Autor Tópico: Avanços sociais na Bolívia  (Lida 5351 vezes)

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Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #25 Online: 26 de Janeiro de 2013, 23:36:24 »
Um post rapidinho. Dados econômicos da Bolívia.





Neste link aparecem vários indicadores e permite comparações por anos:

http://www.tradingeconomics.com/bolivia/indicators

Para dados sobre pobreza e educação recomendo entrar na página do PNUD. Em inglês costuma ter um arquivo de informes maior. Faz muito tempo que não entro, mas merece a pena dar uma olhada.

A CIA também tem um grande arquivo de indicadores. Se alguém estiver com tempo e disposição pode dar uma pesquisada.

https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/bl.html


Offline -Huxley-

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #26 Online: 27 de Janeiro de 2013, 13:39:13 »
Eu não elogio alguém que seja ladrão e co-ladrão de propriedades privadas, mesmo que o seu rebanho coletivista esteja feliz e próspero:

Evo toma empresa de energia elétrica dos espanhóis. E o assalto feito à Petrobras na Bolívia uma semana depois de Dirceu se encontrar com o índio de araque:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/evo-toma-empresa-de-energia-eletrica-dos-espanhois-e-o-assalto-feito-a-petrobras-na-bolivia-uma-semana-depois-de-dirceu-se-encontrar-com-o-indio-de-araque/

Governo bandido – Evo Morales vai legalizar todos os carros roubados que circulam na Bolívia e ainda espera arrecadar US$ 200 milhões!:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/governo-bandido-%E2%80%93-evo-morales-vai-legalizar-todos-os-carros-roubados-que-circulam-na-bolivia-e-ainda-espera-arrecadar-us-200-milhoes/


A União Soviética conseguiu muito crescimento econômico e redução da miséria com o “milagre soviético” pós-revolução, a despeito da perda de liberdade econômica. Mas, como todos sabem, o desprezo ao respeito à propriedade privada e a perda de liberdade econômica não levaram as repúblicas soviéticas ao Primeiro Mundo. No longo prazo, Moraleseconomics ajudou a criar isso:
 




« Última modificação: 27 de Janeiro de 2013, 13:54:06 por -Huxley- »

Offline Pagão

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #27 Online: 28 de Janeiro de 2013, 07:57:12 »
Enquanto se louvar e aspirar por "grandes líderes" ao invés de louvar e aspirar à qualidade das instituições... Está tudo dito quanto a desenvolvimento de um povo.... especialmente desenvolvimento cultural.     
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #28 Online: 28 de Janeiro de 2013, 17:36:47 »
Citação de: ReVo
De qualquer forma, lamento a nossa indisposição. Não tenho a intenção de criar inimizades por aqui, por ser um fórum que acompanho há bastante tempo, e muito menos pelas opiniões políticas...

ReVo, concordo completamente com você. Alguns dos motivos pelos quais eu acompanho este fórum são a minha curiosidade por aprender e para fortalecer a minha parte crítica e questionadora. Não pretendo convencer a ninguém de nada nem provocar indisposições ou briguinhas. Simplesmente tento expressar (não muitas vezes) a minha opinião.

O motivo da minha resposta foi o caráter generalizante do seu comentário. Não, não sou do PCR, nem dou caráter mítico às figuras políticas, nem apoio ditaduras, nem nada parecido. E nesse sentido falava dos preconceitos. Minhas palavras nada indicavam nesta direção. Quem me conhece sabe que sempre questiono idéias e comportamentos que considero dogmáticos ou totalitários, sem importar se são de “direitas ou esquerdas”.

Tem varias coisas neste seu último post com as quais não concordo, mas a maior parte deixarei para outro momento, sempre que você estiver disposto a continuar conversando.

Só um comentário. Eu sou espanhol e estou acostumado com que o voto seja voluntario e não exista limite legal para o número de reeleições. Para mim não existe nenhum problema em que qualquer país tenha esse tipo de leis. No final das contas essas leis acabam servindo para todos, e nunca deve ser esquecido que estas modificações constitucionais geralmente são votadas num referendum popular.

Não concordo com essa ideia de demonizar dirigentes que tentam estabelecer esse tipo de sistema eleitoral no seu país.

Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #29 Online: 28 de Janeiro de 2013, 17:47:30 »
Citação de: Huxley
Eu não elogio alguém que seja ladrão e co-ladrão de propriedades privadas, mesmo que o seu rebanho coletivista esteja feliz e próspero ...

Huxley, o seu primeiro link reúne vários dos preconceitos, manipulações e mentiras mais comuns sobre este tema. Quero que entenda meu comentário como uma crítica ao exposto nele e não leve para o lado pessoal. Digo isto porque o cara me deixou meio furioso como você vai ver, tá?

Logo no começo me deparo com a sutileza do autor. Chama ao presidente constitucional de um país vizinho de “índio de araque e nativo de gibi”! Sempre imaginei que a mídia séria deveria ter um código de conduta respeitoso e honesto (tratando-se da Veja também não é muita surpresa). Geralmente pararia de ler por aqui. Não resulta estranho o número de comentários de leitores nesta “noticia” que podem ser considerados preconceituosos ou até racistas.

Já sobre o conteúdo, as meias verdades ou simples mentiras se acumulam.

“Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela nacionalização US$ 112 milhões. Mas nunca ninguém viu a cor do dinheiro. O Petrobras foi roubada e ponto.”

Todas as notícias que eu li no passado nada disto indicaram e num comentário do próprio blog aparece um link (de O Globo) no qual se indica que foi realmente pago. Se você tem fonte confiável de tal coisa, faça o favor de colocar. Até então continuarei a considerar que não é verdade e trata-se de uma manipulação.

Engraçada a confusão do autor tentando convencer que os casos de Argentina e Bolívia não são iguais, mas são iguais. As nacionalizações (re-nacionalizações) e renegociação de contratos de exploração na Bolívia não podem ser entendidas sem voltar aos tempos da loucura neoliberal de Bánzer, Goni e companhia. Foi um período de privatizações na base da corrupção e o “amiguismo” nacional e internacional (sobre este tema tentarei ir contando aos poucos em outros posts). Neste período de privatizações aconteceram inúmeros protestos populares: campesinos, cocaleros, a chamada “guerra da água” de Cochabamba, a “guerra do gás”, etc., que significaram a expulsão do poder de Sanchez de Lozada. Todos estes protestos pediam, entre outras coisas, a re-nacionalização das explorações de gás, e da distribuição da água e da energia. Estas propostas estavam no programa eleitoral de Evo Morales o qual simplesmente cumpriu com a sua palavra quando tomou posse. Qualquer tentativa de definir estas nacionalizações como “oportunismo populista” são simplesmente mentira.

Fruto destas privatizações grande parte da população (a mais pobre, claro) passou a ter problemas de acesso á água, energia ou até ao gás! Se você não tiver tempo ou disposição para ler sobre estes protestos recomendo que pelo menos de uma lida sobre a “guerra da água” de Cochabamba (existem até filmes e documentários que tentarei procurar no youtube). Um bom exemplo da loucura neoliberal da época.

Bom, logo depois o autor usa a famosa frase de “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas” para continuar insultando um pouco mais. Acho que deveria ter um pouco de vergonha e não tentar manipular de uma forma tão grosseira. A base do artigo consiste em que um índio de araque roubou ao Brasil e está fazendo a mesma coisa com os espanhóis. A verdade é um pouco diferente claro.

Na Espanha aconteceu uma coisa similar no caso de Repsol. A ultra direita tentou mobilizar a população com a idéia de que Repsol é Espanha (ou Petrobrás é Brasil). Seria interessante que você conferisse qual a parte pública e qual a privada destas grandes corporações e decidir de que forma representam um país.

E já no nível pessoal. Defendo que um país mantenha no seu controle uma grande parte da exploração dos seus recursos naturais e a distribuição para a população. E isso não significa ser um canalha se refugiando no patriotismo. Canalha é quem tenta vender como patrióticos os interesses de uma grande corporação multinacional.

E chega com Reinaldo Azevedo que o resto é igual. Sinto muito, me desculpa, mas não vou ler o seu segundo link dele. “Life is too short, too many things to read, too much rubbish around”.

Huxley, re-nacionalização de recursos naturais não é roubo da propriedade privada de outros e muito menos no caso da Bolívia.

