Autor Tópico: Reforma Política: o que o povo está querendo?  (Lida 5800 vezes)

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Offline JJ

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #100 Online: 18 de Agosto de 2017, 12:01:31 »


Evangélicos apostam em 'distritão' para ampliar bancada na Câmara


Anna Virginia Balloussier/Folhapress   
Culto da bancada evangélica realizado na Câmara, em 5/4/17 Foto: Anna Virginia Balloussier/Folhapress


Crescei e multiplicai-vos, como diz a passagem bíblica, serve também para ilustrar as ambições da bancada evangélica na Câmara em 2018. E o "distritão" pode catalisar os planos de expansão do bloco.

Nos bastidores, igrejas e parlamentares ligados a elas já vislumbram esse possível efeito colateral do novo modelo para eleger deputados embutido na reforma política que o Congresso começou a discutir na quarta-feira (16).

O bloco evangélico, que em 1994 tinha 21 membros, quadruplicou para cerca de 85 (16,5%) dos 513 deputados atuais. Com ou sem "distritão", um aumento já era esperado para o ano que vem, na esteira do agigantamento dessa fé na população brasileira (menos de 10% no começo dos anos 1990 para 30% hoje).

A meta é superar os 20% da Casa, diz o presidente da bancada evangélica, pastor Hidekazu Takayama (PSC-PR).

Se o Congresso aprovar regras que suprimam o sistema proporcional vigente, a bancada pode sair no lucro.

Professor de sociologia da USP especializado no segmento, Ricardo Mariano aponta o pressuposto "de que que os evangélicos levariam vantagem por serem conhecidos –incluindo aí as celebridades gospel e os televangelistas–, disporem de muitos recursos financeiros, de acesso facilitado a mídias eletrônicas", fora que não são poucos os pastores capazes de "influenciar o voto de parte de seus adeptos".

"A maior parcela [dos deputados evangélicos] prefere o 'distritão'", diz Takayama, líder da bancada que, em abril, foi orar com Michel Temer no Planalto e aproveitou para reforçar algumas de suas bandeiras: contra o debate da ideologia de gênero nas escolas, o aborto, a legalização das drogas e a permissão que o aluno transgênero use o banheiro que preferir, feminino ou masculino.

Hoje o pleito funciona assim: se você escolheu candidato 'x', seu voto também conta para o partido ou a coligação. A nova fórmula prevê que se elege simplesmente quem for melhor nas urnas.

Sem a figura do "puxador de votos", pouco adiantaria lançar nomes sem chances reais na disputa. Em tese, é um estímulo a quem já está no Congresso (ajudado pela máquina pública) e personalidades.

BONS DE VOTO

Líderes evangélicos costumam ser bons de voto. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, entrou no Congresso na aba do pastor Marco Feliciano, colega do PSC-SP que teve 398 mil eleitores em 2014. Fosse o "distritão", o filho do também deputado Jair Bolsonaro teria ficado de fora –com 82 mil votos, ele "roubou" a cadeira de rivais mais bem votados, como o tucano Thame (107 mil).

O ex-deputado Robson Rodovalho, bispo da Sara Nossa Terra (ex-igreja de Eduardo Cunha), é favorável à mudança de modelo, pois no atual "a galera suja entra com pouco voto". Pensamento similar ao do presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família, pastor Alan Rick (PRB-AC), para quem a proposta "favorece o fortalecimento da representatividade popular".

Mas há divergências no meio. O deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), que capitaneia a criação do Partido Republicano Cristão, e o pastor Everaldo, presidente do Partido Social Cristão, acham que o "distritão" terá impacto reduzido no bloco evangélico.

Seguem o raciocínio do pastor Silas Malafaia: "O evangélico que é popular não depende do 'distritão'. Para ele tanto faz, vai entrar de qualquer jeito". Dá seu irmão de exemplo: Samuel Malafaia (PSD) foi o quarto deputado estadual mais votado no Rio.

Em março, o presidente do Superior Tribunal Eleitoral, Gilmar Mendes, disse que a corte estuda uma cláusula contra o uso do poder econômico e a influência das igrejas nas eleições.

Após o Supremo Tribunal Federal vetar doações empresariais, afirmou à agência de notícias Reuters, "hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do poder de persuasão. O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz 'meu candidato é esse'. [...] Se disser que agora o caminho para o céu passa pela doação de R$ 100?".

A fala deixou evangélicos em alerta. "Isso é um preconceito desgraçado", diz Malafaia, que em pleitos apoia em média uma dezena de candidatos. "Veja quantos evangélicos estão na Lava Jato. Gosto muito [de Mendes], mas ele está falando bobagem".

