Autor Tópico: Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial  (Lida 3917 vezes)

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Offline Eu

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Walter Williams é um radical. Na juventude, preferia o incendiário Malcolm X ao pacifista Martin Luther King. Hoje, aos 74 anos, Williams admira os dois líderes negros, repudia a violência e se define como um libertário radical, como os americanos se referem aos que se opõem ao excesso de ativismo do Estado e propugnam mais liberdade individual.

Fiel ao seu ideário, é contra ações afirmativas e cotas raciais, e diz que o melhor instrumento para vencer a desigualdade racial é o livre mercado: “A economia de mercado é o grande inimigo da discriminação”. Criado pela mãe na periferia de Filadélfia, Williams acaba de publicar uma autobiografia em que narra sua trajetória da pobreza à vida de professor universitário (desde 1980, leciona economia na Universidade George Mason, na Virgínia).

Com 1,98 metro de altura, voz de barítono, bom humor, ele demonstra muita coragem nesta entrevista.

Quem lê sua autobiografia fica com a impressão de que ser negro nos Estados Unidos das décadas de 40 e 50 era melhor do que ser negro hoje.

Claro que os negros estão muito melhor agora, mas não em todos os aspectos. Hoje, se os negros americanos fossem uma nação à parte, seriam a 15ª mais rica do mundo. Entre os negros americanos, há gente riquíssima, como a apresentadora Oprah Winfrey. Há famosíssimos, como o ator Bill Cosby, que, como eu, vem de Filadélfia. Colin Powell, um negro, comandou o Exército mais poderoso do mundo. O presidente dos Estados Unidos é negro. Tudo isso era inimaginável em 1865, quando a escravidão foi abolida. Em um século e meio, fizemos um progresso imenso, ao contrário do que aconteceu no Brasil ou no Caribe, onde também houve escravidão negra.

Isso diz muito sobre os negros americanos e sobre os Estados Unidos.

Em que aspectos a vida dos negros hoje é pior?

Cresci na periferia pobre de Filadélfia entre os anos 40 e 50. Morávamos num conjunto habitacional popular sem grades nas janelas e dormíamos sossegados sem barulho de tiros nas ruas. Sempre tive emprego, desde os 10 anos de idade. Engraxei sapatos, carreguei tacos no clube de golfe, trabalhei em restaurantes, entreguei correspondência nos feriados de Natal.

As crianças negras de hoje que vivem na periferia de Filadélfia não têm essas oportunidades de emprego. No meu próximo livro, Raça e Economia, mostro que em 1948 o desemprego entre adolescentes negros era de 9,4%. Entre os brancos, 10,4%. Os negros eram mais ativos no mercado de trabalho. Hoje, nos bairros pobres de negros, por causa da criminalidade, boa parte das lojas e dos mercados fechou as portas.

Outra mudança dramática é a queda na qualidade da educação oferecida às crianças negras e pobres. Atualmente, nas escolas públicas de Washington, um negro com diploma do ensino médio tem o mesmo nível de proficiência em leitura e matemática que um branco na 7ª série. Os negros, em geral, estão muito melhor agora do que há meio século. Mas os negros mais pobres estão pior.

O Estado de bem-estar social, com toda a variedade de benefícios sociais criados nas últimas décadas, não ajuda a aliviar a situação de pobreza dos negros de hoje?

Todos os economistas, sejam eles libertários, conservadores ou liberais, concordam que sempre cai a oferta do que é taxado e aumenta a oferta do que é subsidiado. Há anos, os Estados Unidos subsidiam a desintegração familiar. Quando uma adolescente pobre fica grávida, ela ganha direito a se inscrever em programas habitacionais para morar de graça, recebe vale-alimentação, vale-transporte e uma série de outros benefícios.

Antes, uma menina grávida era uma vergonha para a família. Muitas eram mandadas para o Sul, para viver com parentes. Hoje, o Estado de bem-estar social premia esse comportamento. O resultado é que nos anos da minha adolescência entre 13% e 15% das crianças negras eram filhas de mãe solteira. Agora, são 70%. O salário mínimo, que as pessoas consideram uma conquista para os mais desprotegidos, é uma tragédia para os pobres. Deve-se ao salário mínimo o fim de empregos úteis para os pobres. A obrigação de pagar um salário mínimo ao frentista no posto de gasolina levou à automação e ao self-service. O lanterninha do cinema deixou de existir não porque adoramos tropeçar no escuro do cinema. É por causa do salário mínimo.