Não consegui entender muito bem os seus gráficos. Você não acha um pouco exagerado comparar a estatização da União Soviética com a re-nacionalização de alguns recursos na Bolívia?

Os referentes ao GDP nada me dizem ao respeito do nosso debate. São uma serie de pontos relacionados com esse etéreo indicador chamado de “economic freedom”. O GDP por si só não faz muito sentido, principalmente se você excluir da equação conceitos como a desigualdade ou a injustiça social. Mas estes conceitos nunca foram muito importantes para a Heritage Foundation, fonte destes gráficos. Sempre é bom tomar com cuidado qualquer informação deste “think tank”, representante dum neoliberalismo ultraconservador.

Offline Geotecton

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #30 Online: 28 de Janeiro de 2013, 22:55:37 »
Apesar de não ter sido direcionada para mim, eu gostaria de tecer alguns comentários.


[...]
Já o que você chama de “rodízio de peças” e geralmente conhecido como sistema democrático. Qual o seu problema de Evo Morales ter sido eleito e reeleito democraticamente?

Eu não enxergo nenhum problema, mas há relatos inúmeros de que parte da população foi manipulada por meio de assistencialismo.

Então eu pergunto: Quando um político de direita faz isto é uma atitude condenável e quando um esquerda faz, ela não é.

Porquê?


Eu gosto de Evo Morales por vários motivos: seu caráter combativo,

Combativo? Em relação a que exatamente?

Desrespeitar contratos firmados entre o Estado boliviano e empresas privadas?

Afrontar grandes empresas multinacionais justamente porque elas são... multinacionais?


sua ideologia,

Qual é a ideologia dele meu caro Javier P?

A de um socialismo anacrônico e que o Estado tem de ser forte em meio a um povo destituído de cultura e educação e, por isto, facilmente manipulável por políticos de todos os espectros, incluindo o atual presidente?

A de um "anti-neo-liberalismo" mas que flerta com regimes essencialmente centralizadores, potencialmente ditatoriais e certamente muito corruptos, dada a fraqueza das instituições bolivianas?


seus programas sociais,

Por favor aponte um só programa de Estado em andamento em que seja contemplada a melhoria na capacidade educacional e técnica do povo boliviano, em especial de suas principais vocações naturais, como o turismo.

E desconsidere qualquer programa de caráter assistencialista, tão caro a qualquer regime populista, seja ele da esquerda (em que quase sempre é toda anacrônica) ou da direita mais retrógrada.


seu conceito de estado pluri-nacional,

Desculpe Javier P, mas o que isto significa realmente?

Se for uma maior participação das comunidades indígenas, frequentemente relegadas a segundo-plano eu concordo. Mas certamente elas não podem, sozinhas, começar a dar o 'norte' da política macroeconômica da Bolívia.


sua valentia para se enfrentar ás grandes corporações internacionais,

Eu não lembro quais foram as multinacionais que ele enfrentou com exceção da Petrobrás, que teve uma parte de seu patrimônio local expropriado, em um flagrante desrespeito a contratos firmados entre entes autônomos, capazes e soberanos.


... Você pode discordar de mim, sem dúvida. Quer expor seus argumentos? Faça, mas não apele para este tipo de resposta ridícula.

Sem comentários, porque esta resposta não foi direcionada para mim.
« Última modificação: 29 de Janeiro de 2013, 08:52:44 por Geotecton »
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Offline -Huxley-

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #31 Online: 29 de Janeiro de 2013, 01:19:59 »
Citação de: Huxley
Eu não elogio alguém que seja ladrão e co-ladrão de propriedades privadas, mesmo que o seu rebanho coletivista esteja feliz e próspero ...

Huxley, o seu primeiro link reúne vários dos preconceitos, manipulações e mentiras mais comuns sobre este tema. Quero que entenda meu comentário como uma crítica ao exposto nele e não leve para o lado pessoal. Digo isto porque o cara me deixou meio furioso como você vai ver, tá?

Logo no começo me deparo com a sutileza do autor. Chama ao presidente constitucional de um país vizinho de “índio de araque e nativo de gibi”! Sempre imaginei que a mídia séria deveria ter um código de conduta respeitoso e honesto (tratando-se da Veja também não é muita surpresa). Geralmente pararia de ler por aqui. Não resulta estranho o número de comentários de leitores nesta “noticia” que podem ser considerados preconceituosos ou até racistas.

Já sobre o conteúdo, as meias verdades ou simples mentiras se acumulam.

“Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela nacionalização US$ 112 milhões. Mas nunca ninguém viu a cor do dinheiro. O Petrobras foi roubada e ponto.”

Todas as notícias que eu li no passado nada disto indicaram e num comentário do próprio blog aparece um link (de O Globo) no qual se indica que foi realmente pago. Se você tem fonte confiável de tal coisa, faça o favor de colocar. Até então continuarei a considerar que não é verdade e trata-se de uma manipulação.

Engraçada a confusão do autor tentando convencer que os casos de Argentina e Bolívia não são iguais, mas são iguais. As nacionalizações (re-nacionalizações) e renegociação de contratos de exploração na Bolívia não podem ser entendidas sem voltar aos tempos da loucura neoliberal de Bánzer, Goni e companhia. Foi um período de privatizações na base da corrupção e o “amiguismo” nacional e internacional (sobre este tema tentarei ir contando aos poucos em outros posts). Neste período de privatizações aconteceram inúmeros protestos populares: campesinos, cocaleros, a chamada “guerra da água” de Cochabamba, a “guerra do gás”, etc., que significaram a expulsão do poder de Sanchez de Lozada. Todos estes protestos pediam, entre outras coisas, a re-nacionalização das explorações de gás, e da distribuição da água e da energia. Estas propostas estavam no programa eleitoral de Evo Morales o qual simplesmente cumpriu com a sua palavra quando tomou posse. Qualquer tentativa de definir estas nacionalizações como “oportunismo populista” são simplesmente mentira.

Fruto destas privatizações grande parte da população (a mais pobre, claro) passou a ter problemas de acesso á água, energia ou até ao gás! Se você não tiver tempo ou disposição para ler sobre estes protestos recomendo que pelo menos de uma lida sobre a “guerra da água” de Cochabamba (existem até filmes e documentários que tentarei procurar no youtube). Um bom exemplo da loucura neoliberal da época.

Bom, logo depois o autor usa a famosa frase de “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas” para continuar insultando um pouco mais. Acho que deveria ter um pouco de vergonha e não tentar manipular de uma forma tão grosseira. A base do artigo consiste em que um índio de araque roubou ao Brasil e está fazendo a mesma coisa com os espanhóis. A verdade é um pouco diferente claro.

Na Espanha aconteceu uma coisa similar no caso de Repsol. A ultra direita tentou mobilizar a população com a idéia de que Repsol é Espanha (ou Petrobrás é Brasil). Seria interessante que você conferisse qual a parte pública e qual a privada destas grandes corporações e decidir de que forma representam um país.

E já no nível pessoal. Defendo que um país mantenha no seu controle uma grande parte da exploração dos seus recursos naturais e a distribuição para a população. E isso não significa ser um canalha se refugiando no patriotismo. Canalha é quem tenta vender como patrióticos os interesses de uma grande corporação multinacional.

E chega com Reinaldo Azevedo que o resto é igual. Sinto muito, me desculpa, mas não vou ler o seu segundo link dele. “Life is too short, too many things to read, too much rubbish around”.

Huxley, re-nacionalização de recursos naturais não é roubo da propriedade privada de outros e muito menos no caso da Bolívia.

Não consegui entender muito bem os seus gráficos. Você não acha um pouco exagerado comparar a estatização da União Soviética com a re-nacionalização de alguns recursos na Bolívia?

Os referentes ao GDP nada me dizem ao respeito do nosso debate. São uma serie de pontos relacionados com esse etéreo indicador chamado de “economic freedom”. O GDP por si só não faz muito sentido, principalmente se você excluir da equação conceitos como a desigualdade ou a injustiça social. Mas estes conceitos nunca foram muito importantes para a Heritage Foundation, fonte destes gráficos. Sempre é bom tomar com cuidado qualquer informação deste “think tank”, representante dum neoliberalismo ultraconservador.