Via assessoria, Mendes afirma que por ora prefere não voltar ao assunto.


http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/08/1910522-evangelicos-apostam-em-distritao-para-ampliar-bancada-na-camara.shtml





Offline JJ

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #101 Online: 18 de Agosto de 2017, 12:15:10 »
A análise acima do texto da Folha/UOL concorda com esta outra postada pelo Unknown  no tópico “Eleições 2018” :



Um sistema distrital puro aproximaria a eleição para a Câmara da mesma fórmula que rege a eleição ao Senado. Na eleição para o senador, o partido escolhe um candidato em um arranjo de forças que envolve a candidatura ao governo, a barganha em relação à vaga de vice e de suplentes etc. O distritão é diferente: nos pequenos Estados é possível fazer a regência da divisão de espaços. Nas grandes bancadas, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, será a guerra de todos contra todos.

Cada deputado será um baronete, que nada deverá à sigla que lhe emprestou a filiação e a porta de entrada ficará mais estreita: por ela passarão os atuais deputados - que já contam com redes estabelecidas - celebridades que estejam na crista da onda, pastores evangélicos e milionários. Mesmo políticos com base regional estabelecida ou identificados com bancadas setoriais, como os ruralistas, feministas e os integrantes da turma da bala, terão dificuldades. Siglas como o Partido Novo, calcadas em uma política antipersonalista, terão chance zero de sucesso, estão fulminadas.

http://www.valor.com.br/politica/5076216/os-partidos-lutam-contra-dissolucao

../forum/topic=29875.800.html



Pelo visto, se o distritão passar, os partidos,  que são fundamentados principalmente em ideias, ao invés de em personalidades, terão grande dificuldade em  eleger candidatos.



« Última modificação: 18 de Agosto de 2017, 13:29:44 por JJ »

Offline JJ

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #102 Online: 18 de Agosto de 2017, 12:17:53 »
E também concorda com está análise do Barata:



E voto distrital elimina a representatividade de minorias, como negros, gays, indígenas, etc e categorias, como policiais, bombeiros, soldados, professores.

Offline Lorentz

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #103 Online: 18 de Agosto de 2017, 12:40:16 »
E também concorda com está análise do Barata:



E voto distrital elimina a representatividade de minorias, como negros, gays, indígenas, etc e categorias, como policiais, bombeiros, soldados, professores.

De que adianta criticar a falta de representatividade no novo sistema se no atual menos de 10% dos deputados atuais estão lá pelo voto direito de seus eleitores?
"Amy, technology isn't intrinsically good or bad. It's all in how you use it, like the death ray." - Professor Hubert J. Farnsworth

Offline JJ

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #104 Online: 18 de Agosto de 2017, 13:23:08 »
E também concorda com está análise do Barata:



E voto distrital elimina a representatividade de minorias, como negros, gays, indígenas, etc e categorias, como policiais, bombeiros, soldados, professores.

De que adianta criticar a falta de representatividade no novo sistema se no atual menos de 10% dos deputados atuais estão lá pelo voto direito de seus eleitores?



Pode citar alguma fonte para confirmar tal proposição ?

E de qualquer forma, mesmo que tal proposição fosse verdadeira (que 90% estivesse lá puxado pelo voto de outros), as análises informam que tal sistema irá favorecer personalismos ao invés de  programas/propostas/conjuntos de ideias. Ou seja, muito provavelmente partidos como o Novo e o PSL/Livres, que são baseados em programas/ideias irão  se dar mal com isso.

O liberalismo que ainda é fraco no Brasil,  provavelmente será abortado de vez.



 
« Última modificação: 18 de Agosto de 2017, 13:26:20 por JJ »

Offline JJ

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #105 Online: 18 de Agosto de 2017, 13:48:16 »
E também concorda com está análise do Barata:



E voto distrital elimina a representatividade de minorias, como negros, gays, indígenas, etc e categorias, como policiais, bombeiros, soldados, professores.

De que adianta criticar a falta de representatividade no novo sistema se no atual menos de 10% dos deputados atuais estão lá pelo voto direito de seus eleitores?


O deputado Eduardo Nantes Bolsonaro  está lá por causa do sistema proporcional (ele foi bem votado, mas teve gente mais votada que ficou de fora), por acaso ele não representa uma fatia expressiva de eleitores ?




Offline Lorentz

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #106 Online: 18 de Agosto de 2017, 13:51:49 »
E também concorda com está análise do Barata:



E voto distrital elimina a representatividade de minorias, como negros, gays, indígenas, etc e categorias, como policiais, bombeiros, soldados, professores.

De que adianta criticar a falta de representatividade no novo sistema se no atual menos de 10% dos deputados atuais estão lá pelo voto direito de seus eleitores?


O deputado Eduardo Nantes Bolsonaro  está lá por causa do sistema proporcional (ele foi bem votado, mas teve gente mais votada que ficou de fora), por acaso ele não representa uma fatia expressiva de eleitores ?





