Quando mais novo, lia o mesmo que você. Sonhava em mudar a realidade do país, através de revoluções políticas estruturais e da educação do povo. Também, sonhava em seguir o meu ideal de ensinar a disciplina Filosofia em colégios particulares e públicos. Era considerado “intelectual” mesmo negligenciando um pouco as disciplinas exatas (quanto arrependimento eu tenho!) por causa do meu sonho.
Vivia numa família rica que morava no m² mais caro da minha cidade. Tinha tudo que podia desejar, mas me negava muitos prazeres por carregar um sentimento de culpa pelas mazelas do pobres (Talvez era daí parte da ideia de ser frade franciscano?). Era branquelo, com um pouco de sobrepeso, sobrenome estrangeiro e meu bisavô, um quase “Coronel”.
Sofria de depressão aguda, nunca diagnosticada por um psiquiatra, mas evidente até para um asno, por causa dos sintomas e causos vividos. Tinha alguma dificuldade com mulheres por ter lido cedo “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, o que me levou a idealizá-las como seres angelicais totalmente alheios à natureza humana.
Tinha apreciação estética estranha aos mais rudes, mesmo sem ter qualquer interesse homossexual, aprendi que certas colocações como “Essse vestido é lindo!” ou “Owwww, que lindo!” não eram socialmente bem aceitos, mas que notar o cabelo ou a maquiagem diferente de uma mulher com perguntas precisas “Você mudou o seu cabelo?” ou “Com essa [maquiagem], seu olhar está ainda mais lindo.” podia trazer pontos positivos.
Passei em Filosofia na Universidade Federal e em Direito numa privada, mas, meio a contragosto, cursei apenas Direito.
Hoje, sou formado em Direito, um adulto jovem, membro da classe B/C, namorando, estudando para concurso, sabendo que o mundo é injusto e que não sou eu que vou deixá-lo justo, até porque a Justiça, não é preta nem branca, é cinza.
Na minha vida, procuro fazer o bem, sou solidário, faço doações, mas não aceito de maneira nenhuma o conselho do meu velho que “é melhor estar vivo com um desafaro em casa do que morto com toda a coragem”.
Aprendi que a vida é um absurdo e que ao se desromantizar os infortúnios da vida e a ideia de suicídio, tudo fica mais vivo e natural. Nada como a dose química certa para você perceber que, para além dos acontecimentos da vida e dos fatores psicológicos, a sensação de satisfação é hormonal.
Dou meu testemunho, hahahaha, com a certeza de que você deve dar uma porrada na sua vida e vivê-la da melhor maneira possível.
Só para finalizar, já tive sobrepeso e ridicularizei os “playboys malhados”. Hoje, estou em forma, pensando em ficar o “Hulk para derrubar caçamba de metralha”, mas consciente de que a estética é um fator relevante, contudo menor. Tanto que, apesar de ter pego gostosas, e ainda gostar delas, hoje namoro uma gordinha que fez redução de estômago e sou muito feliz.
Pareceu-me óbvio que o Gigaview fez o comentário como provocação para ver se te tira desse estado de letargia aparentemente depressivo. A vida pode ser abordada pela racionalidade, mas não é contida nela. Como você já viu, a vida não preza pelo senso de justiça. Já fui rico, morando de frente para a praia, fui anarquista, com um espírito de príncipe russo, culpando-me pela responsabilidade histórica dos ricos sobre as condições dos pobres. Aí, deixei de ser tudo isso e percebi que a vida é tão complexa quanto o título de um livro menor que li no passado: “Mude ou Morra”.
Procure meios para se consultar com um psiquiatra e saiba que Se quiser mudar a SUA realidade e tiver a vontade para isso, talvez dependa mais de você do que do "Destino". Espero o melhor para você e agora tenho que voltar para os meus estudos, já gastei muito tempo aqui por acreditar ser uma boa causa prezar pela vida de um cara de faixa etária próxima a minha e de futuro promissor.
Abraços
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Um post meu em 30 de Maio de 2007
"Definam-me, por favor.
Moro numa avenida que beira o mar, a mais cara da minha região, venho de família de origem latifundiária e burguesa. Sofro ao vr a má distribuição da renda e a ostentação dos meus 'pares', sou simpatizante do anarquismo e luto na política contra o aparelhamento político de compadres e o estado "gordo". O que sou eu?

Vocês são livres p/ usar qualquer linguajar…
Estou em crise, a anarquia é uma utopia de belos ideais, mas que as experiências mostram ser, muitas vezes, contraproducentes, apesar da mesma ser o motivo da minha esperança na "autonomia e solidariedade", percebo que tenho que me inclinar a alguma proposta mais presente."
E aí o Rodion e o Herf me responderam de forma direta, mas simpática:
Rodion:
"é o revolucionário clássico. como o caso do partido de esquerda da faculdade, cujos membros são netos de grandes doutirnadores e portanto herdeiros de grandes escritórios, filhos de altos funcionários da globo, donos de grandes construtoras e tá, um ou outro camarada de origem humilde. não sei bem o que é que impulsa as pessoas a atentarem contra suas origens, mas este algo há.
mais vale direcionar menos sua fúria revolucionária aos seus pares e mais essa angústia à procura de alternativas realistas e construtivas para o que quer que te angustie, esforço prático, recompensador e que gere resultados. já dizia um amigo meu, 'a melhor coisa a se fazer com a angústia é canalizá-la.'.
Herf
"É uma mistura de rebeldia de adolescente (hormônios) com imaturidade, disto tenho certeza. A motivação típica dos tempos de juventude, e que muitos mantêm até a velha idade, é algo que pode ser ótimo, é o motor último de todas as inovações."
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Desculpa a minha falta de "quotes", só quero ilustrar que passamos por momentos difíceis e depois abrimos sorrisos com as memórias desses momentos. O importante é suportar, saber que é temporário, e reagir, bater de volta.