Autor Tópico: O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)  (Lida 13002 vezes)

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Offline Geotecton

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #50 Online: 02 de Dezembro de 2013, 09:05:16 »
No que tange à sistemas que explicam o homem e suas atitudes, eu realmente prefiro as biológicas, ainda que, para o comportamento humano, elas sofram razoáveis alterações de interpretação. Sem contar que essas pesquisas devem sempre ser levadas com um bom nível de ceticismo - e cada vez mais percebo isso. Neste contexto, você tem que incorporar a metamorfose ambulante, mas sou levado a crer que muitas coisas com o passar do tempo vão se assentando como verdades. Um outro problema quando lidando com o comportamento humano é que seus resultados jamais serão absolutos, hão sempre de depender de amostras estatísticas as quais, em geral, resultam em amostras muitas vezes amorfas, não conclusivas...
Usar conceitos biológicos para explicar gênero ou sexualidade, por exemplo, é totalmente equivocado. Falar que as diferenças entre o grupo de homens e de mulheres são genéticas, parece ser  tão errado quando estudamos os processos históricos de construção e domesticação do corpo.

Não é equivocado usar tais conceitos como parte da explicação. O problema é considerá-los como as únicas variáveis importantes.
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Offline _tiago

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #51 Online: 02 de Dezembro de 2013, 09:32:21 »
Criação. Somos biologicamente determinados a criar as crianças e tratar as pessoas diferentemente, de acordo com o suposto sexo.

Não sei se entendi bem essa sua asserção, fiquei com duas impressões: [1] se eu criar uma guria como um menino terei uma lésbica ou então um "guri" que gosta de meninos. [2] Se nascemos com uma disposição distinta para o trato de meninas e meninos, logo estes também nascem com ela e, sendo assim, as preferências para o trato serão as mesmas para os gostos e a criação seria mero detalhe de um contexto- meninos nascem preferindo brincadeiras agressivas, mas qual delas dependeria de onde nasceram. Dessa forma, qualquer estímulo com o intuito de se inverter os gostos e as maneiras de meninos por coisas de meninos e meninas por coisas de meninas terá baixo índice de sucesso.

Offline Nina

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #52 Online: 02 de Dezembro de 2013, 13:22:20 »
Só um detalhezinho: a biologia não diz que o meio não interfere nos fenótipos. A expressão do fenótipo é dada conforme a expressão do genótipo + influência do ambiente + interação entre genótipo e ambiente.

A coisa não é radical.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline _tiago

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #53 Online: 02 de Dezembro de 2013, 13:45:30 »
Eu não penso o contrário do que você disse, não entendi porque me considerou "radical".

Offline Nina

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #54 Online: 02 de Dezembro de 2013, 13:47:34 »
Porque há pessoas que acham que só a biologia explicaria tudo (ultradeterministas) e há os que acham que a biologia não tem papel algum. Ambos estão exagerando.

Não direcionei a você a mensagem, Tiago.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline _tiago

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #55 Online: 02 de Dezembro de 2013, 14:11:01 »
Perdão, foi a sequência de mensagens.

Offline Nina

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #56 Online: 02 de Dezembro de 2013, 16:18:20 »
;)
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #57 Online: 02 de Dezembro de 2013, 17:26:15 »
Criação. Somos biologicamente determinados a criar as crianças e tratar as pessoas diferentemente, de acordo com o suposto sexo.

Não sei se entendi bem essa sua asserção, fiquei com duas impressões: [1] se eu criar uma guria como um menino terei uma lésbica ou então um "guri" que gosta de meninos. [2] Se nascemos com uma disposição distinta para o trato de meninas e meninos, logo estes também nascem com ela e, sendo assim, as preferências para o trato serão as mesmas para os gostos e a criação seria mero detalhe de um contexto- meninos nascem preferindo brincadeiras agressivas, mas qual delas dependeria de onde nasceram. Dessa forma, qualquer estímulo com o intuito de se inverter os gostos e as maneiras de meninos por coisas de meninos e meninas por coisas de meninas terá baixo índice de sucesso.


Eu estava meio-trolando, não é possível descartar totalmente diferenças inatas, mas parece que de fato há essa tendência (inata ou não) de enxergar diferenças.





http://www.edge.org/3rd_culture/debate05/spelke.slides.html



Não estou endossando grandes planos de uma revolução cultural de inverter os gostos ou sexualidade.

Rhyan

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #58 Online: 04 de Novembro de 2016, 15:50:52 »
Virou personagem de RPG a definição de gênero?


Rhyan

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #59 Online: 04 de Novembro de 2016, 15:53:34 »
Bizarro demais...

