Saber quem puxa o gatilho é uma diferença fundamental se o objetivo desta discussão for o de desmistificar a alegação de que "negros morrem de forma violenta mais do que os brancos", usado amplamente por políticos e "intelectuais" militantes de esquerda.
Não sei por que, se por sorte ou por já ter lido o suficiente para saber melhor antes, mas acho que nunca tive essa impressão, da mortalidade/violência contra os negros ser majoritariamente proveniente de brancos, mesmo quando racismo era o assunto. Acho que talvez também por mentalmente automaticamente mesclar o assunto com o econômico, e ficar então ainda mais bizarra a noção de que os pobres seriam vítimas de violência
vinda dos ricos, quando se fala que os pobres são as maiores vítimas de violência.
Agora fico curioso sobre textos que tentem passar isso de forma mais intencional, imagino que talvez, sabendo como as coisas são, você pode acabar até fazendo uma interpretação positiva (e factualmente correta) de algo que na verdade visava enganar.
Analogia: meio como, nem considerando "criacionismo" como uma interpretação plausível, você pode ler colocações que talvez até sejam criacionistas, mas entender apenas como metáforas ou embelezamentos, "criatividade da natureza", "Deus não joga dados". Mas acho que nesses casos de natureza/ciência deve ser ainda mais improvável a tentativa de "mensagem subliminar", de estarem tentando mesmo induzir a uma conclusão "a mais". Mas acho que já vi também quem tenha interpretado assim, apesar de não ter sido mesmo a intenção do autor. Especificamente o ex-forista A.P.O.D.man sobre um livro do paleontólogo Peter Ward, sobre a improbabilidade de vida inteligente, que foi interpretada como um argumento travestido de "ajuste fino" e "desenho inteligente.
Lembro de já ter visto exageros, mas não lembro disso especificamente.
Acho que no assunto de violência contra homossexuais esse tipo de artifício desonesto talvez seja mais comumente usado. Nesse caso não existe bem um papel para "homofobia institucional" ser responsabilizada por violência entre parceiros, por exemplo. Também não acho que deva ser lá muito incomum tentar ver qualquer violência contra um homossexual como tendo motivação homofóbica. (Ressalva por precaução às más interpretações costumeiras: não sugiro que não haja homofobia, que não haja violência por homofobia, que essa não seja maior do que a violência entre homossexuais, ou que haja uma conspiração gay para sodomizar o mundo) Inclusive já vi em "testes" ou "estudos" no assunto que os pesquisadores inclusive têm esse tipo de presunção da pior motivação como a "conclusão certa".
Era algo como um estudo que comparava uma educação/conscientização "cega a cor" versus algo que chamasse mais atenção ao racismo. Os pesquisadores concluíam que as crianças submetidas à conscientização "cega a cor" tinham a tendência não perceber ações racistas, por não ver como racista (ou digno de ser denunciado a um professor/adulto) quando um garoto branco aleatoriamente batia num negro, na aula de educação física (situação encenada em vídeo para avaliação). Mas isso evidentemente já assume que a motivação do garoto foi racista. Não me lembro se era mencionado que, a interpretação era diferente se fosse uma agressão intra-racial, ou especificamente entre brancos, mas *acho* que não foi feita essa comparação. Se foi, então sim, há um achado interessante aí que depõe contra a "conscientização cega a cor". Também era interessante ser estudada a percepção de crianças de todos os grupos, não sei se foi feito.