Evidentemente toda desigualdade tende a ser amenizada com investimento pesado em educação, sobretudo em educação pública. Eu discordo veementemente da ideia de que as pessoas passaram a não discriminar por contra de uma moral mais elevada. A imposição legal representou um importante fator de pressão para a "mudança moral" de muitas pessoas.
A imposição legal só foi possível porque a MAIORIA dos cidadãos, inclusive os BRANCOS, já concordavam em tratar de forma mais humana e igualitária os negros americanos. Logo, a educação e a consciência moral-social-coletiva antecedeu sim, e foi mais importante sim, para a diminuição da discriminação nos EUA, muito mais do que a lei, sendo esta ultima inclusive, possível somente pelo fato das pessoas já possuírem uma consciência moral condizente com o que dizia esta lei, o que tornou viável e aceitável a sua implementação.
Além disso, as pessoas continuaram a discriminar abertamente sim, mesmo depois da lei, mas a questão é que a MAIORIA não mais discriminava abertamente, pelo fato de terem tomado consciência de que isso seria errado, e não por causa da lei que os proibia, que só foi implementada posteriormente.
Isso não quer dizer que a lei não tenha sua importância, é claro que tem, no entanto, secundaria, em primeiro lugar vem a educação, SEMPRE, e neste caso foi a base que sustentou a implementação e manutenção da lei posteriormente.
Ainda acho que o Estado Democrático de Direito foi uma das maiores invenções da humanidade e das mais representativas, que beneficiou milhões de pessoas.
Agora, atribuir ao livre mercado a melhor solução para diminuir a discriminação e aumentar a igualdade é um grande absurdo. O fator econômico não pode ser a coisa mais importante de nossas vidas, não somos coisas, objetos, somos pessoas e como tais devemos ser tratados.
Também discordo que o livre mercado seja capaz de naturalmente reduzir e muito menos por fim a desigualdade social, a discriminação, entre outras mazelas mais da sociedade. O liberalismo radical não seria uma entidade exterior ao homem, este sistema econômico ainda seria composto e feito por pessoas, com valores morais e crenças individuais e subjetivas, capazes de guiar o comportamento e as decisões destas pessoas como quiserem. Não tem jeito, se o empregador é racista, ele resistirá em dar o mesmo tratamento para um negro do que para um branco (ou vice versa). Mesmo que este negro seja mais eficiente que aquele branco (ou vice versa). Um exemplo é que antes dos brancos reconhecerem os negros como iguais nos EUA, alguns estabelecimentos não aceitavam negros, mesmo que estes pudessem pagar. Ou seja, temos ai um exemplo de como a discriminação infundamentada fala mais alta do que o lucro.
Somente a educação pode de fato construir uma consciência moral-social-coletiva humana e igualitária na medida do possível, sendo esta a medida principal a ser tomada, enquanto medidas politicas impositivas, fiquem como secundárias, como plano de contenção.
"Governe com políticas, aplique disciplina com castigos, e o povo refreará mas sem um senso de vergonha. Governe com virtude, aplique disciplina com os ritos, e haverá um sentido de vergonha e melhoras conscientes." - Confúcio, Analectos, II, III