Citar
Nome neutro não basta para uma criação sem estereótipo de gênero, mas ajuda



Natália Eiras

Do UOL, em São Paulo

Mica tem dois anos e apenas os cuidadores, como os seus pais biológicos preferem ser tratados, e a criança sabem o seu sexo. Um dia, Mica sai com um vestido rosa cheio de babados e, no seguinte, com um bermudão azul. Fora o visual, nem mesmo seu nome entrega seu gênero de nascimento, porque a educadora Mariana Vieira Carvalho, 29, escolheu um nome que soasse neutro.

Vivendo em Campinas, no interior de São Paulo (SP), Mariana não se identifica nem como mulher nem como homem –por isso, não se importa de ser tratada no feminino ou no masculino. Por isso, quando descobriu que estava grávida, decidiu optar por uma criação de gênero neutro. O fator pessoal, no entanto, não deixou a situação mais fácil.

"A gente ainda fica muito preso nessa binariedade. Tanto que, quando vi o sexo na ultrassonografia, comecei a pensar em nomes para a criança vinculado a um gênero", afirma Mariana.

Mariana, ao lado de Raul Almeida Carvalho, 31, que atua como profissional de psicologia, decidiu que a neutralidade tinha de vir desde o nome de registro. "Foi difícil porque não há muitas opções contemporâneas. E a gente teve o cuidado de não colocar nenhum nome que pudesse causar um constrangimento futuro."

De acordo com o terapeuta sexual Breno Rosostolato, professor da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, nomear uma criança com um termo que não entregue o sexo de nascimento ajuda a criar uma pessoa mais livre dos estereótipos de gênero, mas não é o bastante.

"A criança precisa ter condições de se representar do jeito que ela quiser e principalmente ter essa representação respeitada", fala Rosostolato.

O especialista diz que, aos cinco anos, uma pessoa já tem compreensão de si para se dizer homem ou mulher. "E se a criança cresce em um ambiente que respeita essa expressão dela por um gênero, isso dá forças para enfrentar preconceitos. A criança eventualmente vai sofrer, mas com o apoio dos pais tudo se torna mais fácil."

Para criar esse ambiente mais acolhedor, não é necessário nem mesmo entrar na discussão sobre gênero. Basta ensinar que não importa se é menino ou menina ninguém é melhor do que ninguém.

"É ensinar a se respeitar", fala Breno Rosostolato. Outro ponto é mostrar que um rapaz, por exemplo, pode, sim, entrar em contato com seu lado mais emocional, pode fazer atividades ditas femininas. "Eu mesmo nunca gostei de dirigir e isso nunca fez eu me sentir menos homem."

Bernardo, 3, é o filho mais velho da gerente administrativa Sthela Baltazar Bartholomeu, 28, e do assistente de relações internacionais Douglas Bartholomeu da Silva, 31. Ele sempre se identificou como menino e é, nas palavras da mãe, um "moleque".

No entanto, Bernardo também curte pintar as unhas das mãos. "Ele diz que está colocando cor, brilho. Bernardo me mostra os dedos falando: ‘Olha, mãe, parece um arco-íris’", fala Sthela.

Os pais de Bernardo nunca viram nenhum problema no fato de o filho gostar de passar esmalte ou brincar de boneca com a irmã mais nova, Cecília, de um ano e meio.

"Mas a minha família estranhou muito. Ficavam perguntando se ele não ia ficar confuso, se não ia saber que era um menino. Sendo que ele nunca demonstrou se identificar com outro gênero que não o designado em seu nascimento", diz a gerente.

Por mais que o nome de Bernardo não seja neutro, ele já está um pouco mais distante dos estereótipos de gênero. "Mas todo dia, quando ele vai para a escola, preciso conversar com ele de novo sobre como não existe brinquedo de menino ou de menina. Existe brinquedo de criança", afirma Sthela.

Para Marcelo Moreira Neumann, professor de psicologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, e um dos autores da pesquisa "Bullying Homofóbico e Desempenho Escolar", a neutralidade no registro facilitaria de maneira prática a vida de uma pessoa que não se identificasse com o gênero de nascimento.

"O indivíduo não teria de passar por um processo jurídico caso fosse transgênero nem enfrentaria situações vexatórias relacionadas ao nome", fala o especialista.

Cabe, no entanto, bom senso na hora de escolher uma opção que não exponha a criança a situações desconfortáveis socialmente. "É preciso ter muito cuidado com o nome porque ele é o nosso cartão de visita. Está muito ligado à nossa identidade. Um ataque ao nome nos atinge diretamente", diz Neumann.

Aspecto legal
Caso o nome escolhido seja considerado estranho, o Cartório de Registro Civil pode se negar a fazer o registro. "Existe uma regra nos casos de termos que podem expor uma pessoa ao ridículo, como é o caso de Hitler, satanás, lúcifer", explica Monete Hipólito Serra, diretora da Arpen -SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo).