Até onde li, o Reinaldo disse: "Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela nacionalização US$ 112 milhões.". Não parece estranho que ele não tenha dito que a Petrobrás saiu ganhando algo com os US$ 112 milhões, pois, do ponto de vista contábil, esses US$ 112 milhões significam que a Petrobras "pagou" para sair da Bolívia:

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL34734-9356,00.html

Portanto, a Petrobrás foi roubada sim.

O que isso tem a ver com a União Soviética? Tudo. É com base nas arbitrariedades imprevisíveis das ações governamentais que se legitima um regime de Estado totalitário e se solapa o ambiente institucional que tem como um dos alicerces o direito de propriedade privada. Boa parte da crítica que funciona contra a URSS é válido para o populismo de Morales.
« Última modificação: 29 de Janeiro de 2013, 01:26:22 por -Huxley- »

Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #32 Online: 29 de Janeiro de 2013, 19:21:23 »
Até onde li, o Reinaldo disse: "Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela nacionalização US$ 112 milhões.". Não parece estranho que ele não tenha dito que a Petrobrás saiu ganhando algo com os US$ 112 milhões, pois, do ponto de vista contábil, esses US$ 112 milhões significam que a Petrobras "pagou" para sair da Bolívia:

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL34734-9356,00.html

Portanto, a Petrobrás foi roubada sim.

Eu li mais um pouquinho no texto do Reinaldo e a citação completa é:

“Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela nacionalização US$ 112 milhões. Mas nunca ninguém viu a cor do dinheiro. O Petrobras foi roubada e ponto.

Huxley, você leu o link que mandou ou ficou simplesmente no titular? Esta noticia da G1 confirma meu argumento e refuta sua defesa do Azevedo!

“Zylbersztajn lembrou que o Brasil receberá, provavelmente em gás, somente um pouco mais do que o valor pago pelos ativos na Bolívia há oito anos (US$ 104 milhões). Com os investimentos dee US$ 30 milhões que a empresa fez no país desde 1999, o valor de mercado da empresa estaria próximo de US$ 200 milhões.

 Do ponto de vista contábil, portanto, seria um mau negócio. Mas existe um outro lado: "A Petrobras já perdeu o suficiente na Bolívia. É melhor agora garantir o cumprimento do contrato de gás e investir (em outras áreas) fora da Bolívia."


E mais:

“David Zylbersztajn, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), disse que a venda das duas refinarias da empresa no país por US$ 112 milhões foi uma forma de o governo se livrar de aborrecimentos e, ao mesmo tempo, garantir o fornecimento do gás natural boliviano. "Deste ponto de vista, é um negócio muito bom", afirmou.”

Resumindo. Abro a torneira em Corumbá (ou onde for) e só começamos a contar depois dos 100 e nosequantos milhões de reais. E daí para frente (é bom não se esquecer disto) continuamos com o preço e as condições de “amigão” que tão bom resultam para o Brasil e principalmente para a Petrobás, que no final das contas vai revender. Não tenho o dado exato atual, mas um tempo atrás era mais o menos assim: Petrobás comprava da Bolívia a 2 o que no mercado internacional deveria comprar a 8 (sim, OITO!). Preço amigão, hein?

Portanto, a Petrobás não foi roubada não, e o texto do Reinaldo pode ser chamado de manipulação informativa, sim.



Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #33 Online: 29 de Janeiro de 2013, 19:33:40 »
Citação de: Geotecton
Apesar de não ter sido direcionada para mim, eu gostaria de tecer alguns comentários.

Sempre bem vindo. Não tenho muita prática com este tipo de desmembramento de discurso que você faz, mas tentarei responder o melhor que puder. Em algumas das suas questões pede para colocar referencias e fontes confiáveis. Isso pode me levar algum tempinho. Espero que não tenha problemas para ler em espanhol, a maior parte das fontes de dados concretos sobre a Bolívia não tenho encontrado em português. E não é do meu estilo colocar como referencia blogs ou artigos de opinião de Carta Maior ou coisas parecidas (ainda que fosse até bom como contraponto de Veja/Globo).  :)

Citação de: Geotecton
Eu não enxergo nenhum problema, mas há relatos inúmeros de que parte da população foi manipulada por meio de assistencialismo.

Então eu pergunto: Quando um político de direita faz isto é uma atitude condenável e quando um esquerda faz, ela não é.

Porquê?

Que tipo de relatos? Tem algum link para eu conferir esse tipo de acusação?

Não acabo de entender muito bem essas tentativas de demonizar o chamado “assistencialismo”. Existe assistencialismo bom e ruim, ou é sempre ruim?

Eu apoio ajuda diretas do estado em casos que possam ser considerados emergenciais. No caso da Bolívia os níveis de pobreza são brutais e penso que tais ajudas diretas são muitas vezes imprescindíveis (construção de moradias, ajudas para a escolarização, comida, água, etc., etc.). Lógico que não podem ser consideradas como solução e parar por aí. Devem estar acompanhadas por ações ao longo prazo e na maioria dos casos deveriam nascer já com uma espécie de data de vencimento.

Não sei se isso tem a ver ou não com a sua pergunta.

Citação de: Geotecton
Combativo? Em relação a que exatamente?

Em relação à injustiça e desigualdade social. Em relação à exploração, repressão e morte do povo indígena da Bolívia. Em relação à crueldade intrínseca do neoliberalismo brutal aplicado na Bolívia nos últimos anos. Em relação a ... Recomendo dar uma lida na biografia de Evo Morales. Wikipedia é o que é, mas pode ser um bom começo:

http://es.wikipedia.org/wiki/Evo_Morales

Citação de: Geotecton
Qual é a ideologia dele meu caro Javier P?

A de um socialismo anacrônico e que o Estado tem de ser forte em meio a um povo destituído de cultura e educação e, por isto, facilmente manipulável por políticos de todos os espectros, incluindo o atual presidente?

A de um "anti-neo-liberalismo" mas que flerta com regimes essencialmente centralizadores, potencialmente ditatoriais e certamente muito corruptos, dada a fraqueza das instituições bolivianas?

Hmmmm. Não acho que seja tão fácil assim manipular o povo indígena boliviano. Eu conheço eles e é um povo bravo, viú. E muito pelo contrario, a nova constituição outorga a eles muito mais poder e autonomia do que nunca tiveram (aquilo do Estado Plurinacional que falei).

E sobre isso do socialismo ser anacrônico ... bom, no mínimo você deve reconhecer que existem opiniões contrarias. Somos vários os que consideramos que não é assim. Uns com idéias mais totalitárias, com as quais discordo completamente, e outros com idéias mais democráticas, com algumas das quais concordo. Está sendo reformulado aos poucos em alguns lugares. Às vezes com maior e outras com menor sucesso e pelos dados, parece que Bolívia não está indo muito mal por enquanto.

Citação de: Geotecton
Por favor aponte um só programa de Estado em andamento em que seja contemplada a melhoria na capacidade educacional e técnica do povo boliviano, em especial de suas principais vocações naturais, como o turismo.

E desconsidere qualquer programa de caráter assistencialista, tão caro a qualquer regime populista, seja ele da esquerda (em que quase sempre é toda anacrônica) ou da direita mais retrógrada.

Uma pergunta meio estranha, mas tudo bem:

Programa COUNIT.

http://www.vicepresidencia.gob.bo/spip.php?page=proyecto&id_proyecto=3

Já sobre isso de “o turismo ser uma das principais vocações naturais” do povo boliviano...  :hein:
   

Citação de: Geotecton
Desculpe Javier P, mas o que isto (estado-plurinacional) significa realmente?

Se for uma maior participação das comunidades indígenas, frequentemente relegadas a segundo-plano eu concordo. Mas certamente elas não podem, sozinhas, começar a dar o 'norte' da política macroeconômica da Bolívia.

A declaração do Estado Plurinacional da Bolívia aconteceu em 2009, com a aprovação por referendum da nova constituição. Nela se redefiniu o modelo de estado. O poder foi descentralizado em muitos níveis e os indígenas (enorme maioria da população) ganharam direitos e participação no poder que antes não tinham. Levaria-me muito tempo explicar todos os detalhes. Recomendo dar uma lida, ainda que rápida, neste link sobre a constituição de 2009:

http://es.wikipedia.org/wiki/Constituci%C3%B3n_Pol%C3%ADtica_del_Estado_de_Bolivia_de_2009

 
Citação de: Geotecton
Eu não lembro quais foram as multinacionais que ele enfrentou com exceção da Petrobrás, que teve uma parte de seu patrimônio local expropriado, em um flagrante desrespeito a contratos firmados entre entes autônomos, capazes e soberanos.

