Bem, eu tinha curiosidade especificamente sobre dimorfismos sexuais cerebrais já desde o nascimento ou pouco depois, que era o que tinha entendido.
Bem, o próprio Eli cita um artigo de Daphna Joel, em que ele demonstra que existem de fato diferenças cerebrais entre os sexos, porém prefere chamar de "'mosaico cerebral' inclassificável como masculino ou feminino".
Aparentemente estão falando de características não já em bebês recém nascidos, mas desenvolvidas depois, sob um ciclo retroalimentativo de diferentes ciclos hormonais e vivências.
"Rather, most brains are comprised of unique “mosaics” of features, some more common in females compared with males, some more common in males compared with females, and some common in both females and males.[...]
http://www.pnas.org/content/112/50/15468.short
Sabe o que isso me lembrou, assim, vagamente, mal comparando? O discurso dos criacionistas que tenta invalidar a evolução apenas porque hoje se diz que a "árvore da vida" de Darwin é inapropriada, porque na verdade uma "grande rede da vida" faz mais sentido à luz do atual entendimento acerca da evolução. Ora, não é porque a evolução se dá de maneira horizontal e vertical, de forma mais complexa do que se supunha, que significa que a teoria está errada. Da mesma forma, não é porque as diferenças entre os cérebros masculino e feminino se dão de maneira complexa (em "mosaico"), que significa que não existem diferenças entre eles que influenciam o comportamento.
Obviamente isso não significa que essas características sejam determinantes, mas que elas apenas existem, sim. E a biologia não muda porque algumas pessoas transitam entre os dois gêneros, ou porque não se identificam com nenhum dos dois, ou, ainda, têm identidade cadeira, ou transitam entre cadeira - girafa - feminino. rsrs
Para mim a analogia com criacionismo está mais na simplificação do determinsmo do que nas tentativas de ênfase de contínuos e sobreposições. E de certa forma, o determinismo genético não deixa de ser em si um "outro" fixismo, literalmente, um "fixismo fenotípico".
Não me lembro se foi a Cordelia Fine, de quem acho que muito pouco se salva, mas alguém nesse "debate" menciona como as "diferenças" sexuais observadas em coisas como padrões de atividade cerebral são geralmente o resultado da remoção de toda a área em comum, o que de fato ajuda a perceber onde estão diferenças, mas também não é algo a que sempre se dá a devida atenção na literatura de divulgação, geralmente as coisas são mais "homens de Marte e mulheres de Vênus"*. A mesma metodologia em "altura" deve ser algo como dizer que homens têm 1,90m para cima e mulheres 1,50m para baixo. A ênfase na diferença não captura a realidade biológica, a caricaturiza.
(E claro, não estou dizendo que nada é genético, nem biológico, que é tudo fantasia, carnaval, e as pessoas só seguem esses costumes por causa da patriarquia capitalista neoliberal.)
no máximo que essa direção também tem as mesmas chances de erros em simplificação ou generalização que aquelas no sentido oposto. Conforme alguns dos estudos que postei, mostrando que coisas que comumente, razoavelmente, iríamos assumir poderem ser diferenças genéticas, se devem a experiência/vivência.
(...)
Até porque as experiências decorrentes de coisas que incluem construções sociais modificam a biologia em si.
As coisas são tais que, é difícil fazer um resumo sucinto das aparências segundo os estudos, que não vá ser interpretado como defesa da predominancia forte de um determinismo ou outro por alguém... não ajuda a minha tendência em tentar apontar um pouco para o outro lado sempre que vejo alguém fazendo qualquer afirmação...
Sim, estou de pleno acordo.
Que o meio modifica nossa biologia já é sabido. O problema é que essa nova onda ativista tenta resumir os gêneros única e exclusivamente ao meio (na tentativa de dissolver a noção de gênero ou inventar inúmeros outros), algo que não é razoável diante de tantas evidências sobre a influência genética na maioria dos comportamentos (inclusive nos "femininos" e "masculinos". E note que tanto o Eli como a resenha do Cohen, em momento algum tendem ao determinismo biológico puro e simples, mas apenas ressaltam que não se pode ignorar o fator genético que existe, sim, para além das influências que a cultura pode acarretar na biologia e no 'comportamento de gênero'.
Ah, sim. Eu não tentei corroborar aquele "zoológico" todo de "gêneros" da imagem, não sei se deixei a impressão.
Mas mesmo essas, ou algumas dessas coisas que essas pessoas inventam podem ser "reais", no mínimo como são reais as associações, inclusive biológicas (novamente com problema da nem sempre verdadeira dicotomia de ovo ou galinha), com "tribos urbanas".
Acho meio curioso que o discurso tenha toda essa coisa de fluidez e inclassificabilidade, mas misturada a essas mini-tipologias múltiplas.
Tenho "favoritado" em algum lugar para ler algum dia um texto dele sobre não existir isso de "objetificação sexual", coisa que esbarrei um pouco depois de dizer a mesma coisa uma vez, talvez por aqui mesmo, acho. Achei curioso porque acho que ele é bastante bem visto pelo pessoal "justiceiro social virtual", ou não?
Isso é muito inesperado, porque parece que ele praticamente está repassando noções do mesmo nível daquelas do Pinker, que deve ser tido como "fascista eugenista" por uns 70-90% dos justiceiros sociais virtuais.
Não, é o contrário!! Os SJW (social justice warrior) odeiam ele!! haha
Ele tem uma página que satiriza os justiceiros e aponta os absurdos defendidos pelos xiitas. hahah
No facebook conseguiram derrubar a page 4 vezes, até que ele desistiu do face e mantém só o blog. Não adianta, o face derruba uma página sem analisar, basta que tenha denúncia em massa, e os SJW se organizavam e sempre conseguiam.
http://aventurasnajusticasocial.com/
Pena, eu imaginava que talvez ele tivesse uma "receita" para sugerir realidades incompatíveis com as ideologias, de forma mais palatável.
Inesperado isso também, por que eu tinha praticamente "certeza" dele ser bem visto em algum lugar meio hiper-PC, meio como escreva-lola-escreva ou talvez o blog do Sakamoto, mas, impressão essa apenas em ter esbarrado uma vez ou outra em um lugar desses, que nem de longe freqüento, e achar que tinha lido algo positivo sobre ele, ou talvez até que ele participasse em algum blog nerd-PC coletivo.
Também surpreende ainda mais ele ser o dono dessa página.
Fiquei curioso agora, sobre se haveria alguém que hoje em dia consegue ainda ser relativamente aceito entre eles. Até ao menos antes do "elevatorgate" parece que isso era mais comum, mas de lá para cá tem praticamente um muro de Berlim ideológico virtual.
* Talvez por versões mais "neutras" das coisas não terem tanto apelo (apelo sexual?):
The gender similarities hypothesis.
Hyde JS.
Source
University of Wisconsin--Madison, Department of Psychology, Madison, WI 53706, USA. jshyde@wisc.edu
Abstract
The differences model, which argues that males and females are vastly different psychologically, dominates the popular media. Here, the author advances a very different view, the gender similarities hypothesis, which holds that males and females are similar on most, but not all, psychological variables. Results from a review of 46 meta-analyses support the gender similarities hypothesis. Gender differences can vary substantially in magnitude at different ages and depend on the context in which measurement occurs. Overinflated claims of gender differences carry substantial costs in areas such as the workplace and relationships.
Ainda algo relacionado:
https://www.youtube.com/v/b64qvG2Jgro