De acordo com Monete, são poucos os nomes que são barrados, e os pais podem recorrer do veto.

Apesar de Breno Rosostolato não achar que seja o bastante, a preocupação em nomear uma criança com um termo de gênero neutro é uma decisão importante.

"O constrangimento que um transexual passa quando entrega os documentos de registro com um nome diferente do gênero pelo qual ele se apresenta é o mesmo que sofre uma pessoa que odeia o próprio nome."


http://estilo.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2016/10/17/nome-neutro-nao-basta-para-uma-criacao-sem-estereotipo-de-genero-mas-ajuda.htm

Offline Gauss

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #60 Online: 04 de Novembro de 2016, 15:58:40 »
Isso que dá esse povo pensar que gênero é "construção social". Estão aí as bizarrices.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #61 Online: 04 de Novembro de 2016, 16:22:01 »
Mas gênero, falando de humanos ao menos, é construção social. As divisões tradicionais de trabalho, e subculturas de gênero são isso, subculturas. Por isso há variações culturais ao longo de culturas e ao longo do tempo.

Isso não significa que todas divergências sexuais são culturais/construções sociais completas, de qualquer forma, mas a definição de "gênero" quando se falando de humanos praticamente é a parte cultural/social tipicamente associada a um sexo ou outro.








Virou personagem de RPG a definição de gênero?














Que imbecilidade. Tinha me esquecido disso.

Offline Lorentz

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #62 Online: 04 de Novembro de 2016, 16:29:11 »
Bizarro demais...

Citar
Nome neutro não basta para uma criação sem estereótipo de gênero, mas ajuda


http://estilo.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2016/10/17/nome-neutro-nao-basta-para-uma-criacao-sem-estereotipo-de-genero-mas-ajuda.htm

Não vejo problema.

Citar
"O constrangimento que um transexual passa quando entrega os documentos de registro com um nome diferente do gênero pelo qual ele se apresenta é o mesmo que sofre uma pessoa que odeia o próprio nome."

Parece ruim mesmo.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Rhyan

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #63 Online: 04 de Novembro de 2016, 17:48:55 »
Transsexual é algo um tanto raro, e se tiver um filho trans dá pra se adaptar, se for tratar toda criança assim, você vai causar danos psicológicos pro resto da vida.

Veja esse caso:
https://en.wikipedia.org/wiki/David_Reimer

Offline Lorentz

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #64 Online: 04 de Novembro de 2016, 17:56:41 »
Transsexual é algo um tanto raro, e se tiver um filho trans dá pra se adaptar, se for tratar toda criança assim, você vai causar danos psicológicos pro resto da vida.

Veja esse caso:
https://en.wikipedia.org/wiki/David_Reimer

Parece que no caso dele, tentaram forçar um gênero. É diferente de agir como neutro.
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline Gauss

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #65 Online: 04 de Novembro de 2016, 18:01:09 »
Mas gênero, falando de humanos ao menos, é construção social. As divisões tradicionais de trabalho, e subculturas de gênero são isso, subculturas. Por isso há variações culturais ao longo de culturas e ao longo do tempo.

Isso não significa que todas divergências sexuais são culturais/construções sociais completas, de qualquer forma, mas a definição de "gênero" quando se falando de humanos praticamente é a parte cultural/social tipicamente associada a um sexo ou outro.

Discordo. Construção social é querer definir a função de cada gênero na sociedade. O gênero homem/mulher ou cisgênero(?)/transgênero não são meras construções sociais.


(?)Não sei se é cisgênero ou tem outro nome para isso.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #66 Online: 04 de Novembro de 2016, 22:04:27 »
Citar
https://en.wikipedia.org/wiki/Social_construction_of_gender

The idea that gender difference is socially constructed is a view present in many philosophical and sociological theories about gender. According to this view, society and culture create gender roles, and these roles are prescribed as ideal or appropriate behavior for a person of that specific gender. Some argue that the differences in behavior between men and women are entirely social conventions, whereas others believe that behavior is influenced by universal biological factors to some extent, with social conventions having a major effect on gendered behavior.

Não vejo como "negar" isso sem cair em um determinismo genético caricatural, onde nem "torcidas de futebol" seriam construtos sociais.

Offline Gauss

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #67 Online: 04 de Novembro de 2016, 22:14:48 »
Não vejo como "negar" isso sem cair em um determinismo genético caricatural, onde nem "torcidas de futebol" seriam construtos sociais.

Você acha que uma pessoa vai ser ter seu gênero definido por uma construção da sociedade? Não por ela nascer assim? :hein:

Tipo, para você gênero é como o dinheiro? Uma construção social?

