Pelo menos você ainda pode pegar seu carro e estacionar próximo aos bairros onde carro são proibidos e ir caminhando. É bem diferente de simplesmente ser proibido de usar seu bem. Concordo com o Famado nesta. O Estado foi completamente inepto (como de costume) nas obras de mobilidade urbana e quem paga o pato é o cidadão, que compra um bem e não pode usá-lo quando quiser.
Se analisarmos o texto do Fabrício, veremos que qualquer uma das soluções adotadas pelas diversas cidades citadas seriam melhores do que simplesmente proibir o cidadão de usar seu bem privado, só que todas elas são mais complicadas de se implementar, inclusive politicamente, visto que pedágios nunca fazem bem para a imagem de ninguém, logo, é óbvio que os legisladores brasileiros fariam a coisa mais fácil e mais idiota o possível para resolver a questão.
Não existem obras de mobilidade que garantam o uso de automóveis para todos os cidadãos em megalópolis, o que muda é apenas como a restrição é feita. Em Tóquio, por exemplo, é proibido estacionar nas ruas e o preço de uma vaga de estacionamento mensal chega a ser maior que o valor de um aluguel de um apartamento. Nesse caso também quem paga o pato é o cidadão, que compra um bem e tem que pagar quase 1 terço do valor de um carro popular por mes apenas pra estacionar, o que tem o mesmo efeito prático de proibir. Mas esse é o preço que se paga pra morar em metrópolis, as vezes o seu direito individual tem que dar espaço pro direito da maioria.
O que tem que ser discutido não é o direito de todos os cidadãos de poder andar com o carro, não existe nenhuma garantia disso em nenhuma legislação que eu conheça, aliás, nem a carteira de motorista é um direito, mas uma permissão, mas o direito de ir e vir, com transporte coletivo abrangente e de qualidade (qualidade nesse caso não é todo mundo sentado e com espaço pra jogar bola no corredor, mas cumprimento de horários, ar condicionado, valor justo, etc.).
E aliás existem dezenas de restrições do uso de bens privados, ter um bem não te da o direito inalienável de usa-lo em espaço público, vide restrições ao uso de skates, bicicletas, etc, ou qualquer coisa que atrapalhe a mobilidade das pessoas, se carros atrapalham a mobilidade, então se criam regras de restrição visando a diminuição de tráfego. O problema é que medidas economicas privilegiam os ricos e deixam os pobres de fora, por exemplo, o rodízio é muito mais "democrático" que pedágios, ja que os ricos, que tem capacidade de pagar circulariam livres e apenas os pobres seriam prejudicados, ja o rodízio não faz distinção de classe social, atingindo a todos da mesma maneira.