu gosto...
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Offline Laura

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #48 Online: 24 de Dezembro de 2012, 19:05:01 »
Então assumimos a arte com visões diferentes, você tem a visão moderna que é pautada mais na técnica, tudo bem mas dai fico com uma dúvida também, a arte assim não seria sempre um mais do mesmo? Onde nasceria a novidade, se é que para você ela precisa de novidade? Eu não consigo ver qual seria a graça se continuarmos eternamente então criando obras que são diferentes manifestações das mesmas técnica, não nos saturaríamos? Será que já não nos saturamos e por isso estamos tentando reinventá-la? Imagine a dança por exemplo continuar para sempre apenas como mera combinação diferente dos mesmos passo do balé clássico, por exemplo...

Aleysatis, penso de forma muito semelhante ao forista Feynman, com a diferença de que acho arte interessante per se e estou sempre em busca de novidades de qualidade no ramo das artes visuais. Aliás, como de certa forma meu trabalho se relaciona com arte, vejo muita arte contemporânea interessante com o fator de ineditismo que você coloca em questão. Então, vou responder a essa pergunta: não precisa ser, e nem é, sempre mais do mesmo.

O exemplo do Julian Beever, dado pelo Feynman no início do tópico, é um exemplo de arte contemporânea. O artista, com uma técnica de pintura impressionante, faz um trabalho genial de perspectiva e surrealismo em via pública. Além disso há a interação de pessoas que se posicionam sobre a obra, passando a fazer parte dela e então a cena é fotografada do exato ponto para o qual a perspectiva foi desenvolvida, sendo essa fotografia a obra final.

Tenho certeza de que você é capaz de perceber que não é porque algo não se enquandra dentro de uma estética pretensamente vanguardista, que traduz um gosto pessoal seu, que é conservador. Dito isso, alguns exemplos;

Vik Muniz faz arte com quase qualquer coisa que tiver por perto, pode ser lixo e sujeira (com atenção aos objetos, percebe-se a proporção da obra).



ou o resto de um almoço. (Releitura da Medusa de Caravaggio)



 
Pete Fecteau faz retratos com enormes mosaicos de cubo mágico.



Ron Mueck faz esculturas de hiperrealismo surpreendes pelas proporções e absolutamente modernas pelas poses, modelos e temática.





Enfim, existem muitos exemplos de artistas contemporâneos que inovam, sobretudo em técnica ou, pelo menos, em parte dela. A maioria está longe de ser genial e não há comparação com o que foi produzido no passado, até mesmo porque acredito que as linguagens fotográfica e cinematográfica é que são, atualmente, os terrenos mais férteis para a genialidade artística, visualmente falando. Mas nota-se com bastante facilidade a diferença qualitativa entre os artistas dados como exemplo e a artista que vomita. Vomitar tintas sobre telas não é inovador, um coletivo de artistas fez exatamente isso em uma performance na abertura da Bienal de Veneza de 2005 (tive o desprazer de assistir e posso afirmar; já não era bom naquela época. Infelizmente não achei nenhum vídeo, a título de comprovação). Hoje, é no mínimo decepcionante que alguém ainda gaste seu tempo com esse ingênuo apelo a escatologia. O único sentimento que isso ainda é capaz de me provocar é tédio.

Agora a questão é, vocês conseguem aceitar que o que eu vejo como arte também é arte? Ou só vocês sabem o que é arte e o que é belo e eu estou simplesmente errado, porque novamente pelo nosso modelo racional e excludente pra alguém estar certo, sempre alguém deve estar errado??

Respondendo a essas suas outras perguntas; o belo é um conceito subjetivo e pessoal, todos sabem o que lhes parece belo e estão todos certos, é uma questão bastante simples. Quanto a arte, já li muitas definições do que é arte e fica fácil concluir que chegar a uma defição exata é, atualmente, muito improvável. Mas a definição de Robert Hughes (respeitado e excelente crítico de arte, que morreu esse ano… uma lástima, amava as críticas dele) sintetiza o que pensa atualmente a maioria da crítica especializada e o que considero ser a definição mais sensata, "se foi criado com o fim expresso de ser considerado como arte e foi colocado em um contexto em que é visto como arte, é arte". Logo, o que a bulímica das tintas faz é arte, sem sombra de dúvidas. O que não diz nada a respeito da qualidade de sua produção artística, essa sim passível de dúvidas. Sendo assim, considero que o vômito dela está para a Arte assim como "Ai se eu te pego" está para a Música. É tão descartável quanto um desses hits horrendos de verão. Mas se você gosta, tudo bem.