Li esse artigo um tempo atrás:
http://www.revistaamalgama.com.br/07/2016/por-que-genero-nao-e-construcao-social/
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #68 Online: 04 de Novembro de 2016, 23:09:33 »
Como na wikipédia: há influências culturais significativas nos papéis esperados de gênero e suas "subculturas", simplesmente não são redutíveis a diferenças inatas, inerentes ao dimorfismo sexual. Uma "construção" espontânea, não deliberada, ou não tão deliberada a ponto de ter algo equivalente a um banco central, ao menos em nível "macro", muito embora as pessoas naturalmente tendam a tentar agir em conformidade com o que é esperado do seu gênero, e nisso possa haver deliberação. Existe até alguma analogia com dinheiro no sentido de que, ao agir de certa forma esperada, você vai ser socialmente recompensado, ou punido. As pessoas são cientes disso e então deliberam sobre como agir para ter melhor sucesso social em seu meio.

De forma similar, mesmo diferenças entre pessoas do mesmo gênero em diferentes culturas ou ao longo das eras não são causadas por diferenças biológicas que evoluíram entre eles, mas por expectativas culturais diferentes. Americanos tem habilidade melhor do que brasileiros em arremessar objetos, e, nos estudos conduzidos entre eles (maior fração de W.E.I.R.D. people), é um traço "sexualmente dimórfico". Mas homens brasileiros arremessam "feito meninas", meninas americanas.

Mesmo a predisposição a competitividade pode ser culturalmente invertida:

Citar
http://freakonomics.com/podcast/women-are-not-men-a-new-freakonomics-radio-podcast/

...

GNEEZY: We thought that maybe a big and important difference is how willing men and women are to compete and how do they react to

GNEEZY: The first one is that culture is not really important. It’s the same story as my kids. We are born differently and we just react to this. And the alternative hypothesis is that when women are brought up in a culture in which dealing with money, making decisions is part of the daily routine and that’s what they observe as girls, they’re going to be just as competitive as men.

LECHTENBERG: And what did they find?

GNEEZY: And that’s what we found. We found that culture was extremely important.

LECHTENBERG: Before we delve into the results, remember how the game worked: players had two options. They could get paid x amount for every time they made a basket. Or, they could pick the more competitive option and get paid three times that amount if they did better than their anonymous opponent. So how did the Khasi people do? Fifty-four percent of Khasi women picked the more competitive option. Thirty-nine percent of Khasi men made the same choice. Khasi women were more likely to choose to compete than even the super-patriarchal Masai men we heard about earlier.

GNEEZY: So the implications are clear. It’s not that men and women are not born differently. I’m sure they are. And you can come up with good evolutionary stories about why men are more competitive than women. What we showed is that’s not the only factor that goes in, which again is not a big surprise, but the other factor, the culture is so big, can be so big that it can just overturn the results. So if you grow up in a matrilineal society, women are actually more competitive than men. So it can completely override any evolutionary explanation, any nature kind of reason. Nurture could be that big. And I think that’s the main result of this study is that in the right environment, women are going to be just as competitive as men.

...


Frisando: nada disso nega dimorfismo sexual, nem aquelas com potencial de afetar o comportamento ou capacidades cognitivas. O texto citado, apesar de no título se colocar como antagônico ao conceito, é na verdade plenamente compatível com a definição mais "fraca" da wikipedia:

"behavior is influenced by universal biological factors to some extent, with social conventions having a major effect on gendered behavior".

E a primeira frase/subtítulo do texto:

"É inteiramente possível que, enquanto o gênero em si não é construção social, algumas coisas associadas como papéis e expressões de gênero provavelmente sejam constructos sociais."


Tem algo disso que me lembra a "polêmica", de Pinker (em quem esse texto deve ter se baseado) dizer que as crianças "não aprendem" idiomas, ou que os pais não as ensinam, para uma versão sutilmente mas talvez significativamente mais fraca da afirmação. Evidentemente Pinker não acha que os idiomas sejam inatos, mas que aprender uma linguagem é algo inato, e, no caso de Pinker, que até mesmo alguns elementos como estruturas gramaticais universais seriam partes de um "órgão mental", dentre outros diversos que ele supõe existir. Acho que não é preciso ser nenhum relativista cultural hiper-progressista porra-louca para, apesar de concordar com haver elementos inatos na aquisição de linguagem, ainda achar ser mais próximo da realidade dizer que os pais ensinam seus filhos a falar, que a linguagem é algo cultural. Mesmo que o aprendizado dela fique rigidamente instalado na neuroanatomia individual, irremovível senão por lesão física.

Em ambos os casos, são termos que foram praticamente cunhados para se referir aos aspectos culturais e não a associações biológicas.