Rápida relação de nacionalizações e renegociações de contratos:

- 1º de mayo de 2006: se emitió el decreto "Héroes del Chaco" en que se declara el fin del "saqueo de los recursos naturales" y comienzo de un “proceso de nacionalización de los recursos del país”. Los hidrocarburos se presentaron como el objetivo principal de las nacionalizaciones, específicamente, las reservas de gas, principal fuente de divisas del país. El presidente comenzó la negociación de nuevos contratos de explotación con las empresas extranjeras.
- En octubre de 2006 se reestatizó la mina de estaño de Huanuni.
- En enero de 2007 se rescindió el contrato de Aguas del Illimani, una empresa de servicios de agua y saneamiento al departamento de La Paz, hasta ese momento en manos de la empresa francesa Lyonnaise des Eaux.
- En febrero de 2007 se reestatizó el Complejo Metalúrgico Vinto que estaba en manos de la minera Sinchi Huayra, subsidiaria de la suiza Glencore International.
- En 2008, se nacionalizó Entel, la mayor telefónica en Bolivia, hasta ese momento filial de la italiana Telecom, definiéndose como los dos objetivos principales de la nacionalización “hacer de las telecomunicaciones un derecho humano y que Entel sea una empresa rentable, competitiva y líder del sector”.
- En 2008 el estado boliviano adquirió la totalidad de la Compañía Logística de Hidrocarburos Boliviana (CLHB) de capitales alemanes y peruanos.
- El 1º de mayo de 2008 el estado boliviano concretó la compra de más del 50% de las acciones de la petrolera Andina, hasta ese entonces filial de Repsol YPF. En octubre de 2008, la firma española firmó un acuerdo con la estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) para iniciar la gestión compartida de YPFB-Andina, en la que Repsol YPF tenía participación minoritaria. También se recuperó la mayoría accionaria (51%) de Chaco, filial de British Petroleum y el 50% de las acciones de la petrolera Transredes, a cargo de la distribución de hidrocarburos, administrada hasta ese momento por la empresa británica Ashmore y la empresa anglo-holandesa Shell.
- El 1º de mayo de 2009 se estatizaron todas las acciones de la empresa AIR BP Bolivia, encargada del servicio de suministro de combustibles de aviación en los aeropuertos, hasta ese momento filial de la empresa británica BP.
- El 1º de mayo de 2010 se inició el proceso de estatización del sector eléctrico comenzando con la estatización de las generadoras de electricidad Corani, Valle Hermoso y Guarachi a la Empresa Nacional de Electricidad (ENDE). Corani era administrada por Ecoenergy Internacional, subsidiaria de la empresa francesa GDF, mientras que la empresa británica Rurelec PLC tenía el 50 por ciento de las acciones de Guarachi. La mitad de las acciones de Valle Hermoso pertenecía a la empresa The Bolivian Generating Group, cuyo grupo inversor era Panamerican de Bolivia. También se estatizó la cooperativa distribuidora Empresa de Luz y Fuerza Eléctrica de Cochabamba.
- El 1º de septiembre, se decretó la estatización de la tercera parte de acciones de Fancesa, principal cementera del país. Sus inversionistas eran Samuel Doria Medina y el Grupo de Cemento Chihuahua (GCC). En enero de 2012 se nacionalizó la participación de la petrolera PAE a favor de la empresa estatal YPFB-Chaco
- El 1º de mayo de 2012 durante el acto por el Día del Trabajador el presidente, el presidente de Bolivia, Evo Morales, dio a conocer nacionalización de la Transportadora de Electricidad SA, en manos hasta ese momento del grupo español Red Eléctrica. 26
   

Citação de: Javier P
... Você pode discordar de mim, sem dúvida. Quer expor seus argumentos? Faça, mas não apele para este tipo de resposta ridícula.

Citação de: Geotecton
Sem comentários, porque esta resposta não foi direcionada para mim.

Não entendo muito bem o sentido de você colocar este comentário “sem comentários”. Poderia explicar?

Arrumando mais um tempinho, e sempre que você continuar interessado, poderia ampliar esta informação.

Offline Moro

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #34 Online: 29 de Janeiro de 2013, 20:12:53 »
que problema é esse que a Petrobras enfrenta a que justificaria seu preço baixo?
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Vento Sul

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #35 Online: 29 de Janeiro de 2013, 23:48:44 »
Muito bom esse debate Javier P!  É bom sempre alertar os seguidores da Veja, Estadão, Folha e adjacências que ainda não perceberam ou não tem senso crítico apurado para perceber as armadilhas escondidas atrás das informações e opiniões ali postadas. O mesmo eu diria da mídia dedicada ao outro lado, como Carta Capital, etc. 
É sempre bom ter um desconfiômetro ligado ao consultar tais periódicos, um erro grotesco de muitos foristas aqui, crédulos e satisfeitos ao extrair a superficialidade enganosa destes veículos.

Outro porém, é que ficam procurando legisladores perfeitos, as falhas são expostas, é claro, elas existem, mas em função delas anulam quaisquer fatos positivos. Mais curioso ainda é que se um povo é o que é, mesmo que desde sempre governados com a mão de ferro que lhe impôs tais condições, isso é descartado, ou a responsabilidade é atribuida a  este mesmo povo.

Estou acompanhando ...

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Resumindo: Ou acreditamos em mágica ou não!
 
 
 
 .

Offline -Huxley-

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #36 Online: 30 de Janeiro de 2013, 00:03:28 »
Até onde li, o Reinaldo disse: "Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela nacionalização US$ 112 milhões.". Não parece estranho que ele não tenha dito que a Petrobrás saiu ganhando algo com os US$ 112 milhões, pois, do ponto de vista contábil, esses US$ 112 milhões significam que a Petrobras "pagou" para sair da Bolívia:

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL34734-9356,00.html

Portanto, a Petrobrás foi roubada sim.

Eu li mais um pouquinho no texto do Reinaldo e a citação completa é:

“Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela nacionalização US$ 112 milhões. Mas nunca ninguém viu a cor do dinheiro. O Petrobras foi roubada e ponto.

Huxley, você leu o link que mandou ou ficou simplesmente no titular? Esta noticia da G1 confirma meu argumento e refuta sua defesa do Azevedo!

“Zylbersztajn lembrou que o Brasil receberá, provavelmente em gás, somente um pouco mais do que o valor pago pelos ativos na Bolívia há oito anos (US$ 104 milhões). Com os investimentos dee US$ 30 milhões que a empresa fez no país desde 1999, o valor de mercado da empresa estaria próximo de US$ 200 milhões.

 Do ponto de vista contábil, portanto, seria um mau negócio. Mas existe um outro lado: "A Petrobras já perdeu o suficiente na Bolívia. É melhor agora garantir o cumprimento do contrato de gás e investir (em outras áreas) fora da Bolívia."


E mais:

“David Zylbersztajn, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), disse que a venda das duas refinarias da empresa no país por US$ 112 milhões foi uma forma de o governo se livrar de aborrecimentos e, ao mesmo tempo, garantir o fornecimento do gás natural boliviano. "Deste ponto de vista, é um negócio muito bom", afirmou.”

Resumindo. Abro a torneira em Corumbá (ou onde for) e só começamos a contar depois dos 100 e nosequantos milhões de reais. E daí para frente (é bom não se esquecer disto) continuamos com o preço e as condições de “amigão” que tão bom resultam para o Brasil e principalmente para a Petrobás, que no final das contas vai revender. Não tenho o dado exato atual, mas um tempo atrás era mais o menos assim: Petrobás comprava da Bolívia a 2 o que no mercado internacional deveria comprar a 8 (sim, OITO!). Preço amigão, hein?

Portanto, a Petrobás não foi roubada não, e o texto do Reinaldo pode ser chamado de manipulação informativa, sim.

Caso não tenha percebido, o Reinaldo não falou nada de errado. Não se viu a cor do dinheiro mesmo. O governo boliviano fez o pagamento com gás, e ainda por cima num preço que só representa cerca de 56% do provável valor de mercado. A Petrobrás deixou de receber quase US$ 88 milhões em relação ao que receberia numa possível transação de mercado (100% voluntária e sem qualquer manobra de usurpação de propriedade).