A fonte de Dechamps, citada pelo forista Filósofo Superficial é uma obra de 1917. Naquela época, fazia sentido a discussão, não que a obra seja realmente interessante (pelo menos, eu não a considero), mas naquele contexto fazia sentido esse tipo de questionamento, era realmente provocativo. Hoje, já não faz mais sentido a produção de obras que pretendam causar esse tipo de reflexão, isso sim já foi feito a exaustão, já não causa mais impacto algum e faz obras como a dessa garota serem absolutamente dispensáveis. Isso sim, é mais do mesmo.

Abaixo, um trecho de uma entrevista do Hughes, que é bastante relacionada ao tema;

Citação de: entrevista de Robert Hugues
Veja – Em seu recém-publicado volume de memórias, o senhor conta como uma viagem a Florença durante a enchente que destruiu boa parte da cidade italiana e de seus tesouros, em 1966, fixou sua crença no valor do passado para a arte. Por que chegou a essa conclusão? 


Hughes – Em Florença, vivi a experiência de encontrar destroços de peças renascentistas em meio à lama, uma tragédia que me fez compreender de uma vez por todas que aquilo que foi criado no período de ouro da arte é insubstituível. Não apenas porque não se poderiam refazer tais obras. Vivemos numa era muito pobre em matéria de artes visuais. Hoje se podem encontrar bons escultores e pintores, mas a idéia de que a arte atual possa um dia se igualar às enormes realizações do passado é um disparate. Nenhuma pessoa séria, por mais que se empolgue com a arte contemporânea, poderia acreditar que ela um dia será comparada àquilo que foi feito entre os séculos XVI e XIX.  

Veja – Como as pessoas podem se relacionar com a obra dos grandes pintores do passado? 


Hughes – Olhando para o que eles produziram. Aprendendo a entender e a amar sua arte. Os mestres da pintura se relacionam a nós da mesma forma que as grandes obras literárias e as composições musicais do passado. Como o homem atual pode se relacionar com Cervantes? Por meio da leitura de sua obra. Dom Quixote continuará sendo uma história contemporânea em qualquer tempo e lugar. É preciso ter em mente que a arte é feita antes de tudo para deliciar os olhos e o espírito. É por meio desse apelo intuitivo que ela nos arrebata e conduz, no fim das contas, a um conhecimento mais profundo de nossa natureza.

Veja – Qual o papel das artes plásticas na formação cultural de uma pessoa?


Hughes – Não recomendo que se olhe para os grandes artistas com o intuito de atingir um nível cultural superior, pois, como já disse, o objetivo maior da arte é dar prazer. Mas posso falar de seu caráter enriquecedor pela minha própria experiência. Muito antes de eu me tornar um crítico, a arte desempenhou um papel fundamental em minha vida, na medida em que me fez entender certas questões existenciais mais claramente do que qualquer livro ou aula teórica o fariam. Seria um exagero dizer que se pode educar alguém por meio da arte. Mas ela é capaz de fazer de nós pessoas melhores e mostrar que existem muitos mundos além do nosso umbigo.  

Veja – Certas correntes do modernismo difundiram a idéia de que o passado é um peso do qual a arte precisa se livrar. O que o senhor pensa disso? 


Hughes – A noção de que há uma oposição entre o presente e o passado é estúpida. Trata-se de uma deturpação vulgar do ideário modernista de primeira hora. Ele consistia em questionar o tradicionalismo, mas não a herança dos antigos mestres. Os futuristas italianos, é verdade, chegaram a propor a destruição das obras de arte criadas no passado – como se fosse possível apagar sua influência apenas com sua extinção por meios físicos. Mas o fato é que toda arte digna de nota feita no século XX se baseou no passado. Os modernistas que realmente importam, como Matisse e Picasso, nunca se pautaram por sua rejeição. Muito pelo contrário: as fontes de que extraíram sua inspiração foram os artistas da Renascença e do século XVIII.  