Sobre isso, e sobre também a parte de "tábula rasa" em geral:

Citar
http://facts4u.com/free/TheAlmostBlankSlate.pdf

The Almost Blank Slate
Making A Case For Human Nurture
HENRY D. SCHLINGER



In 2002, the psychologist Steven Pinker
appeared on the  New York Times bestseller list
with The Blank Slate: The Modern Denial of
Human Nature a book that attempts to catapult
the nature-nurture issue back into public debate,
while squarely coming down on the side of
human nature. I shall argue, however, that there
is overwhelming evidence that learning exerts
the most significant influence on human behav-
ior—a fact that is rarely acknowledged, publi-
cized or even understood. If anything, there is a
modern denial of human nurture, not human
nature.

...



Offline Gauss

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #69 Online: 04 de Novembro de 2016, 23:31:24 »
TUDO

Olha o que eu falei anteriormente:
Discordo. Construção social é querer definir a função de cada gênero na sociedade. O gênero homem/mulher ou cisgênero(?)/transgênero não são meras construções sociais.


(?)Não sei se é cisgênero ou tem outro nome para isso.

O papel do gênero na sociedade é construção social das diferentes culturas. Mas o Gênero em si, homem/mulher, é algo inato do ser. Não entrei na questão do dimorfismo ou da incapacidade de cada um dos gêneros de fazer alguma tarefa.
Citação de: Gauss
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #70 Online: 05 de Novembro de 2016, 00:56:52 »
Bem, isso parece ser simplesmente uma divergência semântica. Sexo e gênero como sinônimos, versus gênero como associações comportamentais e culturais típicas dos sexos em cada cultura.

Ou, talvez se refira ainda ao que a WP colocou como uma terceira coisa, a identificação ou identidade de gênero, não sendo nem o sexo, nem o gênero (ou construções sociais/culturais de gênero).

Essa acho que é tão quase invariavelmente associada ao sexo (ou possivelmente outros traços inatos) que nem lembrei disso. E de fato acho que não deve haver muita contra-argumentação cultural, como se ter homens, mulheres, e várias outras coisas além disso. Acho que em alguns casos se tem umas castas de transexuais/travestis que talvez os defensores de determinismo biológico desprezível apontem como prova ou indício de que teoricamente o sexo poderia ser totalmente desassociado de uma identidade padronizada, algo mais como ser narigudo ou orelhudo. Mas aí acho que já está praticamente se entrando no campo de ficção especulativa, algo comparável às especulações dos "dinossauromens" se os dinossauros não  tivessem sido largamente reduzidos por uma extinção em massa. Ainda assim, deve ser teoricamente possível que, se existissem "mais coisas", mais bebês/crianças pequenas expostos a ela em idade formativa pudessem ter nelas sua identificação, talvez seja o caso com as castas travestis. Talvez o que torna isso improvável é calhar de haver só dois sexos.


Offline Freya

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #71 Online: 05 de Novembro de 2016, 02:18:04 »
Papel de gênero é constructo social, o gênero em si não. Existem diferenças cerebrais em bebês.

http://xibolete.uk/sexo-cerebral/

Claro que existem as exceções, desde malformações, anomalias genéticas até questões hormonais na fase uterina que podem influenciar. Mas essa onda ativista que simplesmente nega a existência de gêneros, biologicamente falando, e prega que tudo é constructo social, na verdade até desmerece os transgêneros, pois, se tudo é construção social, o transgênero poderia desconstruir a sua identidade de gênero, quando na verdade isso independe da vontade dele ou de um mero exercício.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #72 Online: 05 de Novembro de 2016, 02:58:27 »
"Diferenças cerebrais em bebês meninos e meninas" eu chamaria de diferenças sexuais, não de gênero. (Ao menos falando em bebês recém-nascidos e não já andando por aí, já que diferenças cerebrais causadas por tradições de gênero talvez já possam começar a ser desenvolvidas bem cedo, quando a plasticidade cerebral é maior do que em todo o restante da vida)

Você teria maiores informações sobre isso, porque pelo que lembro de ter visto a maior parte das diferenças cerebrais sexuais são apenas decorrentes de crescimento alométrico, "desproporcional" conforme o cérebro fica maior, mas um cérebro masculino do tamanho do de uma mulher tem as mesmas proporções. Então isso seria por lógica ainda mais igual nos bebês, ainda também menos expostos a níveis mais drasticamente diferentes de hormônios sexuais.

http://blogs.discovermagazine.com/neuroskeptic/2013/09/25/are-mens-brains-just-bigger/

E parece que algumas das diferenças de proporção que se supunha haver podem até ser na direção contrária dependendo dos ajustes que se faça na avaliação, o que provavelmente joga pelo ralo muitas das explicações funcionais para as diferenças que se tenha imaginado.

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Cereb Cortex. 2008 Dec;18(12):2920-31. doi: 10.1093/cercor/bhn052. Epub 2008 Apr 24.

