Além da Bíblia, há algum outro livro histórico que verse sobre a existência de Jesus? O que me impressiona é o fato que li, do que não tenho certeza da veracidade, de que Sêneca, filósofo contemporâneo a Jesus, nada tenha dito sobre ele — o que, convenhamos, não passaria despercebido na época, principalmente pelo motivo de que os judeus eram ou estavam começando a ser, não posso precisar, acusados e perseguidos pelos romanos, tendo em vista a manifesta insurreição da crença monoteísta (em virtude do que, aliás, é apontado como uma das causas da queda do império, vale dizer, a degradação de suas concepções rígidas e práticas a respeito da vida e sociedade).
A citação mais antiga conhecida sobre o cristianismo feita por um autor não-cristão fala de eventos em torno do ano de 64 d.C. Acho que o autor é Tácito e ele diz que os cristãos formavam uma seita secreta cujo fundador tinha sido executado na Judéia durante o mandato de Pilatos.
Aqui está o trecho dos Annales de Tácito:
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Por conseguinte, para se livrar do relatório, Nero colocou a culpa e infligiu as mais requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamados cristãos pela população. "Christus", de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos procuradores, Pontius Pilatus, e uma superstição mais perniciosa, portanto, marcada para o momento, mais uma vez quebrou-se não só na Judeia, a primeira fonte do mal, mas mesmo Roma, onde todas as coisas horríveis e vergonhosas de toda parte do mundo encontra-se seu centro e se torna popular. Assim, a prisão pela primeira vez feita de todos os que se declarou culpado, em seguida, sobre as suas informações, uma imensa multidão foi condenada, não tanto do crime de incendiar a cidade, mas como de ódio contra a humanidade"
Esses eventos teriam ocorrido na década de 60, enquanto Jesus teria vivido no início da década de 30. Nessa época os cristãos já formavam um grupo importante em Roma (embora minoritário*). Segundo os evangelhos, os seguidores de Jesus não passavam de 100 quando ele morreu.
Ou seja, Jesus durante a sua vida seria completamente desconhecido para o império. Só teve repercussão regional, ainda mais por ser um pregador religioso cuja temática só interessava e era entendida pelos judeus. Jesus não era um "filósofo" no sentido que Sêneca ou Platão eram. Não havia por que ele ser famoso internacionalmente.
Os estudiosos também acham que o período no qual Jesus pregou foi de apenas 8 meses no máximo. Os tradicionais 3 anos de "ministério" são devido ao evangelho de João, que é o mais tardio e menos confiável.
* Em 313, quando Constantino se converteu ao cristianismo, os cristãos representavam apenas 10% da população do Império. Em poucas décadas essa percentagem cresceu vertiginosamente, porque o cristianismo virou coisa chique e cult, da beautiful people romana.
Os cristãos são ingratos com Constantino, dado que este foi sem dúvida o maior "missionário" cristão da história, responsável direta e indiretamente por mais conversões.