Está na cara que o governo Morales ladrão não teve a oportunidade de dizer: "Olá, Petrobrás, eu quero as duas refinarias adquiridas por vocês de volta, vocês aceitariam vendê-las a um preço correspondente a cerca de 56% do provável valor de mercado? Eu prometo que não as usurparei e nem deixarei de respeitar os contratos estabelecidos com vocês, caso vocês se recusem a negociá-las a esse preço".

É claro que o governo boliviano achou que o preço pós-roubo seria diferente, daí a ideia de usurpar a Petrobrás para pagar um preço menos compatível com o valor de mercado.

--------- (acrescentando)-------------------------------------------------

Já que se referiu ao que os especialistas consultados pela G1 disseram, lembre-se que foi dito que, devido à incerteza forte de se prever o que aconteceria numa arbitragem internacional, o pior cenário possível nessa situação seria os ativos da Petrobrás ficarem nas mãos do governo boliviano e a Petrobrás ficar sem a indenização e sem os ativos. Isso faz parte do cenário pós-roubo, que fez a Petrobrás “engolir” a proposta dos US$ 112 milhões. O que aconteceria se o cenário fosse aquele em que não se usurparia a Petrobrás? Nesse caso, o pior cenário possível seria aquele em que a Petrobrás ficaria com seus ativos e ainda teria um governo desesperado para comprar. Esse foi o conjunto de cenários possíveis que o governo boliviano teve em mente, caso contrário não teria apelado ao roubo. 

Ademais, só quem tem o direito de estimar o retorno esperado de um conjunto de ativos e sua respectiva atratividade são os manda-chuvas da companhia que é dona dele e/ou seus possíveis compradores legítimos, e não os analistas entrevistados de uma reportagem da G1. Se não for assim, então qualquer ladrão teria legitimidade para dizer: “Vou roubar esses seus ativos porque um amigo contador meu me disse que os seus retornos esperados serão bem negativos, então estou fazendo isso para seu próprio bem”. E isso é o mesmo que descriminalizar a profissão de ladrão. Se tivesse sido útil para os manda-chuvas da Petrobrás vender as duas refinarias por US$ 112 milhões até 2006/2007, isso teria sido feito até 2006/2007 numa transação voluntária legítima. O fato de a Petrobrás ter aceitado os US$ 112 milhões em 2007 está mais relacionado ao fato de que o roubo de seus ativos mudou o seu poder de barganha na negociação.
« Última modificação: 30 de Janeiro de 2013, 18:22:05 por -Huxley- »

Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #37 Online: 31 de Janeiro de 2013, 19:40:17 »
 :vergonha:   Obrigado Vento Sul.    :)

Citação de: Vento Sul
Outro porém, é que ficam procurando legisladores perfeitos, as falhas são expostas, é claro, elas existem, mas em função delas anulam quaisquer fatos positivos. Mais curioso ainda é que se um povo é o que é, mesmo que desde sempre governados com a mão de ferro que lhe impôs tais condições, isso é descartado, ou a responsabilidade é atribuida a  este mesmo povo.

Boa colocação. Tal qual.

Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #38 Online: 31 de Janeiro de 2013, 19:49:34 »
Citação de: Huxley
Caso não tenha percebido, o Reinaldo não falou nada de errado. Não se viu a cor do dinheiro mesmo. O governo boliviano fez o pagamento com gás ...

 :hein:   Huxley, fala sério.

 
Citação de: Huxley
... e ainda por cima num preço que só representa cerca de 56% do provável valor de mercado. A Petrobrás deixou de receber quase US$ 88 milhões ...

Lendo esta primeira parte do seu post já estava pensando na resposta: os números dos analistas no seu link não passam de um mero chute, principalmente considerando que eles mesmos reconhecem que Petrobrás só estava perdendo dinheiro. Mas não preciso falar, pois no seu adendo você mesmo reconhece tal coisa:

Citação de: Huxley
... só quem tem o direito de estimar o retorno esperado de um conjunto de ativos e sua respectiva atratividade são os manda-chuvas da companhia que é dona dele e/ou seus possíveis compradores legítimos, e não os analistas entrevistados de uma reportagem da G1. Se não for assim, então qualquer ladrão teria legitimidade para dizer: “Vou roubar esses seus ativos porque um amigo contador meu me disse que os seus retornos esperados serão bem negativos, então estou fazendo isso para seu próprio bem”

O seu link da G1 é uma análise muito simples, cheia de chutes (para o alto provavelmente) e de puras especulações: “de repente o governo boliviano faz isto ou aquilo”, “de repente os indígenas destroem”, ”de repente ...”. Nada disso aconteceu de fato, claro, e o mais perto da realidade você mesmo diz:

Citação de: Huxley
... poder de barganha na negociação.

No final das contas o mais importante que estava sendo negociado era o percentual de lucros a dividir entre a Petrobrás e o estado boliviano. Resulta muito fácil descobrir o que aconteceu depois de toda aquela “confusão”. Você acha que foi o final da Petrobrás na Bolívia? Que nunca mais quiseram fazer negócios (dentro da Bolívia) com esse bando de ladrões? Coloque “Petrobrás Bolívia” no santo Google e fique um tempinho investigando.

Fora disso. As privatizações na Bolívia foram feitas contra a vontade maioritária do povo. Não foram votadas por referendum e muitas delas, se não todas, sem uma aprovação real do parlamento. Já as nacionalizações foram parte das reivindicações dos protestos que custaram a vida de muitas pessoas e do programa eleitoral pelo qual Morales foi eleito.

Eu sei que você não sente muito respeito nem pelo ladrão-indio-de-araque-nativo-de-gibi nem pelo povo indígena da Bolívia, que você define com “rebanho coletivista”, mas eu pediria um favor para você: se informe sobre a realidade e historia deste país e sua gente e principalmente trate-os com mais respeito.

Cansei de falar sobre Azevedo, viu? “Life is too short”.

Offline Geotecton

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #39 Online: 31 de Janeiro de 2013, 23:35:50 »
Novamente desejo participar deste diálogo.

No final das contas o mais importante que estava sendo negociado era o percentual de lucros a dividir entre a Petrobrás e o estado boliviano. Resulta muito fácil descobrir o que aconteceu depois de toda aquela “confusão”. Você acha que foi o final da Petrobrás na Bolívia? Que nunca mais quiseram fazer negócios (dentro da Bolívia) com esse bando de ladrões? Coloque “Petrobrás Bolívia” no santo Google e fique um tempinho investigando.

Se a decisão fosse apenas econômica e ou técnica, eu tenho certeza que a Petrobrás jamais retornaria à Bolívia enquanto estivesse sob o comando do senhor Morales. Mas todos sabem que empresas estatais ou de economia mista não se pautam por decisões técnicas, ainda mais na América do Sul.


Fora disso. As privatizações na Bolívia foram feitas contra a vontade maioritária do povo. Não foram votadas por referendum e muitas delas, se não todas, sem uma aprovação real do parlamento.

Então o parlamento não opinou?

Você pode demonstrar isto de uma fonte confiável, ou seja, que não venha de algum jornal de esquerda ou de algum site do atual governo boliviano? Ou pelo menos apresentar uma evidência anedótica?

E em várias democracias representativas não há necessidade de referendum para decisões deste tipo, pois o Parlamento tem este poder.


Já as nacionalizações foram parte das reivindicações dos protestos que custaram a vida de muitas pessoas e do programa eleitoral pelo qual Morales foi eleito.

Protestos feitos por pessoas conscientes da questão e plenamente autônomas ou feitos por pessoas que serviram de 'massa de manobra' por políticos oportunistas?

Quem é que realmente deve decidir sobre tais questões? Um habitante semi-analfabeto de Guayaramerín ou um legislador boliviano sob os auspícios de um geólogo-consultor?


Eu sei que você não sente muito respeito nem pelo ladrão-indio-de-araque-nativo-de-gibi...

Eu particularmente não tenho nenhuma admiração pelo senhor Morales, por vários motivos, começando pela sua conivência com quadrilhas que furtam ou roubam veículos no Brasil e os conduzem atá a Bolívia e terminando com a sua visão anacrônica de sistemas econômicos.


nem pelo povo indígena da Bolívia, que você define com “rebanho coletivista”,

Não concordo com o aparente desdém que o -Huxley- tem com aquele segmento do povo boliviano, mas também não entendo a sua admiração por eles.


mas eu pediria um favor para você: se informe sobre a realidade e historia deste país e sua gente e principalmente trate-os com mais respeito.
[...]