Size matters: cerebral volume influences sex differences in neuroanatomy.

Leonard CM1, Towler S, Welcome S, Halderman LK, Otto R, Eckert MA, Chiarello C.
Author information

Abstract

Biological and behavioral differences between the sexes range from obvious to subtle or nonexistent. Neuroanatomical differences are particularly controversial, perhaps due to the implication that they might account for behavioral differences. In this sample of 200 men and women, large effect sizes (Cohen's d > 0.8) were found for sex differences in total cerebral gray and white matter, cerebellum, and gray matter proportion (women had a higher proportion of gray matter). The only one of these sex differences that survived adjustment for the effect of cerebral volume was gray matter proportion. Individual differences in cerebral volume accounted for 21% of the difference in gray matter proportion, while sex accounted for an additional 4%. The relative size of the corpus callosum was 5% larger in women, but this difference was completely explained by a negative relationship between relative callosal size and cerebral volume. In agreement with Jancke et al., individuals with higher cerebral volume tended to have smaller corpora callosa. There were few sex differences in the size of structures in Broca's and Wernicke's area. We conclude that individual differences in brain volume, in both men and women, account for apparent sex differences in relative size.


Também é interessante mencionar que pessoas que fazem malabarismos tem cérebros diferentes de taxistas....

Algumas coisas que achei motivado sobre aquilo das diferenças do cérebro do Einstein:


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Navigation-related structural change in the hippocampi of taxi drivers

Eleanor A. Maguire,*† David G. Gadian,‡ Ingrid S. Johnsrude,† Catriona D. Good,† John Ashburner,† Richard S. J. Frackowiak,† and Christopher D. Frith†

Abstract

Structural MRIs of the brains of humans with extensive navigation experience, licensed London taxi drivers, were analyzed and compared with those of control subjects who did not drive taxis. The posterior hippocampi of taxi drivers were significantly larger relative to those of control subjects. A more anterior hippocampal region was larger in control subjects than in taxi drivers. Hippocampal volume correlated with the amount of time spent as a taxi driver (positively in the posterior and negatively in the anterior hippocampus). These data are in accordance with the idea that the posterior hippocampus stores a spatial representation of the environment and can expand regionally to accommodate elaboration of this representation in people with a high dependence on navigational skills. It seems that there is a capacity for local plastic change in the structure of the healthy adult human brain in response to environmental demands.


http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC18253




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Training-Induced Brain Structure Changes in the Elderly

    Janina Boyke 1 ,
    Joenna Driemeyer 1 ,
    Christian Gaser 2 ,
    Christian Büchel 1 , and
    Arne May 1

+ Author Affiliations

    1Department of Systems Neuroscience, University of Hamburg, D-22046 Hamburg, Germany, and
    2Department of Psychiatry, University of Jena, 07740 Jena, Germany

 
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Abstract

It has been suggested that learning is associated with a transient and highly selective increase in brain gray matter in healthy young volunteers. It is not clear whether and to what extent the aging brain is still able to exhibit such structural plasticity. We built on our original study, now focusing on healthy senior citizens. We observed that elderly persons were able to learn three-ball cascade juggling, but with less proficiency compared with 20-year-old adolescents. Similar to the young group, gray-matter changes in the older brain related to skill acquisition were observed in area hMT/V5 (middle temporal area of the visual cortex). In addition, elderly volunteers who learned to juggle showed transient increases in gray matter in the hippocampus on the left side and in the nucleus accumbens bilaterally.

http://www.jneurosci.org/content/28/28/7031.full



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Navigating the Auditory Scene: An Expert Role for the Hippocampus

    Sundeep Teki1,*,
    Sukhbinder Kumar1,2,*,
    Katharina von Kriegstein3,
    Lauren Stewart4,
    C. Rebecca Lyness5,
    Brian C. J. Moore6,
    Brian Capleton7, and
    Timothy D. Griffiths1,2

+ Author Affiliations

    1Wellcome Trust Centre for Neuroimaging, University College London, London, WC1N 3BG, United Kingdom,
    2Auditory Group, Institute of Neuroscience, Newcastle University Medical School, Newcastle upon Tyne, NE2 4HH, United Kingdom,
    3Max Planck Institute for Human Cognitive and Brain Sciences, 04103 Leipzig, Germany,
    4Department of Psychology, Goldsmiths, University of London, London, SE14 6NW, United Kingdom,
    5Institute of Cognitive Neuroscience, University College London, London, WC1N 3AR, United Kingdom,
    6Department of Experimental Psychology, University of Cambridge, Cambridge, CB2 3EB, United Kingdom, and
    7Royal National College, Hereford, HR1 1EB, United Kingdom

    Author contributions: S.K., K.v.K., L.S., B.C.M., B.C., and T.D.G. designed research; S.T., S.K., K.v.K., and L.S. performed research; S.T., S.K., K.v.K., L.S., and C.R.L. analyzed data; S.T. and T.D.G. wrote the paper.