Veja – O senhor teve contato pessoal com artistas como o americano Andy Warhol. Quais suas impressões dele? 


Hughes – Warhol foi uma das pessoas mais chatas que já conheci, pois era do tipo que não tinha nada a dizer. Sua obra também não me toca. Ele até produziu coisas relevantes no começo dos anos 60. Mas, no geral, não tenho dúvida de que é a reputação mais ridiculamente superestimada do século XX.

Veja – E quanto ao francês Marcel Duchamp? 
Hughes – Foi um prazer conhecê-lo, embora certamente não seja o primeiro artista em minha lista dos mais importantes de sua época. Sua elevação à condição de figura "seminal" nunca me convenceu. Já vi de perto todos os trabalhos que ele fez e nunca obtive nenhum prazer com eles. Duchamp não foi um grande artista, e sim um homem de idéias notáveis. Pessoalmente, prefiro um pintor como o francês Pierre Bonnard. Muita gente considera Duchamp um deus e Bonnard um impressionista enfadonho. Mas eu gostaria muito mais de ter em casa um de seus belos quadros do que um trabalho de Duchamp. Além disso, a influência de Duchamp sobre a arte contemporânea foi liberadora, mas também catastrófica.  

Veja – Por quê? 


Hughes – Porque ser o pai dessa bobagem chamada arte conceitual não é uma distinção de que se orgulhar. Para compreender o tamanho do estrago, basta dizer que sem ele hoje não haveria as chamadas instalações, aquelas obras tolas em que o espectador é convidado a passar por túneis e outros recursos infantis. Ou precisa ler uma bula para entender o que o artista quis dizer.  

http://veja.abril.com.br/250407/entrevista.shtml (entrevista completa)

Offline AleYsatis

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Re:Arte contemporânea - Nexus Vomitus
« Resposta #49 Online: 24 de Dezembro de 2012, 19:29:03 »
Gostei bastante de suas colocações Laura. Só para deixar claro, eu não estava tentando dizer que só coisas como o quadro do Vômito ai são arte, deixei claro, são um tipo de arte que me agrada, porque para mim da para se fazer uma leitura que suscita muitos questionamentos interessantes por trás, para mim diz muito sobre nossa situação contemporânea no geral.

As imagens de Julian Beever são lindas e impressionantes mesmo, e como já disse, para mim, são indiscutivelmente arte, mas uma arte que não me toca esteticamente por não suscita em mim nada além de um "ai que "dahora" o cara é fera no desenho, nas noções de perceptiva e etc... " Mas sei lá, não me toca de uma forma nada especial...

Por isso o que mais gostei de tudo o que você colocou foi:

"Robert Hughes (respeitado e excelente crítico de arte, que morreu esse ano… uma lástima, amava as críticas dele) sintetiza o que pensa atualmente a maioria da crítica especializada e o que considero ser a definição mais sensata, "se foi criado com o fim expresso de ser considerado como arte e foi colocado em um contexto em que é visto como arte, é arte". Logo, o que a bulímica das tintas faz é arte, sem sombra de dúvidas. O que não diz nada a respeito da qualidade de sua produção artística, essa sim passível de dúvidas. Sendo assim, considero que o vômito dela está para a Arte assim como "Ai se eu te pego" está para a Música. É tão descartável quanto um desses hits horrendos de verão. Mas se você gosta, tudo bem."

Sintetiza bem o que queria mesmo trazer com essa discussão. Arte e estética são conceitos completamente subjetivos, cada pessoa será tocado em sua singularidade por determinadas coisas que para outros não vale nada. O importante para mim nesta discussão era isso. Acho que muita gente ainda tem uma conceito de arte muito fechado, só isso e aquilo são arte, o resto é lixo... Queria mais pensar essa questão mesmo de que no fundo no fundo arte é algo muito difícil de se definir e que devemos respeitar todas as manifestações artísticas porque para alguém ela diz algo e é importante para a sua expressão.
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