Ótimo conselho Javier P.

Eu faço o mesmo para você em relação ao segmento da população da Bolívia que conseguiu traze-la ao século XXI, pois parece que você tem um desprezo sintomático por ela.

A propósito. Uma narrativa baseada em evidências anedóticas.

Tenho dois amigos bolivianos, ambos geólogos, que fizeram uma sinopse sobre a questão minerária e petrolífera de seu país. Eles afirmaram que os grandes problemas com os contratos estavam na definição do tipo de propriedade da algumas ocorrências, ou seja, se continuariam sendo do Estado boliviano sendo explotados sob a forma de concessão ou se seriam de propriedade das empresas, com estas pagando um percentual a título de 'uso do patrimônio público' e um percentual a título de 'indenização pelo uso de terras de povos indígenas'. Mas a imensa maioria das ocorrências foram liberadas apenas sob a forma de concessão.

E, sim ocorreram alguns casos de corrupção no processo de licitação e de licenciamento mas - afirmação deles - o mesmo ocorreu, e em escala muito maior, quando o Estado começou a re-estatizar, porque houve uma pilhagem das empresas por apaniguados do regime, que nada conheciam da área de mineração mas tudo conheciam de 'burocratismo estatizante socialista'.

O mesmo ocorreu com a chamada 'Guerra da Água' em que foram trazidos reais benefícios para a agricultura de alto rendimento. Isto gerou um conflito com parte dos indígenas que se opunham porque mantinham uma agricultura de subsistência.

Enfim, o quadro é mais complexo do que alguns querem apresentar, sejam eles os direitistas, sob os auspícios de fortes setores econômicos oligopolistas, sejam eles esquerdistas, sob a ideologia anticapitalismo e misturada com um 'determinismo histórico marxista' anacrônico.
« Última modificação: 31 de Janeiro de 2013, 23:55:52 por Geotecton »
Foto USGS

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #40 Online: 01 de Fevereiro de 2013, 19:59:16 »
Notícia de 2005:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u48594.shtml

Citar
Eleição de Morales na Bolívia seria "extraordinária", diz Lula*

*Para quem não se lembra, Lulla chegou a subir em um palanque na Bolívia e discursar a favor do Imorales antes da eleição.

Citar
A duas semanas das eleições presidenciais na Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou transparecer sua preferência pelo candidato e líder cocaleiro Evo Morales, do partido esquerdista MAS.

No discurso do encerramento do encontro com o presidente argentino, Néstor Kirchner, em Puerto Iguazú, Lula disse que a região está vivendo um momento inédito, no qual presidentes progressistas estão sendo eleitos.

“É só olhar o retrato da América do Sul nos últimos três anos e perceber que em nenhum momento da história da região a gente teve tanta possibilidade de uma América do Sul voltada para a sua gente”, disse Lula nesta quarta-feira.

“Olha o que significou a eleição do (Hugo) Chávez na Venezuela. Imagine o que significa se o Evo Morales ganhar as eleições na Bolívia. São mudanças tão extraordinárias que nem mesmo os melhores cientistas políticos dos nossos países poderiam ter escrito.”


...seguindo com notícia de 2006 tirada de um comentário em um site de games, mas vale pela data e por ser noticiada igualmente em outras fontes:

http://www.gamesbrasil.com.br/forum/showthread.php/36135-Ex%C3%A9rcito-boliviano-ocupa-duas-refinarias-da-Petrobras

Citar
Exército boliviano ocupa duas refinarias da Petrobras

Citar
Duas refinarias da Petrobras foram ocupadas, nesta segunda-feira, por militares e funcionários da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). A operação começou depois do presidente Evo Morales anunciar a nacionalização do setor de hidrocarbonetos, que corresponde ao petróleo e ao gás.


...mas seguindo com meu raciocínio, como vcs mesmos disseram que a nacionalização era uma promessa de campanha do Emo Imorales (campanha em 2005com apoio declarado do Lulla a favor do Emo Imorales e com o roubo das refinarias acontecendo em 2006depois de eleito) não fica bem claro que o Apedeuta sabia exatamente o que ele faria, foi conivente com isso e a prova é que o Emo Imorales  já mandou invadir direto sem se preocupar com uma represália por parte do Brasil que era o único país atendido pelo gasoduto que saia das refinarias roubadas e estava com a faca e o queijo na mão para fechar a torneira do pagamento pelo gás vindo da Bolívia e portanto teria o maior poder na retomada das refinarias?

Encurtando :

Roubaram as refinarias porque se sabia com antecedência exatamente qual seria a reação do Apedeuta, não é isso?

Se ele quisesse mesmo brigar pelos direitos da Petrobrás teria tudo para forçar uma negociação com o Imorales simplesmente deixando de fazer os pagamentos visto que ele rasgou os contratos com a empresa.





Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #41 Online: 01 de Fevereiro de 2013, 20:09:20 »
Citação de: Geotecton
Novamente desejo participar deste diálogo.

Num primeiro momento pensei que neste post você iria a responder às perguntas e à petição de links para confirmar suas acusações que formulei uns dias atrás. Parece que prefere deixar para mais tarde. De qualquer jeito e como já falei anteriormente, sempre bem vindo.

Citação de: Geotecton
Mas todos sabem que empresas estatais ou de economia mista não se pautam por decisões técnicas, ainda mais na América do Sul.

Eu faria só uma pequena modificação:

... não se pautam unicamente por decisões técnicas.

E ai concordo completamente. Eu acho isso bom e conveniente. Você não?

Citação de: Geotecton
Então o parlamento não opinou?

Você pode demonstrar isto de uma fonte confiável, ou seja, que não venha de algum jornal de esquerda ou de algum site do atual governo boliviano? Ou pelo menos apresentar uma evidência anedótica?

Procurando uma fonte que cumpra as suas condições me deparei com um texto que ainda não conhecia. Farei um resumo dele num próximo post.

Não acabo de entender esta fixação por eliminar do debate as fontes governamentais e o que você define como mídia esquerdista. Para mim o importante é o conteúdo e não tanto o canal. E depois de ler a gente discute sobre a validez ou o caráter falacioso da informação nele exposta.


Citação de: Geotecton
Protestos feitos por pessoas conscientes da questão e plenamente autônomas ou feitos por pessoas que serviram de 'massa de manobra' por políticos oportunistas?

Quem é que realmente deve decidir sobre tais questões? Um habitante semi-analfabeto de Guayaramerín ou um legislador boliviano sob os auspícios de um geólogo-consultor?

Poxa! Coitado do carinha de Guayaramerín. Que baita responsabilidade para um cidadão só, hein? E alem de tudo semi-analfabeto. Consigo imaginar às pessoas da sua comunidade (sem dúvida semi-analfabetas também) sentadas na arquibancada e gritando: Vai que é tua Taffarel! Salva a pátria!    :)

Geo este tipo de argumento imagem não tem sentido nem como metáfora. Isso sim, daria para fazer uma bela capa da Veja apresentando um especial de cinco páginas sobre a Bolívia.

São vários os comentários nos quais você questiona a capacidade, inteligência e autonomia do povo da Bolívia. E ao mesmo tempo uma das críticas mais comuns encontradas neste fórum é a “tendência” totalitária e antidemocrática do Morales. As duas coisas não batem.


Citação de: Geotecton
Eu particularmente não tenho nenhuma admiração pelo senhor Morales, por vários motivos, começando pela sua conivência com quadrilhas que furtam ou roubam veículos no Brasil e os conduzem atá a Bolívia e terminando com a sua visão anacrônica de sistemas econômicos.

Não conheço os detalhes deste “terrível escândalo”. De novo Geo, tem alguma fonte para eu poder conferir estas acusações. Eu não coloco nenhuma condição, mas que não seja o Azevedo peloamordedeus.

Não teria nenhum inconveniente em aceitar esta crítica se a informação mostrasse o que você indica.


Citação de: Geotecton
Não concordo com o aparente desdém que o -Huxley- tem com aquele segmento do povo boliviano, mas também não entendo a sua admiração por eles.