    ↵*S.T. and S.K. contributed equally to this work.

Abstract

Over a typical career piano tuners spend tens of thousands of hours exploring a specialized acoustic environment. Tuning requires accurate perception and adjustment of beats in two-note chords that serve as a navigational device to move between points in previously learned acoustic scenes. It is a two-stage process that depends on the following: first, selective listening to beats within frequency windows, and, second, the subsequent use of those beats to navigate through a complex soundscape. The neuroanatomical substrates underlying brain specialization for such fundamental organization of sound scenes are unknown. Here, we demonstrate that professional piano tuners are significantly better than controls matched for age and musical ability on a psychophysical task simulating active listening to beats within frequency windows that is based on amplitude modulation rate discrimination. Tuners show a categorical increase in gray matter volume in the right frontal operculum and right superior temporal lobe. Tuners also show a striking enhancement of gray matter volume in the anterior hippocampus, parahippocampal gyrus, and superior temporal gyrus, and an increase in white matter volume in the posterior hippocampus as a function of years of tuning experience. The relationship with gray matter volume is sensitive to years of tuning experience and starting age but not actual age or level of musicality. Our findings support a role for a core set of regions in the hippocampus and superior temporal cortex in skilled exploration of complex sound scenes in which precise sound “templates” are encoded and consolidated into memory over time in an experience-dependent manner.


http://www.jneurosci.org/content/32/35/12251.short


E lembrar que bebês de sexos diferentes são tratados diferentemente mesmo por pais igualitários:





http://www.edge.org/3rd_culture/debate05/spelke.slides.html

Offline Freya

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #73 Online: 05 de Novembro de 2016, 19:21:59 »
Olha, sinceramente, eu não sou da área e portanto não me sinto preparada para aprofundar muito, mas sou uma entusiasta da ciência e me interesso pelo assunto, e por isso acompanho alguns blogs e páginas.

Estudos em genética do comportamento evidenciam que quase todo comportamento tem influência genética, então porque o comportamento de gênero também não teria essa influência?
O Eli Vieira é um biólogo que volta e meia aborda o tema, gosto de ler seus textos e consultar os papers que ele disponibiliza na página pessoal dele:

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"Em quantas gerações a seleção pode levar a comportamentos diferentes? 30, se estivermos falando de comportamento de movimentação em campo aberto de camundongos, como foi feito no estudo de John DeFries e colaboradores em 1978, um dos maiores estudos de seleção de comportamento até hoje.

Uma das grandes descobertas da genética do comportamento é que praticamente todos os comportamentos têm alguma dose de participação genética. Essa participação é medida, em estudos iniciais, geralmente pela proporção da variação atribuível à herança genética em relação à variação total, conhecida como "herdabilidade". Até hoje, inclusive em estudos com humanos, não foi descoberto comportamento com herdabilidade 0%, mas também não há descrito qualquer comportamento com herdabilidade 100% - comportamentos são fenótipos que envolvem sempre inflência ambiental, variando de comportamento para comportamento. Uma das maiores medidas de herdabilidade de comportamento em humanos é a do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: acima de 70%.

Como há base genética nos comportamentos, eles podem ser alvo da seleção natural e outros processos evolutivos, como todas as outras características dos animais. No experimento de DeFries, houve seleção artificial em duas linhagens de camundongos em direção a cada vez mais atividade em campo aberto (ou seja, sempre que nascia uma ninhada de roedores, escolhiam os mais ativos para procriarem); em outras duas linhagens houve seleção em direção a cada vez menos atividade; e os pesquisadores deixaram os camundongos cruzarem aleatoriamente entre si em duas outras linhagens, como controle do experimento.

30 gerações depois, os pesquisadores chegaram a três grupos bastante distintos quanto ao comportamento sob seleção."

http://link.springer.com/article/10.1007%2FBF01067700


Sobre o estudo com os bebês, acabei colando o link errado (deve ter sido o sono, sorry! rs). Na verdade, o texto traduzido pelo blog do Eli que eu queria colar era esse ( http://xibolete.uk/neurossexismo/ ), o que menciona a tal pesquisa feita com bebês recém nascidos, da qual o psicólogo Simon Baron-Cohen participou e publicou a respeito e seu livro "The Essencial Difference". Esse texto é uma Resenha crítica, escrita pelo próprio Cohen, sobre “Homens não são de Marte, Mulheres não são de Vênus: Como a nossa mente, a sociedade e o neurossexismo criam a diferença entre os sexos”, de Cordelia Fine.