Na África do Sul do apartheid, os grandes defensores do salário mínimo eram os sindicatos racistas de brancos, que não aceitavam filiação de negros. Eles não escondiam que o salário mínimo era o melhor instrumento para evitar a contratação de negros, que, sendo menos qualificados, estavam dispostos a trabalhar por menos. O salário mínimo criava uma reserva de mercado para brancos.

As ações afirmativas e as cotas raciais não ajudaram a promover os negros americanos?

A primeira vez que se usou a expressão “ação afirmativa” foi durante o governo de Richard Nixon (1969-1974). Os negros naquele tempo já tinham feito avanços tremendos. Um colega tem um estudo que mostra que o ritmo do progresso dos negros entre as décadas de 40 e 60 foi maior do que entre as décadas de 60 e 80. Não se pode atribuir o sucesso dos negros às ações afirmativas.

As ações afirmativas não funcionam?

Os negros não precisam delas. Dou um exemplo. Houve um tempo em que não existiam jogadores de basquete negros nos Estados Unidos. Hoje, sem cota racial nem ação afirmativa, 80% são negros. Por quê? Porque são excelentes jogadores. Se os negros tiverem a mesma habilidade em matemática ou ciência da computação, haverá uma invasão deles nessas áreas. Para isso, basta escola, boas escolas, grandes escolas.

Há um aspecto em que as ações afirmativas são até prejudiciais. Thomas Sowell, colega economista, tem um estudo excelente sobre o assunto. Mostra como os negros se prejudicam com a política de cotas raciais criada pela disputada escola de engenharia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), uma das mais prestigiosas instituições acadêmicas dos Estados Unidos. Os negros recrutados pelo MIT estão entre os 5% melhores do país em matemática, mas mesmo assim precisam fazer cursos extras por alguns anos. Isso acontece porque os brancos do MIT estão no topo em matemática, o 1% dos melhores do país. Os negros, mesmo sendo muito bons, estão abaixo do nível de excelência do MIT. Mas eles podiam muito bem estudar em outras instituições respeitáveis, onde estariam na lista dos candidatos a reitor e sem necessidade de cursos especiais.

Por causa de ações afirmativas, muitos negros estão hoje em posição acima de seu potencial acadêmico. Se você está aprendendo a lutar boxe e sua primeira luta é contra o Mike Tyson, você está liquidado. Você pode ter excelente potencial para ser boxeador, mas não dá para começar contra Tyson. As ações afirmativas, nesse sentido, são cruéis. Reforçam os piores estereótipos raciais e mentais.

O senhor já teve alguma experiência pessoal nesse sentido?

Quando eu dava aula na Universidade Temple, em Filadélfia, tive uma turma com uns trinta alunos, todos brancos, à exceção de um. Nas primeiras aulas, eles me fizeram uma bateria de perguntas complexas. Você pode achar que era paranoia minha, mas eu sei que o objetivo deles era testar minhas credenciais. A cada resposta certa que eu dava, eu podia ver o alívio no rosto do único aluno negro da classe.

De onde vinha esse sentimento, esse temor do aluno negro de que seu professor, sendo negro, talvez não fosse suficientemente bom? Das ações afirmativas. Não entrei na universidade via cotas raciais. Por causa delas, a competência de muitos negros é vista com desconfiança.

Num país como o Brasil, onde os negros não avançaram tanto quanto nos Estados Unidos, as ações afirmativas não fazem sentido?

A melhor coisa que os brasileiros poderiam fazer é garantir educação de qualidade. Cotas raciais no Brasil, um país mais miscigenado que os Estados Unidos, são um despropósito. Além disso, forçam uma identificação racial que não faz parte da cultura brasileira. Forçar classificações raciais é um mau caminho. A Fundação Ford é a grande promotora de ações afirmativas por partir da premissa errada de que a realidade desfavorável aos negros é fruto da discriminação.