Não se faça de desentendido.
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Offline JJ

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #107 Online: 18 de Agosto de 2017, 13:56:53 »
Não se faça de desentendido.


Não estou fazendo.  Afinal de contas  parece que você não está se importando com a possibilidade do sistema favorecer  personalismos ao invés de ideias.



Offline JJ

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Re:Reforma Política: o que o povo está querendo?
« Resposta #108 Online: 21 de Julho de 2018, 10:43:05 »
Simples. Caixa 2. O importante é que a contribuição seja transparente para que todos possam ver quem doa para quem, assim as pessoas acabam por boicotar ou reivindicar algo das empresas em questão. Proibir o legal é jogar tudo pro ilegal.

E mesmo se não hovesse caixa dois, como o dinheiro seria dividido? Se for proporcional à bancada só vai perpetuar os partidos de hoje. Se for um valor fixo, só um incentivo para partidos de aluguel. Você tira a liberdade de movimentos espontâneos surgirem para contestar a ordem atual.

É a mesma coisa que legalizar a corrupção e pedir transparência sob a alegação que que a corrupção sempre vai acontecer. Caixa 2 não pode ser uma desculpa, óbvio que ela vai continuar acontecendo, assim como é óbvio que não haverá transparência. Caixa 2 existe nos dois sistemas, mas no financiamento público é mais fácil de detectar, sabendo de antemão qual o montante que cada partido vai tem qualquer gasto a mais pode ser detectado e punido.

O problema de partidos de aluguel é bem menor do que a compra de partidos por empresas, estamos vendo agora no Brasil como isso acontece, empreiteiras doadoras de campanha deitando e rolando em dinheiro público. Os EUA viraram uma plutocracia com os ricos ditando o rumo do país.




Plutocracia


Algumas dezenas de pessoas que fizeram fortuna nos setores de energia e finanças e são totalmente desconhecidas do grande público contribuíram com quase metade dos recursos arrecadados até agora pelos candidatos à eleição presidencial americana. O New York Times se debruçou sobre estas famílias ‘sui generis’, cujas contas bancárias definem a política dos EUA.

Segundo o jornal americano, 158 famílias doaram 176 milhões de dólares, equivalentes a quase a metade dos recursos arrecadados até agora pelos candidatos: uma concentração sem precedentes desde os anos 1970. Estas famílias, obviamente, estão longe de representar o lar americano médio e suas fortunas vêm principalmente das finanças, do setor de energia ou do entretenimento.


Elas formam o que o Times descreve como “uma classe à parte, longe da maioria dos americanos, mesmo estando geografica, social e economicamente próximos”. Muitas vezes, vivem nos mesmos bairros – de Los Angeles, Houston ou Miami – poucos herdaram suas fortunas e muitos são imigrantes, não tendo nascido nos Estados Unidos.


“Independentemente de posições políticas, eles fazem parte dos conselhos das mesmas orquestras sinfônicas, dos mesmos museus ou programas para a juventude. São sócios nos negócios, casam seus filhos entre eles e, às vezes, se enfrentam em partidas de poker”, explica o jornal.


Este pequeno grupo de americanos financiam principalmente candidatos republicanos. Isto se explica por laços pessoais e econômicos – alguns candidatos tendo ficado ricos na mesma área de atuação de seus doadores de campanha – mas, principalmente, por afinidade ideológica. A maioria destas famílias compartilha com os candidatos republicanos a vontade de se livrar dos obstáculos regulamentares a suas empresas. Muitos candidatos republicanos querem, por exemplo, anular algumas das disposições da Lei Dodd-Frank, adotada após a crise financeira de 2008, estabelecendo barreiras jurídicas para os fundos hedge, que muitas dessas famílias possuem.


O jornal americano também vê nesta tendência republicana, um “contrapeso financeiro” à tendência demográfica em favor dos democratas. A maioria dos americanos é a favor de mais impostos sobre os mais ricos e de uma maior intervenção do Estado para corrigir as desigualdades.


O New York Times observa que, paradoxalmente, embora o montante gasto pareça importante, representa uma fração insignificante da riqueza dessas famílias. Kenneth Griffin, banqueiro de Chicago, por exemplo, gastou 300 mil dólares na eleição, o que, proporcionalmente, equivaleria a 21 dólares em um orçamento americano médio.


Este desequilíbrio também é resultado do decreto Citizens United, da Suprema Corte dos EUA que, em 2010, reduziu as restrições legais à participação de empresas no financiamento de campanhas políticas no país.


http://cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FInternacional%2FEUA-como-apenas-158-familias-financiam-grande-parte-das-eleicoes-presidenciais%2F6%2F34711


https://politicaemimagens.wordpress.com/2015/10/15/plutocracia-158-familias-financiam-a-politica-nos-eua/

 

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