O estado pagando por pseudociência? Além de jogar dinheiro fora, colocar a saúde dos cidadãos em risco, oferecendo tratamentos completamente ineficientes?
O estado não está pagando por pseudociência e nem os tratamentos são completamente ineficientes ou colocam a saúde dos cidadãos em risco. Por acaso deu, pelo menos, uma olhada na política que está entre os links que coloquei no post?
Não existe financiamento para as PICS. É uma política de visa estimular e incentivar essas práticas como
complementares ao tratamento. Ênfase no complementares. Os tratamentos, quando indicados, são realizados de forma complementar ao tratamento habitual por profissionais das equipes de saúde. Não há a contratação de pessoal para isso e é realizado de acordo com as recomendações da OMS, do MS e do CFM. Quem pode realizar a acupuntura é apenas o médico da unidade (ou dentista na área que o compete) e existe uma série de indicações para seu uso, a maior parte relacionado ao controle da dor crônica. O mecanismo de funcionamento da técnica já é conhecido e descrito há muito tempo na literatura médica e nada tem a ver com pseudociência. Da mesma maneira, a fitoterapia não significa ter um raizeiro na unidade de saúde. Existe toda uma legislação e normas para o uso de fitoterápicos que, novamente, são de uso cotidiano e reconhecido pela literatura médica. No caso dos fitoterápicos, existem os industrializados (que, provavelmente, você pode já ter usado em algum momento da vida e nem saber se tratar de um fitoterápico) e os manipulados em farmácias de manipulação. Esta associado ao farmácia viva, que são herbários em algumas unidades de saúde (quando possuem condições para isso) ou em núcleos estaduais, municipais ou universitários, sob responsabilidade de um farmacêutico, que também é o responsável pela manipulação dos compostos. São locais sob fiscalização da ANVISA e das vigilâncias sanitárias do estado e município e precisam de registro para funcionar. O médico da unidade prescreve o fitoterápico e o farmacêutico o prepara ou o dispensa, se for um fitoterápico já manipulado. O Termalismo Social tem a ver com a Promoção da Saúde (e promoção não é tratamento de doença), é voltado mais para os idosos e é algo mais restrito a determinados municípios que possuem fontes. Para além da promoção da saúde e manutenção dos processos cognitivos dos idosos que é fornecida pela interação social, o Termalismo apresenta ainda um componente econômico, já que acaba sendo ou fazendo parte da base econômica municipal, exemplos são Caldas Novas e Poços de Caldas.
Por fim, chega-se ao que é realmente polêmico que são a Homeopatia e a medicina antroposófica. Porém são duas modalidades que são exercidas por médicos e dentro do que estabelece o CFM. E, novamente, não são profissionais a mais contratados, mas os profissionais que já integrem as equipes e que por ventura tenham capacitação na área. Novamente aqui o conceito-chave é a palavra
complementar. Ainda que tanto uma quanto outra tenham uma base questionável do ponto de vista científico, por outro lado não significa que não tenham uma eficácia terapêutica. Essa eficácia seria a mesma de um placebo? Sim, mas um placebo pode ser mais eficiente em certas condições e transtornos que medicações com princípio ativo, como no caso das psicossomáticas, por exemplo. A forma de exame e anamnese utilizada pela homeopatia e pela medicina antroposófica também possui algo que se perdeu na medicina convencional, que é a visualização do paciente como um todo em todas as suas dimensões e não apenas um enfoque na doença ou em um órgão ou sistema. A antroposófica ainda possui um componente espiritual que é importante para o paciente. Ainda que você não acredite em um espiritualismo, essa não é a realidade da clientela atendida e a espiritualidade é um componente importante na vida dessas pessoas e faz parte do processo de cura. Nesse sentido, acho que se deve usar mesmo a benzedeira da comunidade ou a mãe ou pai-de-santo do terreiro, com a cooptação desse pessoal, no sentido de fazer a adesão do paciente que faz uso dessas práticas ao tratamento. De qualquer maneira, tanto a homeopatia quanto a medicina antroposófica atuam de forma
complementar ao tratamento convencional do usuário e seus usos são regulamentados pelo CFM e pelo MS.
Por fim, não entendo a tara por Cuba. Acho uma fixação, quase uma monomania. Como visto nos links que postei não há nenhum que mencione Cuba. Os links se referem à OMS, NHS, Health Canada e da Universidade de Melborne (que fica na Austrália e não em Cuba). Se Cuba utiliza ou não práticas complementares é um problema interno de lá e acredito que se o faça deve ser dentro das recomendações internacionais.