Ninguém desconhece que houve discriminação pesada no passado e há ainda, embora tremendamente atenuada. Mas nem tudo é fruto de discriminação. O fato de que apenas 30% das crianças negras moram em casas com um pai e uma mãe é um problema, mas não resulta da discriminação. A diferença de desempenho acadêmico entre negros e brancos é dramática, mas não vem da discriminação. O baixo número de físicos, químicos ou estatísticos negros nos Estados Unidos não resulta da discriminação, mas da má formação acadêmica, que, por sua vez, também não é produto da discriminação racial.

Qual o meio mais eficaz para promover a igualdade racial?

Primeiro, não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, e isso não é um problema. O desejável é que todos sejamos iguais perante a lei. Somos iguais perante a lei, mas diferentes na vida. Nos Estados Unidos, os judeus são 3% da população, mas ganham 35% dos prêmios Nobel. Talvez sejam mais inteligentes, talvez sua cultura premie mais a educação, não interessa.

A melhor forma de permitir que cada um de nós – negro ou branco, homem ou mulher, brasileiro ou japonês – atinja seu potencial é o livre mercado. O livre mercado é o grande inimigo da discriminação. Mas, para ter um livre mercado que mereça esse nome, é recomendável eliminar toda lei que discrimina ou proíbe discriminar.

O senhor é contra leis que proíbem a discriminação?

Sou um defensor radical da liberdade individual. A discriminação é indesejável nas instituições financiadas pelo dinheiro do contribuinte. A Universidade George Manson tem dinheiro público. Portanto, não pode discriminar. Uma biblioteca pública, que recebe dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, não pode discriminar. Mas o resto pode. Um clube campestre, uma escola privada, seja o que for, tem o direito de discriminar. Acredito na liberdade de associação radical. As pessoas devem ser livres para se associar como quiserem.

Inclusive para reorganizar a Ku Klux Klan?

Sim, desde que não saiam matando e linchando pessoas, tudo bem. O verdadeiro teste sobre o nosso grau de adesão à ideia da liberdade de associação não se dá quando aceitamos que as pessoas se associem em torno de ideias com as quais concordamos. O teste real se dá quando aceitamos que se associem em torno de ideais que julgamos repugnantes.

O mesmo vale para a liberdade de expressão. É fácil defendê-la quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e sensatas, mas nosso compromisso com a liberdade de expressão só é realmente posto à prova quando diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas.

O senhor exige ser chamado de “afro-americano”?

Essa expressão é uma idiotice, a começar pelo fato de que nem todos os africanos são negros. Um egípcio nascido nos Estados Unidos é um “afro-americano”? A África é um continente, povoado por pessoas diferentes entre si. Os vários povos africanos estão tentando se matar uns aos outros há séculos. Nisso a África é idêntica à Europa, que também é um continente, também é povoada por povos distintos que também vêm tentanto se matar uns aos outros há séculos.

A presença de Obama na Casa Branca não ajuda os negros americanos?

Na autoestima, talvez. Mas não por muito tempo, o que é lamentável. Em 1947, quando Jackie Robinson se tornou o primeiro negro a jogar beisebol na liga profissional, ele tinha a obrigação de ser excepcional. Hoje, nenhum negro precisa ser tão bom quanto Robinson e não há perigo de que alguém diga “ah, esses negros não sabem jogar beisebol”. No caso de Obama, vale a mesma coisa. Por ser o primeiro negro, ele não pode ser um fracasso. O problema é que será. Aposto que seu governo, na melhor das hipóteses, será um desastre igual ao de Jimmy Carter. Vai ser ruim para os negros.
« Última modificação: 06 de Agosto de 2014, 11:39:58 por Eu »

Offline Gabarito

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #1 Online: 06 de Agosto de 2014, 12:57:49 »
Rapaz, como eu gostei dessa entrevista!

