Qual é o problema em fazê-lo?
Não existe "dinheiro" ainda?
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Partes desse trecho também servem como resposta àquelas peter-josephices todas de "precisamos de um novo modelo econômico", "precisamos de uma alternativa ao mercado". Qualquer coisa que pretenda lidar com a realidade de custos de qualquer coisa será SEMPRE o mercado, a única coisa que pode mudar é como é gerenciado, ou, o comportamento de seus agentes.
Claro, nenhuma país socialista baniu o mercado como previa a teoria, só que o calculo econômico fica reduzido ao pouco que o gov. libera e ao mercado negro. O problema do cálculo não é apenas do socialismo, é do intervencionismo também, enquanto o socialismo seria cegueira total (na teoria), na prática uma visão bem borrada, o intervencionismo seria uma visão parcial um pouco melhor, dependendo do nível de intervenção. O erro do Mises, e ele foi superado por Rothbard e seus seguidores, é que ele achava que um monopólio na justiça e na segurança era um mal necessário como a grande maioria dos liberais clássicos (Exceto Gustave de Molinari). Tanto é que muitos left-libertarians dizem que grandes empresas também sofrem do problema do cálculo econômico, mas isso é discutível.
O comunismo "puro" durou pouco tempo. O comunismo não acabou com a derrubada do muro de Berlim e a abertura a partir dos anos 80, mas
ainda lá pelos anos 20 mesmo.Mas o problema de cálculo econômico não tem relação como que Mises achava sobre um estado mínimo necessário.
Mises cunhou o "problema de cálculo econômico" baseado especificamente em, na ausência de mercado/propriedade privada, não haver a conversão dos valores em uma unidade de medida unificada, a moeda. Algo que não só possibilita falar em "custo de 500 guardas" em termos mais simples, trabalháveis, do que "N toneladas de arroz, feijão, batata, cenoura, carne, sabão, litros de água, leite, gasolina, e megawatts" multiplicado por N meses, mas também é um sinal econômico que informa a produção a partir da demanda. No mercado "sociOlista" que pôde existir sob o comunismo verdadeiro, enquanto existiu, a demanda ainda não influencia a produção, que fica dependendo de alguma avaliação baseada em projeções nas linhas de "verdadeiras necessidades de cada habitante", multiplicado pelo número de habitantes, multiplicado por custos de produção medidos em arroz, feijão, gasolina, vacas, pneus, etc.
Mas apenas haver estado não chega a aproximar dessa situação, os preços ainda existirão, e a produção será informada pela demanda. Assim, quaisquer que sejam os objetivos do estado, ele tem como realizar cálculos financeiros -- essencialmente da mesma forma que teria uma organização filantrópica (ou qualquer organização, na verdade) para o que quer que adotasse como meta a partir de suas condições financeiras.
Não sei se "left libertarians" são "bleeding heart" ou comunistas mesmo, mas não acho que dentro do mercado pode haver esses problemas com qualquer instituição que não seja literalmente um mini-comunismo autônomo/isolado.
Aproximações disso talvez possa ser no sentido de organização "de cima para baixo" de empresas, mas ainda há a moeda viabilizando cálculos não-insanos, bem como a demanda para "informar" a produção.
Fora isso, talvez o sinal econômico fique mais ruidoso na medida em que se distancia de uma relação comercial simples, como um indivíduo comprar algo simples como um prego, para coisas mais complexas e coletivas, como carro, bairro/condomínio, e seguro. Mas não é nada trágico na maior parte do tempo.
Ao mesmo tempo, a analogia com o estado é falsa se estiver sendo defendido sua atuação
monopolista, e não ele como uma oferta (ainda que "grátis"/"filantrópica") no mercado. Pois sem monopólio, mesmo que o mercado não filtre sinalize minuciosamente cada característica de um produto ou serviço, ainda haverá diferentes pacotes concorrendo e compensando essa imprecisão em algum grau, até possibilitando a "evolução" de características mais populares do que é ofertado.