Essa é uma versão um pouco diferente do "experimento" mental da neurocientista fictícia "Mary".
O problema da Mary já sofre "só" de potencial de petição de princípio dependendo de como for interpretado/respondido, esse ainda aumenta o espaço para petições de princípio por ter em aberto toda a questão da consciência do ser inteligente não-humano, em vez de falarmos de comparações pelo menos com cérebros iguais.
Eu acho de qualquer forma instrutiva uma contestação das conclusões mais radicais (de qualia como algo "imaterial"), por Churchland. Ele distingue o conhecimento "verbal", descritivo/teórico, da física e neurologia, do "conhecimento" resultante do cérebro receber de fato, "empiricamente", o estímulo sensorial.
Não serão as mesmas coisas ocorrendo no cérebro, e muito provavelmente "ainda menos" se tratando de um estímulo sensorial nunca experimentado, já que com os experimentados talvez possa haver instintivamente alguma ativação que se aproxime, meio como uma "alucinação sutil" (meio como aquelas coisas de "neurônios-espelho"). Está implícito aí que Mary nunca teria podido "imaginar"/alucinar voluntariamente como seriam as cores, ou dar nomes às cores se fossem apresentadas "avulsas", fora de um contexto de onde pudesse inferir qual e qual. Isso requerira não tanto conhecimento neurológico, mas habilidades fantásticas de controle voluntário dos padrões de atividade cerebral, que fariam qualquer monge budista querer se matar de inveja. Mary teria que ter visto cores antes de sair do quarto preto-e-branco, só que na forma de alucinações voluntárias.
Acho que ainda relacionado, VS Ramachandran comenta qualquer coisa sobre ter tido um paciente que era daltônico, não enxergava/distinguia algumas cores, mas era ao mesmo tempo sinestete, vendo o que ele descrevia como "cores alienígenas", que não existem em nada mais no mundo.