Muito descolado, muito resolvido, muito seguro de si o entrevistado, o prof. Walter Williams.
Acho que concordo com tudo o que ele disse e o parágrafo chave da fala dele é esse aqui:

Citar
Primeiro, não existe igualdade racial absoluta, nem ela é desejável. Há diferenças entre negros e brancos, homens e mulheres, e isso não é um problema. O desejável é que todos sejamos iguais perante a lei. Somos iguais perante a lei, mas diferentes na vida. Nos Estados Unidos, os judeus são 3% da população, mas ganham 35% dos prêmios Nobel. Talvez sejam mais inteligentes, talvez sua cultura premie mais a educação, não interessa.

Dá gosto ouvir alguém que fala tão bem o que também desejamos falar!
Parabéns, professor Williams!

Offline Gabarito

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #2 Online: 06 de Agosto de 2014, 12:59:38 »
Eu pediria a Eu que citasse a fonte da matéria, por favor.

Offline Gabarito

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #3 Online: 06 de Agosto de 2014, 13:01:17 »
Não precisa mais.
Acho que já achei uma das fontes que replicou a entrevista:

Offline Geotecton

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #4 Online: 06 de Agosto de 2014, 13:37:04 »
Tem pessoas, neste fórum, que vão sentir pruridos por todo o corpo.
Foto USGS

Offline Gabarito

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #5 Online: 06 de Agosto de 2014, 13:52:38 »
 :)

Offline Skeptikós

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #6 Online: 06 de Agosto de 2014, 14:17:24 »
Discutindo ações afirmativas:

<a href="http://www.youtube.com/v/ATHvbqse8Fs" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/ATHvbqse8Fs</a>

Por que as politicas de ações afirmativas não alcançam o objetivo de promover a igualdade e de ajudar aqueles que ela fora destinada a ajudar:

<a href="https://www.youtube.com/v/xWERqNk28Nk" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/xWERqNk28Nk</a>

<a href="https://www.youtube.com/v/6yOG0UZsqGI" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/6yOG0UZsqGI</a>


Obs: O primeiro vídeo é mais imparcial, abrangendo pontos de vista de ambos os lados, mas terminando com uma conclusão que pende mais para o lado de favorecer a implementação de ações afirmativas.

Os videos seguintes condenam unilateralmente a ideia de ações afirmativas.

Infelizmente não encontrei nenhum vídeo com bons argumentos que apoie unilateralmente a ideia de ações afirmativas. É uma pena pois gosto sempre de dar espaço a ambos os lados para manifestar sua opiniões.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Barata Tenno

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #7 Online: 06 de Agosto de 2014, 14:21:08 »
Interessante, vou elaborar uma resposta mais longa, mas só pra lembrar que o livre mercado não acabou com a segregação racial, não fez brancos e negros poderem frequentar as mesmas escolas e universidades, não fez com que negros pudessem sentar nos ônibus, não fez com que negros pudessem ser atendidos igualmente nos estabelecimentos comerciais. Leis fizeram isso. O estado fez isso.
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Offline Skeptikós

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #8 Online: 06 de Agosto de 2014, 15:49:10 »
Interessante, vou elaborar uma resposta mais longa, mas só pra lembrar que o livre mercado não acabou com a segregação racial, não fez brancos e negros poderem frequentar as mesmas escolas e universidades, não fez com que negros pudessem sentar nos ônibus, não fez com que negros pudessem ser atendidos igualmente nos estabelecimentos comerciais. Leis fizeram isso. O estado fez isso.
Discordo que as leis e o Estado sejam responsáveis por isso. A implementação e aceitação das leis foram simplesmente uma consequência de algo maior, a educação moral e a consciência social de que discriminar pessoas explicitamente simplesmente pelo fato de serem de outra raça era errado e contra-producente.

Como é dito pelos especialistas acima, antes mesmo da reforma dos direitos civis americanos ser implementada, aquela que trazia direitos iguais no tratamento de negros e brancos, a população de forma geral já tinha internalizado esta atitude, e antigas restrições, como as de que os negros deveriam ceder lugares e brancos e/ou não poderiam adentrar em alguns locais, haviam desaparecido "naturalmente" antes mesmo das leis serem formalizadas e implementadas. Isso simplesmente por uma consciência moral e social da população, de que isso era o certo a se fazer.