Acho que você está confundindo respeito por admiração. Não sou muito chegado com esse negocio de admirar outras pessoas. Meu tipo de trabalho e meu modo de vida tem me facilitado conhecer diferentes tipos de pessoas na América Latina, principalmente Peru, Bolívia e Equador (ah! E Brasil claro). Tenho feito relações, algumas que posso considerar como autêntica amizade, com indígenas e não indígenas destes países, visitado suas comunidades, morado na suas casas e conhecido suas tragédias cotidianas. Meu sentimento por eles é uma mistura de respeito, amizade, carinho e dor pelas penúrias e injustiças que sofrem.

Muito provavelmente o fato de você pensar que é admiração seja pelo contraste das minhas palavras com as de outros foristas que, desde o desconhecimento, os insultam e menosprezam.

Citação de: Geotecton
Ótimo conselho Javier P.

Eu faço o mesmo para você em relação ao segmento da população da Bolívia que conseguiu traze-la ao século XXI, pois parece que você tem um desprezo sintomático por ela.

Não me lembro de ter desprezado nenhum “segmento da população da Bolívia” com as minhas palavras neste tópico. E logicamente não entendo de que possa ser tal coisa sintoma.

Pediria, por favor, você detalhar quais das minhas palavras são merecedoras desta acusação.



Citação de: Geotecton
O mesmo ocorreu com a chamada 'Guerra da Água' em que foram trazidos reais benefícios para a agricultura de alto rendimento. Isto gerou um conflito com parte dos indígenas que se opunham porque mantinham uma agricultura de subsistência.

Este não foi, nem de longe, o principal motivo da guerra da água. A chamada guerra foi centralizada principalmente em Cochabamba. Os primeiros grandes protestos foram motivados pelo brutal aumento das tarifas que resultavam impossíveis para pagar a uma população terrivelmente empobrecida. Alem disso existiam os problemas gerados pela Lei 2029. Foi criada nas pressas para permitir que um grupo de empresas, montado em um par de dias, pudesse comprar o serviço. Nesta lei apareciam artigos que aparentemente permitiam exigir uma taxa pela colheita da água da chuva, e exigia aos usuários de poços comunitários a colocação de um medidor, que eles mesmos tinham que pagar.

Existiram mais motivos, claro. Recomendo, de novo, dar uma lida sobre este tema. Vamos no fácil:

http://en.wikipedia.org/wiki/2000_Cochabamba_protests

A página em espanhol é um desastre de tradução.

De repente me lembrei que a Veja já fez uma capa bem parecida com o meu comentário anterior:



Legal, né?

Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #42 Online: 01 de Fevereiro de 2013, 20:29:24 »
Ia fazer um resumo deste texto, mas não é fácil decidir que deixar fora quando este tipo de pessoas escrevem. Não é nem tão longo assim.

Who owns Bolivia?

Joseph E. Stiglitz. 

A few months ago, Evo Morales became Bolivia‘s first democratically elected indigenous head of state. Indigenous groups constitute 62% of Bolivia’s population, and those with mixed blood another 30%, but for 500 years Bolivians had been ruled by colonial powers and their descendants. Well into the twentieth century, indigenous groups were effectively deprived of a vote and a voice. Aymara and Quechua, their languages, were not even recognized for conducting public business. So Morales’ election was historic, and the excitement in Bolivia is palpable.

But Morales’ nationalization of Bolivia’s oil and gas fields sent shock waves through the international community. During his campaign, Morales made clear his intention to increase state control over national gas and oil. But he had made it equally clear that he did not intend to expropriate the property of energy firms – he wanted foreign investors to stay. (Nationalization does not, of course, necessarily mean expropriation without appropriate compensation.) Perhaps surprising for modern politicians, Morales took his words seriously. Genuinely concerned about raising the incomes of his desperately poor people, he recognized that Bolivia needs foreigners’ expertise to achieve growth, and that this entails paying fairly for their services. But are foreign owners getting more than a fair rate of return?

Morales’ actions are widely supported by Bolivians, who see the so-called privatizations (or “capitalizations”) under former President Gonzalo “Goni” Sanchez de Lozada as a rip-off: Bolivia received only 18% of the proceeds! Bolivians wonder why investments of some $3 billion should entitle foreign investors to 82% of the country’s vast gas reserves, now estimated to be worth $250 billion. While there has not yet been full disclosure of returns, or an audit of the true value of investments, it appears that investors would, at the old terms, have recouped all their money within just four years.

Bolivians also ask why foreigners reap all the benefits of today’s high prices for oil and gas? It costs no more to extract oil or gas today than it did when prices were one-third of their current level. Yet, the foreign oil companies get 82% of the increase – in the case of oil, this would amount to a windfall for them of $32 a barrel or more. No wonder that Bolivians thought they were being cheated and demanded a new deal. On May 2, Morales simply reversed the percentages, pending renegotiation of the contracts: the companies operating in the two largest fields would get 18% of the production for themselves. As part of this new deal, Bolivia should also get a larger share when prices increase. (Bolivia may, of course, not want to bear the risk of a fall in the price, so it may strike a deal to transfer some of the downside risk to foreign companies, giving them in exchange more of the upside potential.)

To most Bolivians, what is at stake is a matter of fairness: Should foreign oil and gas companies get a fair return on their capital, or a supernormal return? Should Bolivia be paid a fair value for its resources? And should Bolivia, or foreign companies, reap most of the windfall gains from increases in energy prices?

Moreover, many deals were apparently done in secret by previous governments – and apparently without the approval of Congress. Indeed, because Bolivia’s Constitution requires the approval of Congress for such sales, it isn’t clear that Morales is nationalizing anything: the assets were never properly sold. When a country is robbed of a national art treasure, we don’t call its return “re-nationalization,” because it belonged to the country all along.

As with many privatizations elsewhere, there are questions as to whether the foreign investors have kept their side of the bargain. Bolivia contributed to these joint enterprises not only with resources, but also with previous investments. The foreign companies’ contribution was supposed to be further investment. But did they fully live up to their commitments? Are accounting gimmicks being used to overstate the true value of foreign capital contributions? Bolivia’s government has, so far, simply raised questions, and set in motion a process for ascertaining the answer.

The problem in Bolivia is a lack of transparency, both when contracts are signed and afterwards. Without transparency, it is easy for citizens to feel that they are being cheated – and they often are. When foreign companies get a deal that is too good to be true, there is often something underhanded going on. Around the world, oil and gas companies have themselves to blame: too often, they have resisted calls for greater transparency. In the future, companies and countries should agree on a simple principle: there should be, to paraphrase President Woodrow Wilson’s memorable words, “open contracts, openly and transparently arrived at.”

If the Bolivians do not get fair value for their country’s natural wealth, their prospects are bleak. Even if they do, they will need assistance, not only to extract their resources, but also to improve the health and education of all Bolivians – to ensure long-term economic growth and social welfare.

For now, the world should celebrate the fact that Bolivia has a democratically elected leader attempting to represent the interests of the poor people of his country. It is a historic moment.

Fonte:http://www.project-syndicate.org/commentary/who-owns-bolivia-

Offline Geotecton

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #43 Online: 01 de Fevereiro de 2013, 20:41:52 »
Citação de: Geotecton
Novamente desejo participar deste diálogo.
Num primeiro momento pensei que neste post você iria a responder às perguntas e à petição de links para confirmar suas acusações que formulei uns dias atrás. Parece que prefere deixar para mais tarde.

Fato.

Eu ainda não o respondi.

Desculpe.

Vou procurar faze-lo no final de semana.


De qualquer jeito e como já falei anteriormente, sempre bem vindo.

Obrigado.


Citação de: Geotecton
Mas todos sabem que empresas estatais ou de economia mista não se pautam por decisões técnicas, ainda mais na América do Sul.

Eu faria só uma pequena modificação:

... não se pautam unicamente por decisões técnicas.

E ai concordo completamente. Eu acho isso bom e conveniente. Você não?

Certo.

Mas ficou claro que o que eu quis ressaltar era o meu descontentamento com a ingerência política nelas, não é mesmo?


Citação de: Geotecton
Então o parlamento não opinou?

Você pode demonstrar isto de uma fonte confiável, ou seja, que não venha de algum jornal de esquerda ou de algum site do atual governo boliviano? Ou pelo menos apresentar uma evidência anedótica?
Procurando uma fonte que cumpra as suas condições me deparei com um texto que ainda não conhecia. Farei um resumo dele num próximo post.