Ah, sim, mas acrescento também que não li o livro do Cohen, e tenho minhas dúvidas sobre a metodologia usada nessa pesquisa, mas parece que ele também traça algumas hipóteses a partir disso sobre o porquê é maior a incidência de autismo em meninos, bem como outras diferenças cerebrais que encontramos entre os sexos e que não poderiam ser meros constructos sociais. Além do Simon-Baron Cohen, Eli também indica a leitura de Melissa Hines e de Larry Cahill, os quais eu também não li e por isso pouco posso opinar. rs 

Além disso, também percebo que existem outros estudos que mostram diferenças cerebrais em transsexuais, de maneira que "as mulheres transexuais se assemelham mais às mulheres cissexuais quanto a certos núcleos do hipotálamo do que a homens cissexuais."



https://www.scientificamerican.com/article/is-there-something-unique-about-the-transgender-brain/

Se rolar a barra até o fim, vai encontrar vários links de papers interessantes:
http://blog.elivieira.com/tag/genero/

Em suma, pelo o que tenho lido por aí, estudos existem para todos os gostos, como sói acontecer. rs Algo já esperado em se tratando de um assunto tão polêmico cuja área ainda é pouco conhecida pela neurociência. Ademais, gênero é um assunto bem complexo, pois somos seres biopsicossociais, isto é, biologicamente moldados para a cultura e culturalmente moldados em nossa biologia. Por isso, ao meu ver, não é correto reduzir a um determinismo biológico (conforme pretendem alguns conservadores que negam a plasticidade comportamental) e nem a um determinismo social (conforme pretendem os defensores da teoria queer, "genderfluid"/"não binários"), visto que a composição do gênero é multifatorial. E por isso eu acabo desconfiando de estudos como esse ( http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1053811915007697 via https://netnature.wordpress.com/2016/10/30/masculinofeminino-com-diferencas-cerebrais-registros-amplos-nao-dizem-isto/ ), que se apressam demais em dar um veredicto final apenas porque analisaram o tamanho e a comunicação dos hipocampos, quando em contrapartida temos tantas outras evidências sobre a existência de diferenças cerebrais, ainda que não sejam determinantes. Enfim, acho que não precisamos negar a biologia para reconhecer que existem construções sociais de gênero.
« Última modificação: 05 de Novembro de 2016, 19:29:26 por Freya »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:O sexo inventado! A construção dos Gêneros (Sociologia Ed. Escala)
« Resposta #74 Online: 05 de Novembro de 2016, 20:58:24 »
Olha, sinceramente, eu não sou da área e portanto não me sinto preparada para aprofundar muito, mas sou uma entusiasta da ciência e me interesso pelo assunto, e por isso acompanho alguns blogs e páginas.

Bem, eu tinha curiosidade especificamente sobre dimorfismos sexuais cerebrais já desde o nascimento ou pouco depois, que era o que tinha entendido.



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Estudos em genética do comportamento evidenciam que quase todo comportamento tem influência genética, então porque o comportamento de gênero também não teria essa influência?

Eu não estou pretendendo sugerir isso, no máximo que essa direção também tem as mesmas chances de erros em simplificação ou generalização que aquelas no sentido oposto. Conforme alguns dos estudos que postei, mostrando que coisas que comumente, razoavelmente, iríamos assumir poderem ser diferenças genéticas, se devem a experiência/vivência.


Citar
O Eli Vieira é um biólogo que volta e meia aborda o tema, gosto de ler seus textos e consultar os papers que ele disponibiliza na página pessoal dele:
[...]

Tenho "favoritado" em algum lugar para ler algum dia um texto dele sobre não existir isso de "objetificação sexual", coisa que esbarrei um pouco depois de dizer a mesma coisa uma vez, talvez por aqui mesmo, acho. Achei curioso porque acho que ele é bastante bem visto pelo pessoal "justiceiro social virtual", ou não? :hein:

Isso é muito inesperado, porque parece que ele praticamente está repassando noções do mesmo nível daquelas do Pinker, que deve ser tido como "fascista eugenista" por uns 70-90% dos justiceiros sociais virtuais.



Citar
que se apressam demais em dar um veredicto final apenas porque analisaram o tamanho e a comunicação dos hipocampos, quando em contrapartida temos tantas outras evidências sobre a existência de diferenças cerebrais, ainda que não sejam determinantes. Enfim, acho que não precisamos negar a biologia para reconhecer que existem construções sociais de gênero.


Até porque as experiências decorrentes de coisas que incluem construções sociais modificam a biologia em si.

As coisas são tais que, é difícil fazer um resumo sucinto das aparências segundo os estudos, que não vá ser interpretado como defesa da predominancia forte de um determinismo ou outro por alguém... não ajuda a minha tendência em tentar apontar um pouco para o outro lado sempre que vejo alguém fazendo qualquer afirmação...

 

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