Então, logo após a maioria da população concordar com isso, a reforma dos direitos civis americanos fora realiza, e a lei finalmente formalizada e implementada. Mas o tratamento mais humano e igualitário se tornou possível não por causa de uma imposição de lei, e sim por causa de uma consciência moral social coletiva que apoiava esta igualdade.

Por isso eu defendo a educação moral e ética como base fundamental da vida civilizada e harmônica em sociedade, e leis e demais medidas politicas apenas como uma consequência desta educação, ou seja, como último recurso e/ou passo.

 :ok:
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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #9 Online: 06 de Agosto de 2014, 16:50:56 »
Claro, não foram as leis, todo mundo ja era bonzinho, por isso era necessário a guarda civil pra escoltar crianças para a escola.
















E não existe mais racismo institucional e todos cantam kumbaya ao redor da fogueira.
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Offline Lorentz

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #10 Online: 06 de Agosto de 2014, 17:10:24 »
Claro, não foram as leis, todo mundo ja era bonzinho, por isso era necessário a guarda civil pra escoltar crianças para a escola.

Acho que se as pessoas não mudaram e a lei foi a única responsável, as escoltas deveriam ter existido por muito mais tempo, certo?
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Offline Lorentz

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #11 Online: 06 de Agosto de 2014, 17:14:49 »
Por isso eu defendo a educação moral e ética como base fundamental da vida civilizada e harmônica em sociedade, e leis e demais medidas politicas apenas como uma consequência desta educação, ou seja, como último recurso e/ou passo.

 :ok:

Eu vi uma parte do post e assisti o video. Achei bem interessante, mas algo não consigo entender:

o filósofo notou que a Suíça tem pessoas moralmente superiores.
o Brasil não tem essa superioridade, e para isso mudar a educação nas escolas é que deveriam ser as responsáveis.

Aí eu pergunto, na Suíça as pessoas são melhores moralmente porque aprendem isso nas escolas?
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Offline Skeptikós

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #12 Online: 06 de Agosto de 2014, 23:42:00 »
Claro, não foram as leis, todo mundo ja era bonzinho, por isso era necessário a guarda civil pra escoltar crianças para a escola.
Não disse que TODOS eram a favor dos direitos civis igualitários para brancos e negros, e sim que a MAIORIA das pessoas o eram, e foi a consciência moral coletiva desta MAIORIA que tornou possível a implementação da lei, e antes mesmo disso, a JÁ aceitação dos direitos e tratamentos humanos iguais aos negros americanos.

Agora, se a MAIORIA dos brancos ainda considerassem os negros inferiores e indignos de tratamento humano igualitário, a lei nem mesmo teria sido aprovada, e as mortes dos negros nas manifestação não teria sido condenada e lamentada como o foi na época, mesmo entre a MAIORIA branca do país, e sim comemorada e fatejada da mesma forma que a morte de um criminoso o é hoje no Brasil.

Logo, a educação moral e a consciência social me parece SEMPRE ser a base dos padrões de conduta de uma sociedade, e SEMPRE anteceder a eficiência da implementação de uma lei. Por isso defendo foco e atenção privilegiada na educação, enquanto medidas politicas do tipo impositivas ficando em segundo plano.



Por isso eu defendo a educação moral e ética como base fundamental da vida civilizada e harmônica em sociedade, e leis e demais medidas politicas apenas como uma consequência desta educação, ou seja, como último recurso e/ou passo.

 :ok:

Eu vi uma parte do post e assisti o video. Achei bem interessante, mas algo não consigo entender:

o filósofo notou que a Suíça tem pessoas moralmente superiores.
o Brasil não tem essa superioridade, e para isso mudar a educação nas escolas é que deveriam ser as responsáveis.

Aí eu pergunto, na Suíça as pessoas são melhores moralmente porque aprendem isso nas escolas?
Ele não me parece limitar este papel exclusivamente as escolas comuns, mais a sociedade de uma forma geral, como por meio de debates públicos, comunicação midiática e etc. Mas fundamentalmente, que esta educação não seja imposta de forma doutrinária e dogmática, mas sim definida democraticamente.