Aguardarei.


Não acabo de entender esta fixação por eliminar do debate as fontes governamentais e o que você define como mídia esquerdista.

As mídias governamentais sul-americanas tem a péssima tradição de apenas fazer apologia aos regimes respectivos e não o de discutir problemas de interesse da população sem o viés populista.


Para mim o importante é o conteúdo e não tanto o canal. E depois de ler a gente discute sobre a validez ou o caráter falacioso da informação nele exposta.

O tipo do canal geralmente indica a tendência ideológica do seu conteúdo. 


Citação de: Geotecton
Protestos feitos por pessoas conscientes da questão e plenamente autônomas ou feitos por pessoas que serviram de 'massa de manobra' por políticos oportunistas?

Quem é que realmente deve decidir sobre tais questões? Um habitante semi-analfabeto de Guayaramerín ou um legislador boliviano sob os auspícios de um geólogo-consultor?
Poxa! Coitado do carinha de Guayaramerín. Que baita responsabilidade para um cidadão só, hein? E alem de tudo semi-analfabeto. Consigo imaginar às pessoas da sua comunidade (sem dúvida semi-analfabetas também) sentadas na arquibancada e gritando: Vai que é tua Taffarel! Salva a pátria!    :)

Desconsiderando a ironia, talvez apropriada, e ressaltando que não gosto do bordão supra eu afirmo, e reafirmo, que decisões técnicas devem ser feitas por especialistas e não pela população em geral.


Geo este tipo de argumento imagem não tem sentido nem como metáfora. Isso sim, daria para fazer uma bela capa da Veja apresentando um especial de cinco páginas sobre a Bolívia.

Você tem alguma fixação emocional com a Veja?


São vários os comentários nos quais você questiona a capacidade, inteligência e autonomia do povo da Bolívia.

Errado, meu caro Javier P. Eu questiono a 'capacidade, inteligência e autonomia' de todos os povos, mas em especial os daqueles cujos países tem instituições públicas fracas, sujeitas às manipulações do poder econômico de um lado e do poder político populista do outro.


E ao mesmo tempo uma das críticas mais comuns encontradas neste fórum é a “tendência” totalitária e antidemocrática do Morales. As duas coisas não batem.

Eu não diria que o senhor Morales é totalitário, mas acho que ele tem um viés autoritário e certamente é um populista.


Citação de: Geotecton
Eu particularmente não tenho nenhuma admiração pelo senhor Morales, por vários motivos, começando pela sua conivência com quadrilhas que furtam ou roubam veículos no Brasil e os conduzem atá a Bolívia e terminando com a sua visão anacrônica de sistemas econômicos.

Não conheço os detalhes deste “terrível escândalo”.

Se você fosse um dos milhares de lesados, você certamente não ironizaria a situação.


De novo Geo, tem alguma fonte para eu poder conferir estas acusações.

Vou procurar.


Eu não coloco nenhuma condição, mas que não seja o Azevedo peloamordedeus.

Eu vou lhe pedir um favor: Não mencione mais o cavalheiro supra porque eu nunca o citei como fonte.
 

Não teria nenhum inconveniente em aceitar esta crítica se a informação mostrasse o que você indica.

Sobre a conivência com o roubo de veículos? Tudo bem, eu procuro as fontes mais tarde.


O resto eu comento depois, meu caro Javier P.

Um abraço.
« Última modificação: 02 de Fevereiro de 2013, 13:00:10 por Geotecton »
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Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #44 Online: 02 de Fevereiro de 2013, 12:57:44 »
Caro Geo, devo reconhecer uma coisa. Estou começado a cansar deste debate. Perdão, não exatamente do debate, mas da direção que ele está tomando e este seu último post me confirma tal coisa.

Este seu jeito de contra-argumentar tem as suas vantagens, claro, mas existe o perigo de desvirtuar o espírito original do debate. E é isto que acho está acontecendo. Estão sendo esquecidas as principais, e originais, idéias dele: manipulação, injustiça brutal, desrespeito preconceituoso, o caráter quase moral das renacionalizações, etc. A discussão está começando a se concentrar em temas cada vez mais periféricos ou até semânticos. Por exemplo:

Citação de: Javier
São vários os comentários nos quais você questiona a capacidade, inteligência e autonomia do povo da Bolívia.
Citação de: Geotecton
Errado, meu caro Javier P. Eu questiono a 'capacidade, inteligência e autonomia' de todos os povos, mas em especial os daqueles cujos países tem instituições públicas fracas, sujeitas às manipulações do poder econômico de um lado e do poder político populista do outro.

 :hein:    Como que errado!

- Ô cara! Você me chamou de bobo.
- Errado! Eu chamei de bobo a você, seus irmãos, seus pais, seus tios e grande parte dos seus vizinhos.
- Ah! Então está bom. Desculpa ai.

E no final esquece-se de comentar o sentido real de este tipo de questões minhas! Neste e em post anteriores.

Gostaria que você pensasse neste tipo de coisas para futuros posts. Não quero que este tópico vire uma espécie de tiro ao alvo no qual simplesmente se corta em pedacinhos uma pequena parte das minhas últimas palavras e se ignoram as idéias principais e meus argumentos e contra-argumentos passados. Por momentos pode ser interessante ou até divertido, mas depois de um tempo resulta cansativo e principalmente pouco produtivo.

Não tenho inconveniente nenhum em debater sobre os erros do governo da Bolívia (eu até tenho a minha própria coleção de críticas). Mas, como já insinuara Vento Sul, qualquer dirigente é merecedor delas. O errado é tentar defender insultos, desprezos e preconceitos na base delas. E muito menos menosprezar ou mostrar um sentimento de superioridade com um povo que cansou de apanhar e cuja “vocação natural” (se tal coisa existe) é simplesmente sobreviver mais um dia e tentar não morrer de fome, frio, doenças simples ou, no passado, dos tiros do exército.

Offline Moro

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #45 Online: 02 de Fevereiro de 2013, 19:36:32 »
Não tem nada de moral em uma nacionalização imoral mesmo que fosse para reparar erros de privatizações anteriores. As relações entre os estados não são um enorme tu quoque onde alguém pode fazer uma merda porque supostamente outro estado fez primeiro.

Se a nacionalização foi criminosa, o estado agiu criminosamente.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Price

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #46 Online: 06 de Fevereiro de 2013, 15:16:54 »
Eu gosto de Evo Morales por vários motivos: seu caráter combativo, sua ideologia, seus programas sociais, seu conceito de estado pluri-nacional, sua valentia para se enfrentar ás grandes corporações internacionais, ... Você pode discordar de mim, sem dúvida. Quer expor seus argumentos? Faça, mas não apele para este tipo de resposta ridícula.

Não são necessários argumentos contrários aos seus pois a sua premissa que está errada. O que faz o Evo lhe parecer bom não é suficiente - na verdade não é sequer necessário - para um bom governo.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline Javier P

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #47 Online: 06 de Fevereiro de 2013, 17:07:05 »
Eu gosto de Evo Morales por vários motivos: seu caráter combativo, sua ideologia, seus programas sociais, seu conceito de estado pluri-nacional, sua valentia para se enfrentar ás grandes corporações internacionais, ... Você pode discordar de mim, sem dúvida. Quer expor seus argumentos? Faça, mas não apele para este tipo de resposta ridícula.

Não são necessários argumentos contrários aos seus pois a sua premissa que está errada. O que faz o Evo lhe parecer bom não é suficiente - na verdade não é sequer necessário - para um bom governo.

 :huh:  Huh?

Offline Vento Sul

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #48 Online: 07 de Fevereiro de 2013, 13:49:46 »
Alguém já viu aqui no fórum, algum tópico descendo a lenha num político considerado de direita?
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Resumindo: Ou acreditamos em mágica ou não!
 
 
 
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Offline Barata Tenno

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Re:Avanços sociais na Bolívia
« Resposta #49 Online: 07 de Fevereiro de 2013, 14:01:50 »
Alguém já viu aqui no fórum, algum tópico descendo a lenha num político considerado de direita?

Tem vários, sobre o Bush filho, sobre o Berlusconi..... A diferença é que tem muito mais governos de esquerda fazendo merda nas proximidades e o Brasil não tem um governo de direita a muito tempo.
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