Na Suíça essa consciência moral evoluída já faz parte da cultura do país, e é passada geração após geração no simples contato e convivência dos membros em sociedade. Sendo apenas reforçada naturalmente mediante este contato.

No Brasil esta consciência teria que ser instalada, antes de seguir o mesmo processo da Suíça. No entanto, em ambos os casos ainda existe a relação comum do aprendizado, ou seja, a moral e a ética ainda é aprendida e definida culturalmente.

 :ok:
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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #13 Online: 06 de Agosto de 2014, 23:48:04 »
Obs: [Português]Ações afirmativas e a verdadeira realidade social

Este tópico acima trata do mesmo assunto.

 :ok:
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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #14 Online: 06 de Agosto de 2014, 23:53:07 »
Obs: [Português]Ações afirmativas e a verdadeira realidade social

Este tópico acima trata do mesmo assunto.

 :ok:

Interessante ver como eu mudei de posição em 7 anos.
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Offline Donatello

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #15 Online: 07 de Agosto de 2014, 00:00:26 »
Claro, não foram as leis, todo mundo ja era bonzinho, por isso era necessário a guarda civil pra escoltar crianças para a escola.
















E não existe mais racismo institucional e todos cantam kumbaya ao redor da fogueira.
Este é um interessante paradoxo das leis igualitárias: num estado democrático (ou votocrático, ou que nome queiram dar) elas só passam no momento em que pelo menos a parcela mais numerosa ou mais poderosa da sociedade (geralmente ambos) já deseja a igualdade proposta.

É um dos motivos pelos quais leis pseudoigualitárias, privilegistas para os grupos "minoritários" (como as cotas deste tópico) minam  e passam com tanta facilidade. Porque elas emergem em e se aproveitam de sociedades cuja maior força política (em poder e números, já que estamos falando de votocracia) já é bem disposta (talvez até exageradamente) com a minoria em questão.

Offline Donatello

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #16 Online: 07 de Agosto de 2014, 00:07:36 »
É claro que eu sei que estas fotos se referem exatamente a momentos de conflitos entre aqueles que não aceitavam a nova lei e os negros/a força policial. É claro que você sabe que os cliques (inda mais em tempos de filme fotográfico) são selecionados e que num país onde a maioria dos poderosos homens brancos heterossexuais protestantes não estivesse convencida de que deveria haver acesso dos negros às escolas públicas e faculdades estas leis nunca passariam.

Offline Barata Tenno

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #17 Online: 07 de Agosto de 2014, 00:17:10 »
Claro, em 1865 a maioria concordava com o fim da escravidão, não é como se tivesse havido uma guerra pra aprovar nem nada....... oh, wait......
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Offline Pregador

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #18 Online: 07 de Agosto de 2014, 00:45:10 »
Evidentemente toda desigualdade tende a ser amenizada com investimento pesado em educação, sobretudo em educação pública. Eu discordo veementemente da ideia de que as pessoas passaram a não discriminar por contra de uma moral mais elevada. A imposição legal representou um importante fator de pressão para a "mudança moral" de muitas pessoas. Ainda acho que o Estado Democrático de Direito foi uma das maiores invenções da humanidade e das mais representativas, que beneficiou milhões de pessoas.

Agora, atribuir ao livre mercado a melhor solução para diminuir a discriminação e aumentar a igualdade é um grande absurdo. O fator econômico não pode ser a coisa mais importante de nossas vidas, não somos coisas, objetos, somos pessoas e como tais devemos ser tratados.
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Offline Donatello

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #19 Online: 07 de Agosto de 2014, 00:48:44 »
Claro, em 1865 a maioria concordava com o fim da escravidão, não é como se tivesse havido uma guerra pra aprovar nem nada....... oh, wait......
Claro, e uma guerra é vencida pelos votos dos soldados, cada espingarda solta um voto e quem acertar mais votos no peito do inimigo ganha, portanto obviamente o seu movimento nas peças me coloca em xeque [catando as pecinhas no chão, será que nós conseguimos nos lembrar as casas onde cada uma delas estava agora a pouco? :) ]

Offline Donatello

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #20 Online: 07 de Agosto de 2014, 00:53:52 »
Tá, vou colocar  de novo no tabuleiro as peças que você derrubou sem querer querendo :)

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Este é um interessante paradoxo das leis igualitárias: num estado democrático (ou votocrático, ou que nome queiram dar) elas só passam no momento em que pelo menos a parcela mais numerosa ou mais poderosa da sociedade (geralmente ambos) já deseja a igualdade proposta.

É um dos motivos pelos quais leis pseudoigualitárias, privilegistas para os grupos "minoritários" (como as cotas deste tópico) minam  e passam com tanta facilidade. Porque elas emergem em e se aproveitam de sociedades cuja maior força política (em poder e números, já que estamos falando de votocracia) já é bem disposta (talvez até exageradamente) com a minoria em questão.

Pronto, podemos voltar à partidinha, cuidado aí com a rainha :)

Offline Geotecton

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #21 Online: 07 de Agosto de 2014, 01:17:14 »
[...]
Agora, atribuir ao livre mercado a melhor solução para diminuir a discriminação e aumentar a igualdade é um grande absurdo. O fator econômico não pode ser a coisa mais importante de nossas vidas, não somos coisas, objetos, somos pessoas e como tais devemos ser tratados.

A 'santificação' dos humanos é uma (senão for a principal) das razões pelas quais todos os ecossistemas estão em crise. E o que mantém um estado moderno é o fator econômico.
Foto USGS

Offline Donatello

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #22 Online: 07 de Agosto de 2014, 01:18:56 »
Obs: [Português]Ações afirmativas e a verdadeira realidade social

Este tópico acima trata do mesmo assunto.

 :ok:

Interessante ver como eu mudei de posição em 7 anos.
:histeria: Tem 1 tópico aqui que eu morro de medo que algum filho da puta Skeptikós da vida descubra e jogue na minha cara :biglol: (minha sorte é que eu acho que ele foi postado naquela época que o servidor deu ruim e boa parte dos posts sumiram... tenho até medo de procurar  :histeria: )

Offline Barata Tenno

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #23 Online: 07 de Agosto de 2014, 02:06:41 »
Claro, em 1865 a maioria concordava com o fim da escravidão, não é como se tivesse havido uma guerra pra aprovar nem nada....... oh, wait......
Claro, e uma guerra é vencida pelos votos dos soldados, cada espingarda solta um voto e quem acertar mais votos no peito do inimigo ganha, portanto obviamente o seu movimento nas peças me coloca em xeque [catando as pecinhas no chão, será que nós conseguimos nos lembrar as casas onde cada uma delas estava agora a pouco? :) ]

Nem sempre as leis representam a maioria, elas representam quem está no poder, seja econômico, seja intelectual. Hoje no Brasil temos leis de esquerda e liberais, mesmo com um povo extremamente conservador e de direita. Pena de morte é apoiada pela maioria da população, e é proibida. Porte legal de arma é apoiado pela maioria da população e é proibido. Foi necessário uma guerra pra abolição americana, você acha que no dia seguinte a aprovação da lei as pessoas deixaram se ser contra? Que elas no fundo concordavam que os escravos deveriam ser soltos? Não, a lei foi imposta e as pessoas obrigadas a seguir. Depois disso demorou 1 século e novas leis pra pessoas poderem sentar no mesmo ônibus, jantar no mesmo restaurante, frequentar a mesma escola, terem os mesmos direitos. E depois disso você acha que as pessoas alegremente começaram a contratar negros nas empresas?

He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Barata Tenno

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Re:Economista negro detona o sistema de cotas e a ideia de igualdade racial
« Resposta #24 Online: 07 de Agosto de 2014, 02:11:45 »

A 'santificação' dos humanos é uma (senão for a principal) das razões pelas quais todos os ecossistemas estão em crise. E o que mantém um estado moderno é o fator econômico.

Eu acho que é o contrário, é o fator econômico que está acabando com o ecossistema, leis tem que ser pensadas no ser humano e no futuro dele no planeta, não se a economia vai decair ou se as empresas vão ter prejuízo. Quando o fator econômico entra em jogo, o ser humano fica atrás de corporações e o seu desejo por lucro.
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